Ministros aconselham Lula a baixar a temperatura no confronto contra BC após ata ‘amigável’ do Copom


Caminho é diminuir tensão para evitar que os dois lados fiquem sem saída mais adiante, mas interlocutores reconhecem que presidente pode não atender aos conselhos se houver escalada no conflito

Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - Após o tom mais amistoso da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo aconselhado por ministros do governo a baixar a temperatura no confronto contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Os interlocutores alertaram Lula que o confronto só contribui para aumentar o prêmio de risco pedido por quem compra papéis do Tesouro Nacional e financia o governo, impactando a curva de juros (situação que ocorre quando o mercado precifica uma alta de juros nos contratos futuros) e pressionando o câmbio.

O dólar mais alto, por sua vez, retroalimenta a inflação e pode retardar a queda de juros. Nesta terça-feira, 6, por exemplo, a taxa nos contratos DI com vencimento em janeiro de 2029 chegou a bater na máxima de 13,41% (ante 13,24% no dia anterior). Já o dólar fechou pelo terceiro dia consecutivo em alta, a R$ 5,19. Só em fevereiro, a moeda acumula alta de 2,42%.

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Para um interlocutor do presidente que preferiu não ser identificado, o caminho é diminuir a tensão para evitar que os dois lados – Lula e BC – fiquem sem saída mais adiante. Mas reconheceu que Lula pode não atender aos conselhos se houver uma escalada do conflito. Em seus dois mandatos anteriores, Lula terceirizava os ataques – ora na figura do então vice-presidente José Alencar, ora com Guido Mantega, ministro da Fazenda. Agora, Lula vem ele mesmo atirando os torpedos na direção do BC.

Segundo apurou o Estadão, duas senhas são consideradas chaves na tentativa de esfriar a crise, ao menos nesse primeiro momento.

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Lula tem criticado decisão do BC de manter taxa básica de juros a 13,75% ao ano. Foto: André Borges/Efe  

A primeira foi o teor da ata do Copom, divulgada na terça-feira, no início da manhã, mostrando que parte dos seus integrantes enxerga potencial do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo de reduzir o rombo das contas públicas e diminuir as incertezas fiscais apontadas como risco pelo BC para o controle da inflação.

A outra foi a declaração do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a ata foi mais “amigável” do que o comunicado divulgado logo após a reunião do Copom da semana passada, que manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. No comunicado, o BC alertou para o risco fiscal e a deterioração das expectativas de inflação, sem considerar o plano Haddad. O que mais irritou o governo foi a posição do BC de que poderia manter o atual patamar de juros, considerado alto, por um período a mais.

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“A ata do Copom veio melhor que o comunicado. Uma ata que foi mais extensa, mais analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. A ata foi, vamos dizer, mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados”, disse Haddad pela manhã.

Na noite de segunda-feira, Haddad tinha cobrado uma ata mais “generosa” do que o comunicado, ressaltando que as incertezas fiscais são herança do governo Bolsonaro.

Em encontro fechado com parlamentares da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tentou amenizar a crise e negou que exista qualquer tipo de animosidade contra Campos Neto, segundo relato feito pelo presidente da frente, Marco Bertaiolli (PSD-SP). O deputado contou que Alckmin comparou a situação a uma “divergência de entendimento” e que nenhuma crítica pode ser levada a Campos Neto na figura de pessoa física.

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Na tarde de terça-feira, a gravação de uma entrevista feita pelo presidente em café da manhã com veículos alinhados ao governo foi divulgada à tarde pelo Palácio do Planalto. Na entrevista, Lula voltou a fazer ataques a Campos Neto e disse que ele deve explicações.

Como forma de pressão, parlamentares do PSOL e do PT, no entanto, pretendem apresentar requerimento para convidar o presidente do BC a comparecer numa audiência pública na Câmara para explicar as razões dos juros altos. Por ter integrado o governo Bolsonaro, Campos Neto é visto pelos políticos da esquerda como uma espécie de “cavalo de Tróia” para atrapalhar o governo e a retomada do crescimento.

Esses deputados falam em propor mudança na autonomia do BC, mas nem mesmo o governo vê chances de um projeto desse tipo passar no Congresso. Na Câmara, a autonomia do BC teve como padrinho o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e o Senado hoje é formado por forças políticas mais conservadoras que se opõem ao governo Lula, o que dificultaria também qualquer plano para tirar o presidente do BC do cargo. Campos Neto já disse que vai ficar na presidência do BC até o final do seu mandato em 2024 e que vê o momento atual como teste da consolidação da autonomia da instituição.

