O retrato da crise na Americanas: prateleiras vazias e falta de clientes


Funcionários disfarçam a falta e a pouca variedade de mercadorias na rede, em recuperação judicial, espalhando produtos nas prateleiras das lojas

Por Lílian Cunha
Atualização:

As lojas Americanas sempre tiveram um clima um pouco “bagunçado”, com produtos por toda parte, prateleiras cheias e itens fora do lugar. Bem diferente do que se vê hoje em parte das lojas físicas da rede: gôndolas vazias, mercadorias expostas para esconder a estante desguarnecida, corredores desertos. A reportagem do Estadão visitou seis lojas na capital paulista e conversou com consumidores, que também notaram o esvaziamento das lojas - no total, a rede tem 1.800 lojas no País.

“Não estão mais repondo os produtos. Celular não vem desde janeiro. Só estão repondo chocolates e desodorantes, que são as duas coisas que mais vendem aqui”, disse uma vendedora da loja da rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, que preferiu não ser identificada. Indagada, ela disse que não sabe o que está acontecendo com a loja ou com a empresa.

continua após a publicidade

“É um clima de caixão e vela preta”, diz André Wolf, comerciante de Jaraguá do Sul (SC), que esteve semana passada na única Americanas da cidade. “Os funcionários ficam arrumando os poucos produtos nas prateleiras, parecendo aqueles carecas que puxam o cabelo para frente, para disfarçar tudo.”

Ele conta que, além dos dois funcionários na loja, uma no caixa e o outro reposicionando as mercadorias na gôndola, só tinha ele no ponto de venda. “Ninguém entrava para comprar nada.”

Em nota, a Americanas afirmou que a operação de lojas físicas, a avaliação da geração de valor envolve diferentes fatores, como mix de produtos de acordo com perfil de consumo de cada unidade e a cobertura de estoque adequada à demanda local.

continua após a publicidade

Dívidas e medo dos fornecedores

Afundada em dívidas de R$ 42 bilhões, a empresa está em recuperação judicial desde janeiro, quando foram detectadas fraudes em seu balanço. Desde então, vem trabalhando em um plano de recuperação.

Contatada pela reportagem, a Americanas não informou se o plano inclui o fechamento de lojas. Ao contrário, a varejista disse que fez cinco inaugurações este ano.

continua após a publicidade

A companhia nega que a falta de produtos esteja ocorrendo por conta da recusa dos fornecedores em vender para a rede, mas foi isso o que alguns deles, em condição de anonimato, disseram para a reportagem. “A maioria dos fornecedores não está querendo mais vender para Americanas. Nem mesmo à vista”, diz o representante de uma marca de eletrodomésticos.

O medo é de ficar sem receber. Antes mesmo de que descobrissem esse rombo, a Americanas já era ruim de pagamento, diz o executivo de uma empresa de moda íntima.

“Eles só pagavam 90 dias depois da entrega e – mesmo assim – se tivessem vendido tudo. Caso tivessem vendido só 70% do pedido, era preciso protestar a empresa para conseguir receber. Agora, com tudo isso, ninguém quer se arriscar e estão realmente deixando de vender para a rede”, disse ele.

continua após a publicidade
Problemas de estoque podem prejudicar recuperação da empresa, dizem especialistas Foto: Lílian Cunha/Estadão

Mas nem todas as lojas estão desfalcadas. A do shopping Iguatemi, em São Paulo, por exemplo, está completa. Não tem mais aquela desarrumação que era típica da Americanas e todas as sessões da loja têm produtos. “Numa reestruturação, é normal que a companhia privilegie o abastecimento das lojas que dão mais lucro, tirando de uma e colocando em outra”, diz Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos. A Valor acompanha o caso das Americanas, que tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Para ele, os problemas de estoque podem afetar a recuperação da empresa. “Diante dessa crise, os fornecedores não entregam mais. Se você não consegue comprar produto para ter estoque e vender, isso afeta diretamente sua capacidade de gerar lucro. Além disso, afeta principalmente a recuperação de imagem e confiança do consumidor”, diz o especialista.

continua após a publicidade

E essa confiança fica abalada mesmo que o cliente não saiba da crise financeira da empresa. É o caso de Roberto Figueiroa Nascimento, que estava na loja do Largo Santa Cecília, em São Paulo, numa terça-feira de abril. “Entrei para comprar um utensílio doméstico e não achei. E estranhei a loja tão vazia assim. Não sei o que está acontecendo, mas não dá vontade de voltar”, diz ele.

Em nota, a Americanas disse que “apesar dos fatos identificados em janeiro e do processo de recuperação judicial, a Americanas ainda é um canal relevante para o varejo brasileiro”.

