Momento geopolítico traz desafios para a indústria, mas especialistas também veem oportunidades


Redução da colaboração internacional limita expansão da economia brasileira, mas o País, com a sua vocação, pode se beneficiar do avanço da agenda de redução de emissões de carbono

Por Diego Lazzaris

O momento geopolítico, com aumento das tensões entre países e a diminuição da colaboração internacional, traz uma série de desafios para a indústria brasileira, mas também há oportunidades, na opinião de representantes do setor que participaram do segundo painel do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Para Welber Barral, consultor em comércio internacional, uma das principais oportunidades para o Brasil está no avanço da agenda de descarbonização. “A mudança na plataforma de energia mundial exige que o Brasil avance em sua própria transição energética. Também é preciso estabelecer um marco regulatório global de incentivos ao SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês), biodiesel e hidrogênio. Embora algumas dessas normas tenham sido aprovadas pelo Congresso este ano, espera-se que o marco completo seja implementado até o próximo ano, possibilitando que o Brasil tenha uma legislação atualizada e alinhada com o desenvolvimento sustentável”, disse.

Além disso, Barral destacou a posição do Brasil na produção de alimentos, um setor em que poucos países conseguem competir. “Com o crescimento global na demanda por proteínas, o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir sua participação no mercado, agregando mais valor às suas exportações e aproveitando essa demanda crescente”, afirmou.

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'Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil', diz Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp Foto: Werther Santana/Estadão

Ao mesmo tempo, o consultor afirma que um dos principais entraves para grandes projetos industriais no país é a taxa de juros alta. “O custo de capital no Brasil é particularmente prejudicial para projetos de médio e longo prazo. Setores como o de energia e infraestrutura, que apresentam um bom potencial de retorno, acabam sendo afetados por essa taxa de juros elevada, que é alta até mesmo em comparação com outros países em desenvolvimento”, disse.

Investimentos encarecidos

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Yi Shin Tang, professor livre-docente no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, acredita que há uma grande probabilidade de aumento no custo de capital devido às recentes eleições nos Estados Unidos, mas isso deverá ser acompanhado por praticamente todos os países.

“No entanto, acredito que esse aumento não afetará necessariamente as políticas de expansão das exportações no Brasil. Por quê? Embora o custo de capital mais alto encareça os investimentos no País em geral, as políticas brasileiras de liberdade de acesso comercial, abertura de mercados e a desvalorização cambial ainda permitem que o Brasil mantenha setores econômicos bastante competitivos para exportação”, disse.

Globalização ainda resiste

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Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp, ressaltou que o mundo vive um cenário de redução da globalização, não de extinção, com uma tendência de uma aceleração das políticas nacionais.

“Nesse contexto, existem alguns eixos alinhados com nossas vantagens, sendo a descarbonização um dos principais. Embora não tenhamos aproveitado nosso bônus demográfico da mesma forma que a China ou que a Índia começa a fazer, agora temos o bônus da descarbonização. Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil. Precisamos nos organizar para aproveitar essa oportunidade, ou, daqui a 20 anos, podemos nos lamentar por termos perdido essa chance única que temos agora”, disse.

Riscos da disputa China x EUA

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Para Jorge Arbache, professor de Economia da Universidade de Brasília, questões geopolíticas, como a disputa entre China e Estados Unidos, podem trazer riscos para os mercados globais e para o Brasil.

“Esse movimento de fragmentação, ou ‘desglobalização’, vai contra os interesses do Brasil, pois afeta o funcionamento e o acesso aos mercados e gera riscos adicionais”, afirmou.

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Segundo o professor, este cenário de incertezas cria uma condição em que a formação dos preços passa a depender, muitas vezes, de decisões e intervenções que não seguem a lógica de mercado. “Isso aumenta o risco tanto para investidores quanto para empreendedores, especialmente em um país como o Brasil, que se beneficia mais quando os mercados globais funcionam de forma eficiente. Esse efeito é ainda mais relevante com o crescimento da economia verde, que tem oportunidades de expansão”, afirmou.

O momento geopolítico, com aumento das tensões entre países e a diminuição da colaboração internacional, traz uma série de desafios para a indústria brasileira, mas também há oportunidades, na opinião de representantes do setor que participaram do segundo painel do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Para Welber Barral, consultor em comércio internacional, uma das principais oportunidades para o Brasil está no avanço da agenda de descarbonização. “A mudança na plataforma de energia mundial exige que o Brasil avance em sua própria transição energética. Também é preciso estabelecer um marco regulatório global de incentivos ao SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês), biodiesel e hidrogênio. Embora algumas dessas normas tenham sido aprovadas pelo Congresso este ano, espera-se que o marco completo seja implementado até o próximo ano, possibilitando que o Brasil tenha uma legislação atualizada e alinhada com o desenvolvimento sustentável”, disse.

