BBF, grupo de combustível ‘verde’, vive crise após acusação de suposta violação de direitos humanos


Companhia afirmou à Justiça ter virado ‘persona non grata’ no mercado financeiro após Conselho Nacional de Direitos Humanos recomendar que instituições financeiras cortassem financiamentos

Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

Responsável por projetos que prometem ajudar o Brasil a reduzir as emissões de gases poluentes, a BBF atravessa uma crise financeira que ameaça seus investimentos. A fabricante de biocombustível que atua na Amazônia conseguiu na Justiça uma proteção contra credores por 60 dias enquanto renegocia suas dívidas, em uma tentativa de evitar uma recuperação judicial. No pedido de proteção, apresentado em fevereiro, a empresa afirmou que sua crise decorre do fato de ter virado “‘persona non grata’ no mercado” após uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a instituições financeiras.

Criada em 2008, a BBF começou explorando óleo de palma em São João da Baliza (RR) para a produção de biodiesel. Com o biocombustível, gera energia elétrica em usinas termoelétricas. A empresa tem um projeto para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) que prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus e de R$ 2,5 bilhões no plantio de palma, sua matéria-prima. A companhia também já firmou contrato com a Vibra, que teria exclusividade para distribuir o SAF durante cinco anos.

Hoje, no entanto, a BBF tenta sobreviver a uma crise iniciada há oito meses. Em agosto do ano passado, o CNDH enviou uma carta a bancos em que recomendava que suspendessem empréstimos feitos à BBF “em razão de provável violação dos Princípios do Equador, quanto às práticas socioambientais e violação aos Direitos Humanos e Territoriais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores e agroextrativistas nos Municípios do Acará e Tomé-Açu (no Pará)”. O conselho se referia às atitudes da empresa diante de um conflito fundiário no Pará.

continua após a publicidade

Algumas das áreas em que a companhia cultiva palma no Estado são alvo de disputa com comunidades quilombolas e indígenas. Segundo o Ministério Público do Pará, parte dessas áreas são consideradas públicas - dado que não há um histórico de documentação - e reivindicadas pelas populações tradicionais.

Também em agosto de 2023, poucos dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Belém para participar da Cúpula da Amazônia, quatro indígenas foram baleados por seguranças da companhia. A versão da BBF é que a empresa foi invadida e que fogo foi ateado em seus veículos. Os indígenas, por sua vez, dizem que estavam ocupando um território que entendem ser deles. O caso fez com que o CNDH fosse até as cidades de Acará e Tomé-Açu e, posteriormente, enviasse a carta às instituições bancárias.

No pedido de tutela cautelar, a BBF afirmou que, depois disso, as renovações das linhas de crédito por parte dos bancos foram “subitamente interrompidas”. “A referida Recomendação (feita pelo CNDH) foi uma das, senão a maior, causas da crise financeira pela qual passa o grupo BBF”, escreveram os advogados da empresa.

continua após a publicidade
Unidade da BBF no Pará; empresa fabrica biodiesel a partir de óleo de palma 

Segundo a companhia, uma queda no preço do óleo de palma no mercado internacional também a prejudicou e contribuiu para a escassez de caixa. Desde abril de 2022, quando atingiu um pico, até hoje, o preço recuou 40%.

Sem caixa, a empresa deixou de pagar contas e hoje acumula R$ 43 milhões em protestos. De acordo com o documento apresentado à Justiça, empresas prestadoras de serviços que transportam 3.200 funcionários diariamente ameaçam rescindir contratos.

continua após a publicidade

Ainda na solicitação feita à Justiça, a BBF afirmou que, se o pedido de proteção não fosse atendido, haveria o corte de fornecimento de luz a seus clientes, dado que não seria capaz de comprar combustível para gerar energia. Hoje, a companhia tem 25 usinas em operação e atende 140 mil clientes nos Estados de Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima. Esses consumidores não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional de energia. Portanto, se deixarem de ser abastecidos pela BBF, ficam sem luz.

