Bancos rejeitam ações da Americanas como pagamento de dívidas


Companhia propõe que instituições desembolsem R$ 6 bilhões; quitação de débitos da varejista é suspenso por decisão judicial

Por Matheus Piovesana, Talita Nascimento, Altamiro Silva Junior e Juliana Garçon

A recusa dos bancos credores em se transformarem em acionistas da Americanas estremeceu as negociações para a rolagem da dívida da companhia com as instituições financeiras. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da empresa está estimada em R$ 40 bilhões. As ações da empresa fecharam ontem com baixa de 38,41%, a R$ 1,94. Só neste mês, os papéis da empresa tiveram desvalorização de quase 80%.

Em termos nominais, os mais expostos no caso da Americanas são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da Americanas.

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Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido sob a condição de anonimato.

Justiça

Um das mostras de que as conversas entre bancos e a varejista subiu de tom desde a sexta-feira foi a petição do BTG, em que o banco de André Esteves argumenta que a Americanas é uma “empresa que tem fraude contábil em seu modelo de negócio” e assim, “não há função social subjacente que se possa preservar”.

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Na sexta, a Americanas obteve no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) uma medida cautelar para evitar a execução de dívidas por 30 dias, inclusive o movimento do BTG. Parte dos envolvidos nas negociações soube do movimento da companhia pela imprensa, isso em meio a uma reunião tensa que acontecia entre os banqueiros e Sergio Rial, ex-presidente da empresa que agora atua como assessor dos acionistas, e terminou sem acordo.

Na segunda, o BTG voltou a se movimentar e fez mais uma petição na 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, levou o caso para a arbitragem em São Paulo. No novo pedido, os advogados do banco – dos escritórios Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e FCDG Advogados – argumentam que o juiz do Rio, que bloqueou o pagamento de dívidas “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas” e novamente usa o termo “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.

Na petição, os advogados do BTG argumentam que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

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Negociação

A avaliação de operadores do mercado é a de que a empresa precisa sentar-se à mesa nas tratativas. Rial não tem mandato para tomar decisões por eles, e a visão dos bancos é a de que as negociação precisam se dar de forma mais direta. Por isso, há uma pressão para que alguém com esse poder de tomar decisões assuma as conversas. Um dos nomes que tem circulado para ser o interlocutor dos bancos é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, e conselheiro da varejista.

As instituições financeiras exigem que a varejista coloque a contabilidade em dia e que o atual diretoria e conselho sejam removidos da negociação e responsabilizados.

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Ainda ontem, a empresa divulgou por meio de fato relevante publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a Rothschild & Co vai atuar como interlocutora na renegociação da dívida da Americanas no Brasil e no exterior.

BNDES

Também na segunda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que tem dois financiamentos ativos com a Americanas, contratadas entre abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões, informou a instituição de fomento, em nota.

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Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.

Fundos

Levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, plataforma digital do Estadão com dicas sobre finanças, apontou que 1.057 fundos (588 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição das suas carteiras, o que pode trazer algum prejuízo a eles.

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Gigante varejista diz que lojas continuam abertas e vai entregar produtos

  • O que aconteceu com a Americanas?

Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da Americanas. Posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

  • A Americanas faliu?

Não. A empresa continua a funcionar, vendendo produtos em lojas físicas e digitais, apesar de estar em fase de contenção de despesas e reavaliação financeira. Segundo interlocutores do mercado, a empresa deve precisar de um processo de recuperação judicial, mesmo com credores concordando em rolar a dívida. A empresa pode receber aportes dos acionistas de referência, o trio por trás do sucesso da Ambev Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • Como a empresa perdeu bilhões de reais?

A resposta para essa pergunta ainda requer apuração interna nas contas. Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que pode ser tanto um caso de grave erro técnico quanto fraude. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. O caso também poderá gerar inquérito policial.

  • Fiz uma compra na Americanas, o produto será entregue?

O Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. Procurada, a Americanas informou que “comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app”.

