Bicicletas elétricas vivem ‘boom’ no País e fabricantes prometem modelos mais acessíveis


Esses modelos, que no ano passado eram 2% do mercado de bicicletas, agora já são 4,5%; bikes mais caras podem chegar a custar R$ 70 mil

Por Lílian Cunha

“No Itaim, virou uma febre”, resume o assessor de investimentos Diego Martinez. Ele e mais uma horda de outras pessoas que trabalham na região da Faria Lima aderiram a essa tendência que vem ganhando espaço em São Paulo: a bicicleta elétrica.

E não é só na capital paulista. Em todo o Brasil a procura por esse tipo de bicicleta, movida não somente a pedal, mas também por uma bateria, tem crescido exponencialmente. “Nos últimos cinco anos, os modelos elétricos apresentaram um crescimento de 289% nos volumes de produção no País, com impacto positivo no faturamento de toda a cadeia industrial: a bicicleta elétrica veio para ficar e facilitar a vida do consumidor”, diz Sergio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, a entidade que representa as fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus.

Martinez reduziu de 30 para 10 minutos o tempo que leva para chegar ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão
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De janeiro a junho, segundo a entidade, a produção nacional cresceu 64,5% em relação a 2023, chegando a 8,2 mil unidades. As elétricas, que no ano passado eram 2% do mercado de bicicletas, agora já são 4,5%.

Os números da entidade não abrangem a fatia de importadas, que é metade do mercado hoje. Mas Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, a entidade que representa as fabricantes que estão fora de Manaus, concorda em dizer que o mercado está em franca ascensão. “Não é só por causa dos entregadores de aplicativo. As pessoas encontraram na bicicleta elétrica uma forma saudável de se movimentar pelas cidades sem perder tempo e sem fazer muito esforço, diz.

Martinez, o assessor de investimentos citado anteriormente, concorda. Ele levava pelo menos 30 minutos de carro para ir da sua casa, no bairro Vila Olímpia, para o Itaim Bibi, onde trabalha. Agora, com a bicicleta, faz o trajeto em 10 minutos e nem precisa se trocar quando chega. “Nem suo”, diz ele, que comprou uma bicicleta de pedal assistido por R$ 9 mil.

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Pedal assistido é a categoria de bicicletas que não tem acelerador. O motor, movido a bateria, é acionado conforme a pessoa pedala. Enquanto ele trabalha, deixa a bicicleta no estacionamento do prédio, carregando. “A bike não foi barata. Mas considerando o que gastava com combustível e estacionamento, a economia em um ano vai pagar o investimento”, diz.

O que provocou esse “boom”?

O principal fator para o crescimento desse mercado foi uma mudança nas baterias: há alguns anos elas deixaram de ser de chumbo para serem de lítio. “Isso deixou as bicicletas muito mais leves e fáceis de pedalar”, diz Guth. De 22 quilos em média, elas passaram a ter 18, segundo David Peterle, diretor da Oggi Bikes, que produz bicicletas elétricas em Manaus.

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Fábrica de bicicletas Oggi, em Manaus Foto: Oggi/Divulgação

Outro ponto facilitador foi a aprovação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no segundo semestre de 2023, da resolução n.º 996, que define as regras para uso em vias públicas de bicicletas elétricas. O conselho dispensou a obrigação de placas ou de habilitação para as bicicletas com pedal assistido e liberou seu uso nas ciclovias.

Esse tipo de estrutura na cidade - além dos bicicletários , para deixar as elétricas em segurança - é muito importante para o crescimento desse mercado. Eduardo Rocha, diretor de marketing da fabricante Caloi, é a favor de que a estrutura de ciclovias e de bicicletários evolua sempre. A empresa foi comprada em 2021 pela holandesa Pon Holdings, que é dona de marcas famosas como Cannondale e Schwinn.

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Mas ainda há entraves que brecam essa evolução. O maior deles é o preço e a falta de financiamento bancário para os consumidores. Uma bicicleta elétrica não sai por menos de R$ 5 mil ou R$ 6 mil. Modelos mais completos e tecnológicos podem chegar a R$ 70 mil. “Como não é um bem fácil de alienar, como um automóvel, os bancos não fazem financiamento”, explica Guth.

