Morre José Luiz de Magalhães Lins, banqueiro do Nacional e mecenas do Cinema Novo, aos 93 anos


Amigo de artistas e intelectuais, ele ficou conhecido por financiar filmes, livros, pinturas e peças de teatro

Por Carlos Eduardo Cherem
Atualização:

BELO HORIZONTE - O banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, que assumiu o Banco Nacional com apenas duas agências e o tornou, no auge de sua história, no segundo maior do País, morreu nesta sexta-feira, 3, de causas naturais, no Rio de Janeiro, aos 93 anos.

Sobrinho do ex-governador de Minas Gerais José de Magalhães Pinto (1909-1996), líder civil do golpe de 1964, Magalhães Lins nasceu em Arcos, Minas Gerais, em 12 de abril de 1929. Aos 17, começou a trabalhar no banco do tio, o Nacional de Minas Gerais, e assumiu o posto de diretor executivo em 1960.

Depois que deixou a instituição, em 1972, foi presidente da Light e do Banerj. Em 1980, tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, onde ficou até 1999, quando se aposentou. O banco, que ficou marcado por patrocinar o piloto Ayrton Senna, foi extinto em 1995, 23 anos após sua saída da instituição.

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O Banco Nacional, que passou por dificuldades financeiras e sofreu intervenção do Banco Central do Brasil; em 1995, instituição foi liquidada. Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo Foto: ARQUIVO

Em seu livro Notícias do Planalto, o jornalista Mário Sérgio Conti destaca o apoio permanente dado pelo banqueiro às artes, ao cinema e às letras. Magalhães Lins ficou conhecido por financiar os principais filmes do Cinema Novo.

“Durante dez anos, Magalhães Lins comandou o Nacional. Era um inovador. Abriu as salas dos gerentes das agências aos clientes. Concedia financiamentos a pessoas físicas e pequenas indústrias. Criou uma imagem popular para a empresa, tendo como símbolo o guarda-chuva. Sob a administração dele, o Nacional multiplicou o seu capital e se tornou o segundo maior banco brasileiro”, escreve Conti.

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Ainda segundo o jornalista, simultaneamente à sua atuação no banco, Magalhães Lins apoiava a arte brasileira e foi fundamental para o florescimento do Cinema Novo, financiando algumas obras-primas como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Os Fuzis, de Ruy Guerra, A Grande Cidade, de Cacá Diegues, Menino de Engenho, de Walter Lima Jr, A Falecida, de Leon Hirszman, e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade.

Seu papel no apoio ao cinema foi reconhecido pelo cineasta Glauber Rocha (1939-1981). O financiamento do banqueiro foi fundamental para os clássicos do cineasta como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol.

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“O exemplo do Senhor José Luiz Magalhães Lins é de extraordinária importância neste momento que vive o cinema brasileiro, o mais fértil de sua história, o mais definido pela qualidade cada vez maior de seus filmes”, afirmou o cineasta no livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro.

Cineastas como Luiz Carlos Barreto costumavam se referir ao banqueiro como um “verdadeiro ministro da Cultura durante a ditadura, um ministro informal num governo paralelo”. Seu apoio às artes também se estendia a escritores, pintores e peças de teatro. O Banco Nacional chegou a ter uma carteira exclusiva para a cultura e um gerente especialmente designado para atender os artistas.

“O auge do Cinema Novo foi após 1964. Ninguém foi incomodado. Essa foi minha maior façanha”, afirmou o banqueiro em entrevista à Folha de São Paulo, em dezembro de 2020. Na entrevista ele garantiu que nunca levou prejuízo ao emprestar para os cineastas: “Enquanto eu estive no negócio, ninguém deu prejuízo. Ninguém”, afirmou.

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Magalhães Lins era casado desde 1961 com Nininha Nabuco, com quem teve cinco filhos.

BELO HORIZONTE - O banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, que assumiu o Banco Nacional com apenas duas agências e o tornou, no auge de sua história, no segundo maior do País, morreu nesta sexta-feira, 3, de causas naturais, no Rio de Janeiro, aos 93 anos.

Sobrinho do ex-governador de Minas Gerais José de Magalhães Pinto (1909-1996), líder civil do golpe de 1964, Magalhães Lins nasceu em Arcos, Minas Gerais, em 12 de abril de 1929. Aos 17, começou a trabalhar no banco do tio, o Nacional de Minas Gerais, e assumiu o posto de diretor executivo em 1960.

Depois que deixou a instituição, em 1972, foi presidente da Light e do Banerj. Em 1980, tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, onde ficou até 1999, quando se aposentou. O banco, que ficou marcado por patrocinar o piloto Ayrton Senna, foi extinto em 1995, 23 anos após sua saída da instituição.

O Banco Nacional, que passou por dificuldades financeiras e sofreu intervenção do Banco Central do Brasil; em 1995, instituição foi liquidada. Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo Foto: ARQUIVO

Em seu livro Notícias do Planalto, o jornalista Mário Sérgio Conti destaca o apoio permanente dado pelo banqueiro às artes, ao cinema e às letras. Magalhães Lins ficou conhecido por financiar os principais filmes do Cinema Novo.

“Durante dez anos, Magalhães Lins comandou o Nacional. Era um inovador. Abriu as salas dos gerentes das agências aos clientes. Concedia financiamentos a pessoas físicas e pequenas indústrias. Criou uma imagem popular para a empresa, tendo como símbolo o guarda-chuva. Sob a administração dele, o Nacional multiplicou o seu capital e se tornou o segundo maior banco brasileiro”, escreve Conti.