A recusa dos bancos credores em se transformarem em acionistas da Americanas estremeceu as negociações para a rolagem da dívida da companhia com as instituições financeiras. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da empresa está estimada em R$ 40 bilhões. As ações da empresa fecharam ontem com baixa de 38,41%, a R$ 1,94. Só neste mês, os papéis da empresa tiveram desvalorização de quase 80%.

Em termos nominais, os mais expostos no caso da Americanas são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da Americanas.

Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido sob a condição de anonimato.

Justiça

Um das mostras de que as conversas entre bancos e a varejista subiu de tom desde a sexta-feira foi a petição do BTG, em que o banco de André Esteves argumenta que a Americanas é uma “empresa que tem fraude contábil em seu modelo de negócio” e assim, “não há função social subjacente que se possa preservar”.

Na sexta, a Americanas obteve no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) uma medida cautelar para evitar a execução de dívidas por 30 dias, inclusive o movimento do BTG. Parte dos envolvidos nas negociações soube do movimento da companhia pela imprensa, isso em meio a uma reunião tensa que acontecia entre os banqueiros e Sergio Rial, ex-presidente da empresa que agora atua como assessor dos acionistas, e terminou sem acordo.

Na segunda, o BTG voltou a se movimentar e fez mais uma petição na 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, levou o caso para a arbitragem em São Paulo. No novo pedido, os advogados do banco – dos escritórios Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e FCDG Advogados – argumentam que o juiz do Rio, que bloqueou o pagamento de dívidas “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas” e novamente usa o termo “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.

Na petição, os advogados do BTG argumentam que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

Negociação

A avaliação de operadores do mercado é a de que a empresa precisa sentar-se à mesa nas tratativas. Rial não tem mandato para tomar decisões por eles, e a visão dos bancos é a de que as negociação precisam se dar de forma mais direta. Por isso, há uma pressão para que alguém com esse poder de tomar decisões assuma as conversas. Um dos nomes que tem circulado para ser o interlocutor dos bancos é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, e conselheiro da varejista.

As instituições financeiras exigem que a varejista coloque a contabilidade em dia e que o atual diretoria e conselho sejam removidos da negociação e responsabilizados.

Ainda ontem, a empresa divulgou por meio de fato relevante publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a Rothschild & Co vai atuar como interlocutora na renegociação da dívida da Americanas no Brasil e no exterior.

BNDES

Também na segunda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que tem dois financiamentos ativos com a Americanas, contratadas entre abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões, informou a instituição de fomento, em nota.

Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.

Fundos

Levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, plataforma digital do Estadão com dicas sobre finanças, apontou que 1.057 fundos (588 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição das suas carteiras, o que pode trazer algum prejuízo a eles.

Gigante varejista diz que lojas continuam abertas e vai entregar produtos

  • O que aconteceu com a Americanas?

Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da Americanas. Posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

  • A Americanas faliu?

Não. A empresa continua a funcionar, vendendo produtos em lojas físicas e digitais, apesar de estar em fase de contenção de despesas e reavaliação financeira. Segundo interlocutores do mercado, a empresa deve precisar de um processo de recuperação judicial, mesmo com credores concordando em rolar a dívida. A empresa pode receber aportes dos acionistas de referência, o trio por trás do sucesso da Ambev Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • Como a empresa perdeu bilhões de reais?

A resposta para essa pergunta ainda requer apuração interna nas contas. Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que pode ser tanto um caso de grave erro técnico quanto fraude. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. O caso também poderá gerar inquérito policial.

  • Fiz uma compra na Americanas, o produto será entregue?

O Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. Procurada, a Americanas informou que “comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app”.

A recusa dos bancos credores em se transformarem em acionistas da Americanas estremeceu as negociações para a rolagem da dívida da companhia com as instituições financeiras. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da empresa está estimada em R$ 40 bilhões. As ações da empresa fecharam ontem com baixa de 38,41%, a R$ 1,94. Só neste mês, os papéis da empresa tiveram desvalorização de quase 80%.

Em termos nominais, os mais expostos no caso da Americanas são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da Americanas.

Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido sob a condição de anonimato.