Por isso, muita gente, especialmente os entregadores, recorre ao kit de conversão, que coloca bateria e motor numa bicicleta comum. Nesse caso, o investimento fica em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. “Existem fabricantes de kits que ponderam o modelo da bicicleta e suas especificações e a conversão fica boa. Mas há kits genéricos vendidos na internet que podem representar perigo até de rachar o quadro da bicicleta”, explica Guth. Há também empresas que alugam bicicletas elétricas para entregadores. O aluguel sai em média por R$ 500 ao mês.

Bikes ‘populares’

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De olho na expansão desse mercado mais popular, a Caloi está trabalhando num modelo de elétrica mais barato. O segredo, segundo Eduardo Rocha, está na bateria. “A maioria dos modelos tem autonomia de 100 quilômetros. Mas as pessoas pedalam em média 20 quilômetros. Então, vamos desenvolver uma bateria com uma autonomia menor, que vai atender os ciclistas da mesma maneira, e isso deve baratear em 20% o preço final”, diz.

Rocha, da Caloi, diz que empresa aposta em mudança na bateria para reduzir preços Foto: Ale Moreira/Caloi

Também é importante, segundo o executivo, oferecer ao consumidor logística reversa e a troca da bateria quando a vida útil dela acabar, para que ela possa ser trocada sem problemas. Uma bateria dura em média de 500 a 1000 ciclos de recarga, com 6 horas de autonomia cada um.

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O próprio Rocha é um usuário de bike elétrica. De carro, costumava gastar cerca de uma hora para ir de sua casa, no Morumbi, e chegar ao trabalho, na região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Hoje, faz o percurso em 20 minutos.

A Oggi é outra empresa que está trabalhando no desenvolvimento de um modelo mais barato, para atingir uma camada maior da população. “Devemos lançar no ano que vem”, diz Peterle, que está animado com o novo modelo.

A empresa vendeu 9 mil bicicletas elétricas no ano passado. Este ano, deve chegar a 20 mil unidades. “Esse é um mercado que veio para ficar. Não é moda. É uma tendência que ainda tem muito potencial de crescimento”, diz Peterle, que pedala de Santo Amaro, onde mora, até a região dos Campos Elíseos, todos os dias, para ir e voltar do trabalho. São 20 quilômetros de ida e mais 20 na volta. “Eu fazia em uma hora e meia de carro. Agora levo 50 minutos na bicicleta elétrica, tudo por ciclovias.”

O dentista Murai diz que hoje chega mais calmo ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

No final das contas, o que move uma pessoa a tirar R$ 6 mil do bolso para gastar numa e-bike é que elas não querem mais ficar paradas no trânsito, já que precisaram voltar aos escritórios depois da pandemia. E também não querem subir morro e chegar pingando e já cansadas ao trabalho.

Esse é o caso do dentista Breno Murai. “Antes, eu ia de carro e já ia atendendo no meio do caminho, usando o celular. Bati o carro duas vezes”, lembra. Ele levava 30 minutos da Aclimação ao Ibirapuera, onde fica seu consultório. Gastava R$ 70 de táxi todos os dias. “Agora vou de elétrica, e é um passeio. Chego para trabalhar muito mais calmo. Só pedalo se quiser e nem suo. E é impressionante a mudança na qualidade de vida. Eu me desconecto”, diz ele, que há pouco mais de um mês pagou R$ 6 mil numa elétrica. “Calculo que em três meses, o que eu vou economizar de táxi paga a bicicleta.”

“No Itaim, virou uma febre”, resume o assessor de investimentos Diego Martinez. Ele e mais uma horda de outras pessoas que trabalham na região da Faria Lima aderiram a essa tendência que vem ganhando espaço em São Paulo: a bicicleta elétrica.

E não é só na capital paulista. Em todo o Brasil a procura por esse tipo de bicicleta, movida não somente a pedal, mas também por uma bateria, tem crescido exponencialmente. “Nos últimos cinco anos, os modelos elétricos apresentaram um crescimento de 289% nos volumes de produção no País, com impacto positivo no faturamento de toda a cadeia industrial: a bicicleta elétrica veio para ficar e facilitar a vida do consumidor”, diz Sergio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, a entidade que representa as fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus.

