Disputa na MP das Subvenções pode custar R$ 10 bi aos cofres do governo em 2024; entenda


Luiz Fernando Faria (PSD-MG) diz que ainda insiste com Ministério da Fazenda para incluir abatimento de CSLL do valor devido pelas empresas em impostos federais quando são beneficiadas por subsídios estaduais para investir

Por Mariana Carneiro e Bianca Lima
Atualização:

BRASÍLIA - O relator da Medida Provisória (MP) das Subvenções, deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), disse que ainda tenta incluir no texto da lei o abatimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) do valor devido pelas empresas em impostos federais quando são beneficiadas por subsídios estaduais para investir, as chamadas subvenções.

A proposta atual, que segue em negociação, prevê que a empresa receberá um crédito de 25% sobre o valor do benefício fiscal, o que é equivalente apenas à alíquota do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). A ideia, portanto, é ampliar esse crédito para que a CSLL também seja contemplada - um pleito do setor privado.

Luiz Fernando Faria. Foto: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara
continua após a publicidade

O abatimento da CSLL no pagamento dos impostos federais significaria, no entanto, uma perda do potencial arrecadatório da medida de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Ou seja: em vez de arrecadar R$ 35,3 bilhões com a MP em 2024, o governo conseguiria recolher de R$ 25 bi a R$ 27 bilhões. Por isso, o Ministério da Fazenda é contra a iniciativa, ainda que atenda à demanda das companhias.

“CSLL ainda não está definido, há uma resistência grande da Fazenda, mas eu continuo tentando”, afirmou Faria ao Estadão. “O que eu posso assegurar é que a MP, da forma como ela chegou e como eu avancei, melhorou demais para as empresas. Tanto é que boa parte do empresariado já absorveu”.

continua após a publicidade

O argumento do setor privado é que não há distinção conceitual entre o IRPJ e a CSLL, ambos federais, na hora da apuração, e que, portanto, é até lógico que os dois tributos tenham o mesmo tratamento no caso das subvenções - que são incentivos tributários concedidos a empresas em troca de investimentos em determinadas regiões ou setores.

Nos últimos dias, Faria afirma ter conversado com representantes de empresas e do setor bancário. A concessão feita pelo governo nos Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração que a empresa faz ao seu investidor, mudou o humor dos empresários, acredita o parlamentar.

continua após a publicidade

A Fazenda inicialmente queria acabar com o mecanismo, que gera um benefício tributário para as companhias. Diante da resistência, tentou um meio-termo em que limitava o uso do artifício. Nesta semana, em mais uma rodada de concessões, a proposta acabou ficando “minimalista” na visão de técnicos do governo, como antecipou o Estadão - ou seja, com reduzido efeito positivo na arrecadação. O governo estimava recolher com a medida até R$ 10,5 bilhões e não se sabe o quanto entrará nos cofres agora.

Faria afirmou que vai prever em seu relatório, cuja previsão é de que seja apresentado na próxima terça-feira, descontos de até 80% no valor devido pelas empresas por impostos federais que deveriam ter sido pagos no passado. A discussão sobre o pagamento foi objeto de uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu favoravelmente ao governo no início de 2023. A Fazenda já sinalizou que vai cobrar por débitos dos últimos cinco anos.

Inicialmente, o governo queria que o desconto para o pagamento do valor passado não passasse de 65% em um parcelamento de 12 meses, mas Faria aumentou para 80% numa tentativa de frear a resistência das empresas.

continua após a publicidade

Dezenas de entidades representativas enviaram ao Congresso uma carta aberta contra a MP alegando que o governo avançou em relação à decisão do STJ, criando uma nova forma de recolher tributos federais sobre investimentos que são subvencionados.

O governo, por sua vez, vê na medida uma das principais alavancas para ampliar a arrecadação e alcançar a meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2024.

A resistência das empresas e um novo capítulo de insatisfações de parlamentares quanto ao pagamento de emendas acabaram atrasando o cronograma da votação da MP, que era previsto para ser concluído na próxima semana.

continua após a publicidade

Agora, a previsão do governo é de que o debate parlamentar comece na terça-feira com a apresentação do relatório de Faria, mas só seja concluído na semana do dia 18. Faria diz que espera uma conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para confirmar essas datas.

