‘Cada dia com sua angústia, mas, hoje, não há discussão sobre mudança da meta’, diz secretário


Rogério Ceron, do Tesouro, nega que haja debate sobre alteração da meta de déficit zero no segundo semestre, mas reconhece que há desafios relevantes, sobretudo em temas que estão no Congresso

Por Anna Carolina Papp, Bianca Lima e Mariana Carneiro

BRASÍLIA – Apesar da avaliação do mercado de que a meta de déficit zero em 2024 já tem um encontro marcado com uma revisão, ainda que no segundo semestre, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reafirma o compromisso da equipe econômica com o objetivo fiscal e diz que, hoje, o governo não trabalha com outro cenário.

“Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso”, diz Ceron ao Estadão. “Então, não é que é no segundo semestre que a gente vai discutir a alteração da meta. Cada dia com a sua angústia. Hoje, não há uma discussão sobre isso.”

Nesta sexta-feira, 22, a equipe econômica irá apresentar o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, em que terá de apontar, formalmente, se o alvo fiscal caminha para ser cumprido ou não e se, diante do atual cenário, há necessidade de bloqueio de despesas.

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'Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso', diz Ceron.  

A data vinha sendo considerada pelos especialistas em contas públicas como “a hora da verdade” sobre a meta fiscal e o grande teste de Haddad. Mas, como mostrou o Estadão, uma arrecadação mais forte no início do ano e indefinições dentro do Congresso e na negociação com empresas empurraram esse teste para frente, afastando a necessidade de um bloqueio mais expressivo neste primeiro momento.

Ceron, no entanto, não vê a manutenção do alvo fiscal apenas como uma “sobrevida”. “A meta deste ano está definida. Não tem incerteza sobre ela. Existem inúmeros desafios ainda em curso, acho que é inegável, mas é igualmente inegável que os indicadores estão melhorando dia após dia – alguns sendo mais fortes do que a gente imaginava”, afirma.

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Ele destaca que o mercado, apesar de ainda ver com ceticismo a meta zero, tem diminuído a projeção de déficit para este ano – no último boletim Focus, do Banco Central, a previsão era de um rombo de 0,75% do PIB. Pelo novo arcabouço fiscal, a meta zero tem uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. Ou seja, o governo poderia ter um déficit de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.

O secretário reconhece, porém, que há desafios relevantes. “Depende de medidas que estamos discutindo com o Congresso: como vai ficar a reoneração da folha, como vai ficar o Perse, como vai reagir a arrecadação... tudo isso importa e está sendo acompanhado”, afirma. “Não dá para garantir, mas o objetivo é ficar o mais próximo possível de fato desse equilíbrio. Isso é um sinal importante e a sociedade já compreendeu que nós estamos buscando isso.”

‘Cereja do bolo’

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Ceron destaca que a persistência na meta é importante para a chamada ancoragem das expectativas, que se traduz em mais investimentos. Ele afirma que o mercado passou a prever uma estabilização da dívida pública em 2030 em 87% do PIB, começando um processo de queda em 2031.

“Isso é um grande ganho, já muda a perspectiva de investimento, porque desde a época eleitoral você tinha um processo de desancoragem: a dívida passava de 90% em 2030 e continuava crescendo 2% ao ano”, diz.

Ele reconhece, porém, que é preciso melhorar essa perspectiva. Na apresentação do novo arcabouço fiscal, a expectativa era estabilizar a dívida em 2026, num patamar de 75% do PIB.

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“A próxima etapa é puxar isso para baixo: o pleno sucesso é estabilizar antes e abaixo de 80% (do PIB). Essa é a cereja do bolo. Eu estaria muito satisfeito se a gente conseguisse chegar em 2026 com a dívida/PIB abaixo de 80%. O importante é o equilíbrio fiscal”, diz.

TCU

Questionado sobre o parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), que vê risco de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal na proposta do governo Lula de estabelecer um limite para o contingenciamento de despesas, Ceron afirma que é preciso aguardar e que “ter segurança é bom”.

