Boato de rebaixamento leva dólar a R$ 3,95 e BC intervém no mercado


Dólar subiu 2,28% e atingiu a maior cotação desde outubro de 2002; no fim do dia, o BC anunciou leilão de US$ 3 bi na segunda-feira

Por Paula Dias e Fabrício de Castro
Bolsas no Brasil e no exterior operam em queda após anúncio do BC dos EUA Foto: Estadão

Atualizado às 21h30

SÃO PAULO - A percepção de deterioração do cenário político e econômico, além de fortes boatos sobre novo rebaixamento da classificação de risco do Brasil, levaram o dólar a subir mais de 2% ontem. A moeda americana fechou na maior cotação desde 10 de outubro de 2002, época da eleição do presidente Lula. 

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Em uma sessão de negócios marcada por intensa especulação, o dólar subiu 2,28% e fechou cotado a R$ 3,950. No ano, a valorização da moeda americana chegou a 48,78%. A Bolsa de Valores, por sua vez, caiu 2,65%, aos 47.264,08 pontos. No fim do dia, o Banco Central anunciou uma intervenção no câmbio na segunda-feira. O BC deverá oferecer até US$ 3 bilhões em operações de leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).  Um dos principais fatores de tensão no mercado ontem foram os boatos de que o Brasil sofreria novo rebaixamento da sua nota, desta vez pela agência de classificação de risco Fitch ou pela Moody’s. No dia 9, a Standard & Poor’s rebaixou o País do grau de investimento para o nível especulativo. Um novo corte significaria que, por regulamento, vários fundos internacionais deveriam zerar sua exposição ao Brasil – o que provocaria forte saída de capitais. O dólar abriu em alta, influenciada pela decisão do Fed (banco central dos EUA), que adiou a elevação dos juros e manifestou preocupação com as economias emergentes. Pouco depois da abertura, a tensão aumentou com o anúncio de que a Receita Federal havia adiado a divulgação da arrecadação para o período da tarde.  A notícia, atribuída a “problemas na elaboração do material”, gerou especulação em torno dos números a serem divulgados, o que levou o dólar a renovar cotações máximas. À tarde, a Receita anunciou R$ 93,738 bilhões arrecadados em agosto, abaixo das previsões de mercado. Outro fator que alimentou o estresse foi a divulgação de uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais que investem em mercados emergentes. O levantamento mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências de classificação de risco.  “Pressões por impeachment, resistência do Congresso a medidas do ajuste e recuos do governo são situações que levam o investidor a ter uma sensação de desgoverno”, disse Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora. “O mercado tem a sensação de que o governo está perdido e tenta fazer de tudo para aumentar a arrecadação e não perder o grau de investimento, em um ambiente de economia devastada”, disse João Paulo Corrêa, superintendente regional de câmbio da SLW Corretora.

Bolsas no Brasil e no exterior operam em queda após anúncio do BC dos EUA Foto: Estadão

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SÃO PAULO - A percepção de deterioração do cenário político e econômico, além de fortes boatos sobre novo rebaixamento da classificação de risco do Brasil, levaram o dólar a subir mais de 2% ontem. A moeda americana fechou na maior cotação desde 10 de outubro de 2002, época da eleição do presidente Lula. 