Também de acordo com a empresa, o CNDH não a consultou “sobre os fatos (os indígenas baleados)” nem a intimou a se manifestar “de qualquer maneira que seja (antes da emissão da carta de recomendação aos bancos)”. Questionada sobre isso, a presidente do CNDH, Marina Ramos, afirmou ser “fato público e notório que os indígenas foram baleados na sede da empresa por funcionários de segurança contratados pela BBF”.

continua após a publicidade

Em nota, a BBF afirmou que “segue reforçando suas práticas na promoção do diálogo aberto e construtivo com as comunidades tradicionais no Estado do Pará, em busca do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico da região”. Disse também que continua “apoiando de forma contínua as autoridades e órgãos envolvidos no caso e confia totalmente no poder judiciário para definitiva solução”.

Em relação à situação financeira, informou que busca uma “solução consensual com seus principais credores, especialmente corporativos, com o objetivo de readequar o fluxo de caixa da empresa e manter a sua normalidade operacional”.

Sobre a probabilidade de cortar o fornecimento de eletricidade, a companhia afirmou que “jamais deixou faltar energia elétrica”. “A Companhia segue focada e aplicando todos os esforços necessários para que não haja risco de abastecimento e impactos na geração de energia, com plano de contingência vigente e consistentemente prestando esclarecimentos sobre seu plano de ação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”

Responsável por projetos que prometem ajudar o Brasil a reduzir as emissões de gases poluentes, a BBF atravessa uma crise financeira que ameaça seus investimentos. A fabricante de biocombustível que atua na Amazônia conseguiu na Justiça uma proteção contra credores por 60 dias enquanto renegocia suas dívidas, em uma tentativa de evitar uma recuperação judicial. No pedido de proteção, apresentado em fevereiro, a empresa afirmou que sua crise decorre do fato de ter virado “‘persona non grata’ no mercado” após uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a instituições financeiras.

Criada em 2008, a BBF começou explorando óleo de palma em São João da Baliza (RR) para a produção de biodiesel. Com o biocombustível, gera energia elétrica em usinas termoelétricas. A empresa tem um projeto para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) que prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus e de R$ 2,5 bilhões no plantio de palma, sua matéria-prima. A companhia também já firmou contrato com a Vibra, que teria exclusividade para distribuir o SAF durante cinco anos.

Hoje, no entanto, a BBF tenta sobreviver a uma crise iniciada há oito meses. Em agosto do ano passado, o CNDH enviou uma carta a bancos em que recomendava que suspendessem empréstimos feitos à BBF “em razão de provável violação dos Princípios do Equador, quanto às práticas socioambientais e violação aos Direitos Humanos e Territoriais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores e agroextrativistas nos Municípios do Acará e Tomé-Açu (no Pará)”. O conselho se referia às atitudes da empresa diante de um conflito fundiário no Pará.

Algumas das áreas em que a companhia cultiva palma no Estado são alvo de disputa com comunidades quilombolas e indígenas. Segundo o Ministério Público do Pará, parte dessas áreas são consideradas públicas - dado que não há um histórico de documentação - e reivindicadas pelas populações tradicionais.

Também em agosto de 2023, poucos dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Belém para participar da Cúpula da Amazônia, quatro indígenas foram baleados por seguranças da companhia. A versão da BBF é que a empresa foi invadida e que fogo foi ateado em seus veículos. Os indígenas, por sua vez, dizem que estavam ocupando um território que entendem ser deles. O caso fez com que o CNDH fosse até as cidades de Acará e Tomé-Açu e, posteriormente, enviasse a carta às instituições bancárias.

No pedido de tutela cautelar, a BBF afirmou que, depois disso, as renovações das linhas de crédito por parte dos bancos foram “subitamente interrompidas”. “A referida Recomendação (feita pelo CNDH) foi uma das, senão a maior, causas da crise financeira pela qual passa o grupo BBF”, escreveram os advogados da empresa.

Unidade da BBF no Pará; empresa fabrica biodiesel a partir de óleo de palma 

Segundo a companhia, uma queda no preço do óleo de palma no mercado internacional também a prejudicou e contribuiu para a escassez de caixa. Desde abril de 2022, quando atingiu um pico, até hoje, o preço recuou 40%.

Sem caixa, a empresa deixou de pagar contas e hoje acumula R$ 43 milhões em protestos. De acordo com o documento apresentado à Justiça, empresas prestadoras de serviços que transportam 3.200 funcionários diariamente ameaçam rescindir contratos.

