A companhia aérea Azul anunciou nesta segunda-feira, 28, ter fechado acordo com seus atuais detentores de títulos de dívida para recebimento de recursos adicionais. Por esse acordo, os credores vão fornecer para a empresa até US$ 500 milhões em nova dívida com garantias prioritárias, sendo US$ 150 milhões fornecidos ainda esta semana e US$ 250 milhões antes do final do ano, com potencial para desbloquear US$ 100 milhões adicionais.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que o acordo “fortalece consideravelmente sua liquidez e posição financeira e cristaliza o acordo previamente anunciado com arrendadores e fabricantes de equipamentos originais (OEMs) para eliminar as obrigações de equity em troca de 100 milhões ações preferenciais da empresa”.
Na B3, os investidores reagiram com otimismo: a ação (AZUL4) foi o destaque do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, nesta segunda-feia, 28, e fechou o pregão com um salto de 13,99%, a R$ 6,11.
A operação, ainda segundo o fato relevante, prevê acordos para melhorar o fluxo de caixa da Azul em mais de US$ 150 milhões, reduzindo certas obrigações com arrendadores e fabricantes nos próximos 18 meses; esforço colaborativo para buscar melhorias adicionais no fluxo de caixa de aproximadamente US$ 100 milhões por ano; e possível conversão de até US$ 800 milhões de dívida existente com garantia secundária em ações, condicionada à melhoria de US$ 100 milhões citada acima, levando a uma redução adicional de juros ao ano de quase US$ 100 milhões.
Negociações
Além da renegociação de dívidas, a empresa também vem negociando uma possível fusão com a Gol. Em fato relevante enviado à CVM há duas semanas, havia dito que a negociação com os credores não afetava o andamento das conversas que vinha mantendo com a Abra, controladora da Gol,para explorar eventuais oportunidades de negócios, além do acordo de cooperação comercial por meio de um codeshare (compartilhamento de voos).
A manifestação foi feita em resposta a questionamento da B3 a respeito de notícia publicada na mídia sobre a fusão das duas companhias, que pode ser anunciada ainda esse ano.
A companhia reiterou, na nota, que estava “atenta às dinâmicas estratégicas do setor aéreo e a possíveis oportunidades de parcerias”. No entanto, disse não ter celebrado ou formalizado acordo, vinculante ou não, sobre qualquer operação de parceria ou combinação de negócios com a Gol ou seus controladores, além do acordo de codeshare.
A Gol, da mesma forma, também reafirmou, em comunicado, que está em discussões para explorar potenciais oportunidades de negócios, mas um acordo entre a Azul e o Grupo Abra não seria vinculante para a companhia.