Martinez reduziu de 30 para 10 minutos o tempo que leva para chegar ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

De janeiro a junho, segundo a entidade, a produção nacional cresceu 64,5% em relação a 2023, chegando a 8,2 mil unidades. As elétricas, que no ano passado eram 2% do mercado de bicicletas, agora já são 4,5%.

Os números da entidade não abrangem a fatia de importadas, que é metade do mercado hoje. Mas Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, a entidade que representa as fabricantes que estão fora de Manaus, concorda em dizer que o mercado está em franca ascensão. “Não é só por causa dos entregadores de aplicativo. As pessoas encontraram na bicicleta elétrica uma forma saudável de se movimentar pelas cidades sem perder tempo e sem fazer muito esforço, diz.

Martinez, o assessor de investimentos citado anteriormente, concorda. Ele levava pelo menos 30 minutos de carro para ir da sua casa, no bairro Vila Olímpia, para o Itaim Bibi, onde trabalha. Agora, com a bicicleta, faz o trajeto em 10 minutos e nem precisa se trocar quando chega. “Nem suo”, diz ele, que comprou uma bicicleta de pedal assistido por R$ 9 mil.

Pedal assistido é a categoria de bicicletas que não tem acelerador. O motor, movido a bateria, é acionado conforme a pessoa pedala. Enquanto ele trabalha, deixa a bicicleta no estacionamento do prédio, carregando. “A bike não foi barata. Mas considerando o que gastava com combustível e estacionamento, a economia em um ano vai pagar o investimento”, diz.

O que provocou esse “boom”?

O principal fator para o crescimento desse mercado foi uma mudança nas baterias: há alguns anos elas deixaram de ser de chumbo para serem de lítio. “Isso deixou as bicicletas muito mais leves e fáceis de pedalar”, diz Guth. De 22 quilos em média, elas passaram a ter 18, segundo David Peterle, diretor da Oggi Bikes, que produz bicicletas elétricas em Manaus.

Fábrica de bicicletas Oggi, em Manaus Foto: Oggi/Divulgação

Outro ponto facilitador foi a aprovação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no segundo semestre de 2023, da resolução n.º 996, que define as regras para uso em vias públicas de bicicletas elétricas. O conselho dispensou a obrigação de placas ou de habilitação para as bicicletas com pedal assistido e liberou seu uso nas ciclovias.

Esse tipo de estrutura na cidade - além dos bicicletários , para deixar as elétricas em segurança - é muito importante para o crescimento desse mercado. Eduardo Rocha, diretor de marketing da fabricante Caloi, é a favor de que a estrutura de ciclovias e de bicicletários evolua sempre. A empresa foi comprada em 2021 pela holandesa Pon Holdings, que é dona de marcas famosas como Cannondale e Schwinn.

Mas ainda há entraves que brecam essa evolução. O maior deles é o preço e a falta de financiamento bancário para os consumidores. Uma bicicleta elétrica não sai por menos de R$ 5 mil ou R$ 6 mil. Modelos mais completos e tecnológicos podem chegar a R$ 70 mil. “Como não é um bem fácil de alienar, como um automóvel, os bancos não fazem financiamento”, explica Guth.

Por isso, muita gente, especialmente os entregadores, recorre ao kit de conversão, que coloca bateria e motor numa bicicleta comum. Nesse caso, o investimento fica em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. “Existem fabricantes de kits que ponderam o modelo da bicicleta e suas especificações e a conversão fica boa. Mas há kits genéricos vendidos na internet que podem representar perigo até de rachar o quadro da bicicleta”, explica Guth. Há também empresas que alugam bicicletas elétricas para entregadores. O aluguel sai em média por R$ 500 ao mês.

Bikes ‘populares’

De olho na expansão desse mercado mais popular, a Caloi está trabalhando num modelo de elétrica mais barato. O segredo, segundo Eduardo Rocha, está na bateria. “A maioria dos modelos tem autonomia de 100 quilômetros. Mas as pessoas pedalam em média 20 quilômetros. Então, vamos desenvolver uma bateria com uma autonomia menor, que vai atender os ciclistas da mesma maneira, e isso deve baratear em 20% o preço final”, diz.