Em uma sessão de negócios marcada por intensa especulação, o dólar subiu 2,28% e fechou cotado a R$ 3,950. No ano, a valorização da moeda americana chegou a 48,78%. A Bolsa de Valores, por sua vez, caiu 2,65%, aos 47.264,08 pontos. No fim do dia, o Banco Central anunciou uma intervenção no câmbio na segunda-feira. O BC deverá oferecer até US$ 3 bilhões em operações de leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).  Um dos principais fatores de tensão no mercado ontem foram os boatos de que o Brasil sofreria novo rebaixamento da sua nota, desta vez pela agência de classificação de risco Fitch ou pela Moody’s. No dia 9, a Standard & Poor’s rebaixou o País do grau de investimento para o nível especulativo. Um novo corte significaria que, por regulamento, vários fundos internacionais deveriam zerar sua exposição ao Brasil – o que provocaria forte saída de capitais. O dólar abriu em alta, influenciada pela decisão do Fed (banco central dos EUA), que adiou a elevação dos juros e manifestou preocupação com as economias emergentes. Pouco depois da abertura, a tensão aumentou com o anúncio de que a Receita Federal havia adiado a divulgação da arrecadação para o período da tarde.  A notícia, atribuída a “problemas na elaboração do material”, gerou especulação em torno dos números a serem divulgados, o que levou o dólar a renovar cotações máximas. À tarde, a Receita anunciou R$ 93,738 bilhões arrecadados em agosto, abaixo das previsões de mercado. Outro fator que alimentou o estresse foi a divulgação de uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais que investem em mercados emergentes. O levantamento mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências de classificação de risco.  “Pressões por impeachment, resistência do Congresso a medidas do ajuste e recuos do governo são situações que levam o investidor a ter uma sensação de desgoverno”, disse Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora. “O mercado tem a sensação de que o governo está perdido e tenta fazer de tudo para aumentar a arrecadação e não perder o grau de investimento, em um ambiente de economia devastada”, disse João Paulo Corrêa, superintendente regional de câmbio da SLW Corretora.

Bolsas no Brasil e no exterior operam em queda após anúncio do BC dos EUA Foto: Estadão

Atualizado às 21h30

SÃO PAULO - A percepção de deterioração do cenário político e econômico, além de fortes boatos sobre novo rebaixamento da classificação de risco do Brasil, levaram o dólar a subir mais de 2% ontem. A moeda americana fechou na maior cotação desde 10 de outubro de 2002, época da eleição do presidente Lula. 

Em uma sessão de negócios marcada por intensa especulação, o dólar subiu 2,28% e fechou cotado a R$ 3,950. No ano, a valorização da moeda americana chegou a 48,78%. A Bolsa de Valores, por sua vez, caiu 2,65%, aos 47.264,08 pontos. No fim do dia, o Banco Central anunciou uma intervenção no câmbio na segunda-feira. O BC deverá oferecer até US$ 3 bilhões em operações de leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra).  Um dos principais fatores de tensão no mercado ontem foram os boatos de que o Brasil sofreria novo rebaixamento da sua nota, desta vez pela agência de classificação de risco Fitch ou pela Moody’s. No dia 9, a Standard & Poor’s rebaixou o País do grau de investimento para o nível especulativo. Um novo corte significaria que, por regulamento, vários fundos internacionais deveriam zerar sua exposição ao Brasil – o que provocaria forte saída de capitais. O dólar abriu em alta, influenciada pela decisão do Fed (banco central dos EUA), que adiou a elevação dos juros e manifestou preocupação com as economias emergentes. Pouco depois da abertura, a tensão aumentou com o anúncio de que a Receita Federal havia adiado a divulgação da arrecadação para o período da tarde.  A notícia, atribuída a “problemas na elaboração do material”, gerou especulação em torno dos números a serem divulgados, o que levou o dólar a renovar cotações máximas. À tarde, a Receita anunciou R$ 93,738 bilhões arrecadados em agosto, abaixo das previsões de mercado. Outro fator que alimentou o estresse foi a divulgação de uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch com gestores internacionais que investem em mercados emergentes. O levantamento mostrou que 90% deles acreditam que o Brasil vai perder o grau de investimento em pelo menos duas agências de classificação de risco.  “Pressões por impeachment, resistência do Congresso a medidas do ajuste e recuos do governo são situações que levam o investidor a ter uma sensação de desgoverno”, disse Marcos Trabbold, gerente de operações da B&T Corretora. “O mercado tem a sensação de que o governo está perdido e tenta fazer de tudo para aumentar a arrecadação e não perder o grau de investimento, em um ambiente de economia devastada”, disse João Paulo Corrêa, superintendente regional de câmbio da SLW Corretora.

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