Ainda na solicitação feita à Justiça, a BBF afirmou que, se o pedido de proteção não fosse atendido, haveria o corte de fornecimento de luz a seus clientes, dado que não seria capaz de comprar combustível para gerar energia. Hoje, a companhia tem 25 usinas em operação e atende 140 mil clientes nos Estados de Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima. Esses consumidores não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional de energia. Portanto, se deixarem de ser abastecidos pela BBF, ficam sem luz.

Também de acordo com a empresa, o CNDH não a consultou “sobre os fatos (os indígenas baleados)” nem a intimou a se manifestar “de qualquer maneira que seja (antes da emissão da carta de recomendação aos bancos)”. Questionada sobre isso, a presidente do CNDH, Marina Ramos, afirmou ser “fato público e notório que os indígenas foram baleados na sede da empresa por funcionários de segurança contratados pela BBF”.

Em nota, a BBF afirmou que “segue reforçando suas práticas na promoção do diálogo aberto e construtivo com as comunidades tradicionais no Estado do Pará, em busca do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico da região”. Disse também que continua “apoiando de forma contínua as autoridades e órgãos envolvidos no caso e confia totalmente no poder judiciário para definitiva solução”.

Em relação à situação financeira, informou que busca uma “solução consensual com seus principais credores, especialmente corporativos, com o objetivo de readequar o fluxo de caixa da empresa e manter a sua normalidade operacional”.

Sobre a probabilidade de cortar o fornecimento de eletricidade, a companhia afirmou que “jamais deixou faltar energia elétrica”. “A Companhia segue focada e aplicando todos os esforços necessários para que não haja risco de abastecimento e impactos na geração de energia, com plano de contingência vigente e consistentemente prestando esclarecimentos sobre seu plano de ação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”

Responsável por projetos que prometem ajudar o Brasil a reduzir as emissões de gases poluentes, a BBF atravessa uma crise financeira que ameaça seus investimentos. A fabricante de biocombustível que atua na Amazônia conseguiu na Justiça uma proteção contra credores por 60 dias enquanto renegocia suas dívidas, em uma tentativa de evitar uma recuperação judicial. No pedido de proteção, apresentado em fevereiro, a empresa afirmou que sua crise decorre do fato de ter virado “‘persona non grata’ no mercado” após uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a instituições financeiras.

Criada em 2008, a BBF começou explorando óleo de palma em São João da Baliza (RR) para a produção de biodiesel. Com o biocombustível, gera energia elétrica em usinas termoelétricas. A empresa tem um projeto para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) que prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus e de R$ 2,5 bilhões no plantio de palma, sua matéria-prima. A companhia também já firmou contrato com a Vibra, que teria exclusividade para distribuir o SAF durante cinco anos.

Hoje, no entanto, a BBF tenta sobreviver a uma crise iniciada há oito meses. Em agosto do ano passado, o CNDH enviou uma carta a bancos em que recomendava que suspendessem empréstimos feitos à BBF “em razão de provável violação dos Princípios do Equador, quanto às práticas socioambientais e violação aos Direitos Humanos e Territoriais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores e agroextrativistas nos Municípios do Acará e Tomé-Açu (no Pará)”. O conselho se referia às atitudes da empresa diante de um conflito fundiário no Pará.

Algumas das áreas em que a companhia cultiva palma no Estado são alvo de disputa com comunidades quilombolas e indígenas. Segundo o Ministério Público do Pará, parte dessas áreas são consideradas públicas - dado que não há um histórico de documentação - e reivindicadas pelas populações tradicionais.

Também em agosto de 2023, poucos dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Belém para participar da Cúpula da Amazônia, quatro indígenas foram baleados por seguranças da companhia. A versão da BBF é que a empresa foi invadida e que fogo foi ateado em seus veículos. Os indígenas, por sua vez, dizem que estavam ocupando um território que entendem ser deles. O caso fez com que o CNDH fosse até as cidades de Acará e Tomé-Açu e, posteriormente, enviasse a carta às instituições bancárias.

