Missão de empresários tenta promover imagem do Brasil na China


Empresários e representantes do governo buscam estimular exportações ao país asiático.

Por Marina Wentzel

Empresários e representantes do governo brasileiro iniciaram uma missão na China em um esforço para enfrentar um dos principais obstáculos à incrementação das exportações ao país asiático: a falta de conhecimento sobre o Brasil e seus produtos. A missão faz parte da Agenda China, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para triplicar as vendas brasileiras à China até 2010 e atrair maior investimento. A falta de conhecimento dos chineses a respeito do Brasil é um tema recorrente no meio empresarial e há tempos vem sendo apontada como a principal causa para as baixas exportações e investimentos chineses no Brasil, que totalizaram no ano passado US$ 24 milhões, segundo o Banco Central. Para a maioria dos chineses, o Brasil é um país distante, e até associações óbvias como o samba e o futebol algumas vezes não são do entendimento comum. Esse desconhecimento afeta inclusive produtos consagradamente brasileiros. "A China, por exemplo, não compra café fino do Brasil porque a gente não conseguiu encaixar uma promoção forte aqui", afirma Alessandro Teixeira, presidente da Apex. O projeto é o maior já organizado pelo Brasil no país e inclui o estabelecimento de um showroom com produtos brasileiros em Pequim, a realização de 53 seminários regionais de promoção comercial e a participação em 18 eventos setoriais no país somente neste ano. Mudança de pauta No ano passado, o Brasil encerrou o ano em déficit de US$ 1,9 bilhão nas trocas com a China, com importações de US$ 12,6 bilhões e exportações de US$ 10,7 bilhões. Além de reverter o déficit, o esforço de promoção também visa modificar a natureza da pauta de exportações brasileiras, que está 60% concentrada em commodities como soja e minério de ferro. A intenção é acrescentar mais produtos com valor agregado. Para isso, foi feito um levantamento indicando as necessidades de compra da China e a oferta de produtos do Brasil. Foram identificados 619 itens em 48 setores que têm potencial para elevar as exportações e por isso receberão estímulos. Produtos nos quais a China é assumidamente competitiva como têxteis, calçados e maquinário também fazem parte da lista. "Mas se trata de competirmos com bens diferenciados, como as camisetas feitas com algodão geneticamente modificado que já são naturalmente coloridas", diz Teixeira. Entraves Empresários ouvidos pela BBC Brasil na China vêem com bons olhos a iniciativa, porém reconhecem que além da desinformação existem entraves práticos para a importação de produtos. "Entrar na China é uma estratégia de longo prazo e é difícil. Nosso maior problema é que enfrentamos muita burocracia com as barreiras sanitárias", diz Francisco de Goeye, da Serlac, que há mais de dois anos tenta importar leite mineiro. "O que atrapalha nossa vida de importador são os custos. É muito imposto, pouca infra-estrutura. Simplesmente falta competitividade aos produtos brasileiros", afirma Mauricio Alvarenga, da trading Factum, que está na China há 13 anos e já trabalhou com soja e madeira, mas atualmente busca trazer próteses ortopédicas. "Acho que divulgar mais o Brasil ajudará, mas precisamos de ações completas", afirma Thu Thanh Phan, da trading Naturezone, que traz própolis verde do Brasil. Entretanto, segundo Alessandro Teixeira, o esforço de promoção das exportações não é meramente uma questão de propaganda. "O governo está analisando a reforma tributária", diz Teixeira. "E nós temos ações de logística em mais de 18 portos com parceria multimodal ligando inclusive o nosso Atlântico com o Pacífico em Antofagasta (no Chile). Soluções estão em prática." Infra-estrutura A má infra-estrutura de portos e estradas do Brasil é por si só um entrave às exportações, segundo os exportadores, mas a nova estratégia é fazer do problema uma oportunidade de investimento. Nesta quarta-feira, em um seminário sobre investimento no Brasil realizado em Pequim, a subchefe da Casa Civil, Miriam Belchior, apresentará aos chineses formas de participação nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Teixeira afirma que "os chineses podem tomar parte no programa de concessões do PAC", principalmente na parte portuária, pois sete dos 20 maiores portos do mundo estão na China. "O que o Brasil quer não é apenas o investimento com dinheiro, mas com parceria estratégica onde eles tragam o 'know-how', a forma de trabalhar, para que a gente possa melhorar. Às vezes só o dinheiro não é suficiente", diz Teixeira. