Depois de reequilibrar as contas em 2022 e fechar o balanço anual no azul pela primeira vez após sete anos consecutivos no vermelho, a Tecnisa avalia uma diversificação das suas atividades em 2023.
A prioridade continua sendo os lançamentos no Jardim das Perdizes, minibairro que ela vem desenvolvendo nos últimos anos na zona oeste da capital paulista, além de outros empreendimentos de médio-alto e alto padrão em outros bairros da cidade. Mas os projetos não param aí. O conselho de administração também avalia um retorno para o programa Minha Casa Minha Vida. Outra novidade que pode surgir é o desenvolvimento de um empreendimento de grande porte na cidade de Maringá (PR) junto de parceiro local.
Quem antecipa é o presidente da companhia, Fernando Perez, em entrevista ao Estadão/Broadcast. Ele avalia que os resultados de 2022 foram bons, movidos principalmente pela retomada dos lançamentos após um longo período em branco. Para 2023, o objetivo é não deixar a roda parar de girar.
“No ano passado, aumentamos a receita com vendas de imóveis, tivemos reduções e diluição de custos. Isso fez a gente chegar a um break even”, conta. “E apesar das dificuldades macroeconômicas que só aumentam, temos um planejamento estratégico bem feito e esperamos a continuação dos resultados positivos em 2023.”
O próximo lançamento da Tecnisa será entre o fim de abril e começo de maio. Trata-se de do residencial de alto padrão Belaterra, na Chácara Flora, com valor geral de vendas de R$ 380 milhões.
Depois disso, a companhia prevê realizar mais lançamentos dentro do Jardim das Perdizes no segundo semestre. Isso, entretanto, depende de a Prefeitura de São Paulo realizar o leilão de Cepacs da Operação Urbana Água Branca. Perez está confiante que o certame será realizado em junho. Caso o leilão não aconteça ou atrase muito (como é recorrente nesse tipo de operação), a Tecnisa vai readequar e reduzir os lançamentos potenciais no Jardim das Perdizes, embora ainda veja condições de tirar algum projeto do papel aproveitando-se dos limites de construção disponíveis para o terreno.
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Em paralelo, a Tecnisa avalia diversificar o portfólio. Uma possibilidade é entrar nas faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida, segmento em que a incorporadora já atuou no passado sem sucesso. “Naquela época, queriam fazer imóveis de baixo padrão como se fosse de alto padrão. Aí não deu certo”, explica Perez. A volta ao programa habitacional desta vez ocorreria por meio de uma nova divisão de negócios dentro do grupo. “Estamos analisando. Não é uma decisão tomada”, pondera.
A Tecnisa também foi procurada por um grupo empresarial de Maringá (PR) que arrematou uma grande área de terrenos na região onde ficava o antigo aeroporto da cidade. O grupo planeja fazer um minibairro no local e se interessou pela experiência da Tecnisa. Neste momento, as partes discutem uma eventual parceria, cujos termos ainda não estão definidos. “Eles nos procuraram e estamos em tratativa para ver se faremos algo por lá”, revela o presidente da incorporadora paulistana.
Vendas
O presidente da Tecnisa conta que a dinâmica das vendas está mais complexa, por conta dos juros altos. “Janeiro foi muito bom para as vendas. Já fevereiro foi o pior mês que vi em toda minha gestão (ele assumiu o cargo em novembro de 2011). Fevereiro foi um mês curto e teve carnaval. E agora em março anda bem parado”, relata.
“Mesmo assim, não estamos pessimistas. Temos produtos diferenciados e acreditamos que 2023 será um ano bom pra nós”, emenda. Segundo ele, o mercado mais difícil tem exigido um esforço extra com publicidade e flexibilização nos pagamentos, até mesmo com alguns descontos. “O comprador, sabendo das condições da economia, quer jogar preço lá embaixo”, diz.
Como consequência, a margem seguirá apertada. A boa notícia, diz, é que os custos de construção estão estáveis, com alguns até mostrando certa queda.