BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda manteve a projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) para 2024. Segundo a grade de parâmetros divulgada pela Secretaria de Política Econômica (SPE), a estimativa para a expansão da atividade neste ano continua em 2,2%.
Para 2025, a revisão também se manteve em 2,8%. O último Boletim Macrofiscal da SPE havia sido divulgado em novembro de 2023.
Segundo o boletim deste mês, houve maior crescimento de atividades cíclicas, compensado pela queda de atividades de não-cíclicas, e essa tendência deve continuar em 2024.
O documento destaca que, para o PIB do setor agropecuário, a previsão é de queda de 1,3% em 2024, ante expectativa de alta de 0,5% no boletim de novembro. Essa piora no desempenho está relacionada, principalmente, aos preços de produtos das lavouras e da pecuária, que mostraram deflação ao longo do ano passado. As condições climáticas, afetadas pela ocorrência do El Niño, também prejudicaram o desenvolvimento do cultivo de produtos, segundo o relatório.
Já para o PIB da indústria houve avanço de 2,5% em 2024, ante 2,4% no último boletim. O documento dá destaque às perspectivas de aceleração da Indústria de transformação, em decorrência da redução dos juros, medidas de estímulo ao crédito e pela política de depreciação acelerada para compra de novas máquinas e equipamentos. Indústrias de construção e extrativa também devem continuar com bons resultados, aponta o relatório.
O crescimento do setor de serviços foi revisado de 2,2% para 2,4%. “Com a redução da inadimplência, em paralelo à queda nos juros, já se percebe avanço nas concessões de crédito a pessoas físicas no início de 2024, cenário que deverá impulsionar as taxas de crescimento de atividades como o comércio”, diz o boletim.
As projeções da SPE sobre a variação do PIB nos próximos anos foram mantidas. Em 2026, em 2,5%. Para 2027, a projeção de crescimento continua em 2,6%. Já em 2028, é de 2,5%.
A aprovação da reforma tributária, elevação de investimentos por meio de programas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida, aumento das Parcerias Público-Privadas (PPPs), estímulos à inovação e exportações por parte de bancos públicos, além das reformas microeconômicas para melhorar o ambiente de crédito do País são apontadas como vetores que devem auxiliar o crescimento no longo prazo.
No último relatório Focus, divulgado nesta terça-feira, 19, os analistas de mercado consultados pelo Banco Central projetaram uma alta de 1,80% para o PIB de 2024. Para 2025, a estimativa no Focus é de alta de 2%. As projeções de mercado para 2026 e 2027 também estão em 2%, para os dois anos.
Inflação em 2024
O Ministério da Fazenda revisou para baixo a projeção para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. A estimativa neste ano passou de 3,55% para 3,50% — dentro do intervalo de tolerância da meta estipulada para 2024, que é de 3%, com variação de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.
Já para 2025, a projeção de IPCA é de 3,10%. O último Boletim Macrofiscal da SPE, de novembro, não trazia estimativas para o próximo ano.
No documento, a SPE argumenta que, até o final de 2024, o processo de desinflação deve continuar, puxado pela forte desaceleração nos preços de monitorados e pela redução da inflação de serviços.
“O processo de desinflação vem ocorrendo em ritmo similar ao previsto, refletindo o realinhamento entre os preços livres e monitorados. Para a média das cinco principais medidas de núcleo, a expectativa também é de desaceleração para patamar próximo a 3,40%, de 4% em fevereiro. Nos anos seguintes, espera-se inflação ao redor da meta de 3%”, diz o documento.
O Ministério da Fazenda manteve a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — utilizado para a correção do salário mínimo. Segundo a nova grade de parâmetros macroeconômicos da pasta, a estimativa para o indicador neste ano segue em 3,25%. Para 2025, a projeção é de 3%.
“Assim como ocorreu em 2023, espera-se inflação menor para classes de renda inferiores comparativamente ao IPCA”, pontua o boletim.
Já a estimativa da Fazenda para o IGP-DI em 2024 foi revisada para baixo, de 4% para 3,50%. Para 2025, o indicador estimado é de 4%. O documento pontua que tanto os produtos agropecuários como os industriais apresentaram deflação em janeiro e fevereiro, pesando nessa dinâmica a queda nos preços da soja, do milho, do minério de ferro e de derivados do petróleo.
“Até o final do ano, no entanto, a expectativa é de aceleração gradual dos preços no atacado, influenciados pelo aumento já observado nos custos de frete, pela maior pressão em cadeias produtivas globais e por alterações climáticas”, diz.