Aperam mantém investimento congelado no Brasil por conta das importações de aço da China


Empresa alega que em alguns nichos de aplicações de aço inox a participação do importado chega a ultrapassar 40%; empresa previa investir mais de R$ 600 milhões em sua fábrica em Minas

Por Ivo Ribeiro

Pressionada pelo ritmo das importações de aço oriundas da China, a Aperam, principal fabricante de aço inoxidável da América Latina, decidiu manter suspenso um investimento superior a R$ 600 milhões em sua fábrica em Timóteo (MG), na região do Vale do Aço. Esse aporte integra um pacote aprovado em 2022 para melhorias tecnológicas e enobrecimento do mix de produtos da empresa. Apenas parte foi realizada.

Frederico Ayres Lima, presidente da Aperam South America, disse ao Estadão que as importações desleais de aço chinês continuam em ritmo forte e aguarda que medidas sejam adotadas pelo governo federal, no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), para conter a entrada desenfreada de material importado, “Esse desvio comercial, acelerado desde o início de 2023, vem penalizando a indústria”, diz.

O executivo ressalta que os primeiros meses deste ano ainda mostram um cenário preocupante por conta do excedente de oferta global e do crescimento fraco da demanda em mercados do Brasil e da América Latina. “Se nada for feito no curto prazo, vamos ter pela frente mais um ano difícil”, comentou Lima.

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Em alguns nichos de aplicações do aço inox, segundo a Aperam, o material importado já ocupa mais de 40% do consumo aparente do mercado nacional - o dobro da média da indústria siderúrgica geral, que abrange outros tipos de aços, de automotivos ao vergalhão usado na construção civil. O inox tem diversos usos, que vão de produtos de decoração e cosméticos até nos setores naval, aeronáutico, hospitalar e destilarias de etanol.

Usina da Aperam em Timóteo (MG) Foto: Elvira Nascimento/Divulgação

Em outubro, preocupados com o aumento da entrada de aço de vários países, com destaque para China, Rússia e Coreia do Sul, representantes do setor pediram ao governo que adotasse uma tarifa emergencial de 25% para estancar as importações. Desde então houve várias reuniões com o ministro Geraldo Alckmin, do MDIC, com Fernando Haddad, da Fazenda, e diretores da Secretaria de Comércio Exterior.

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Até o momento, apenas algumas atualizações de alíquotas foram realizadas na Câmara de Comércio Exterior (Camex), voltando a taxação a 10,8% na maioria dos tipos de aços, com zero efeito nas compras de aço do exterior. No caso do inox e dos aços elétricos, fabricados pela Aperam, as atuais alíquotas são de 12,6%. “São insuficientes para poder competir com o aço chinês que chega ao País”, reitera Lima. Ele lembra que Estados Unidos, México e recentemente o Chile adotaram tarifa de 25%, enquanto a União Europeia tem mantido medidas de salvaguardas.

Lima ainda nutre a esperança de que o governo se sensibilize com a situação e adote “medidas necessárias para preservar investimentos e empregos no setor de aço especial plano”, ramo de atuação da Aperam. Ele menciona, por exemplo, que o aço elétrico é essencial para a transição energética, pois é usado em motores e em estações de carregamento de baterias de carros elétricos.

Novo equipamento

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A fase 3 do plano de investimento da Aperam, sem data prevista para ser retomada diante do atual cenário, contempla a instalação de novo laminador a frio de bobinas de aço e previa gerar 1,5 mil empregos temporários durante as obras. O equipamento, diz Lima, permitiria agregar valor em parte de sua produção de aços carbono (mais comuns), podendo fazer mais aço inox e elétrico.

Apesar do aumento dos importados, o executivo informa que a empresa concluiu no mês passado o investimento de R$ 588 milhões na fase 2, de modernização do laminador a quente, que tem 850 toneladas de capacidade por ano. Toda a produção da Aperam no Brasil é inicialmente beneficiada nesse equipamento. “Passamos a fazer material com espessuras e larguras que a instalação anterior não conseguia atingir”, diz.