Além disso, Barral destacou a posição do Brasil na produção de alimentos, um setor em que poucos países conseguem competir. “Com o crescimento global na demanda por proteínas, o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir sua participação no mercado, agregando mais valor às suas exportações e aproveitando essa demanda crescente”, afirmou.

'Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil', diz Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp Foto: Werther Santana/Estadão

Ao mesmo tempo, o consultor afirma que um dos principais entraves para grandes projetos industriais no país é a taxa de juros alta. “O custo de capital no Brasil é particularmente prejudicial para projetos de médio e longo prazo. Setores como o de energia e infraestrutura, que apresentam um bom potencial de retorno, acabam sendo afetados por essa taxa de juros elevada, que é alta até mesmo em comparação com outros países em desenvolvimento”, disse.

Investimentos encarecidos

Yi Shin Tang, professor livre-docente no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, acredita que há uma grande probabilidade de aumento no custo de capital devido às recentes eleições nos Estados Unidos, mas isso deverá ser acompanhado por praticamente todos os países.

“No entanto, acredito que esse aumento não afetará necessariamente as políticas de expansão das exportações no Brasil. Por quê? Embora o custo de capital mais alto encareça os investimentos no País em geral, as políticas brasileiras de liberdade de acesso comercial, abertura de mercados e a desvalorização cambial ainda permitem que o Brasil mantenha setores econômicos bastante competitivos para exportação”, disse.

Globalização ainda resiste

Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp, ressaltou que o mundo vive um cenário de redução da globalização, não de extinção, com uma tendência de uma aceleração das políticas nacionais.

“Nesse contexto, existem alguns eixos alinhados com nossas vantagens, sendo a descarbonização um dos principais. Embora não tenhamos aproveitado nosso bônus demográfico da mesma forma que a China ou que a Índia começa a fazer, agora temos o bônus da descarbonização. Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil. Precisamos nos organizar para aproveitar essa oportunidade, ou, daqui a 20 anos, podemos nos lamentar por termos perdido essa chance única que temos agora”, disse.

Riscos da disputa China x EUA

Para Jorge Arbache, professor de Economia da Universidade de Brasília, questões geopolíticas, como a disputa entre China e Estados Unidos, podem trazer riscos para os mercados globais e para o Brasil.

“Esse movimento de fragmentação, ou ‘desglobalização’, vai contra os interesses do Brasil, pois afeta o funcionamento e o acesso aos mercados e gera riscos adicionais”, afirmou.

Segundo o professor, este cenário de incertezas cria uma condição em que a formação dos preços passa a depender, muitas vezes, de decisões e intervenções que não seguem a lógica de mercado. “Isso aumenta o risco tanto para investidores quanto para empreendedores, especialmente em um país como o Brasil, que se beneficia mais quando os mercados globais funcionam de forma eficiente. Esse efeito é ainda mais relevante com o crescimento da economia verde, que tem oportunidades de expansão”, afirmou.

O momento geopolítico, com aumento das tensões entre países e a diminuição da colaboração internacional, traz uma série de desafios para a indústria brasileira, mas também há oportunidades, na opinião de representantes do setor que participaram do segundo painel do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Para Welber Barral, consultor em comércio internacional, uma das principais oportunidades para o Brasil está no avanço da agenda de descarbonização. “A mudança na plataforma de energia mundial exige que o Brasil avance em sua própria transição energética. Também é preciso estabelecer um marco regulatório global de incentivos ao SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês), biodiesel e hidrogênio. Embora algumas dessas normas tenham sido aprovadas pelo Congresso este ano, espera-se que o marco completo seja implementado até o próximo ano, possibilitando que o Brasil tenha uma legislação atualizada e alinhada com o desenvolvimento sustentável”, disse.

Além disso, Barral destacou a posição do Brasil na produção de alimentos, um setor em que poucos países conseguem competir. “Com o crescimento global na demanda por proteínas, o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir sua participação no mercado, agregando mais valor às suas exportações e aproveitando essa demanda crescente”, afirmou.

'Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil', diz Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp Foto: Werther Santana/Estadão

Ao mesmo tempo, o consultor afirma que um dos principais entraves para grandes projetos industriais no país é a taxa de juros alta. “O custo de capital no Brasil é particularmente prejudicial para projetos de médio e longo prazo. Setores como o de energia e infraestrutura, que apresentam um bom potencial de retorno, acabam sendo afetados por essa taxa de juros elevada, que é alta até mesmo em comparação com outros países em desenvolvimento”, disse.

Investimentos encarecidos

Yi Shin Tang, professor livre-docente no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, acredita que há uma grande probabilidade de aumento no custo de capital devido às recentes eleições nos Estados Unidos, mas isso deverá ser acompanhado por praticamente todos os países.

