Em meio ao debate sobre a sucessão em sua presidência, a Vale anunciou um lucro de R$ 39,94 bilhões em 2023, cifra que representa um tombo de 58% frente o resultado do ano anterior. O desempenho mais fraco se deve a perdas cambiais e ao menor preço médio realizado pelos insumos no período.
A mineradora anunciou ainda que irá pagar R$ 11, 7 bilhões em dividendos aos acionistas. O valor foi aprovado em reunião do conselho de administração da empresa, a primeira após o encontro extraordinário da última semana, cujo objetivo foi tratar do futuro do atual presidente da Vale, Eduardo Bartomoleo.
O mandato termina em maio, mas o conselho está rachado, e a etapa atual do processo está se estendendo mais do que o esperado. Caso os conselheiros decidam encerrar o contrato do executivo, uma consultoria especializada vai elaborar uma lista tríplice com sugestões de executivos. Enquanto isso, o impasse começa a afetar os papéis da mineradora, que já recuaram cerca de 15% neste ano.
A sucessão não fazia parte da pauta da reunião desta quinta-feira do conselho, mas o tema segue, mesmo que informalmente, na agenda dos conselheiros.
Acordo Anglo American
A Vale também anunciou nesta quinta-feira um acordo com a Anglo American para comprar uma participação de 15% no Complexo Minas-Rio e no Vale da Serra da Serpentina, que também abrange uma parceria operacional.
A mineradora brasileira contribuirá com recursos de minério de ferro de alto teor de Serpentina e desembolso complementar de caixa de US$ 157,5 milhões, sujeito a ajustes.
A operação, que deve ser concluída até o quarto trimestre de 2024, foi bem avaliada pelo Itaú BBA, que a classificou como estrategicamente positiva, por estar alinhada aos esforços da Vale de melhorar a qualidade média de seu portfólio, dada a alta qualidade do material produzido pela Minas Rio.
Os analistas do banco destacaram que a transação dará à Vale direito a 15% de produção por Minas Rio, o que representa cerca de 4 milhões de toneladas por ano.