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No Brasil, a Aperam dispõe atualmente de capacidade para fazer 800 mil toneladas anuais de aço bruto. De produto acabado, o volume atinge 350 mil toneladas de inox, 150 mil de elétricos (divididos em dois tipos) e 200 mil de aço carbono.

No ano passado, segundo Lima, as vendas de aços inox e elétricos, em volume, tiveram crescimento inferior a 2% na comparação com 2022. Para este ano, a expectativa é similar. “Deveria ser pelo menos o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo a última projeção do boletim Focus, será de 1,9%.”

Com a retração de volume comercializado, aliada à queda de preços nos mercados local e internacional, principalmente do inox, o desempenho da subsidiária sul-americana registrou recuo de 24,5% no ano passado, com receita líquida de R$ 6,31 bilhões. A última linha do balanço, divulgado no início do mês, trouxe lucro líquido de R$ 394 milhões, 73% menor do que em 2022.

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A Aperam South America faz parte do grupo Aperam, sediado em Luxemburgo e que tem como maior acionista a família Mittal, do empresário indiano Lakshmi Mittal, também controlador da gigante ArcelorMittal. Na Europa, a companhia tem operações na França e Bélgica. No total, tem capacidade de produzir 2,5 milhões de toneladas de aço inox e elétrico, em seis unidades de produção.

No ano passado, a receita líquida consolidada do grupo Aperam foi de € 6,59 bilhões, resultado da venda de 2,2 milhões de toneladas de aços especiais.

Pressionada pelo ritmo das importações de aço oriundas da China, a Aperam, principal fabricante de aço inoxidável da América Latina, decidiu manter suspenso um investimento superior a R$ 600 milhões em sua fábrica em Timóteo (MG), na região do Vale do Aço. Esse aporte integra um pacote aprovado em 2022 para melhorias tecnológicas e enobrecimento do mix de produtos da empresa. Apenas parte foi realizada.

Frederico Ayres Lima, presidente da Aperam South America, disse ao Estadão que as importações desleais de aço chinês continuam em ritmo forte e aguarda que medidas sejam adotadas pelo governo federal, no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), para conter a entrada desenfreada de material importado, “Esse desvio comercial, acelerado desde o início de 2023, vem penalizando a indústria”, diz.

O executivo ressalta que os primeiros meses deste ano ainda mostram um cenário preocupante por conta do excedente de oferta global e do crescimento fraco da demanda em mercados do Brasil e da América Latina. “Se nada for feito no curto prazo, vamos ter pela frente mais um ano difícil”, comentou Lima.

Em alguns nichos de aplicações do aço inox, segundo a Aperam, o material importado já ocupa mais de 40% do consumo aparente do mercado nacional - o dobro da média da indústria siderúrgica geral, que abrange outros tipos de aços, de automotivos ao vergalhão usado na construção civil. O inox tem diversos usos, que vão de produtos de decoração e cosméticos até nos setores naval, aeronáutico, hospitalar e destilarias de etanol.

Usina da Aperam em Timóteo (MG) Foto: Elvira Nascimento/Divulgação

Em outubro, preocupados com o aumento da entrada de aço de vários países, com destaque para China, Rússia e Coreia do Sul, representantes do setor pediram ao governo que adotasse uma tarifa emergencial de 25% para estancar as importações. Desde então houve várias reuniões com o ministro Geraldo Alckmin, do MDIC, com Fernando Haddad, da Fazenda, e diretores da Secretaria de Comércio Exterior.

Até o momento, apenas algumas atualizações de alíquotas foram realizadas na Câmara de Comércio Exterior (Camex), voltando a taxação a 10,8% na maioria dos tipos de aços, com zero efeito nas compras de aço do exterior. No caso do inox e dos aços elétricos, fabricados pela Aperam, as atuais alíquotas são de 12,6%. “São insuficientes para poder competir com o aço chinês que chega ao País”, reitera Lima. Ele lembra que Estados Unidos, México e recentemente o Chile adotaram tarifa de 25%, enquanto a União Europeia tem mantido medidas de salvaguardas.