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Empresários e representantes do governo brasileiro iniciaram uma missão na China em um esforço para enfrentar um dos principais obstáculos à incrementação das exportações ao país asiático: a falta de conhecimento sobre o Brasil e seus produtos. A missão faz parte da Agenda China, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para triplicar as vendas brasileiras à China até 2010 e atrair maior investimento. A falta de conhecimento dos chineses a respeito do Brasil é um tema recorrente no meio empresarial e há tempos vem sendo apontada como a principal causa para as baixas exportações e investimentos chineses no Brasil, que totalizaram no ano passado US$ 24 milhões, segundo o Banco Central. Para a maioria dos chineses, o Brasil é um país distante, e até associações óbvias como o samba e o futebol algumas vezes não são do entendimento comum. Esse desconhecimento afeta inclusive produtos consagradamente brasileiros. "A China, por exemplo, não compra café fino do Brasil porque a gente não conseguiu encaixar uma promoção forte aqui", afirma Alessandro Teixeira, presidente da Apex. O projeto é o maior já organizado pelo Brasil no país e inclui o estabelecimento de um showroom com produtos brasileiros em Pequim, a realização de 53 seminários regionais de promoção comercial e a participação em 18 eventos setoriais no país somente neste ano. Mudança de pauta No ano passado, o Brasil encerrou o ano em déficit de US$ 1,9 bilhão nas trocas com a China, com importações de US$ 12,6 bilhões e exportações de US$ 10,7 bilhões. Além de reverter o déficit, o esforço de promoção também visa modificar a natureza da pauta de exportações brasileiras, que está 60% concentrada em commodities como soja e minério de ferro. A intenção é acrescentar mais produtos com valor agregado. Para isso, foi feito um levantamento indicando as necessidades de compra da China e a oferta de produtos do Brasil. Foram identificados 619 itens em 48 setores que têm potencial para elevar as exportações e por isso receberão estímulos. Produtos nos quais a China é assumidamente competitiva como têxteis, calçados e maquinário também fazem parte da lista. "Mas se trata de competirmos com bens diferenciados, como as camisetas feitas com algodão geneticamente modificado que já são naturalmente coloridas", diz Teixeira. Entraves Empresários ouvidos pela BBC Brasil na China vêem com bons olhos a iniciativa, porém reconhecem que além da desinformação existem entraves práticos para a importação de produtos. "Entrar na China é uma estratégia de longo prazo e é difícil. Nosso maior problema é que enfrentamos muita burocracia com as barreiras sanitárias", diz Francisco de Goeye, da Serlac, que há mais de dois anos tenta importar leite mineiro. "O que atrapalha nossa vida de importador são os custos. É muito imposto, pouca infra-estrutura. Simplesmente falta competitividade aos produtos brasileiros", afirma Mauricio Alvarenga, da trading Factum, que está na China há 13 anos e já trabalhou com soja e madeira, mas atualmente busca trazer próteses ortopédicas. "Acho que divulgar mais o Brasil ajudará, mas precisamos de ações completas", afirma Thu Thanh Phan, da trading Naturezone, que traz própolis verde do Brasil. Entretanto, segundo Alessandro Teixeira, o esforço de promoção das exportações não é meramente uma questão de propaganda. "O governo está analisando a reforma tributária", diz Teixeira. "E nós temos ações de logística em mais de 18 portos com parceria multimodal ligando inclusive o nosso Atlântico com o Pacífico em Antofagasta (no Chile). Soluções estão em prática." Infra-estrutura A má infra-estrutura de portos e estradas do Brasil é por si só um entrave às exportações, segundo os exportadores, mas a nova estratégia é fazer do problema uma oportunidade de investimento. Nesta quarta-feira, em um seminário sobre investimento no Brasil realizado em Pequim, a subchefe da Casa Civil, Miriam Belchior, apresentará aos chineses formas de participação nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Teixeira afirma que "os chineses podem tomar parte no programa de concessões do PAC", principalmente na parte portuária, pois sete dos 20 maiores portos do mundo estão na China. "O que o Brasil quer não é apenas o investimento com dinheiro, mas com parceria estratégica onde eles tragam o 'know-how', a forma de trabalhar, para que a gente possa melhorar. Às vezes só o dinheiro não é suficiente", diz Teixeira. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Empresários e representantes do governo brasileiro iniciaram uma missão na China em um esforço para enfrentar um dos principais obstáculos à incrementação das exportações ao país asiático: a falta de conhecimento sobre o Brasil e seus produtos. A missão faz parte da Agenda China, uma iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para triplicar as vendas brasileiras à China até 2010 e atrair maior investimento. A falta de conhecimento dos chineses a respeito do Brasil é um tema recorrente no meio empresarial e há tempos vem sendo apontada como a principal causa para as baixas exportações e investimentos chineses no Brasil, que totalizaram no ano passado US$ 24 milhões, segundo o Banco Central. Para a maioria dos chineses, o Brasil é um país distante, e até associações óbvias como o samba e o futebol algumas vezes não são do entendimento comum. Esse desconhecimento afeta inclusive produtos consagradamente brasileiros. "A China, por exemplo, não compra café fino do Brasil porque a gente não conseguiu encaixar uma promoção forte aqui", afirma Alessandro Teixeira, presidente da Apex. O projeto é o maior já organizado pelo Brasil no país e inclui o estabelecimento de um showroom com produtos brasileiros em Pequim, a realização de 53 seminários regionais de promoção comercial e a participação em 18 eventos setoriais no país somente neste ano. Mudança de pauta No ano passado, o Brasil encerrou o ano em déficit de US$ 1,9 bilhão nas trocas com a China, com importações de US$ 12,6 bilhões e exportações de US$ 10,7 bilhões. Além de reverter o déficit, o esforço de promoção também visa modificar a natureza da pauta de exportações brasileiras, que está 60% concentrada em commodities como soja e minério de ferro. A intenção é acrescentar mais produtos com valor agregado. Para isso, foi feito um levantamento indicando as necessidades de compra da China e a oferta de produtos do Brasil. Foram identificados 619 itens em 48 setores que têm potencial para elevar as exportações e por isso receberão estímulos. Produtos nos quais a China é assumidamente competitiva como têxteis, calçados e maquinário também fazem parte da lista. "Mas se trata de competirmos com bens diferenciados, como as camisetas feitas com algodão geneticamente modificado que já são naturalmente coloridas", diz Teixeira. Entraves Empresários ouvidos pela BBC Brasil na China vêem com bons olhos a iniciativa, porém reconhecem que além da desinformação existem entraves práticos para a importação de produtos. "Entrar na China é uma estratégia de longo prazo e é difícil. Nosso maior problema é que enfrentamos muita burocracia com as barreiras sanitárias", diz Francisco de Goeye, da Serlac, que há mais de dois anos tenta importar leite mineiro. "O que atrapalha nossa vida de importador são os custos. É muito imposto, pouca infra-estrutura. Simplesmente falta competitividade aos produtos brasileiros", afirma Mauricio Alvarenga, da trading Factum, que está na China há 13 anos e já trabalhou com soja e madeira, mas atualmente busca trazer próteses ortopédicas. "Acho que divulgar mais o Brasil ajudará, mas precisamos de ações completas", afirma Thu Thanh Phan, da trading Naturezone, que traz própolis verde do Brasil. Entretanto, segundo Alessandro Teixeira, o esforço de promoção das exportações não é meramente uma questão de propaganda. "O governo está analisando a reforma tributária", diz Teixeira. "E nós temos ações de logística em mais de 18 portos com parceria multimodal ligando inclusive o nosso Atlântico com o Pacífico em Antofagasta (no Chile). Soluções estão em prática." Infra-estrutura A má infra-estrutura de portos e estradas do Brasil é por si só um entrave às exportações, segundo os exportadores, mas a nova estratégia é fazer do problema uma oportunidade de investimento. Nesta quarta-feira, em um seminário sobre investimento no Brasil realizado em Pequim, a subchefe da Casa Civil, Miriam Belchior, apresentará aos chineses formas de participação nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Teixeira afirma que "os chineses podem tomar parte no programa de concessões do PAC", principalmente na parte portuária, pois sete dos 20 maiores portos do mundo estão na China. "O que o Brasil quer não é apenas o investimento com dinheiro, mas com parceria estratégica onde eles tragam o 'know-how', a forma de trabalhar, para que a gente possa melhorar. Às vezes só o dinheiro não é suficiente", diz Teixeira. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.