Rocha, da Caloi, diz que empresa aposta em mudança na bateria para reduzir preços Foto: Ale Moreira/Caloi

Também é importante, segundo o executivo, oferecer ao consumidor logística reversa e a troca da bateria quando a vida útil dela acabar, para que ela possa ser trocada sem problemas. Uma bateria dura em média de 500 a 1000 ciclos de recarga, com 6 horas de autonomia cada um.

O próprio Rocha é um usuário de bike elétrica. De carro, costumava gastar cerca de uma hora para ir de sua casa, no Morumbi, e chegar ao trabalho, na região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Hoje, faz o percurso em 20 minutos.

A Oggi é outra empresa que está trabalhando no desenvolvimento de um modelo mais barato, para atingir uma camada maior da população. “Devemos lançar no ano que vem”, diz Peterle, que está animado com o novo modelo.

A empresa vendeu 9 mil bicicletas elétricas no ano passado. Este ano, deve chegar a 20 mil unidades. “Esse é um mercado que veio para ficar. Não é moda. É uma tendência que ainda tem muito potencial de crescimento”, diz Peterle, que pedala de Santo Amaro, onde mora, até a região dos Campos Elíseos, todos os dias, para ir e voltar do trabalho. São 20 quilômetros de ida e mais 20 na volta. “Eu fazia em uma hora e meia de carro. Agora levo 50 minutos na bicicleta elétrica, tudo por ciclovias.”

O dentista Murai diz que hoje chega mais calmo ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

No final das contas, o que move uma pessoa a tirar R$ 6 mil do bolso para gastar numa e-bike é que elas não querem mais ficar paradas no trânsito, já que precisaram voltar aos escritórios depois da pandemia. E também não querem subir morro e chegar pingando e já cansadas ao trabalho.

Esse é o caso do dentista Breno Murai. “Antes, eu ia de carro e já ia atendendo no meio do caminho, usando o celular. Bati o carro duas vezes”, lembra. Ele levava 30 minutos da Aclimação ao Ibirapuera, onde fica seu consultório. Gastava R$ 70 de táxi todos os dias. “Agora vou de elétrica, e é um passeio. Chego para trabalhar muito mais calmo. Só pedalo se quiser e nem suo. E é impressionante a mudança na qualidade de vida. Eu me desconecto”, diz ele, que há pouco mais de um mês pagou R$ 6 mil numa elétrica. “Calculo que em três meses, o que eu vou economizar de táxi paga a bicicleta.”

“No Itaim, virou uma febre”, resume o assessor de investimentos Diego Martinez. Ele e mais uma horda de outras pessoas que trabalham na região da Faria Lima aderiram a essa tendência que vem ganhando espaço em São Paulo: a bicicleta elétrica.

E não é só na capital paulista. Em todo o Brasil a procura por esse tipo de bicicleta, movida não somente a pedal, mas também por uma bateria, tem crescido exponencialmente. “Nos últimos cinco anos, os modelos elétricos apresentaram um crescimento de 289% nos volumes de produção no País, com impacto positivo no faturamento de toda a cadeia industrial: a bicicleta elétrica veio para ficar e facilitar a vida do consumidor”, diz Sergio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, a entidade que representa as fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus.

Martinez reduziu de 30 para 10 minutos o tempo que leva para chegar ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

De janeiro a junho, segundo a entidade, a produção nacional cresceu 64,5% em relação a 2023, chegando a 8,2 mil unidades. As elétricas, que no ano passado eram 2% do mercado de bicicletas, agora já são 4,5%.

Os números da entidade não abrangem a fatia de importadas, que é metade do mercado hoje. Mas Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, a entidade que representa as fabricantes que estão fora de Manaus, concorda em dizer que o mercado está em franca ascensão. “Não é só por causa dos entregadores de aplicativo. As pessoas encontraram na bicicleta elétrica uma forma saudável de se movimentar pelas cidades sem perder tempo e sem fazer muito esforço, diz.

