BRASÍLIA - O Ministério de Minas e Energia estuda um conjunto de medidas adicionais para garantir a segurança do suprimento de energia elétrica do País durante o período seco, quando sazonalmente há uma redução das vazões e chuvas. Na mesa, estão sendo discutidas pelo menos três propostas, com efeito de curto e médio prazos.
A primeira é a antecipação do contrato da Termopernambuco, do Grupo Neoenergia. Essa usina termoelétrica, localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, participou do primeiro Leilão de Reserva da Capacidade, em 2021. A empresa vendeu toda sua capacidade instalada, de 498 Megawatts (MW), ao preço da potência de R$ 487.412,70 MW/ano.
Pelas regras do certame, o início do fornecimento de energia seria a partir de 1º de julho de 2026. Agora, o governo estuda a antecipação. As informações foram dadas pelo jornal Valor Econômico e confirmadas pelo Estadão/Broadcast.
A segunda proposta é evitar a parada programada das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 no momento em que o sistema estiver em situação vulnerável. A parada de segurança, para reabastecimento, demora mais de 30 dias geralmente. O processo envolve uma série de requisitos técnicos e, na prática, as unidades ficam desconectadas do Sistema Interligado Nacional (SIN) durante esse intervalo, necessário para inspeções e manutenções.
Outra medida em discussão inclui a utilização das usinas merchant (sem contratos de energia) para oferta adicional termoelétrica e como uma solução para aumento de potência do sistema.
Em sua última reunião, no início do mês, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) apontou que a região Norte tem enfrentado um cenário de redução no nível de chuvas desde o segundo semestre de 2023, em razão do fenômeno El Niño.
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O Comitê indicou a necessidade de acionamento de termoelétricas e a utilização de resposta voluntária da demanda — quando grandes consumidores, como indústrias, se comprometem a diminuir o consumo de energia em momentos de pico em troca de uma recompensa financeira.
Outra indicação do CMSE foi a importação de energia elétrica da Argentina e do Uruguai, para fins de complementação “ao atendimento à ponta de carga do sistema, considerando sempre a utilização gradativa dos recursos em ordem crescente de custos”.
Com a redução do nível de chuva, a potência das hidrelétricas é diminuída, afetando o atendimento no período de demanda máxima do sistema interligado nacional.