Ainda é difícil convencer as marcas a discutir pautas ambientais e sociais, diz publicitária


Juliana Curi, que lançou recentemente o documentário ‘Uyra, um Retorno da Floresta’, defende que políticas afirmativas ampliem a diversidade na publicidade e no audiovisual

Por Wesley Gonsalves
Foto: Duda Portella/Divulgação
Entrevista comJuliana CuriPublicitária e documentarista

Discutir as pautas de impacto social e ambiental ainda é uma tarefa difícil no universo da publicidade, segundo a diretora e publicitária Juliana Curi. Trabalhando com marcas que apostam em ações de impacto socioambiental há cerca de dez anos, ela lançou na última semana o documentário Uyra - O retorno da Floresta, que debate, entre outros temas, os impactos causados à natureza.

Em entrevista ao Estadão, a publicitária comentou os avanços no mercado e as dificuldades ainda existentes com as pautas ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança) no País.

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A seguir, os principais pontos da entrevista.

Em dez anos, o que mudou na percepção das marcas em relação ao tema social e ambiental? Os anunciantes estão mais atentos a esses temas?

Acho que vivemos outro cenário. No começo, as marcas me procuravam para os trabalhos por eu ser mulher, pelo meu local de fala, mas não para falar dos outros temas que eu abordava. Ao longo dos anos, elas passaram por um processo de sofisticação e entenderam que trabalho com outros temas, para além do fato de ser uma diretora mulher, o que melhorou o trabalho. Mas ainda é difícil levar as pautas de ações ambientais para o universo da publicidade.

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Ainda existem marcas que fingem preocupação com essas pautas?

Sem citar nomes, ao longo destes anos, eu tive surpresas maravilhosas com algumas marcas, mas, por outro lado, tive surpresas horrorosas. Marcas que levantavam bandeiras importantes, da valorização das mulheres às questões ambientais, e que no fim censuraram projetos sobre esses temas. Ainda assim, eu pude trabalhar com projetos internacionais grandes que realmente tinham uma preocupação em participar ativamente dessas pautas. Neste período, tive a sorte de conseguir mostrar par algumas marcas o que eu realmente faço.

Em relação à diversidade, empresas do audiovisual e da publicidade costumam dizer que estão ficando cada vez mais diversas dentro das suas áreas. Isso já é uma realidade?

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Vejo dois processos acontecendo: um em frente das câmeras e outro por trás. Hoje em dia, uma marca não se arrisca mais a colocar uma campanha no ar que não tenha uma diversidade no seu casting. Vimos um avanço. Mas agora, quando você olha quem está por trás das campanhas, nós continuamos com pouquíssima diversidade, são as mesmas pessoas de sempre realizando os trabalhos. Continuamos com as mesmas cabeças brancas nas agências.

O que pode mudar esse cenário?

As políticas afirmativas, como o Eu tu Lab, programa de mentoria que criei para auxiliar jovens a entrar neste universo do audiovisual e operar, em breve, em cargos de lideranças no mercado. Acredito que as marcas podem ter um papel importante nessa mudança. Precisamos pensar o problema de maneira coletiva, é a filosofia da coletividade que o documentário Uyra traz. Nós temos que por a mão na massa e cobrar de quem tem poder.

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Como trabalhar ações sociais e ambientais sem roubar o protagonismo das pessoas que vivem essas questões?

Precisamos usar os espaços de poder — como a publicidade e o audiovisual — para introduzir as pessoas, e não para promover alguns poucos. Um exemplo é o nosso filme Uyra, em que temos uma das diretoras como própria personagem guiando a narrativa. Para não ser como muitos documentários sobre o tema ambiental, em que os diretores do norte-global vão às comunidades, filmam e depois partem sem deixar nenhum retorno para aquele grupo.

Discutir as pautas de impacto social e ambiental ainda é uma tarefa difícil no universo da publicidade, segundo a diretora e publicitária Juliana Curi. Trabalhando com marcas que apostam em ações de impacto socioambiental há cerca de dez anos, ela lançou na última semana o documentário Uyra - O retorno da Floresta, que debate, entre outros temas, os impactos causados à natureza.

Em entrevista ao Estadão, a publicitária comentou os avanços no mercado e as dificuldades ainda existentes com as pautas ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança) no País.

A seguir, os principais pontos da entrevista.

Em dez anos, o que mudou na percepção das marcas em relação ao tema social e ambiental? Os anunciantes estão mais atentos a esses temas?

