O conselho de administração do Assaí aprovou mais uma emissão de debêntures de R$ 1 bilhão, valor que poderá ser aumentado em até 25% (R$ 250 milhões). É a sétima emissão da companhia, que já tem um endividamento alto e usará os recursos para pagamento de gastos, custos e despesas ligadas à sua expansão.
Para a líder de varejo e pesquisa da XP, Danniela Eiger, apesar de aumentar a dívida bruta da companhia, que estava em R$ 12,6 bilhões no primeiro trimestre de 2023, a nova emissão não causa preocupações. “Como haverá entrada de caixa, o endividamento líquido, a alavancagem da companhia, deve ficar nos mesmos patamares”, explica.
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Na visão dela, a medida deve trazer liquidez para a empresa a um custo razoável para o cenário atual quando for precificada. Serão debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em até três séries. A emissão ocorre no contexto de uma operação de securitização de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), a serem emitidos pela True Securitizadora.
A companhia tem tido gastos elevados para finalizar as conversões de lojas compradas do ExtraHiper. “A emissão traz conforto financeiro e está atrelado a questão momentânea de pagamentos. Isso é feito para equalizar o nível de caixa”, diz a analista.
A relação dívida líquida/Ebitda do Assaí atingiu 2,78 vezes no primeiro trimestre de 2023. No mesmo período do ano passado, o indicador estava em 2,2 vezes. O CEO do Assaí, Belmiro Gomes, afirmou a investidores, porém, que a companhia quer terminar o ano com a relação dívida líquida/Ebitda voltando ao patamar de 2022, que ficou em torno de 2,2 vezes.
Embora o endividamento da companhia já fosse de conhecimento dos acionistas e tenha sido alongado durante o ano de 2022, quando ainda não havia uma crise generalizada de crédito, o tema foi abordado na conversa com analistas sobre os resultados do último trimestre.
A maior parte do endividamento da companhia não vem da compra dos pontos do Extra, ou de sua expansão orgânica. Quando o Assaí foi desmembrado do GPA para se tornar uma empresa de capital aberto independente, o Casino, ex-controlador da companhia, colocou no balanço da rede de atacarejo a dívida que contraiu para adquirir o Grupo Éxito (empresa colombiana à época controlada pelo GPA).
Hoje, esse valor representa cerca de 80% do endividamento do Assaí. Enquanto isso, o negócio latino ficou com o GPA. A justificativa, à época da operação, é que o Assaí tinha geração de caixa bem maior do que o restante do grupo. O custo de carregar essa dívida agora, porém, é muito maior do que quando a divisão foi feita./Colaborou Beth Moreira