“Eu combinei com o presidente da comissão (Rogério Carvalho (PT-SE)) de marcar uma reunião para terça-feira, agora não tem segurança de que eu vou fazer essa apresentação na terça, porque eu tenho que conversar com o Arthur Lira e ele está viajando e também há questões políticas a serem arredondadas”, afirmou.

Diante disso e sem um texto final, ainda há muita expectativa das empresas também sobre o conceito do que é investimento, tema que se tornou alvo de diferenças entre a Fazenda e o setor privado.

continua após a publicidade

Faria disse que incluirá no seu texto uma lista de iniciativas consideradas como investimento e que não haviam sido tratadas dessa maneira pelo governo, como o arrendamento e o aluguel de instalações produtivas - ampliando, assim, o escopo de investimento, como antecipou o Estadão. As empresas demandam mais e desejam ver no relatório outros tipos de gastos, como a compra de marcas e patentes e despesas com bens intangíveis.

O deputado também quer que a Receita tenha um prazo de 30 dias para responder às empresas se podem ou não entrar no programa para parcelar débitos passados ou auferir créditos tributários com investimentos. O prazo não constava da proposta original feita pelo governo. Faria diz que também planeja reduzir o prazo máximo de compensação dos créditos tributários para dois anos, em vez dos quatro anos propostos pelo governo.

BRASÍLIA - O relator da Medida Provisória (MP) das Subvenções, deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), disse que ainda tenta incluir no texto da lei o abatimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) do valor devido pelas empresas em impostos federais quando são beneficiadas por subsídios estaduais para investir, as chamadas subvenções.

A proposta atual, que segue em negociação, prevê que a empresa receberá um crédito de 25% sobre o valor do benefício fiscal, o que é equivalente apenas à alíquota do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). A ideia, portanto, é ampliar esse crédito para que a CSLL também seja contemplada - um pleito do setor privado.

Luiz Fernando Faria. Foto: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara

O abatimento da CSLL no pagamento dos impostos federais significaria, no entanto, uma perda do potencial arrecadatório da medida de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Ou seja: em vez de arrecadar R$ 35,3 bilhões com a MP em 2024, o governo conseguiria recolher de R$ 25 bi a R$ 27 bilhões. Por isso, o Ministério da Fazenda é contra a iniciativa, ainda que atenda à demanda das companhias.

“CSLL ainda não está definido, há uma resistência grande da Fazenda, mas eu continuo tentando”, afirmou Faria ao Estadão. “O que eu posso assegurar é que a MP, da forma como ela chegou e como eu avancei, melhorou demais para as empresas. Tanto é que boa parte do empresariado já absorveu”.

O argumento do setor privado é que não há distinção conceitual entre o IRPJ e a CSLL, ambos federais, na hora da apuração, e que, portanto, é até lógico que os dois tributos tenham o mesmo tratamento no caso das subvenções - que são incentivos tributários concedidos a empresas em troca de investimentos em determinadas regiões ou setores.

Nos últimos dias, Faria afirma ter conversado com representantes de empresas e do setor bancário. A concessão feita pelo governo nos Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração que a empresa faz ao seu investidor, mudou o humor dos empresários, acredita o parlamentar.

A Fazenda inicialmente queria acabar com o mecanismo, que gera um benefício tributário para as companhias. Diante da resistência, tentou um meio-termo em que limitava o uso do artifício. Nesta semana, em mais uma rodada de concessões, a proposta acabou ficando “minimalista” na visão de técnicos do governo, como antecipou o Estadão - ou seja, com reduzido efeito positivo na arrecadação. O governo estimava recolher com a medida até R$ 10,5 bilhões e não se sabe o quanto entrará nos cofres agora.

Faria afirmou que vai prever em seu relatório, cuja previsão é de que seja apresentado na próxima terça-feira, descontos de até 80% no valor devido pelas empresas por impostos federais que deveriam ter sido pagos no passado. A discussão sobre o pagamento foi objeto de uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu favoravelmente ao governo no início de 2023. A Fazenda já sinalizou que vai cobrar por débitos dos últimos cinco anos.