Acho que vivemos outro cenário. No começo, as marcas me procuravam para os trabalhos por eu ser mulher, pelo meu local de fala, mas não para falar dos outros temas que eu abordava. Ao longo dos anos, elas passaram por um processo de sofisticação e entenderam que trabalho com outros temas, para além do fato de ser uma diretora mulher, o que melhorou o trabalho. Mas ainda é difícil levar as pautas de ações ambientais para o universo da publicidade.

Ainda existem marcas que fingem preocupação com essas pautas?

Sem citar nomes, ao longo destes anos, eu tive surpresas maravilhosas com algumas marcas, mas, por outro lado, tive surpresas horrorosas. Marcas que levantavam bandeiras importantes, da valorização das mulheres às questões ambientais, e que no fim censuraram projetos sobre esses temas. Ainda assim, eu pude trabalhar com projetos internacionais grandes que realmente tinham uma preocupação em participar ativamente dessas pautas. Neste período, tive a sorte de conseguir mostrar par algumas marcas o que eu realmente faço.

Em relação à diversidade, empresas do audiovisual e da publicidade costumam dizer que estão ficando cada vez mais diversas dentro das suas áreas. Isso já é uma realidade?

Vejo dois processos acontecendo: um em frente das câmeras e outro por trás. Hoje em dia, uma marca não se arrisca mais a colocar uma campanha no ar que não tenha uma diversidade no seu casting. Vimos um avanço. Mas agora, quando você olha quem está por trás das campanhas, nós continuamos com pouquíssima diversidade, são as mesmas pessoas de sempre realizando os trabalhos. Continuamos com as mesmas cabeças brancas nas agências.

O que pode mudar esse cenário?

As políticas afirmativas, como o Eu tu Lab, programa de mentoria que criei para auxiliar jovens a entrar neste universo do audiovisual e operar, em breve, em cargos de lideranças no mercado. Acredito que as marcas podem ter um papel importante nessa mudança. Precisamos pensar o problema de maneira coletiva, é a filosofia da coletividade que o documentário Uyra traz. Nós temos que por a mão na massa e cobrar de quem tem poder.

Como trabalhar ações sociais e ambientais sem roubar o protagonismo das pessoas que vivem essas questões?

Precisamos usar os espaços de poder — como a publicidade e o audiovisual — para introduzir as pessoas, e não para promover alguns poucos. Um exemplo é o nosso filme Uyra, em que temos uma das diretoras como própria personagem guiando a narrativa. Para não ser como muitos documentários sobre o tema ambiental, em que os diretores do norte-global vão às comunidades, filmam e depois partem sem deixar nenhum retorno para aquele grupo.

Discutir as pautas de impacto social e ambiental ainda é uma tarefa difícil no universo da publicidade, segundo a diretora e publicitária Juliana Curi. Trabalhando com marcas que apostam em ações de impacto socioambiental há cerca de dez anos, ela lançou na última semana o documentário Uyra - O retorno da Floresta, que debate, entre outros temas, os impactos causados à natureza.

Em entrevista ao Estadão, a publicitária comentou os avanços no mercado e as dificuldades ainda existentes com as pautas ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança) no País.

A seguir, os principais pontos da entrevista.

Em dez anos, o que mudou na percepção das marcas em relação ao tema social e ambiental? Os anunciantes estão mais atentos a esses temas?

Acho que vivemos outro cenário. No começo, as marcas me procuravam para os trabalhos por eu ser mulher, pelo meu local de fala, mas não para falar dos outros temas que eu abordava. Ao longo dos anos, elas passaram por um processo de sofisticação e entenderam que trabalho com outros temas, para além do fato de ser uma diretora mulher, o que melhorou o trabalho. Mas ainda é difícil levar as pautas de ações ambientais para o universo da publicidade.

Ainda existem marcas que fingem preocupação com essas pautas?

Sem citar nomes, ao longo destes anos, eu tive surpresas maravilhosas com algumas marcas, mas, por outro lado, tive surpresas horrorosas. Marcas que levantavam bandeiras importantes, da valorização das mulheres às questões ambientais, e que no fim censuraram projetos sobre esses temas. Ainda assim, eu pude trabalhar com projetos internacionais grandes que realmente tinham uma preocupação em participar ativamente dessas pautas. Neste período, tive a sorte de conseguir mostrar par algumas marcas o que eu realmente faço.

Em relação à diversidade, empresas do audiovisual e da publicidade costumam dizer que estão ficando cada vez mais diversas dentro das suas áreas. Isso já é uma realidade?

Vejo dois processos acontecendo: um em frente das câmeras e outro por trás. Hoje em dia, uma marca não se arrisca mais a colocar uma campanha no ar que não tenha uma diversidade no seu casting. Vimos um avanço. Mas agora, quando você olha quem está por trás das campanhas, nós continuamos com pouquíssima diversidade, são as mesmas pessoas de sempre realizando os trabalhos. Continuamos com as mesmas cabeças brancas nas agências.