Justiça

Um das mostras de que as conversas entre bancos e a varejista subiu de tom desde a sexta-feira foi a petição do BTG, em que o banco de André Esteves argumenta que a Americanas é uma “empresa que tem fraude contábil em seu modelo de negócio” e assim, “não há função social subjacente que se possa preservar”.

Na sexta, a Americanas obteve no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) uma medida cautelar para evitar a execução de dívidas por 30 dias, inclusive o movimento do BTG. Parte dos envolvidos nas negociações soube do movimento da companhia pela imprensa, isso em meio a uma reunião tensa que acontecia entre os banqueiros e Sergio Rial, ex-presidente da empresa que agora atua como assessor dos acionistas, e terminou sem acordo.

Na segunda, o BTG voltou a se movimentar e fez mais uma petição na 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, levou o caso para a arbitragem em São Paulo. No novo pedido, os advogados do banco – dos escritórios Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e FCDG Advogados – argumentam que o juiz do Rio, que bloqueou o pagamento de dívidas “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas” e novamente usa o termo “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.

Na petição, os advogados do BTG argumentam que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

Negociação

A avaliação de operadores do mercado é a de que a empresa precisa sentar-se à mesa nas tratativas. Rial não tem mandato para tomar decisões por eles, e a visão dos bancos é a de que as negociação precisam se dar de forma mais direta. Por isso, há uma pressão para que alguém com esse poder de tomar decisões assuma as conversas. Um dos nomes que tem circulado para ser o interlocutor dos bancos é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, e conselheiro da varejista.

As instituições financeiras exigem que a varejista coloque a contabilidade em dia e que o atual diretoria e conselho sejam removidos da negociação e responsabilizados.

Ainda ontem, a empresa divulgou por meio de fato relevante publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a Rothschild & Co vai atuar como interlocutora na renegociação da dívida da Americanas no Brasil e no exterior.

BNDES

Também na segunda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que tem dois financiamentos ativos com a Americanas, contratadas entre abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões, informou a instituição de fomento, em nota.

Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.

Fundos

Levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, plataforma digital do Estadão com dicas sobre finanças, apontou que 1.057 fundos (588 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição das suas carteiras, o que pode trazer algum prejuízo a eles.

Gigante varejista diz que lojas continuam abertas e vai entregar produtos

  • O que aconteceu com a Americanas?

Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da Americanas. Posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

  • A Americanas faliu?

Não. A empresa continua a funcionar, vendendo produtos em lojas físicas e digitais, apesar de estar em fase de contenção de despesas e reavaliação financeira. Segundo interlocutores do mercado, a empresa deve precisar de um processo de recuperação judicial, mesmo com credores concordando em rolar a dívida. A empresa pode receber aportes dos acionistas de referência, o trio por trás do sucesso da Ambev Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • Como a empresa perdeu bilhões de reais?

A resposta para essa pergunta ainda requer apuração interna nas contas. Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que pode ser tanto um caso de grave erro técnico quanto fraude. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. O caso também poderá gerar inquérito policial.

  • Fiz uma compra na Americanas, o produto será entregue?

O Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. Procurada, a Americanas informou que “comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app”.

A recusa dos bancos credores em se transformarem em acionistas da Americanas estremeceu as negociações para a rolagem da dívida da companhia com as instituições financeiras. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da empresa está estimada em R$ 40 bilhões. As ações da empresa fecharam ontem com baixa de 38,41%, a R$ 1,94. Só neste mês, os papéis da empresa tiveram desvalorização de quase 80%.

Em termos nominais, os mais expostos no caso da Americanas são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da Americanas.

Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido sob a condição de anonimato.

Justiça

Um das mostras de que as conversas entre bancos e a varejista subiu de tom desde a sexta-feira foi a petição do BTG, em que o banco de André Esteves argumenta que a Americanas é uma “empresa que tem fraude contábil em seu modelo de negócio” e assim, “não há função social subjacente que se possa preservar”.

Na sexta, a Americanas obteve no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) uma medida cautelar para evitar a execução de dívidas por 30 dias, inclusive o movimento do BTG. Parte dos envolvidos nas negociações soube do movimento da companhia pela imprensa, isso em meio a uma reunião tensa que acontecia entre os banqueiros e Sergio Rial, ex-presidente da empresa que agora atua como assessor dos acionistas, e terminou sem acordo.