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O parecer é resposta à consulta feita pelo Ministério do Planejamento e Orçamento à Corte de contas no final de janeiro, questionando se dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que estabelece um valor máximo de contingenciamento de R$ 25,9 bilhões em despesas, poderia ferir as regras fiscais.

A avaliação da área técnica vai na contramão da interpretação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dispositivo incluído na LDO limita o governo a um contigenciamento menor, mesmo em caso de frustração de receitas para o cumprimento da meta.

“É um posicionamento ainda não validado pelos ministros, não é um posicionamento do TCU. É um processo que está em curso lá. São leituras possíveis. Eu vejo um debate técnico que está sendo feito e vai ser validado pelo plenário do TCU”, diz o secretário.

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“Temos nossas posições sobre o assunto, mas precisamos aguardar. A consulta foi uma construção do governo, para dar esse conforto técnico e para que não haja nenhuma surpresa lá na frente. Eu acho que o importante é a gente ter alguma segurança de caminho – o que não dá para ter é surpresa depois”, afirma.

BRASÍLIA – Apesar da avaliação do mercado de que a meta de déficit zero em 2024 já tem um encontro marcado com uma revisão, ainda que no segundo semestre, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reafirma o compromisso da equipe econômica com o objetivo fiscal e diz que, hoje, o governo não trabalha com outro cenário.

“Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso”, diz Ceron ao Estadão. “Então, não é que é no segundo semestre que a gente vai discutir a alteração da meta. Cada dia com a sua angústia. Hoje, não há uma discussão sobre isso.”

Nesta sexta-feira, 22, a equipe econômica irá apresentar o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, em que terá de apontar, formalmente, se o alvo fiscal caminha para ser cumprido ou não e se, diante do atual cenário, há necessidade de bloqueio de despesas.

'Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso', diz Ceron.  

A data vinha sendo considerada pelos especialistas em contas públicas como “a hora da verdade” sobre a meta fiscal e o grande teste de Haddad. Mas, como mostrou o Estadão, uma arrecadação mais forte no início do ano e indefinições dentro do Congresso e na negociação com empresas empurraram esse teste para frente, afastando a necessidade de um bloqueio mais expressivo neste primeiro momento.

Ceron, no entanto, não vê a manutenção do alvo fiscal apenas como uma “sobrevida”. “A meta deste ano está definida. Não tem incerteza sobre ela. Existem inúmeros desafios ainda em curso, acho que é inegável, mas é igualmente inegável que os indicadores estão melhorando dia após dia – alguns sendo mais fortes do que a gente imaginava”, afirma.

Ele destaca que o mercado, apesar de ainda ver com ceticismo a meta zero, tem diminuído a projeção de déficit para este ano – no último boletim Focus, do Banco Central, a previsão era de um rombo de 0,75% do PIB. Pelo novo arcabouço fiscal, a meta zero tem uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. Ou seja, o governo poderia ter um déficit de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.

O secretário reconhece, porém, que há desafios relevantes. “Depende de medidas que estamos discutindo com o Congresso: como vai ficar a reoneração da folha, como vai ficar o Perse, como vai reagir a arrecadação... tudo isso importa e está sendo acompanhado”, afirma. “Não dá para garantir, mas o objetivo é ficar o mais próximo possível de fato desse equilíbrio. Isso é um sinal importante e a sociedade já compreendeu que nós estamos buscando isso.”

‘Cereja do bolo’

Ceron destaca que a persistência na meta é importante para a chamada ancoragem das expectativas, que se traduz em mais investimentos. Ele afirma que o mercado passou a prever uma estabilização da dívida pública em 2030 em 87% do PIB, começando um processo de queda em 2031.

“Isso é um grande ganho, já muda a perspectiva de investimento, porque desde a época eleitoral você tinha um processo de desancoragem: a dívida passava de 90% em 2030 e continuava crescendo 2% ao ano”, diz.