No pedido de tutela cautelar, a BBF afirmou que, depois disso, as renovações das linhas de crédito por parte dos bancos foram “subitamente interrompidas”. “A referida Recomendação (feita pelo CNDH) foi uma das, senão a maior, causas da crise financeira pela qual passa o grupo BBF”, escreveram os advogados da empresa.

Unidade da BBF no Pará; empresa fabrica biodiesel a partir de óleo de palma 

Segundo a companhia, uma queda no preço do óleo de palma no mercado internacional também a prejudicou e contribuiu para a escassez de caixa. Desde abril de 2022, quando atingiu um pico, até hoje, o preço recuou 40%.

Sem caixa, a empresa deixou de pagar contas e hoje acumula R$ 43 milhões em protestos. De acordo com o documento apresentado à Justiça, empresas prestadoras de serviços que transportam 3.200 funcionários diariamente ameaçam rescindir contratos.

Ainda na solicitação feita à Justiça, a BBF afirmou que, se o pedido de proteção não fosse atendido, haveria o corte de fornecimento de luz a seus clientes, dado que não seria capaz de comprar combustível para gerar energia. Hoje, a companhia tem 25 usinas em operação e atende 140 mil clientes nos Estados de Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima. Esses consumidores não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional de energia. Portanto, se deixarem de ser abastecidos pela BBF, ficam sem luz.

Também de acordo com a empresa, o CNDH não a consultou “sobre os fatos (os indígenas baleados)” nem a intimou a se manifestar “de qualquer maneira que seja (antes da emissão da carta de recomendação aos bancos)”. Questionada sobre isso, a presidente do CNDH, Marina Ramos, afirmou ser “fato público e notório que os indígenas foram baleados na sede da empresa por funcionários de segurança contratados pela BBF”.

Em nota, a BBF afirmou que “segue reforçando suas práticas na promoção do diálogo aberto e construtivo com as comunidades tradicionais no Estado do Pará, em busca do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico da região”. Disse também que continua “apoiando de forma contínua as autoridades e órgãos envolvidos no caso e confia totalmente no poder judiciário para definitiva solução”.

Em relação à situação financeira, informou que busca uma “solução consensual com seus principais credores, especialmente corporativos, com o objetivo de readequar o fluxo de caixa da empresa e manter a sua normalidade operacional”.

Sobre a probabilidade de cortar o fornecimento de eletricidade, a companhia afirmou que “jamais deixou faltar energia elétrica”. “A Companhia segue focada e aplicando todos os esforços necessários para que não haja risco de abastecimento e impactos na geração de energia, com plano de contingência vigente e consistentemente prestando esclarecimentos sobre seu plano de ação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”

Responsável por projetos que prometem ajudar o Brasil a reduzir as emissões de gases poluentes, a BBF atravessa uma crise financeira que ameaça seus investimentos. A fabricante de biocombustível que atua na Amazônia conseguiu na Justiça uma proteção contra credores por 60 dias enquanto renegocia suas dívidas, em uma tentativa de evitar uma recuperação judicial. No pedido de proteção, apresentado em fevereiro, a empresa afirmou que sua crise decorre do fato de ter virado “‘persona non grata’ no mercado” após uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a instituições financeiras.

Criada em 2008, a BBF começou explorando óleo de palma em São João da Baliza (RR) para a produção de biodiesel. Com o biocombustível, gera energia elétrica em usinas termoelétricas. A empresa tem um projeto para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) que prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus e de R$ 2,5 bilhões no plantio de palma, sua matéria-prima. A companhia também já firmou contrato com a Vibra, que teria exclusividade para distribuir o SAF durante cinco anos.

Hoje, no entanto, a BBF tenta sobreviver a uma crise iniciada há oito meses. Em agosto do ano passado, o CNDH enviou uma carta a bancos em que recomendava que suspendessem empréstimos feitos à BBF “em razão de provável violação dos Princípios do Equador, quanto às práticas socioambientais e violação aos Direitos Humanos e Territoriais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores e agroextrativistas nos Municípios do Acará e Tomé-Açu (no Pará)”. O conselho se referia às atitudes da empresa diante de um conflito fundiário no Pará.

Algumas das áreas em que a companhia cultiva palma no Estado são alvo de disputa com comunidades quilombolas e indígenas. Segundo o Ministério Público do Pará, parte dessas áreas são consideradas públicas - dado que não há um histórico de documentação - e reivindicadas pelas populações tradicionais.