“Oferecemos o melhor canal de vendas físicas do País, com quase 1,8 mil lojas, e um canal digital com um tráfego bastante relevante. A marca Americanas é reconhecida e muito querida por milhões de brasileiros, e conta ainda com a confiança do consumidor.”

As lojas Americanas sempre tiveram um clima um pouco “bagunçado”, com produtos por toda parte, prateleiras cheias e itens fora do lugar. Bem diferente do que se vê hoje em parte das lojas físicas da rede: gôndolas vazias, mercadorias expostas para esconder a estante desguarnecida, corredores desertos. A reportagem do Estadão visitou seis lojas na capital paulista e conversou com consumidores, que também notaram o esvaziamento das lojas - no total, a rede tem 1.800 lojas no País.

“Não estão mais repondo os produtos. Celular não vem desde janeiro. Só estão repondo chocolates e desodorantes, que são as duas coisas que mais vendem aqui”, disse uma vendedora da loja da rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, que preferiu não ser identificada. Indagada, ela disse que não sabe o que está acontecendo com a loja ou com a empresa.

“É um clima de caixão e vela preta”, diz André Wolf, comerciante de Jaraguá do Sul (SC), que esteve semana passada na única Americanas da cidade. “Os funcionários ficam arrumando os poucos produtos nas prateleiras, parecendo aqueles carecas que puxam o cabelo para frente, para disfarçar tudo.”

Ele conta que, além dos dois funcionários na loja, uma no caixa e o outro reposicionando as mercadorias na gôndola, só tinha ele no ponto de venda. “Ninguém entrava para comprar nada.”

Em nota, a Americanas afirmou que a operação de lojas físicas, a avaliação da geração de valor envolve diferentes fatores, como mix de produtos de acordo com perfil de consumo de cada unidade e a cobertura de estoque adequada à demanda local.

Dívidas e medo dos fornecedores

Afundada em dívidas de R$ 42 bilhões, a empresa está em recuperação judicial desde janeiro, quando foram detectadas fraudes em seu balanço. Desde então, vem trabalhando em um plano de recuperação.

Contatada pela reportagem, a Americanas não informou se o plano inclui o fechamento de lojas. Ao contrário, a varejista disse que fez cinco inaugurações este ano.

A companhia nega que a falta de produtos esteja ocorrendo por conta da recusa dos fornecedores em vender para a rede, mas foi isso o que alguns deles, em condição de anonimato, disseram para a reportagem. “A maioria dos fornecedores não está querendo mais vender para Americanas. Nem mesmo à vista”, diz o representante de uma marca de eletrodomésticos.

O medo é de ficar sem receber. Antes mesmo de que descobrissem esse rombo, a Americanas já era ruim de pagamento, diz o executivo de uma empresa de moda íntima.

“Eles só pagavam 90 dias depois da entrega e – mesmo assim – se tivessem vendido tudo. Caso tivessem vendido só 70% do pedido, era preciso protestar a empresa para conseguir receber. Agora, com tudo isso, ninguém quer se arriscar e estão realmente deixando de vender para a rede”, disse ele.

Problemas de estoque podem prejudicar recuperação da empresa, dizem especialistas Foto: Lílian Cunha/Estadão

Mas nem todas as lojas estão desfalcadas. A do shopping Iguatemi, em São Paulo, por exemplo, está completa. Não tem mais aquela desarrumação que era típica da Americanas e todas as sessões da loja têm produtos. “Numa reestruturação, é normal que a companhia privilegie o abastecimento das lojas que dão mais lucro, tirando de uma e colocando em outra”, diz Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos. A Valor acompanha o caso das Americanas, que tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Para ele, os problemas de estoque podem afetar a recuperação da empresa. “Diante dessa crise, os fornecedores não entregam mais. Se você não consegue comprar produto para ter estoque e vender, isso afeta diretamente sua capacidade de gerar lucro. Além disso, afeta principalmente a recuperação de imagem e confiança do consumidor”, diz o especialista.

E essa confiança fica abalada mesmo que o cliente não saiba da crise financeira da empresa. É o caso de Roberto Figueiroa Nascimento, que estava na loja do Largo Santa Cecília, em São Paulo, numa terça-feira de abril. “Entrei para comprar um utensílio doméstico e não achei. E estranhei a loja tão vazia assim. Não sei o que está acontecendo, mas não dá vontade de voltar”, diz ele.

Em nota, a Americanas disse que “apesar dos fatos identificados em janeiro e do processo de recuperação judicial, a Americanas ainda é um canal relevante para o varejo brasileiro”.

“Oferecemos o melhor canal de vendas físicas do País, com quase 1,8 mil lojas, e um canal digital com um tráfego bastante relevante. A marca Americanas é reconhecida e muito querida por milhões de brasileiros, e conta ainda com a confiança do consumidor.”

