Mesmo com a queda no preço do barril do petróleo, que levou as ações da Petrobras a acumularem baixa de 9,26% em setembro, várias instituições estão mantendo o preço-alvo para os papéis da estatal e a recomendação de compra. A queda teria feito as ações atingirem um preço atraente e muitos analistas não acreditam em reduções de ganhos significativas motivadas pela queda no preço do petróleo de aproximadamente 20% nas últimas seis semanas. O Credit Suisse divulgou relatório mostrando que as queda nas ações foi exagerada. "Acreditamos que a empresa tem boas perspectivas de ganhos e valorização das ações", dizem os analistas Emerson Leite e Vinicius Canheu. Segundo eles, a Petrobras não absorve ganhos expressivos com o preço do barril acima de US$ 70. Isso porque a cesta de produtos derivados estaria sendo vendida no mercado brasileiro pela estatal a US$ 68 o barril, o que comparado ao preço de US$ 64 do WTI daria uma margem no refino de US$ 4 por barril. "Nessa lógica, a Petrobras não captura ganhos com o preço acima de US$ 64 por vários meses. Acreditamos que a manutenção do preço do barril abaixo de US$ 64 por vários meses pode se traduzir em ganhos para os papéis da Petrobras", explicam. Na cesta de derivados entram gasolina e diesel, que não são reajustados internamente de acordo com a volatilidade internacional e, na avaliação de vários especialistas, já estariam com sobrepreço em relação ao valor da gasolina no Golfo do México. "Ainda não fizemos o cálculo, mas a situação de defasagem de meses atrás já deve ter se invertido", afirma o analista José Francisco Cataldo, do ABN Amro Real. "A redução do preço do petróleo já foi precificada nos papéis", acrescenta. O Credit Suisse manteve o preço-alvo para 12 meses de US$ 134 e a recomendação de "outperform" (acima da média do mercado) para os papéis da Petrobras negociados no exterior. Na mesma linha, o ABN Amro Real, Fator Corretora e BB Investimentos têm preços-alvos de, respectivamente, R$ 58,20, R$ 58,85 e R$ 54,35 para as ações preferenciais da empresa negociadas na Bovespa. Ontem, esses papéis fecharam valendo R$ 38,80 e projetavam, portanto, valorização de 40% a 51%, dependendo do preço-alvo projetado. Boa parte da forte queda nas ações da Petrobras seria explicada pela falta de conhecimento mais detalhado dos investidores estrangeiros sobre a empresa. "Foram os estrangeiros que saíram dos papéis porque, para eles, erroneamente, existe uma relação direta entre preço do petróleo e ações de empresas petroleiras, sem que façam nenhuma distinção", disse um analista que preferiu não se identificar. "A qualquer movimento eles saem vendendo, mas tecnicamente a queda na cotação não deveria impactar neste momento a Petrobras porque ela ainda trabalha com margem boa nos derivados e tem ganhos com gasolina e diesel nestes momentos", afirmou.