“No entanto, acredito que esse aumento não afetará necessariamente as políticas de expansão das exportações no Brasil. Por quê? Embora o custo de capital mais alto encareça os investimentos no País em geral, as políticas brasileiras de liberdade de acesso comercial, abertura de mercados e a desvalorização cambial ainda permitem que o Brasil mantenha setores econômicos bastante competitivos para exportação”, disse.

Globalização ainda resiste

Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp, ressaltou que o mundo vive um cenário de redução da globalização, não de extinção, com uma tendência de uma aceleração das políticas nacionais.

“Nesse contexto, existem alguns eixos alinhados com nossas vantagens, sendo a descarbonização um dos principais. Embora não tenhamos aproveitado nosso bônus demográfico da mesma forma que a China ou que a Índia começa a fazer, agora temos o bônus da descarbonização. Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil. Precisamos nos organizar para aproveitar essa oportunidade, ou, daqui a 20 anos, podemos nos lamentar por termos perdido essa chance única que temos agora”, disse.

Riscos da disputa China x EUA

Para Jorge Arbache, professor de Economia da Universidade de Brasília, questões geopolíticas, como a disputa entre China e Estados Unidos, podem trazer riscos para os mercados globais e para o Brasil.

“Esse movimento de fragmentação, ou ‘desglobalização’, vai contra os interesses do Brasil, pois afeta o funcionamento e o acesso aos mercados e gera riscos adicionais”, afirmou.

Segundo o professor, este cenário de incertezas cria uma condição em que a formação dos preços passa a depender, muitas vezes, de decisões e intervenções que não seguem a lógica de mercado. “Isso aumenta o risco tanto para investidores quanto para empreendedores, especialmente em um país como o Brasil, que se beneficia mais quando os mercados globais funcionam de forma eficiente. Esse efeito é ainda mais relevante com o crescimento da economia verde, que tem oportunidades de expansão”, afirmou.

O momento geopolítico, com aumento das tensões entre países e a diminuição da colaboração internacional, traz uma série de desafios para a indústria brasileira, mas também há oportunidades, na opinião de representantes do setor que participaram do segundo painel do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Para Welber Barral, consultor em comércio internacional, uma das principais oportunidades para o Brasil está no avanço da agenda de descarbonização. “A mudança na plataforma de energia mundial exige que o Brasil avance em sua própria transição energética. Também é preciso estabelecer um marco regulatório global de incentivos ao SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês), biodiesel e hidrogênio. Embora algumas dessas normas tenham sido aprovadas pelo Congresso este ano, espera-se que o marco completo seja implementado até o próximo ano, possibilitando que o Brasil tenha uma legislação atualizada e alinhada com o desenvolvimento sustentável”, disse.

Além disso, Barral destacou a posição do Brasil na produção de alimentos, um setor em que poucos países conseguem competir. “Com o crescimento global na demanda por proteínas, o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir sua participação no mercado, agregando mais valor às suas exportações e aproveitando essa demanda crescente”, afirmou.

'Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil', diz Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp Foto: Werther Santana/Estadão

Ao mesmo tempo, o consultor afirma que um dos principais entraves para grandes projetos industriais no país é a taxa de juros alta. “O custo de capital no Brasil é particularmente prejudicial para projetos de médio e longo prazo. Setores como o de energia e infraestrutura, que apresentam um bom potencial de retorno, acabam sendo afetados por essa taxa de juros elevada, que é alta até mesmo em comparação com outros países em desenvolvimento”, disse.

Investimentos encarecidos

Yi Shin Tang, professor livre-docente no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, acredita que há uma grande probabilidade de aumento no custo de capital devido às recentes eleições nos Estados Unidos, mas isso deverá ser acompanhado por praticamente todos os países.

“No entanto, acredito que esse aumento não afetará necessariamente as políticas de expansão das exportações no Brasil. Por quê? Embora o custo de capital mais alto encareça os investimentos no País em geral, as políticas brasileiras de liberdade de acesso comercial, abertura de mercados e a desvalorização cambial ainda permitem que o Brasil mantenha setores econômicos bastante competitivos para exportação”, disse.

Globalização ainda resiste

Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp, ressaltou que o mundo vive um cenário de redução da globalização, não de extinção, com uma tendência de uma aceleração das políticas nacionais.

“Nesse contexto, existem alguns eixos alinhados com nossas vantagens, sendo a descarbonização um dos principais. Embora não tenhamos aproveitado nosso bônus demográfico da mesma forma que a China ou que a Índia começa a fazer, agora temos o bônus da descarbonização. Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil. Precisamos nos organizar para aproveitar essa oportunidade, ou, daqui a 20 anos, podemos nos lamentar por termos perdido essa chance única que temos agora”, disse.

Riscos da disputa China x EUA

Para Jorge Arbache, professor de Economia da Universidade de Brasília, questões geopolíticas, como a disputa entre China e Estados Unidos, podem trazer riscos para os mercados globais e para o Brasil.