Ele reconhece, porém, que é preciso melhorar essa perspectiva. Na apresentação do novo arcabouço fiscal, a expectativa era estabilizar a dívida em 2026, num patamar de 75% do PIB.

“A próxima etapa é puxar isso para baixo: o pleno sucesso é estabilizar antes e abaixo de 80% (do PIB). Essa é a cereja do bolo. Eu estaria muito satisfeito se a gente conseguisse chegar em 2026 com a dívida/PIB abaixo de 80%. O importante é o equilíbrio fiscal”, diz.

TCU

Questionado sobre o parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), que vê risco de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal na proposta do governo Lula de estabelecer um limite para o contingenciamento de despesas, Ceron afirma que é preciso aguardar e que “ter segurança é bom”.

O parecer é resposta à consulta feita pelo Ministério do Planejamento e Orçamento à Corte de contas no final de janeiro, questionando se dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que estabelece um valor máximo de contingenciamento de R$ 25,9 bilhões em despesas, poderia ferir as regras fiscais.

A avaliação da área técnica vai na contramão da interpretação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dispositivo incluído na LDO limita o governo a um contigenciamento menor, mesmo em caso de frustração de receitas para o cumprimento da meta.

“É um posicionamento ainda não validado pelos ministros, não é um posicionamento do TCU. É um processo que está em curso lá. São leituras possíveis. Eu vejo um debate técnico que está sendo feito e vai ser validado pelo plenário do TCU”, diz o secretário.

“Temos nossas posições sobre o assunto, mas precisamos aguardar. A consulta foi uma construção do governo, para dar esse conforto técnico e para que não haja nenhuma surpresa lá na frente. Eu acho que o importante é a gente ter alguma segurança de caminho – o que não dá para ter é surpresa depois”, afirma.

BRASÍLIA – Apesar da avaliação do mercado de que a meta de déficit zero em 2024 já tem um encontro marcado com uma revisão, ainda que no segundo semestre, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reafirma o compromisso da equipe econômica com o objetivo fiscal e diz que, hoje, o governo não trabalha com outro cenário.

“Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso”, diz Ceron ao Estadão. “Então, não é que é no segundo semestre que a gente vai discutir a alteração da meta. Cada dia com a sua angústia. Hoje, não há uma discussão sobre isso.”

Nesta sexta-feira, 22, a equipe econômica irá apresentar o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, em que terá de apontar, formalmente, se o alvo fiscal caminha para ser cumprido ou não e se, diante do atual cenário, há necessidade de bloqueio de despesas.

'Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso', diz Ceron.  

A data vinha sendo considerada pelos especialistas em contas públicas como “a hora da verdade” sobre a meta fiscal e o grande teste de Haddad. Mas, como mostrou o Estadão, uma arrecadação mais forte no início do ano e indefinições dentro do Congresso e na negociação com empresas empurraram esse teste para frente, afastando a necessidade de um bloqueio mais expressivo neste primeiro momento.

Ceron, no entanto, não vê a manutenção do alvo fiscal apenas como uma “sobrevida”. “A meta deste ano está definida. Não tem incerteza sobre ela. Existem inúmeros desafios ainda em curso, acho que é inegável, mas é igualmente inegável que os indicadores estão melhorando dia após dia – alguns sendo mais fortes do que a gente imaginava”, afirma.

Ele destaca que o mercado, apesar de ainda ver com ceticismo a meta zero, tem diminuído a projeção de déficit para este ano – no último boletim Focus, do Banco Central, a previsão era de um rombo de 0,75% do PIB. Pelo novo arcabouço fiscal, a meta zero tem uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. Ou seja, o governo poderia ter um déficit de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.

O secretário reconhece, porém, que há desafios relevantes. “Depende de medidas que estamos discutindo com o Congresso: como vai ficar a reoneração da folha, como vai ficar o Perse, como vai reagir a arrecadação... tudo isso importa e está sendo acompanhado”, afirma. “Não dá para garantir, mas o objetivo é ficar o mais próximo possível de fato desse equilíbrio. Isso é um sinal importante e a sociedade já compreendeu que nós estamos buscando isso.”