BRASÍLIA - Após o tom mais amistoso da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo aconselhado por ministros do governo a baixar a temperatura no confronto contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Os interlocutores alertaram Lula que o confronto só contribui para aumentar o prêmio de risco pedido por quem compra papéis do Tesouro Nacional e financia o governo, impactando a curva de juros (situação que ocorre quando o mercado precifica uma alta de juros nos contratos futuros) e pressionando o câmbio.

O dólar mais alto, por sua vez, retroalimenta a inflação e pode retardar a queda de juros. Nesta terça-feira, 6, por exemplo, a taxa nos contratos DI com vencimento em janeiro de 2029 chegou a bater na máxima de 13,41% (ante 13,24% no dia anterior). Já o dólar fechou pelo terceiro dia consecutivo em alta, a R$ 5,19. Só em fevereiro, a moeda acumula alta de 2,42%.

Para um interlocutor do presidente que preferiu não ser identificado, o caminho é diminuir a tensão para evitar que os dois lados – Lula e BC – fiquem sem saída mais adiante. Mas reconheceu que Lula pode não atender aos conselhos se houver uma escalada do conflito. Em seus dois mandatos anteriores, Lula terceirizava os ataques – ora na figura do então vice-presidente José Alencar, ora com Guido Mantega, ministro da Fazenda. Agora, Lula vem ele mesmo atirando os torpedos na direção do BC.

Segundo apurou o Estadão, duas senhas são consideradas chaves na tentativa de esfriar a crise, ao menos nesse primeiro momento.

Lula tem criticado decisão do BC de manter taxa básica de juros a 13,75% ao ano. Foto: André Borges/Efe  

A primeira foi o teor da ata do Copom, divulgada na terça-feira, no início da manhã, mostrando que parte dos seus integrantes enxerga potencial do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo de reduzir o rombo das contas públicas e diminuir as incertezas fiscais apontadas como risco pelo BC para o controle da inflação.

A outra foi a declaração do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a ata foi mais “amigável” do que o comunicado divulgado logo após a reunião do Copom da semana passada, que manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. No comunicado, o BC alertou para o risco fiscal e a deterioração das expectativas de inflação, sem considerar o plano Haddad. O que mais irritou o governo foi a posição do BC de que poderia manter o atual patamar de juros, considerado alto, por um período a mais.

“A ata do Copom veio melhor que o comunicado. Uma ata que foi mais extensa, mais analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. A ata foi, vamos dizer, mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados”, disse Haddad pela manhã.

Na noite de segunda-feira, Haddad tinha cobrado uma ata mais “generosa” do que o comunicado, ressaltando que as incertezas fiscais são herança do governo Bolsonaro.

Em encontro fechado com parlamentares da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tentou amenizar a crise e negou que exista qualquer tipo de animosidade contra Campos Neto, segundo relato feito pelo presidente da frente, Marco Bertaiolli (PSD-SP). O deputado contou que Alckmin comparou a situação a uma “divergência de entendimento” e que nenhuma crítica pode ser levada a Campos Neto na figura de pessoa física.

Na tarde de terça-feira, a gravação de uma entrevista feita pelo presidente em café da manhã com veículos alinhados ao governo foi divulgada à tarde pelo Palácio do Planalto. Na entrevista, Lula voltou a fazer ataques a Campos Neto e disse que ele deve explicações.

Como forma de pressão, parlamentares do PSOL e do PT, no entanto, pretendem apresentar requerimento para convidar o presidente do BC a comparecer numa audiência pública na Câmara para explicar as razões dos juros altos. Por ter integrado o governo Bolsonaro, Campos Neto é visto pelos políticos da esquerda como uma espécie de “cavalo de Tróia” para atrapalhar o governo e a retomada do crescimento.

Esses deputados falam em propor mudança na autonomia do BC, mas nem mesmo o governo vê chances de um projeto desse tipo passar no Congresso. Na Câmara, a autonomia do BC teve como padrinho o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e o Senado hoje é formado por forças políticas mais conservadoras que se opõem ao governo Lula, o que dificultaria também qualquer plano para tirar o presidente do BC do cargo. Campos Neto já disse que vai ficar na presidência do BC até o final do seu mandato em 2024 e que vê o momento atual como teste da consolidação da autonomia da instituição.