Martinez, o assessor de investimentos citado anteriormente, concorda. Ele levava pelo menos 30 minutos de carro para ir da sua casa, no bairro Vila Olímpia, para o Itaim Bibi, onde trabalha. Agora, com a bicicleta, faz o trajeto em 10 minutos e nem precisa se trocar quando chega. “Nem suo”, diz ele, que comprou uma bicicleta de pedal assistido por R$ 9 mil.

Pedal assistido é a categoria de bicicletas que não tem acelerador. O motor, movido a bateria, é acionado conforme a pessoa pedala. Enquanto ele trabalha, deixa a bicicleta no estacionamento do prédio, carregando. “A bike não foi barata. Mas considerando o que gastava com combustível e estacionamento, a economia em um ano vai pagar o investimento”, diz.

O que provocou esse “boom”?

O principal fator para o crescimento desse mercado foi uma mudança nas baterias: há alguns anos elas deixaram de ser de chumbo para serem de lítio. “Isso deixou as bicicletas muito mais leves e fáceis de pedalar”, diz Guth. De 22 quilos em média, elas passaram a ter 18, segundo David Peterle, diretor da Oggi Bikes, que produz bicicletas elétricas em Manaus.

Fábrica de bicicletas Oggi, em Manaus Foto: Oggi/Divulgação

Outro ponto facilitador foi a aprovação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no segundo semestre de 2023, da resolução n.º 996, que define as regras para uso em vias públicas de bicicletas elétricas. O conselho dispensou a obrigação de placas ou de habilitação para as bicicletas com pedal assistido e liberou seu uso nas ciclovias.

Esse tipo de estrutura na cidade - além dos bicicletários , para deixar as elétricas em segurança - é muito importante para o crescimento desse mercado. Eduardo Rocha, diretor de marketing da fabricante Caloi, é a favor de que a estrutura de ciclovias e de bicicletários evolua sempre. A empresa foi comprada em 2021 pela holandesa Pon Holdings, que é dona de marcas famosas como Cannondale e Schwinn.

Mas ainda há entraves que brecam essa evolução. O maior deles é o preço e a falta de financiamento bancário para os consumidores. Uma bicicleta elétrica não sai por menos de R$ 5 mil ou R$ 6 mil. Modelos mais completos e tecnológicos podem chegar a R$ 70 mil. “Como não é um bem fácil de alienar, como um automóvel, os bancos não fazem financiamento”, explica Guth.

Por isso, muita gente, especialmente os entregadores, recorre ao kit de conversão, que coloca bateria e motor numa bicicleta comum. Nesse caso, o investimento fica em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. “Existem fabricantes de kits que ponderam o modelo da bicicleta e suas especificações e a conversão fica boa. Mas há kits genéricos vendidos na internet que podem representar perigo até de rachar o quadro da bicicleta”, explica Guth. Há também empresas que alugam bicicletas elétricas para entregadores. O aluguel sai em média por R$ 500 ao mês.

Bikes ‘populares’

De olho na expansão desse mercado mais popular, a Caloi está trabalhando num modelo de elétrica mais barato. O segredo, segundo Eduardo Rocha, está na bateria. “A maioria dos modelos tem autonomia de 100 quilômetros. Mas as pessoas pedalam em média 20 quilômetros. Então, vamos desenvolver uma bateria com uma autonomia menor, que vai atender os ciclistas da mesma maneira, e isso deve baratear em 20% o preço final”, diz.

Rocha, da Caloi, diz que empresa aposta em mudança na bateria para reduzir preços Foto: Ale Moreira/Caloi

Também é importante, segundo o executivo, oferecer ao consumidor logística reversa e a troca da bateria quando a vida útil dela acabar, para que ela possa ser trocada sem problemas. Uma bateria dura em média de 500 a 1000 ciclos de recarga, com 6 horas de autonomia cada um.

O próprio Rocha é um usuário de bike elétrica. De carro, costumava gastar cerca de uma hora para ir de sua casa, no Morumbi, e chegar ao trabalho, na região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Hoje, faz o percurso em 20 minutos.