As lojas Americanas sempre tiveram um clima um pouco “bagunçado”, com produtos por toda parte, prateleiras cheias e itens fora do lugar. Bem diferente do que se vê hoje em parte das lojas físicas da rede: gôndolas vazias, mercadorias expostas para esconder a estante desguarnecida, corredores desertos. A reportagem do Estadão visitou seis lojas na capital paulista e conversou com consumidores, que também notaram o esvaziamento das lojas - no total, a rede tem 1.800 lojas no País.

“Não estão mais repondo os produtos. Celular não vem desde janeiro. Só estão repondo chocolates e desodorantes, que são as duas coisas que mais vendem aqui”, disse uma vendedora da loja da rua 24 de Maio, no centro de São Paulo, que preferiu não ser identificada. Indagada, ela disse que não sabe o que está acontecendo com a loja ou com a empresa.

“É um clima de caixão e vela preta”, diz André Wolf, comerciante de Jaraguá do Sul (SC), que esteve semana passada na única Americanas da cidade. “Os funcionários ficam arrumando os poucos produtos nas prateleiras, parecendo aqueles carecas que puxam o cabelo para frente, para disfarçar tudo.”

Ele conta que, além dos dois funcionários na loja, uma no caixa e o outro reposicionando as mercadorias na gôndola, só tinha ele no ponto de venda. “Ninguém entrava para comprar nada.”

Em nota, a Americanas afirmou que a operação de lojas físicas, a avaliação da geração de valor envolve diferentes fatores, como mix de produtos de acordo com perfil de consumo de cada unidade e a cobertura de estoque adequada à demanda local.

Dívidas e medo dos fornecedores

Afundada em dívidas de R$ 42 bilhões, a empresa está em recuperação judicial desde janeiro, quando foram detectadas fraudes em seu balanço. Desde então, vem trabalhando em um plano de recuperação.

Contatada pela reportagem, a Americanas não informou se o plano inclui o fechamento de lojas. Ao contrário, a varejista disse que fez cinco inaugurações este ano.

A companhia nega que a falta de produtos esteja ocorrendo por conta da recusa dos fornecedores em vender para a rede, mas foi isso o que alguns deles, em condição de anonimato, disseram para a reportagem. “A maioria dos fornecedores não está querendo mais vender para Americanas. Nem mesmo à vista”, diz o representante de uma marca de eletrodomésticos.

O medo é de ficar sem receber. Antes mesmo de que descobrissem esse rombo, a Americanas já era ruim de pagamento, diz o executivo de uma empresa de moda íntima.

“Eles só pagavam 90 dias depois da entrega e – mesmo assim – se tivessem vendido tudo. Caso tivessem vendido só 70% do pedido, era preciso protestar a empresa para conseguir receber. Agora, com tudo isso, ninguém quer se arriscar e estão realmente deixando de vender para a rede”, disse ele.

Problemas de estoque podem prejudicar recuperação da empresa, dizem especialistas Foto: Lílian Cunha/Estadão

Mas nem todas as lojas estão desfalcadas. A do shopping Iguatemi, em São Paulo, por exemplo, está completa. Não tem mais aquela desarrumação que era típica da Americanas e todas as sessões da loja têm produtos. “Numa reestruturação, é normal que a companhia privilegie o abastecimento das lojas que dão mais lucro, tirando de uma e colocando em outra”, diz Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos. A Valor acompanha o caso das Americanas, que tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

Para ele, os problemas de estoque podem afetar a recuperação da empresa. “Diante dessa crise, os fornecedores não entregam mais. Se você não consegue comprar produto para ter estoque e vender, isso afeta diretamente sua capacidade de gerar lucro. Além disso, afeta principalmente a recuperação de imagem e confiança do consumidor”, diz o especialista.

E essa confiança fica abalada mesmo que o cliente não saiba da crise financeira da empresa. É o caso de Roberto Figueiroa Nascimento, que estava na loja do Largo Santa Cecília, em São Paulo, numa terça-feira de abril. “Entrei para comprar um utensílio doméstico e não achei. E estranhei a loja tão vazia assim. Não sei o que está acontecendo, mas não dá vontade de voltar”, diz ele.

Em nota, a Americanas disse que “apesar dos fatos identificados em janeiro e do processo de recuperação judicial, a Americanas ainda é um canal relevante para o varejo brasileiro”.

“Oferecemos o melhor canal de vendas físicas do País, com quase 1,8 mil lojas, e um canal digital com um tráfego bastante relevante. A marca Americanas é reconhecida e muito querida por milhões de brasileiros, e conta ainda com a confiança do consumidor.”

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.