BRASÍLIA - Após o tom mais amistoso da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo aconselhado por ministros do governo a baixar a temperatura no confronto contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Os interlocutores alertaram Lula que o confronto só contribui para aumentar o prêmio de risco pedido por quem compra papéis do Tesouro Nacional e financia o governo, impactando a curva de juros (situação que ocorre quando o mercado precifica uma alta de juros nos contratos futuros) e pressionando o câmbio.

O dólar mais alto, por sua vez, retroalimenta a inflação e pode retardar a queda de juros. Nesta terça-feira, 6, por exemplo, a taxa nos contratos DI com vencimento em janeiro de 2029 chegou a bater na máxima de 13,41% (ante 13,24% no dia anterior). Já o dólar fechou pelo terceiro dia consecutivo em alta, a R$ 5,19. Só em fevereiro, a moeda acumula alta de 2,42%.

Para um interlocutor do presidente que preferiu não ser identificado, o caminho é diminuir a tensão para evitar que os dois lados – Lula e BC – fiquem sem saída mais adiante. Mas reconheceu que Lula pode não atender aos conselhos se houver uma escalada do conflito. Em seus dois mandatos anteriores, Lula terceirizava os ataques – ora na figura do então vice-presidente José Alencar, ora com Guido Mantega, ministro da Fazenda. Agora, Lula vem ele mesmo atirando os torpedos na direção do BC.

Segundo apurou o Estadão, duas senhas são consideradas chaves na tentativa de esfriar a crise, ao menos nesse primeiro momento.

Lula tem criticado decisão do BC de manter taxa básica de juros a 13,75% ao ano. Foto: André Borges/Efe  

A primeira foi o teor da ata do Copom, divulgada na terça-feira, no início da manhã, mostrando que parte dos seus integrantes enxerga potencial do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo de reduzir o rombo das contas públicas e diminuir as incertezas fiscais apontadas como risco pelo BC para o controle da inflação.

A outra foi a declaração do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a ata foi mais “amigável” do que o comunicado divulgado logo após a reunião do Copom da semana passada, que manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano. No comunicado, o BC alertou para o risco fiscal e a deterioração das expectativas de inflação, sem considerar o plano Haddad. O que mais irritou o governo foi a posição do BC de que poderia manter o atual patamar de juros, considerado alto, por um período a mais.

“A ata do Copom veio melhor que o comunicado. Uma ata que foi mais extensa, mais analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. A ata foi, vamos dizer, mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados”, disse Haddad pela manhã.

Na noite de segunda-feira, Haddad tinha cobrado uma ata mais “generosa” do que o comunicado, ressaltando que as incertezas fiscais são herança do governo Bolsonaro.

Em encontro fechado com parlamentares da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tentou amenizar a crise e negou que exista qualquer tipo de animosidade contra Campos Neto, segundo relato feito pelo presidente da frente, Marco Bertaiolli (PSD-SP). O deputado contou que Alckmin comparou a situação a uma “divergência de entendimento” e que nenhuma crítica pode ser levada a Campos Neto na figura de pessoa física.

Na tarde de terça-feira, a gravação de uma entrevista feita pelo presidente em café da manhã com veículos alinhados ao governo foi divulgada à tarde pelo Palácio do Planalto. Na entrevista, Lula voltou a fazer ataques a Campos Neto e disse que ele deve explicações.

Como forma de pressão, parlamentares do PSOL e do PT, no entanto, pretendem apresentar requerimento para convidar o presidente do BC a comparecer numa audiência pública na Câmara para explicar as razões dos juros altos. Por ter integrado o governo Bolsonaro, Campos Neto é visto pelos políticos da esquerda como uma espécie de “cavalo de Tróia” para atrapalhar o governo e a retomada do crescimento.

Esses deputados falam em propor mudança na autonomia do BC, mas nem mesmo o governo vê chances de um projeto desse tipo passar no Congresso. Na Câmara, a autonomia do BC teve como padrinho o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e o Senado hoje é formado por forças políticas mais conservadoras que se opõem ao governo Lula, o que dificultaria também qualquer plano para tirar o presidente do BC do cargo. Campos Neto já disse que vai ficar na presidência do BC até o final do seu mandato em 2024 e que vê o momento atual como teste da consolidação da autonomia da instituição.

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