Também em agosto de 2023, poucos dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Belém para participar da Cúpula da Amazônia, quatro indígenas foram baleados por seguranças da companhia. A versão da BBF é que a empresa foi invadida e que fogo foi ateado em seus veículos. Os indígenas, por sua vez, dizem que estavam ocupando um território que entendem ser deles. O caso fez com que o CNDH fosse até as cidades de Acará e Tomé-Açu e, posteriormente, enviasse a carta às instituições bancárias.

No pedido de tutela cautelar, a BBF afirmou que, depois disso, as renovações das linhas de crédito por parte dos bancos foram “subitamente interrompidas”. “A referida Recomendação (feita pelo CNDH) foi uma das, senão a maior, causas da crise financeira pela qual passa o grupo BBF”, escreveram os advogados da empresa.

Unidade da BBF no Pará; empresa fabrica biodiesel a partir de óleo de palma 

Segundo a companhia, uma queda no preço do óleo de palma no mercado internacional também a prejudicou e contribuiu para a escassez de caixa. Desde abril de 2022, quando atingiu um pico, até hoje, o preço recuou 40%.

Sem caixa, a empresa deixou de pagar contas e hoje acumula R$ 43 milhões em protestos. De acordo com o documento apresentado à Justiça, empresas prestadoras de serviços que transportam 3.200 funcionários diariamente ameaçam rescindir contratos.

Ainda na solicitação feita à Justiça, a BBF afirmou que, se o pedido de proteção não fosse atendido, haveria o corte de fornecimento de luz a seus clientes, dado que não seria capaz de comprar combustível para gerar energia. Hoje, a companhia tem 25 usinas em operação e atende 140 mil clientes nos Estados de Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima. Esses consumidores não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional de energia. Portanto, se deixarem de ser abastecidos pela BBF, ficam sem luz.

Também de acordo com a empresa, o CNDH não a consultou “sobre os fatos (os indígenas baleados)” nem a intimou a se manifestar “de qualquer maneira que seja (antes da emissão da carta de recomendação aos bancos)”. Questionada sobre isso, a presidente do CNDH, Marina Ramos, afirmou ser “fato público e notório que os indígenas foram baleados na sede da empresa por funcionários de segurança contratados pela BBF”.

Em nota, a BBF afirmou que “segue reforçando suas práticas na promoção do diálogo aberto e construtivo com as comunidades tradicionais no Estado do Pará, em busca do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico da região”. Disse também que continua “apoiando de forma contínua as autoridades e órgãos envolvidos no caso e confia totalmente no poder judiciário para definitiva solução”.

Em relação à situação financeira, informou que busca uma “solução consensual com seus principais credores, especialmente corporativos, com o objetivo de readequar o fluxo de caixa da empresa e manter a sua normalidade operacional”.

Sobre a probabilidade de cortar o fornecimento de eletricidade, a companhia afirmou que “jamais deixou faltar energia elétrica”. “A Companhia segue focada e aplicando todos os esforços necessários para que não haja risco de abastecimento e impactos na geração de energia, com plano de contingência vigente e consistentemente prestando esclarecimentos sobre seu plano de ação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”

Responsável por projetos que prometem ajudar o Brasil a reduzir as emissões de gases poluentes, a BBF atravessa uma crise financeira que ameaça seus investimentos. A fabricante de biocombustível que atua na Amazônia conseguiu na Justiça uma proteção contra credores por 60 dias enquanto renegocia suas dívidas, em uma tentativa de evitar uma recuperação judicial. No pedido de proteção, apresentado em fevereiro, a empresa afirmou que sua crise decorre do fato de ter virado “‘persona non grata’ no mercado” após uma recomendação feita pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) a instituições financeiras.

Criada em 2008, a BBF começou explorando óleo de palma em São João da Baliza (RR) para a produção de biodiesel. Com o biocombustível, gera energia elétrica em usinas termoelétricas. A empresa tem um projeto para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) que prevê investimentos de R$ 2,2 bilhões em uma biorrefinaria em Manaus e de R$ 2,5 bilhões no plantio de palma, sua matéria-prima. A companhia também já firmou contrato com a Vibra, que teria exclusividade para distribuir o SAF durante cinco anos.