A Oggi é outra empresa que está trabalhando no desenvolvimento de um modelo mais barato, para atingir uma camada maior da população. “Devemos lançar no ano que vem”, diz Peterle, que está animado com o novo modelo.

A empresa vendeu 9 mil bicicletas elétricas no ano passado. Este ano, deve chegar a 20 mil unidades. “Esse é um mercado que veio para ficar. Não é moda. É uma tendência que ainda tem muito potencial de crescimento”, diz Peterle, que pedala de Santo Amaro, onde mora, até a região dos Campos Elíseos, todos os dias, para ir e voltar do trabalho. São 20 quilômetros de ida e mais 20 na volta. “Eu fazia em uma hora e meia de carro. Agora levo 50 minutos na bicicleta elétrica, tudo por ciclovias.”

O dentista Murai diz que hoje chega mais calmo ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

No final das contas, o que move uma pessoa a tirar R$ 6 mil do bolso para gastar numa e-bike é que elas não querem mais ficar paradas no trânsito, já que precisaram voltar aos escritórios depois da pandemia. E também não querem subir morro e chegar pingando e já cansadas ao trabalho.

Esse é o caso do dentista Breno Murai. “Antes, eu ia de carro e já ia atendendo no meio do caminho, usando o celular. Bati o carro duas vezes”, lembra. Ele levava 30 minutos da Aclimação ao Ibirapuera, onde fica seu consultório. Gastava R$ 70 de táxi todos os dias. “Agora vou de elétrica, e é um passeio. Chego para trabalhar muito mais calmo. Só pedalo se quiser e nem suo. E é impressionante a mudança na qualidade de vida. Eu me desconecto”, diz ele, que há pouco mais de um mês pagou R$ 6 mil numa elétrica. “Calculo que em três meses, o que eu vou economizar de táxi paga a bicicleta.”

“No Itaim, virou uma febre”, resume o assessor de investimentos Diego Martinez. Ele e mais uma horda de outras pessoas que trabalham na região da Faria Lima aderiram a essa tendência que vem ganhando espaço em São Paulo: a bicicleta elétrica.

E não é só na capital paulista. Em todo o Brasil a procura por esse tipo de bicicleta, movida não somente a pedal, mas também por uma bateria, tem crescido exponencialmente. “Nos últimos cinco anos, os modelos elétricos apresentaram um crescimento de 289% nos volumes de produção no País, com impacto positivo no faturamento de toda a cadeia industrial: a bicicleta elétrica veio para ficar e facilitar a vida do consumidor”, diz Sergio Oliveira, diretor executivo da Abraciclo, a entidade que representa as fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus.

Martinez reduziu de 30 para 10 minutos o tempo que leva para chegar ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

De janeiro a junho, segundo a entidade, a produção nacional cresceu 64,5% em relação a 2023, chegando a 8,2 mil unidades. As elétricas, que no ano passado eram 2% do mercado de bicicletas, agora já são 4,5%.

Os números da entidade não abrangem a fatia de importadas, que é metade do mercado hoje. Mas Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, a entidade que representa as fabricantes que estão fora de Manaus, concorda em dizer que o mercado está em franca ascensão. “Não é só por causa dos entregadores de aplicativo. As pessoas encontraram na bicicleta elétrica uma forma saudável de se movimentar pelas cidades sem perder tempo e sem fazer muito esforço, diz.

Martinez, o assessor de investimentos citado anteriormente, concorda. Ele levava pelo menos 30 minutos de carro para ir da sua casa, no bairro Vila Olímpia, para o Itaim Bibi, onde trabalha. Agora, com a bicicleta, faz o trajeto em 10 minutos e nem precisa se trocar quando chega. “Nem suo”, diz ele, que comprou uma bicicleta de pedal assistido por R$ 9 mil.

Pedal assistido é a categoria de bicicletas que não tem acelerador. O motor, movido a bateria, é acionado conforme a pessoa pedala. Enquanto ele trabalha, deixa a bicicleta no estacionamento do prédio, carregando. “A bike não foi barata. Mas considerando o que gastava com combustível e estacionamento, a economia em um ano vai pagar o investimento”, diz.

O que provocou esse “boom”?

