BRASÍLIA – O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta terça-feira, 31, que “é possível” que os controladores das Americanas se enriqueceram com a fraude bilionária na varejista. Segundo ele, ninguém demonstrou preocupação com os milhares de trabalhadores, apenas com eventuais perdas do setor financeiro.
“É possível que os controladores das Americanas se locupletaram (enriqueceram) no caso, mas os minoritários, possivelmente, estão na mesma situação dos trabalhadores. Não posso afirmar que houve fraude, mas que tem cheiro, tem cheiro”, declarou.
Segundo Marinho, se for identificado fraude nas Americanas, o governo acionará os responsáveis para garantir o pagamento dos direitos trabalhistas aos funcionários.
“Vamos providenciar uma mesa redonda das Americanas com representantes dos trabalhadores. Se houve fraude, vamos acionar os responsáveis para garantir os direitos trabalhistas dos funcionários. Não vi ninguém preocupado com os trabalhadores no caso das Americanas, só com sistema financeiro”, disse.
Marinho questionou ainda as responsabilidades das agências de risco, das auditorias externas e das regras de mercado que foram ineficientes em evitar a fraude contábil.
Erro bilionário do BC
O ministro do Trabalho afirmou que o Banco Central (BC) deve uma explicação à sociedade pelo erro bilionário nos dados do mercado de câmbio, informado na semana passada.
Na última quinta-feira, o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, informou que o banco identificou um erro nos dados referentes a importações desde outubro de 2021. Com isso, o fluxo cambial total de 2022 passou de entrada de US$ 9,574 bilhões para saída de US$ 3,233 bilhões – um erro de mais de US$ 1 bilhão por mês.
“O BC está devendo uma explicação do que aconteceu no ano passado. Na semana passada, saíram dados que em 2022 eram positivos, mas uma revisão constatou um erro. Mas será que era um erro? É um ponto muito sensível, será que foi um errinho? O BC tem de explicar melhor isso”, disse Marinho.
Como mostrou o Estadão, ontem, o subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, solicitou que a Corte de contas apure a falha informada pelo banco.