‘Cereja do bolo’

Ceron destaca que a persistência na meta é importante para a chamada ancoragem das expectativas, que se traduz em mais investimentos. Ele afirma que o mercado passou a prever uma estabilização da dívida pública em 2030 em 87% do PIB, começando um processo de queda em 2031.

“Isso é um grande ganho, já muda a perspectiva de investimento, porque desde a época eleitoral você tinha um processo de desancoragem: a dívida passava de 90% em 2030 e continuava crescendo 2% ao ano”, diz.

Ele reconhece, porém, que é preciso melhorar essa perspectiva. Na apresentação do novo arcabouço fiscal, a expectativa era estabilizar a dívida em 2026, num patamar de 75% do PIB.

“A próxima etapa é puxar isso para baixo: o pleno sucesso é estabilizar antes e abaixo de 80% (do PIB). Essa é a cereja do bolo. Eu estaria muito satisfeito se a gente conseguisse chegar em 2026 com a dívida/PIB abaixo de 80%. O importante é o equilíbrio fiscal”, diz.

TCU

Questionado sobre o parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), que vê risco de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal na proposta do governo Lula de estabelecer um limite para o contingenciamento de despesas, Ceron afirma que é preciso aguardar e que “ter segurança é bom”.

O parecer é resposta à consulta feita pelo Ministério do Planejamento e Orçamento à Corte de contas no final de janeiro, questionando se dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que estabelece um valor máximo de contingenciamento de R$ 25,9 bilhões em despesas, poderia ferir as regras fiscais.

A avaliação da área técnica vai na contramão da interpretação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dispositivo incluído na LDO limita o governo a um contigenciamento menor, mesmo em caso de frustração de receitas para o cumprimento da meta.

“É um posicionamento ainda não validado pelos ministros, não é um posicionamento do TCU. É um processo que está em curso lá. São leituras possíveis. Eu vejo um debate técnico que está sendo feito e vai ser validado pelo plenário do TCU”, diz o secretário.

“Temos nossas posições sobre o assunto, mas precisamos aguardar. A consulta foi uma construção do governo, para dar esse conforto técnico e para que não haja nenhuma surpresa lá na frente. Eu acho que o importante é a gente ter alguma segurança de caminho – o que não dá para ter é surpresa depois”, afirma.

BRASÍLIA – Apesar da avaliação do mercado de que a meta de déficit zero em 2024 já tem um encontro marcado com uma revisão, ainda que no segundo semestre, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reafirma o compromisso da equipe econômica com o objetivo fiscal e diz que, hoje, o governo não trabalha com outro cenário.

“Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso”, diz Ceron ao Estadão. “Então, não é que é no segundo semestre que a gente vai discutir a alteração da meta. Cada dia com a sua angústia. Hoje, não há uma discussão sobre isso.”

Nesta sexta-feira, 22, a equipe econômica irá apresentar o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, em que terá de apontar, formalmente, se o alvo fiscal caminha para ser cumprido ou não e se, diante do atual cenário, há necessidade de bloqueio de despesas.

'Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso', diz Ceron.  

A data vinha sendo considerada pelos especialistas em contas públicas como “a hora da verdade” sobre a meta fiscal e o grande teste de Haddad. Mas, como mostrou o Estadão, uma arrecadação mais forte no início do ano e indefinições dentro do Congresso e na negociação com empresas empurraram esse teste para frente, afastando a necessidade de um bloqueio mais expressivo neste primeiro momento.

Ceron, no entanto, não vê a manutenção do alvo fiscal apenas como uma “sobrevida”. “A meta deste ano está definida. Não tem incerteza sobre ela. Existem inúmeros desafios ainda em curso, acho que é inegável, mas é igualmente inegável que os indicadores estão melhorando dia após dia – alguns sendo mais fortes do que a gente imaginava”, afirma.