Na segunda, o BTG voltou a se movimentar e fez mais uma petição na 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, levou o caso para a arbitragem em São Paulo. No novo pedido, os advogados do banco – dos escritórios Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e FCDG Advogados – argumentam que o juiz do Rio, que bloqueou o pagamento de dívidas “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas” e novamente usa o termo “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.

Na petição, os advogados do BTG argumentam que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

Negociação

A avaliação de operadores do mercado é a de que a empresa precisa sentar-se à mesa nas tratativas. Rial não tem mandato para tomar decisões por eles, e a visão dos bancos é a de que as negociação precisam se dar de forma mais direta. Por isso, há uma pressão para que alguém com esse poder de tomar decisões assuma as conversas. Um dos nomes que tem circulado para ser o interlocutor dos bancos é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, e conselheiro da varejista.

As instituições financeiras exigem que a varejista coloque a contabilidade em dia e que o atual diretoria e conselho sejam removidos da negociação e responsabilizados.

Ainda ontem, a empresa divulgou por meio de fato relevante publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a Rothschild & Co vai atuar como interlocutora na renegociação da dívida da Americanas no Brasil e no exterior.

BNDES

Também na segunda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que tem dois financiamentos ativos com a Americanas, contratadas entre abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões, informou a instituição de fomento, em nota.

Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.

Fundos

Levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, plataforma digital do Estadão com dicas sobre finanças, apontou que 1.057 fundos (588 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição das suas carteiras, o que pode trazer algum prejuízo a eles.

Gigante varejista diz que lojas continuam abertas e vai entregar produtos

  • O que aconteceu com a Americanas?

Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da Americanas. Posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

  • A Americanas faliu?

Não. A empresa continua a funcionar, vendendo produtos em lojas físicas e digitais, apesar de estar em fase de contenção de despesas e reavaliação financeira. Segundo interlocutores do mercado, a empresa deve precisar de um processo de recuperação judicial, mesmo com credores concordando em rolar a dívida. A empresa pode receber aportes dos acionistas de referência, o trio por trás do sucesso da Ambev Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • Como a empresa perdeu bilhões de reais?

A resposta para essa pergunta ainda requer apuração interna nas contas. Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que pode ser tanto um caso de grave erro técnico quanto fraude. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. O caso também poderá gerar inquérito policial.

  • Fiz uma compra na Americanas, o produto será entregue?

O Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. Procurada, a Americanas informou que “comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app”.

A recusa dos bancos credores em se transformarem em acionistas da Americanas estremeceu as negociações para a rolagem da dívida da companhia com as instituições financeiras. A percepção dos negociadores foi a de que a empresa tenta “dividir a conta”. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, uma das propostas colocadas à mesa era a de que os sócios injetassem R$ 6 bilhões na companhia e que os bancos credores entrassem com outros R$ 6 bilhões. A dívida da empresa está estimada em R$ 40 bilhões. As ações da empresa fecharam ontem com baixa de 38,41%, a R$ 1,94. Só neste mês, os papéis da empresa tiveram desvalorização de quase 80%.

Em termos nominais, os mais expostos no caso da Americanas são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG Foto: Werther Santana/Estadão

A injeção do montante daria às instituições uma fatia acionária da companhia, numa conversão proporcional às dívidas com cada banco. Em termos nominais, os mais expostos são Bradesco, Santander, Itaú, Safra e BTG, que, na semana passada, tentou congelar um depósito de R$ 1,2 bilhão da Americanas.

Os bancos querem que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira – desembolsem algo entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Menos que isso, “nem pensar”, disse um banqueiro ouvido sob a condição de anonimato.

Justiça

Um das mostras de que as conversas entre bancos e a varejista subiu de tom desde a sexta-feira foi a petição do BTG, em que o banco de André Esteves argumenta que a Americanas é uma “empresa que tem fraude contábil em seu modelo de negócio” e assim, “não há função social subjacente que se possa preservar”.