Inicialmente, o governo queria que o desconto para o pagamento do valor passado não passasse de 65% em um parcelamento de 12 meses, mas Faria aumentou para 80% numa tentativa de frear a resistência das empresas.

Dezenas de entidades representativas enviaram ao Congresso uma carta aberta contra a MP alegando que o governo avançou em relação à decisão do STJ, criando uma nova forma de recolher tributos federais sobre investimentos que são subvencionados.

O governo, por sua vez, vê na medida uma das principais alavancas para ampliar a arrecadação e alcançar a meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2024.

A resistência das empresas e um novo capítulo de insatisfações de parlamentares quanto ao pagamento de emendas acabaram atrasando o cronograma da votação da MP, que era previsto para ser concluído na próxima semana.

Agora, a previsão do governo é de que o debate parlamentar comece na terça-feira com a apresentação do relatório de Faria, mas só seja concluído na semana do dia 18. Faria diz que espera uma conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para confirmar essas datas.

“Eu combinei com o presidente da comissão (Rogério Carvalho (PT-SE)) de marcar uma reunião para terça-feira, agora não tem segurança de que eu vou fazer essa apresentação na terça, porque eu tenho que conversar com o Arthur Lira e ele está viajando e também há questões políticas a serem arredondadas”, afirmou.

Diante disso e sem um texto final, ainda há muita expectativa das empresas também sobre o conceito do que é investimento, tema que se tornou alvo de diferenças entre a Fazenda e o setor privado.

Faria disse que incluirá no seu texto uma lista de iniciativas consideradas como investimento e que não haviam sido tratadas dessa maneira pelo governo, como o arrendamento e o aluguel de instalações produtivas - ampliando, assim, o escopo de investimento, como antecipou o Estadão. As empresas demandam mais e desejam ver no relatório outros tipos de gastos, como a compra de marcas e patentes e despesas com bens intangíveis.

O deputado também quer que a Receita tenha um prazo de 30 dias para responder às empresas se podem ou não entrar no programa para parcelar débitos passados ou auferir créditos tributários com investimentos. O prazo não constava da proposta original feita pelo governo. Faria diz que também planeja reduzir o prazo máximo de compensação dos créditos tributários para dois anos, em vez dos quatro anos propostos pelo governo.

BRASÍLIA - O relator da Medida Provisória (MP) das Subvenções, deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), disse que ainda tenta incluir no texto da lei o abatimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) do valor devido pelas empresas em impostos federais quando são beneficiadas por subsídios estaduais para investir, as chamadas subvenções.

A proposta atual, que segue em negociação, prevê que a empresa receberá um crédito de 25% sobre o valor do benefício fiscal, o que é equivalente apenas à alíquota do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). A ideia, portanto, é ampliar esse crédito para que a CSLL também seja contemplada - um pleito do setor privado.

Luiz Fernando Faria. Foto: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara

O abatimento da CSLL no pagamento dos impostos federais significaria, no entanto, uma perda do potencial arrecadatório da medida de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Ou seja: em vez de arrecadar R$ 35,3 bilhões com a MP em 2024, o governo conseguiria recolher de R$ 25 bi a R$ 27 bilhões. Por isso, o Ministério da Fazenda é contra a iniciativa, ainda que atenda à demanda das companhias.

“CSLL ainda não está definido, há uma resistência grande da Fazenda, mas eu continuo tentando”, afirmou Faria ao Estadão. “O que eu posso assegurar é que a MP, da forma como ela chegou e como eu avancei, melhorou demais para as empresas. Tanto é que boa parte do empresariado já absorveu”.

O argumento do setor privado é que não há distinção conceitual entre o IRPJ e a CSLL, ambos federais, na hora da apuração, e que, portanto, é até lógico que os dois tributos tenham o mesmo tratamento no caso das subvenções - que são incentivos tributários concedidos a empresas em troca de investimentos em determinadas regiões ou setores.

Nos últimos dias, Faria afirma ter conversado com representantes de empresas e do setor bancário. A concessão feita pelo governo nos Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração que a empresa faz ao seu investidor, mudou o humor dos empresários, acredita o parlamentar.