“Esse movimento de fragmentação, ou ‘desglobalização’, vai contra os interesses do Brasil, pois afeta o funcionamento e o acesso aos mercados e gera riscos adicionais”, afirmou.

Segundo o professor, este cenário de incertezas cria uma condição em que a formação dos preços passa a depender, muitas vezes, de decisões e intervenções que não seguem a lógica de mercado. “Isso aumenta o risco tanto para investidores quanto para empreendedores, especialmente em um país como o Brasil, que se beneficia mais quando os mercados globais funcionam de forma eficiente. Esse efeito é ainda mais relevante com o crescimento da economia verde, que tem oportunidades de expansão”, afirmou.

O momento geopolítico, com aumento das tensões entre países e a diminuição da colaboração internacional, traz uma série de desafios para a indústria brasileira, mas também há oportunidades, na opinião de representantes do setor que participaram do segundo painel do Fórum Estadão Think — Do Brasil para o mundo: Desafios para a nossa inserção global, realizado nesta terça-feira, 12, no salão nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Para Welber Barral, consultor em comércio internacional, uma das principais oportunidades para o Brasil está no avanço da agenda de descarbonização. “A mudança na plataforma de energia mundial exige que o Brasil avance em sua própria transição energética. Também é preciso estabelecer um marco regulatório global de incentivos ao SAF (Combustível Sustentável de Aviação, na sigla em inglês), biodiesel e hidrogênio. Embora algumas dessas normas tenham sido aprovadas pelo Congresso este ano, espera-se que o marco completo seja implementado até o próximo ano, possibilitando que o Brasil tenha uma legislação atualizada e alinhada com o desenvolvimento sustentável”, disse.

Além disso, Barral destacou a posição do Brasil na produção de alimentos, um setor em que poucos países conseguem competir. “Com o crescimento global na demanda por proteínas, o Brasil tem uma grande oportunidade de expandir sua participação no mercado, agregando mais valor às suas exportações e aproveitando essa demanda crescente”, afirmou.

'Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil', diz Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp Foto: Werther Santana/Estadão

Ao mesmo tempo, o consultor afirma que um dos principais entraves para grandes projetos industriais no país é a taxa de juros alta. “O custo de capital no Brasil é particularmente prejudicial para projetos de médio e longo prazo. Setores como o de energia e infraestrutura, que apresentam um bom potencial de retorno, acabam sendo afetados por essa taxa de juros elevada, que é alta até mesmo em comparação com outros países em desenvolvimento”, disse.

Investimentos encarecidos

Yi Shin Tang, professor livre-docente no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, acredita que há uma grande probabilidade de aumento no custo de capital devido às recentes eleições nos Estados Unidos, mas isso deverá ser acompanhado por praticamente todos os países.

“No entanto, acredito que esse aumento não afetará necessariamente as políticas de expansão das exportações no Brasil. Por quê? Embora o custo de capital mais alto encareça os investimentos no País em geral, as políticas brasileiras de liberdade de acesso comercial, abertura de mercados e a desvalorização cambial ainda permitem que o Brasil mantenha setores econômicos bastante competitivos para exportação”, disse.

Globalização ainda resiste

Dan Ioschpe, vice-presidente da Fiesp, ressaltou que o mundo vive um cenário de redução da globalização, não de extinção, com uma tendência de uma aceleração das políticas nacionais.

“Nesse contexto, existem alguns eixos alinhados com nossas vantagens, sendo a descarbonização um dos principais. Embora não tenhamos aproveitado nosso bônus demográfico da mesma forma que a China ou que a Índia começa a fazer, agora temos o bônus da descarbonização. Poucos países possuem tantas opções e potencialidades nessa área como o Brasil. Precisamos nos organizar para aproveitar essa oportunidade, ou, daqui a 20 anos, podemos nos lamentar por termos perdido essa chance única que temos agora”, disse.

Riscos da disputa China x EUA

Para Jorge Arbache, professor de Economia da Universidade de Brasília, questões geopolíticas, como a disputa entre China e Estados Unidos, podem trazer riscos para os mercados globais e para o Brasil.

“Esse movimento de fragmentação, ou ‘desglobalização’, vai contra os interesses do Brasil, pois afeta o funcionamento e o acesso aos mercados e gera riscos adicionais”, afirmou.

Segundo o professor, este cenário de incertezas cria uma condição em que a formação dos preços passa a depender, muitas vezes, de decisões e intervenções que não seguem a lógica de mercado. “Isso aumenta o risco tanto para investidores quanto para empreendedores, especialmente em um país como o Brasil, que se beneficia mais quando os mercados globais funcionam de forma eficiente. Esse efeito é ainda mais relevante com o crescimento da economia verde, que tem oportunidades de expansão”, afirmou.

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