Lima ainda nutre a esperança de que o governo se sensibilize com a situação e adote “medidas necessárias para preservar investimentos e empregos no setor de aço especial plano”, ramo de atuação da Aperam. Ele menciona, por exemplo, que o aço elétrico é essencial para a transição energética, pois é usado em motores e em estações de carregamento de baterias de carros elétricos.

Novo equipamento

A fase 3 do plano de investimento da Aperam, sem data prevista para ser retomada diante do atual cenário, contempla a instalação de novo laminador a frio de bobinas de aço e previa gerar 1,5 mil empregos temporários durante as obras. O equipamento, diz Lima, permitiria agregar valor em parte de sua produção de aços carbono (mais comuns), podendo fazer mais aço inox e elétrico.

Apesar do aumento dos importados, o executivo informa que a empresa concluiu no mês passado o investimento de R$ 588 milhões na fase 2, de modernização do laminador a quente, que tem 850 toneladas de capacidade por ano. Toda a produção da Aperam no Brasil é inicialmente beneficiada nesse equipamento. “Passamos a fazer material com espessuras e larguras que a instalação anterior não conseguia atingir”, diz.

No Brasil, a Aperam dispõe atualmente de capacidade para fazer 800 mil toneladas anuais de aço bruto. De produto acabado, o volume atinge 350 mil toneladas de inox, 150 mil de elétricos (divididos em dois tipos) e 200 mil de aço carbono.

No ano passado, segundo Lima, as vendas de aços inox e elétricos, em volume, tiveram crescimento inferior a 2% na comparação com 2022. Para este ano, a expectativa é similar. “Deveria ser pelo menos o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo a última projeção do boletim Focus, será de 1,9%.”

Com a retração de volume comercializado, aliada à queda de preços nos mercados local e internacional, principalmente do inox, o desempenho da subsidiária sul-americana registrou recuo de 24,5% no ano passado, com receita líquida de R$ 6,31 bilhões. A última linha do balanço, divulgado no início do mês, trouxe lucro líquido de R$ 394 milhões, 73% menor do que em 2022.

A Aperam South America faz parte do grupo Aperam, sediado em Luxemburgo e que tem como maior acionista a família Mittal, do empresário indiano Lakshmi Mittal, também controlador da gigante ArcelorMittal. Na Europa, a companhia tem operações na França e Bélgica. No total, tem capacidade de produzir 2,5 milhões de toneladas de aço inox e elétrico, em seis unidades de produção.

No ano passado, a receita líquida consolidada do grupo Aperam foi de € 6,59 bilhões, resultado da venda de 2,2 milhões de toneladas de aços especiais.

Pressionada pelo ritmo das importações de aço oriundas da China, a Aperam, principal fabricante de aço inoxidável da América Latina, decidiu manter suspenso um investimento superior a R$ 600 milhões em sua fábrica em Timóteo (MG), na região do Vale do Aço. Esse aporte integra um pacote aprovado em 2022 para melhorias tecnológicas e enobrecimento do mix de produtos da empresa. Apenas parte foi realizada.

Frederico Ayres Lima, presidente da Aperam South America, disse ao Estadão que as importações desleais de aço chinês continuam em ritmo forte e aguarda que medidas sejam adotadas pelo governo federal, no âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), para conter a entrada desenfreada de material importado, “Esse desvio comercial, acelerado desde o início de 2023, vem penalizando a indústria”, diz.

O executivo ressalta que os primeiros meses deste ano ainda mostram um cenário preocupante por conta do excedente de oferta global e do crescimento fraco da demanda em mercados do Brasil e da América Latina. “Se nada for feito no curto prazo, vamos ter pela frente mais um ano difícil”, comentou Lima.