Hoje, no entanto, a BBF tenta sobreviver a uma crise iniciada há oito meses. Em agosto do ano passado, o CNDH enviou uma carta a bancos em que recomendava que suspendessem empréstimos feitos à BBF “em razão de provável violação dos Princípios do Equador, quanto às práticas socioambientais e violação aos Direitos Humanos e Territoriais dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, agricultores e agroextrativistas nos Municípios do Acará e Tomé-Açu (no Pará)”. O conselho se referia às atitudes da empresa diante de um conflito fundiário no Pará.

Algumas das áreas em que a companhia cultiva palma no Estado são alvo de disputa com comunidades quilombolas e indígenas. Segundo o Ministério Público do Pará, parte dessas áreas são consideradas públicas - dado que não há um histórico de documentação - e reivindicadas pelas populações tradicionais.

Também em agosto de 2023, poucos dias antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Belém para participar da Cúpula da Amazônia, quatro indígenas foram baleados por seguranças da companhia. A versão da BBF é que a empresa foi invadida e que fogo foi ateado em seus veículos. Os indígenas, por sua vez, dizem que estavam ocupando um território que entendem ser deles. O caso fez com que o CNDH fosse até as cidades de Acará e Tomé-Açu e, posteriormente, enviasse a carta às instituições bancárias.

No pedido de tutela cautelar, a BBF afirmou que, depois disso, as renovações das linhas de crédito por parte dos bancos foram “subitamente interrompidas”. “A referida Recomendação (feita pelo CNDH) foi uma das, senão a maior, causas da crise financeira pela qual passa o grupo BBF”, escreveram os advogados da empresa.

Unidade da BBF no Pará; empresa fabrica biodiesel a partir de óleo de palma 

Segundo a companhia, uma queda no preço do óleo de palma no mercado internacional também a prejudicou e contribuiu para a escassez de caixa. Desde abril de 2022, quando atingiu um pico, até hoje, o preço recuou 40%.

Sem caixa, a empresa deixou de pagar contas e hoje acumula R$ 43 milhões em protestos. De acordo com o documento apresentado à Justiça, empresas prestadoras de serviços que transportam 3.200 funcionários diariamente ameaçam rescindir contratos.

Ainda na solicitação feita à Justiça, a BBF afirmou que, se o pedido de proteção não fosse atendido, haveria o corte de fornecimento de luz a seus clientes, dado que não seria capaz de comprar combustível para gerar energia. Hoje, a companhia tem 25 usinas em operação e atende 140 mil clientes nos Estados de Acre, Rondônia, Amazonas e Roraima. Esses consumidores não estão conectados ao Sistema Interligado Nacional de energia. Portanto, se deixarem de ser abastecidos pela BBF, ficam sem luz.

Também de acordo com a empresa, o CNDH não a consultou “sobre os fatos (os indígenas baleados)” nem a intimou a se manifestar “de qualquer maneira que seja (antes da emissão da carta de recomendação aos bancos)”. Questionada sobre isso, a presidente do CNDH, Marina Ramos, afirmou ser “fato público e notório que os indígenas foram baleados na sede da empresa por funcionários de segurança contratados pela BBF”.

Em nota, a BBF afirmou que “segue reforçando suas práticas na promoção do diálogo aberto e construtivo com as comunidades tradicionais no Estado do Pará, em busca do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico da região”. Disse também que continua “apoiando de forma contínua as autoridades e órgãos envolvidos no caso e confia totalmente no poder judiciário para definitiva solução”.

Em relação à situação financeira, informou que busca uma “solução consensual com seus principais credores, especialmente corporativos, com o objetivo de readequar o fluxo de caixa da empresa e manter a sua normalidade operacional”.

Sobre a probabilidade de cortar o fornecimento de eletricidade, a companhia afirmou que “jamais deixou faltar energia elétrica”. “A Companhia segue focada e aplicando todos os esforços necessários para que não haja risco de abastecimento e impactos na geração de energia, com plano de contingência vigente e consistentemente prestando esclarecimentos sobre seu plano de ação à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).”

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.