Ainda segundo o jornalista, simultaneamente à sua atuação no banco, Magalhães Lins apoiava a arte brasileira e foi fundamental para o florescimento do Cinema Novo, financiando algumas obras-primas como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Os Fuzis, de Ruy Guerra, A Grande Cidade, de Cacá Diegues, Menino de Engenho, de Walter Lima Jr, A Falecida, de Leon Hirszman, e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade.

Seu papel no apoio ao cinema foi reconhecido pelo cineasta Glauber Rocha (1939-1981). O financiamento do banqueiro foi fundamental para os clássicos do cineasta como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol.

“O exemplo do Senhor José Luiz Magalhães Lins é de extraordinária importância neste momento que vive o cinema brasileiro, o mais fértil de sua história, o mais definido pela qualidade cada vez maior de seus filmes”, afirmou o cineasta no livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro.

Cineastas como Luiz Carlos Barreto costumavam se referir ao banqueiro como um “verdadeiro ministro da Cultura durante a ditadura, um ministro informal num governo paralelo”. Seu apoio às artes também se estendia a escritores, pintores e peças de teatro. O Banco Nacional chegou a ter uma carteira exclusiva para a cultura e um gerente especialmente designado para atender os artistas.

“O auge do Cinema Novo foi após 1964. Ninguém foi incomodado. Essa foi minha maior façanha”, afirmou o banqueiro em entrevista à Folha de São Paulo, em dezembro de 2020. Na entrevista ele garantiu que nunca levou prejuízo ao emprestar para os cineastas: “Enquanto eu estive no negócio, ninguém deu prejuízo. Ninguém”, afirmou.

Magalhães Lins era casado desde 1961 com Nininha Nabuco, com quem teve cinco filhos.

BELO HORIZONTE - O banqueiro José Luiz de Magalhães Lins, que assumiu o Banco Nacional com apenas duas agências e o tornou, no auge de sua história, no segundo maior do País, morreu nesta sexta-feira, 3, de causas naturais, no Rio de Janeiro, aos 93 anos.

Sobrinho do ex-governador de Minas Gerais José de Magalhães Pinto (1909-1996), líder civil do golpe de 1964, Magalhães Lins nasceu em Arcos, Minas Gerais, em 12 de abril de 1929. Aos 17, começou a trabalhar no banco do tio, o Nacional de Minas Gerais, e assumiu o posto de diretor executivo em 1960.

Depois que deixou a instituição, em 1972, foi presidente da Light e do Banerj. Em 1980, tornou-se conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, onde ficou até 1999, quando se aposentou. O banco, que ficou marcado por patrocinar o piloto Ayrton Senna, foi extinto em 1995, 23 anos após sua saída da instituição.

O Banco Nacional, que passou por dificuldades financeiras e sofreu intervenção do Banco Central do Brasil; em 1995, instituição foi liquidada. Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo Foto: ARQUIVO

Em seu livro Notícias do Planalto, o jornalista Mário Sérgio Conti destaca o apoio permanente dado pelo banqueiro às artes, ao cinema e às letras. Magalhães Lins ficou conhecido por financiar os principais filmes do Cinema Novo.

“Durante dez anos, Magalhães Lins comandou o Nacional. Era um inovador. Abriu as salas dos gerentes das agências aos clientes. Concedia financiamentos a pessoas físicas e pequenas indústrias. Criou uma imagem popular para a empresa, tendo como símbolo o guarda-chuva. Sob a administração dele, o Nacional multiplicou o seu capital e se tornou o segundo maior banco brasileiro”, escreve Conti.

Ainda segundo o jornalista, simultaneamente à sua atuação no banco, Magalhães Lins apoiava a arte brasileira e foi fundamental para o florescimento do Cinema Novo, financiando algumas obras-primas como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Os Fuzis, de Ruy Guerra, A Grande Cidade, de Cacá Diegues, Menino de Engenho, de Walter Lima Jr, A Falecida, de Leon Hirszman, e O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade.

Seu papel no apoio ao cinema foi reconhecido pelo cineasta Glauber Rocha (1939-1981). O financiamento do banqueiro foi fundamental para os clássicos do cineasta como Terra em Transe e Deus e o Diabo na Terra do Sol.

“O exemplo do Senhor José Luiz Magalhães Lins é de extraordinária importância neste momento que vive o cinema brasileiro, o mais fértil de sua história, o mais definido pela qualidade cada vez maior de seus filmes”, afirmou o cineasta no livro Revisão Crítica do Cinema Brasileiro.

Cineastas como Luiz Carlos Barreto costumavam se referir ao banqueiro como um “verdadeiro ministro da Cultura durante a ditadura, um ministro informal num governo paralelo”. Seu apoio às artes também se estendia a escritores, pintores e peças de teatro. O Banco Nacional chegou a ter uma carteira exclusiva para a cultura e um gerente especialmente designado para atender os artistas.

“O auge do Cinema Novo foi após 1964. Ninguém foi incomodado. Essa foi minha maior façanha”, afirmou o banqueiro em entrevista à Folha de São Paulo, em dezembro de 2020. Na entrevista ele garantiu que nunca levou prejuízo ao emprestar para os cineastas: “Enquanto eu estive no negócio, ninguém deu prejuízo. Ninguém”, afirmou.

Magalhães Lins era casado desde 1961 com Nininha Nabuco, com quem teve cinco filhos.

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