BRASÍLIA - Após um pronunciamento considerado tímido do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela liberação das vias bloqueadas por apoiadores de Bolsonaro, o ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, divulgou uma nota na noite desta terça-feira, 1º, dirigindo-se aos manifestantes e pedindo apoio para garantir a circulação de carga nas estradas.
No texto, Sampaio diz defender as mesmas bandeiras dos apoiadores – “ordem, respeito às leis, trabalho técnico e liberdade para todos” –, mas ressalva ser preciso “evitar prejuízos ao País” e manter o funcionamento dos serviços e transportes para não haver qualquer tipo de desabastecimento.
“Dirijo-me a todos os manifestantes que realizam bloqueios em vias importantes para o país. Neste momento, solicito o apoio de vocês, que defendem bandeiras que eu defendo – ordem, respeito às leis, trabalho técnico e liberdade para todos –, no sentido de garantirmos a circulação em nossas rodovias de medicamentos, insumos, bens e combustíveis”, afirma Sampaio, que esteve no Palácio da Alvorada nesta tarde com Bolsonaro e outros ministros e acompanhou o primeiro pronunciamento do presidente passadas quase 45 horas da derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A nota de Sampaio, divulgada nas redes sociais do ministro depois da fala de Bolsonaro, vem também num momento em que setores da economia pressionam por uma ação mais enfática do governo pela desobstrução das vias. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) pediu mais cedo a imediata liberação das estradas e alertou para o risco “iminente” de desabastecimento e falta de combustíveis, além de classificar como “antidemocrático” o movimento nas rodovias. Já há ordem da maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) para que a PRF atue para desobstruir as vias.
Segundo o ministro da Infraestrutura, a pasta tem monitorado a situação junto à PRF e mantido tratativas para resolver a questão desde as primeiras notícias de que rodovias importantes estavam bloqueadas por manifestantes. “Dentro de nossas atribuições, temos empreendido todos os esforços para que as vias sejam liberadas com a maior brevidade possível. E, neste sentido, é preciso destacar: desde a noite de domingo (30), mais de 300 pontos de interdição foram desativados”, diz Sampaio, que sucedeu o governador eleito Tarcísio de Freitas no comando da Infraestrutura.
Na nota, o ministro diz que o governo quer continuar no esforço “para manter o legado de tudo aquilo que fizemos para transformar a nação”. “Nós continuamos defendendo a liberdade e acreditando no Brasil”, afirma. Ele pediu para que a livre circulação de pessoas e veículos seja retomada “o quanto antes”.
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“Além de assegurar o direito de ir e vir de nossa população, é fundamental manter o funcionamento de serviços essenciais e o transporte rodoviário de cargas, de forma que não haja qualquer tipo de desabastecimento em nosso país. O Governo Federal, como um todo, está atento à situação em nossas estradas e no seu impacto sobre o funcionamento de outras áreas essenciais ao Brasil. Mais uma vez, daremos a nossa contribuição para superarmos esse momento sensível. Contem conosco”, finaliza.
Transição de governo
O Ministério da Infraestrutura afirmou que conduzirá a transição das questões relativas à pasta de “forma técnica e republicana” ao vencedor das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (PL). Em nota, a pasta cita que essa condução é baseada em “princípios de Estado”, na lei que garante o governo de transição e na orientação do governo federal.”
Com base em princípios de Estado, na Lei 10.609/2002 e na orientação do Governo Federal, o Ministério da Infraestrutura conduzirá sua transição de forma técnica e republicana à coligação eleita no último domingo para a Presidência da República”, afirmou a pasta.
Como mostrou o Estadão/Broadcast, antes mesmo de uma orientação direta de Bolsonaro, o ministro Marcelo Sampaio se reuniu ontem com seu com secretários e principais assessores da pasta para determinar que todos colaborem plenamente com a transição.
No Ministério da Infraestrutura, o entendimento é de que tudo precisa ser repassado à nova gestão da melhor forma possível. Uma fonte destacou que, apesar da derrota de Bolsonaro nas urnas, é necessário dar suporte para a continuidade das ações da pasta, considerando que medidas voltadas para infraestrutura, de longo prazo, são consideradas um assunto de Estado.