A Fazenda inicialmente queria acabar com o mecanismo, que gera um benefício tributário para as companhias. Diante da resistência, tentou um meio-termo em que limitava o uso do artifício. Nesta semana, em mais uma rodada de concessões, a proposta acabou ficando “minimalista” na visão de técnicos do governo, como antecipou o Estadão - ou seja, com reduzido efeito positivo na arrecadação. O governo estimava recolher com a medida até R$ 10,5 bilhões e não se sabe o quanto entrará nos cofres agora.

Faria afirmou que vai prever em seu relatório, cuja previsão é de que seja apresentado na próxima terça-feira, descontos de até 80% no valor devido pelas empresas por impostos federais que deveriam ter sido pagos no passado. A discussão sobre o pagamento foi objeto de uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu favoravelmente ao governo no início de 2023. A Fazenda já sinalizou que vai cobrar por débitos dos últimos cinco anos.

Inicialmente, o governo queria que o desconto para o pagamento do valor passado não passasse de 65% em um parcelamento de 12 meses, mas Faria aumentou para 80% numa tentativa de frear a resistência das empresas.

Dezenas de entidades representativas enviaram ao Congresso uma carta aberta contra a MP alegando que o governo avançou em relação à decisão do STJ, criando uma nova forma de recolher tributos federais sobre investimentos que são subvencionados.

O governo, por sua vez, vê na medida uma das principais alavancas para ampliar a arrecadação e alcançar a meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2024.

A resistência das empresas e um novo capítulo de insatisfações de parlamentares quanto ao pagamento de emendas acabaram atrasando o cronograma da votação da MP, que era previsto para ser concluído na próxima semana.

Agora, a previsão do governo é de que o debate parlamentar comece na terça-feira com a apresentação do relatório de Faria, mas só seja concluído na semana do dia 18. Faria diz que espera uma conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para confirmar essas datas.

“Eu combinei com o presidente da comissão (Rogério Carvalho (PT-SE)) de marcar uma reunião para terça-feira, agora não tem segurança de que eu vou fazer essa apresentação na terça, porque eu tenho que conversar com o Arthur Lira e ele está viajando e também há questões políticas a serem arredondadas”, afirmou.

Diante disso e sem um texto final, ainda há muita expectativa das empresas também sobre o conceito do que é investimento, tema que se tornou alvo de diferenças entre a Fazenda e o setor privado.

Faria disse que incluirá no seu texto uma lista de iniciativas consideradas como investimento e que não haviam sido tratadas dessa maneira pelo governo, como o arrendamento e o aluguel de instalações produtivas - ampliando, assim, o escopo de investimento, como antecipou o Estadão. As empresas demandam mais e desejam ver no relatório outros tipos de gastos, como a compra de marcas e patentes e despesas com bens intangíveis.

O deputado também quer que a Receita tenha um prazo de 30 dias para responder às empresas se podem ou não entrar no programa para parcelar débitos passados ou auferir créditos tributários com investimentos. O prazo não constava da proposta original feita pelo governo. Faria diz que também planeja reduzir o prazo máximo de compensação dos créditos tributários para dois anos, em vez dos quatro anos propostos pelo governo.

BRASÍLIA - O relator da Medida Provisória (MP) das Subvenções, deputado Luiz Fernando Faria (PSD-MG), disse que ainda tenta incluir no texto da lei o abatimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) do valor devido pelas empresas em impostos federais quando são beneficiadas por subsídios estaduais para investir, as chamadas subvenções.

A proposta atual, que segue em negociação, prevê que a empresa receberá um crédito de 25% sobre o valor do benefício fiscal, o que é equivalente apenas à alíquota do IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). A ideia, portanto, é ampliar esse crédito para que a CSLL também seja contemplada - um pleito do setor privado.

Luiz Fernando Faria. Foto: Zeca Ribeiro/Ag. Câmara

O abatimento da CSLL no pagamento dos impostos federais significaria, no entanto, uma perda do potencial arrecadatório da medida de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões. Ou seja: em vez de arrecadar R$ 35,3 bilhões com a MP em 2024, o governo conseguiria recolher de R$ 25 bi a R$ 27 bilhões. Por isso, o Ministério da Fazenda é contra a iniciativa, ainda que atenda à demanda das companhias.