O que pode mudar esse cenário?

As políticas afirmativas, como o Eu tu Lab, programa de mentoria que criei para auxiliar jovens a entrar neste universo do audiovisual e operar, em breve, em cargos de lideranças no mercado. Acredito que as marcas podem ter um papel importante nessa mudança. Precisamos pensar o problema de maneira coletiva, é a filosofia da coletividade que o documentário Uyra traz. Nós temos que por a mão na massa e cobrar de quem tem poder.

Como trabalhar ações sociais e ambientais sem roubar o protagonismo das pessoas que vivem essas questões?

Precisamos usar os espaços de poder — como a publicidade e o audiovisual — para introduzir as pessoas, e não para promover alguns poucos. Um exemplo é o nosso filme Uyra, em que temos uma das diretoras como própria personagem guiando a narrativa. Para não ser como muitos documentários sobre o tema ambiental, em que os diretores do norte-global vão às comunidades, filmam e depois partem sem deixar nenhum retorno para aquele grupo.

Discutir as pautas de impacto social e ambiental ainda é uma tarefa difícil no universo da publicidade, segundo a diretora e publicitária Juliana Curi. Trabalhando com marcas que apostam em ações de impacto socioambiental há cerca de dez anos, ela lançou na última semana o documentário Uyra - O retorno da Floresta, que debate, entre outros temas, os impactos causados à natureza.

Em entrevista ao Estadão, a publicitária comentou os avanços no mercado e as dificuldades ainda existentes com as pautas ESG (sigla em inglês para social, ambiental e governança) no País.

A seguir, os principais pontos da entrevista.

Em dez anos, o que mudou na percepção das marcas em relação ao tema social e ambiental? Os anunciantes estão mais atentos a esses temas?

Acho que vivemos outro cenário. No começo, as marcas me procuravam para os trabalhos por eu ser mulher, pelo meu local de fala, mas não para falar dos outros temas que eu abordava. Ao longo dos anos, elas passaram por um processo de sofisticação e entenderam que trabalho com outros temas, para além do fato de ser uma diretora mulher, o que melhorou o trabalho. Mas ainda é difícil levar as pautas de ações ambientais para o universo da publicidade.

Ainda existem marcas que fingem preocupação com essas pautas?

Sem citar nomes, ao longo destes anos, eu tive surpresas maravilhosas com algumas marcas, mas, por outro lado, tive surpresas horrorosas. Marcas que levantavam bandeiras importantes, da valorização das mulheres às questões ambientais, e que no fim censuraram projetos sobre esses temas. Ainda assim, eu pude trabalhar com projetos internacionais grandes que realmente tinham uma preocupação em participar ativamente dessas pautas. Neste período, tive a sorte de conseguir mostrar par algumas marcas o que eu realmente faço.

Em relação à diversidade, empresas do audiovisual e da publicidade costumam dizer que estão ficando cada vez mais diversas dentro das suas áreas. Isso já é uma realidade?

Vejo dois processos acontecendo: um em frente das câmeras e outro por trás. Hoje em dia, uma marca não se arrisca mais a colocar uma campanha no ar que não tenha uma diversidade no seu casting. Vimos um avanço. Mas agora, quando você olha quem está por trás das campanhas, nós continuamos com pouquíssima diversidade, são as mesmas pessoas de sempre realizando os trabalhos. Continuamos com as mesmas cabeças brancas nas agências.

O que pode mudar esse cenário?

As políticas afirmativas, como o Eu tu Lab, programa de mentoria que criei para auxiliar jovens a entrar neste universo do audiovisual e operar, em breve, em cargos de lideranças no mercado. Acredito que as marcas podem ter um papel importante nessa mudança. Precisamos pensar o problema de maneira coletiva, é a filosofia da coletividade que o documentário Uyra traz. Nós temos que por a mão na massa e cobrar de quem tem poder.

Como trabalhar ações sociais e ambientais sem roubar o protagonismo das pessoas que vivem essas questões?

Precisamos usar os espaços de poder — como a publicidade e o audiovisual — para introduzir as pessoas, e não para promover alguns poucos. Um exemplo é o nosso filme Uyra, em que temos uma das diretoras como própria personagem guiando a narrativa. Para não ser como muitos documentários sobre o tema ambiental, em que os diretores do norte-global vão às comunidades, filmam e depois partem sem deixar nenhum retorno para aquele grupo.

Entrevista por Wesley Gonsalves

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