Na sexta, a Americanas obteve no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) uma medida cautelar para evitar a execução de dívidas por 30 dias, inclusive o movimento do BTG. Parte dos envolvidos nas negociações soube do movimento da companhia pela imprensa, isso em meio a uma reunião tensa que acontecia entre os banqueiros e Sergio Rial, ex-presidente da empresa que agora atua como assessor dos acionistas, e terminou sem acordo.

Na segunda, o BTG voltou a se movimentar e fez mais uma petição na 4.ª Vara Empresarial do Estado do Rio de Janeiro. Além disso, levou o caso para a arbitragem em São Paulo. No novo pedido, os advogados do banco – dos escritórios Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub Advogados e FCDG Advogados – argumentam que o juiz do Rio, que bloqueou o pagamento de dívidas “induzido a erro pela narrativa simplória da Americanas” e novamente usa o termo “fraude” para definir os problemas no balanço da companhia.

Na petição, os advogados do BTG argumentam que o trio de sócios de referência da Americanas têm R$ 180 bilhões em patrimônio, “suficiente para garantir as obrigações correntes e preservar a atividade econômica”.

Negociação

A avaliação de operadores do mercado é a de que a empresa precisa sentar-se à mesa nas tratativas. Rial não tem mandato para tomar decisões por eles, e a visão dos bancos é a de que as negociação precisam se dar de forma mais direta. Por isso, há uma pressão para que alguém com esse poder de tomar decisões assuma as conversas. Um dos nomes que tem circulado para ser o interlocutor dos bancos é Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo, e conselheiro da varejista.

As instituições financeiras exigem que a varejista coloque a contabilidade em dia e que o atual diretoria e conselho sejam removidos da negociação e responsabilizados.

Ainda ontem, a empresa divulgou por meio de fato relevante publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a Rothschild & Co vai atuar como interlocutora na renegociação da dívida da Americanas no Brasil e no exterior.

BNDES

Também na segunda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que tem dois financiamentos ativos com a Americanas, contratadas entre abril e maio de 2018, no valor total de R$ 2,4 bilhões, informou a instituição de fomento, em nota.

Conforme informações disponíveis no site do BNDES, os dois financiamentos foram destinados ao plano de negócios da empresa, de 2016 a 2018, contemplando investimentos em “inovação em varejo digital, suporte ao crescimento do negócio, suporte ao crescimento das subsidiárias, fortalecimento da capacidade de armazenamento e distribuição”.

Fundos

Levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, plataforma digital do Estadão com dicas sobre finanças, apontou que 1.057 fundos (588 de ações e 469 de debêntures) têm a Americanas na composição das suas carteiras, o que pode trazer algum prejuízo a eles.

Gigante varejista diz que lojas continuam abertas e vai entregar produtos

  • O que aconteceu com a Americanas?

Quando anunciou sua saída da empresa, Sergio Rial emitiu um comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, reportando um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços financeiros da Americanas. Posteriormente, uma análise interna determinou que a dívida pode chegar a R$ 40 bilhões. A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando a dívida.

  • A Americanas faliu?

Não. A empresa continua a funcionar, vendendo produtos em lojas físicas e digitais, apesar de estar em fase de contenção de despesas e reavaliação financeira. Segundo interlocutores do mercado, a empresa deve precisar de um processo de recuperação judicial, mesmo com credores concordando em rolar a dívida. A empresa pode receber aportes dos acionistas de referência, o trio por trás do sucesso da Ambev Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

  • Como a empresa perdeu bilhões de reais?

A resposta para essa pergunta ainda requer apuração interna nas contas. Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que pode ser tanto um caso de grave erro técnico quanto fraude. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu três processos administrativos para analisar inconsistências contábeis na Americanas. O caso também poderá gerar inquérito policial.

  • Fiz uma compra na Americanas, o produto será entregue?

O Procon já notificou a Americanas para prestar esclarecimentos sobre o impacto da crise financeira da empresa para os consumidores. Procurada, a Americanas informou que “comunicou aos clientes e parceiros que segue aberta e pronta para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app”.

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