“CSLL ainda não está definido, há uma resistência grande da Fazenda, mas eu continuo tentando”, afirmou Faria ao Estadão. “O que eu posso assegurar é que a MP, da forma como ela chegou e como eu avancei, melhorou demais para as empresas. Tanto é que boa parte do empresariado já absorveu”.

O argumento do setor privado é que não há distinção conceitual entre o IRPJ e a CSLL, ambos federais, na hora da apuração, e que, portanto, é até lógico que os dois tributos tenham o mesmo tratamento no caso das subvenções - que são incentivos tributários concedidos a empresas em troca de investimentos em determinadas regiões ou setores.

Nos últimos dias, Faria afirma ter conversado com representantes de empresas e do setor bancário. A concessão feita pelo governo nos Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração que a empresa faz ao seu investidor, mudou o humor dos empresários, acredita o parlamentar.

A Fazenda inicialmente queria acabar com o mecanismo, que gera um benefício tributário para as companhias. Diante da resistência, tentou um meio-termo em que limitava o uso do artifício. Nesta semana, em mais uma rodada de concessões, a proposta acabou ficando “minimalista” na visão de técnicos do governo, como antecipou o Estadão - ou seja, com reduzido efeito positivo na arrecadação. O governo estimava recolher com a medida até R$ 10,5 bilhões e não se sabe o quanto entrará nos cofres agora.

Faria afirmou que vai prever em seu relatório, cuja previsão é de que seja apresentado na próxima terça-feira, descontos de até 80% no valor devido pelas empresas por impostos federais que deveriam ter sido pagos no passado. A discussão sobre o pagamento foi objeto de uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidiu favoravelmente ao governo no início de 2023. A Fazenda já sinalizou que vai cobrar por débitos dos últimos cinco anos.

Inicialmente, o governo queria que o desconto para o pagamento do valor passado não passasse de 65% em um parcelamento de 12 meses, mas Faria aumentou para 80% numa tentativa de frear a resistência das empresas.

Dezenas de entidades representativas enviaram ao Congresso uma carta aberta contra a MP alegando que o governo avançou em relação à decisão do STJ, criando uma nova forma de recolher tributos federais sobre investimentos que são subvencionados.

O governo, por sua vez, vê na medida uma das principais alavancas para ampliar a arrecadação e alcançar a meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2024.

A resistência das empresas e um novo capítulo de insatisfações de parlamentares quanto ao pagamento de emendas acabaram atrasando o cronograma da votação da MP, que era previsto para ser concluído na próxima semana.

Agora, a previsão do governo é de que o debate parlamentar comece na terça-feira com a apresentação do relatório de Faria, mas só seja concluído na semana do dia 18. Faria diz que espera uma conversa com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para confirmar essas datas.

“Eu combinei com o presidente da comissão (Rogério Carvalho (PT-SE)) de marcar uma reunião para terça-feira, agora não tem segurança de que eu vou fazer essa apresentação na terça, porque eu tenho que conversar com o Arthur Lira e ele está viajando e também há questões políticas a serem arredondadas”, afirmou.

Diante disso e sem um texto final, ainda há muita expectativa das empresas também sobre o conceito do que é investimento, tema que se tornou alvo de diferenças entre a Fazenda e o setor privado.

Faria disse que incluirá no seu texto uma lista de iniciativas consideradas como investimento e que não haviam sido tratadas dessa maneira pelo governo, como o arrendamento e o aluguel de instalações produtivas - ampliando, assim, o escopo de investimento, como antecipou o Estadão. As empresas demandam mais e desejam ver no relatório outros tipos de gastos, como a compra de marcas e patentes e despesas com bens intangíveis.

O deputado também quer que a Receita tenha um prazo de 30 dias para responder às empresas se podem ou não entrar no programa para parcelar débitos passados ou auferir créditos tributários com investimentos. O prazo não constava da proposta original feita pelo governo. Faria diz que também planeja reduzir o prazo máximo de compensação dos créditos tributários para dois anos, em vez dos quatro anos propostos pelo governo.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.