Ele destaca que o mercado, apesar de ainda ver com ceticismo a meta zero, tem diminuído a projeção de déficit para este ano – no último boletim Focus, do Banco Central, a previsão era de um rombo de 0,75% do PIB. Pelo novo arcabouço fiscal, a meta zero tem uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. Ou seja, o governo poderia ter um déficit de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.

O secretário reconhece, porém, que há desafios relevantes. “Depende de medidas que estamos discutindo com o Congresso: como vai ficar a reoneração da folha, como vai ficar o Perse, como vai reagir a arrecadação... tudo isso importa e está sendo acompanhado”, afirma. “Não dá para garantir, mas o objetivo é ficar o mais próximo possível de fato desse equilíbrio. Isso é um sinal importante e a sociedade já compreendeu que nós estamos buscando isso.”

‘Cereja do bolo’

Ceron destaca que a persistência na meta é importante para a chamada ancoragem das expectativas, que se traduz em mais investimentos. Ele afirma que o mercado passou a prever uma estabilização da dívida pública em 2030 em 87% do PIB, começando um processo de queda em 2031.

“Isso é um grande ganho, já muda a perspectiva de investimento, porque desde a época eleitoral você tinha um processo de desancoragem: a dívida passava de 90% em 2030 e continuava crescendo 2% ao ano”, diz.

Ele reconhece, porém, que é preciso melhorar essa perspectiva. Na apresentação do novo arcabouço fiscal, a expectativa era estabilizar a dívida em 2026, num patamar de 75% do PIB.

“A próxima etapa é puxar isso para baixo: o pleno sucesso é estabilizar antes e abaixo de 80% (do PIB). Essa é a cereja do bolo. Eu estaria muito satisfeito se a gente conseguisse chegar em 2026 com a dívida/PIB abaixo de 80%. O importante é o equilíbrio fiscal”, diz.

TCU

Questionado sobre o parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), que vê risco de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal na proposta do governo Lula de estabelecer um limite para o contingenciamento de despesas, Ceron afirma que é preciso aguardar e que “ter segurança é bom”.

O parecer é resposta à consulta feita pelo Ministério do Planejamento e Orçamento à Corte de contas no final de janeiro, questionando se dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que estabelece um valor máximo de contingenciamento de R$ 25,9 bilhões em despesas, poderia ferir as regras fiscais.

A avaliação da área técnica vai na contramão da interpretação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dispositivo incluído na LDO limita o governo a um contigenciamento menor, mesmo em caso de frustração de receitas para o cumprimento da meta.

“É um posicionamento ainda não validado pelos ministros, não é um posicionamento do TCU. É um processo que está em curso lá. São leituras possíveis. Eu vejo um debate técnico que está sendo feito e vai ser validado pelo plenário do TCU”, diz o secretário.

“Temos nossas posições sobre o assunto, mas precisamos aguardar. A consulta foi uma construção do governo, para dar esse conforto técnico e para que não haja nenhuma surpresa lá na frente. Eu acho que o importante é a gente ter alguma segurança de caminho – o que não dá para ter é surpresa depois”, afirma.

BRASÍLIA – Apesar da avaliação do mercado de que a meta de déficit zero em 2024 já tem um encontro marcado com uma revisão, ainda que no segundo semestre, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, reafirma o compromisso da equipe econômica com o objetivo fiscal e diz que, hoje, o governo não trabalha com outro cenário.

“Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso”, diz Ceron ao Estadão. “Então, não é que é no segundo semestre que a gente vai discutir a alteração da meta. Cada dia com a sua angústia. Hoje, não há uma discussão sobre isso.”

Nesta sexta-feira, 22, a equipe econômica irá apresentar o primeiro relatório bimestral de receitas e despesas do ano, em que terá de apontar, formalmente, se o alvo fiscal caminha para ser cumprido ou não e se, diante do atual cenário, há necessidade de bloqueio de despesas.

'Nós queremos cumprir a meta sem mudá-la e estamos trabalhando para criar condições para isso', diz Ceron.  