Em alguns nichos de aplicações do aço inox, segundo a Aperam, o material importado já ocupa mais de 40% do consumo aparente do mercado nacional - o dobro da média da indústria siderúrgica geral, que abrange outros tipos de aços, de automotivos ao vergalhão usado na construção civil. O inox tem diversos usos, que vão de produtos de decoração e cosméticos até nos setores naval, aeronáutico, hospitalar e destilarias de etanol.

Usina da Aperam em Timóteo (MG) Foto: Elvira Nascimento/Divulgação

Em outubro, preocupados com o aumento da entrada de aço de vários países, com destaque para China, Rússia e Coreia do Sul, representantes do setor pediram ao governo que adotasse uma tarifa emergencial de 25% para estancar as importações. Desde então houve várias reuniões com o ministro Geraldo Alckmin, do MDIC, com Fernando Haddad, da Fazenda, e diretores da Secretaria de Comércio Exterior.

Até o momento, apenas algumas atualizações de alíquotas foram realizadas na Câmara de Comércio Exterior (Camex), voltando a taxação a 10,8% na maioria dos tipos de aços, com zero efeito nas compras de aço do exterior. No caso do inox e dos aços elétricos, fabricados pela Aperam, as atuais alíquotas são de 12,6%. “São insuficientes para poder competir com o aço chinês que chega ao País”, reitera Lima. Ele lembra que Estados Unidos, México e recentemente o Chile adotaram tarifa de 25%, enquanto a União Europeia tem mantido medidas de salvaguardas.

Lima ainda nutre a esperança de que o governo se sensibilize com a situação e adote “medidas necessárias para preservar investimentos e empregos no setor de aço especial plano”, ramo de atuação da Aperam. Ele menciona, por exemplo, que o aço elétrico é essencial para a transição energética, pois é usado em motores e em estações de carregamento de baterias de carros elétricos.

Novo equipamento

A fase 3 do plano de investimento da Aperam, sem data prevista para ser retomada diante do atual cenário, contempla a instalação de novo laminador a frio de bobinas de aço e previa gerar 1,5 mil empregos temporários durante as obras. O equipamento, diz Lima, permitiria agregar valor em parte de sua produção de aços carbono (mais comuns), podendo fazer mais aço inox e elétrico.

Apesar do aumento dos importados, o executivo informa que a empresa concluiu no mês passado o investimento de R$ 588 milhões na fase 2, de modernização do laminador a quente, que tem 850 toneladas de capacidade por ano. Toda a produção da Aperam no Brasil é inicialmente beneficiada nesse equipamento. “Passamos a fazer material com espessuras e larguras que a instalação anterior não conseguia atingir”, diz.

No Brasil, a Aperam dispõe atualmente de capacidade para fazer 800 mil toneladas anuais de aço bruto. De produto acabado, o volume atinge 350 mil toneladas de inox, 150 mil de elétricos (divididos em dois tipos) e 200 mil de aço carbono.

No ano passado, segundo Lima, as vendas de aços inox e elétricos, em volume, tiveram crescimento inferior a 2% na comparação com 2022. Para este ano, a expectativa é similar. “Deveria ser pelo menos o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), que, segundo a última projeção do boletim Focus, será de 1,9%.”

Com a retração de volume comercializado, aliada à queda de preços nos mercados local e internacional, principalmente do inox, o desempenho da subsidiária sul-americana registrou recuo de 24,5% no ano passado, com receita líquida de R$ 6,31 bilhões. A última linha do balanço, divulgado no início do mês, trouxe lucro líquido de R$ 394 milhões, 73% menor do que em 2022.

A Aperam South America faz parte do grupo Aperam, sediado em Luxemburgo e que tem como maior acionista a família Mittal, do empresário indiano Lakshmi Mittal, também controlador da gigante ArcelorMittal. Na Europa, a companhia tem operações na França e Bélgica. No total, tem capacidade de produzir 2,5 milhões de toneladas de aço inox e elétrico, em seis unidades de produção.

No ano passado, a receita líquida consolidada do grupo Aperam foi de € 6,59 bilhões, resultado da venda de 2,2 milhões de toneladas de aços especiais.

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