A data vinha sendo considerada pelos especialistas em contas públicas como “a hora da verdade” sobre a meta fiscal e o grande teste de Haddad. Mas, como mostrou o Estadão, uma arrecadação mais forte no início do ano e indefinições dentro do Congresso e na negociação com empresas empurraram esse teste para frente, afastando a necessidade de um bloqueio mais expressivo neste primeiro momento.

Ceron, no entanto, não vê a manutenção do alvo fiscal apenas como uma “sobrevida”. “A meta deste ano está definida. Não tem incerteza sobre ela. Existem inúmeros desafios ainda em curso, acho que é inegável, mas é igualmente inegável que os indicadores estão melhorando dia após dia – alguns sendo mais fortes do que a gente imaginava”, afirma.

Ele destaca que o mercado, apesar de ainda ver com ceticismo a meta zero, tem diminuído a projeção de déficit para este ano – no último boletim Focus, do Banco Central, a previsão era de um rombo de 0,75% do PIB. Pelo novo arcabouço fiscal, a meta zero tem uma banda de tolerância de 0,25 ponto porcentual. Ou seja, o governo poderia ter um déficit de até 0,25% do PIB sem descumprir a meta.

O secretário reconhece, porém, que há desafios relevantes. “Depende de medidas que estamos discutindo com o Congresso: como vai ficar a reoneração da folha, como vai ficar o Perse, como vai reagir a arrecadação... tudo isso importa e está sendo acompanhado”, afirma. “Não dá para garantir, mas o objetivo é ficar o mais próximo possível de fato desse equilíbrio. Isso é um sinal importante e a sociedade já compreendeu que nós estamos buscando isso.”

‘Cereja do bolo’

Ceron destaca que a persistência na meta é importante para a chamada ancoragem das expectativas, que se traduz em mais investimentos. Ele afirma que o mercado passou a prever uma estabilização da dívida pública em 2030 em 87% do PIB, começando um processo de queda em 2031.

“Isso é um grande ganho, já muda a perspectiva de investimento, porque desde a época eleitoral você tinha um processo de desancoragem: a dívida passava de 90% em 2030 e continuava crescendo 2% ao ano”, diz.

Ele reconhece, porém, que é preciso melhorar essa perspectiva. Na apresentação do novo arcabouço fiscal, a expectativa era estabilizar a dívida em 2026, num patamar de 75% do PIB.

“A próxima etapa é puxar isso para baixo: o pleno sucesso é estabilizar antes e abaixo de 80% (do PIB). Essa é a cereja do bolo. Eu estaria muito satisfeito se a gente conseguisse chegar em 2026 com a dívida/PIB abaixo de 80%. O importante é o equilíbrio fiscal”, diz.

TCU

Questionado sobre o parecer da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU), que vê risco de infração à Lei de Responsabilidade Fiscal na proposta do governo Lula de estabelecer um limite para o contingenciamento de despesas, Ceron afirma que é preciso aguardar e que “ter segurança é bom”.

O parecer é resposta à consulta feita pelo Ministério do Planejamento e Orçamento à Corte de contas no final de janeiro, questionando se dispositivo incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, que estabelece um valor máximo de contingenciamento de R$ 25,9 bilhões em despesas, poderia ferir as regras fiscais.

A avaliação da área técnica vai na contramão da interpretação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o dispositivo incluído na LDO limita o governo a um contigenciamento menor, mesmo em caso de frustração de receitas para o cumprimento da meta.

“É um posicionamento ainda não validado pelos ministros, não é um posicionamento do TCU. É um processo que está em curso lá. São leituras possíveis. Eu vejo um debate técnico que está sendo feito e vai ser validado pelo plenário do TCU”, diz o secretário.

“Temos nossas posições sobre o assunto, mas precisamos aguardar. A consulta foi uma construção do governo, para dar esse conforto técnico e para que não haja nenhuma surpresa lá na frente. Eu acho que o importante é a gente ter alguma segurança de caminho – o que não dá para ter é surpresa depois”, afirma.

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