O principal fator para o crescimento desse mercado foi uma mudança nas baterias: há alguns anos elas deixaram de ser de chumbo para serem de lítio. “Isso deixou as bicicletas muito mais leves e fáceis de pedalar”, diz Guth. De 22 quilos em média, elas passaram a ter 18, segundo David Peterle, diretor da Oggi Bikes, que produz bicicletas elétricas em Manaus.

Fábrica de bicicletas Oggi, em Manaus Foto: Oggi/Divulgação

Outro ponto facilitador foi a aprovação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), no segundo semestre de 2023, da resolução n.º 996, que define as regras para uso em vias públicas de bicicletas elétricas. O conselho dispensou a obrigação de placas ou de habilitação para as bicicletas com pedal assistido e liberou seu uso nas ciclovias.

Esse tipo de estrutura na cidade - além dos bicicletários , para deixar as elétricas em segurança - é muito importante para o crescimento desse mercado. Eduardo Rocha, diretor de marketing da fabricante Caloi, é a favor de que a estrutura de ciclovias e de bicicletários evolua sempre. A empresa foi comprada em 2021 pela holandesa Pon Holdings, que é dona de marcas famosas como Cannondale e Schwinn.

Mas ainda há entraves que brecam essa evolução. O maior deles é o preço e a falta de financiamento bancário para os consumidores. Uma bicicleta elétrica não sai por menos de R$ 5 mil ou R$ 6 mil. Modelos mais completos e tecnológicos podem chegar a R$ 70 mil. “Como não é um bem fácil de alienar, como um automóvel, os bancos não fazem financiamento”, explica Guth.

Por isso, muita gente, especialmente os entregadores, recorre ao kit de conversão, que coloca bateria e motor numa bicicleta comum. Nesse caso, o investimento fica em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil. “Existem fabricantes de kits que ponderam o modelo da bicicleta e suas especificações e a conversão fica boa. Mas há kits genéricos vendidos na internet que podem representar perigo até de rachar o quadro da bicicleta”, explica Guth. Há também empresas que alugam bicicletas elétricas para entregadores. O aluguel sai em média por R$ 500 ao mês.

Bikes ‘populares’

De olho na expansão desse mercado mais popular, a Caloi está trabalhando num modelo de elétrica mais barato. O segredo, segundo Eduardo Rocha, está na bateria. “A maioria dos modelos tem autonomia de 100 quilômetros. Mas as pessoas pedalam em média 20 quilômetros. Então, vamos desenvolver uma bateria com uma autonomia menor, que vai atender os ciclistas da mesma maneira, e isso deve baratear em 20% o preço final”, diz.

Rocha, da Caloi, diz que empresa aposta em mudança na bateria para reduzir preços Foto: Ale Moreira/Caloi

Também é importante, segundo o executivo, oferecer ao consumidor logística reversa e a troca da bateria quando a vida útil dela acabar, para que ela possa ser trocada sem problemas. Uma bateria dura em média de 500 a 1000 ciclos de recarga, com 6 horas de autonomia cada um.

O próprio Rocha é um usuário de bike elétrica. De carro, costumava gastar cerca de uma hora para ir de sua casa, no Morumbi, e chegar ao trabalho, na região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Hoje, faz o percurso em 20 minutos.

A Oggi é outra empresa que está trabalhando no desenvolvimento de um modelo mais barato, para atingir uma camada maior da população. “Devemos lançar no ano que vem”, diz Peterle, que está animado com o novo modelo.

A empresa vendeu 9 mil bicicletas elétricas no ano passado. Este ano, deve chegar a 20 mil unidades. “Esse é um mercado que veio para ficar. Não é moda. É uma tendência que ainda tem muito potencial de crescimento”, diz Peterle, que pedala de Santo Amaro, onde mora, até a região dos Campos Elíseos, todos os dias, para ir e voltar do trabalho. São 20 quilômetros de ida e mais 20 na volta. “Eu fazia em uma hora e meia de carro. Agora levo 50 minutos na bicicleta elétrica, tudo por ciclovias.”

O dentista Murai diz que hoje chega mais calmo ao trabalho  Foto: Isabella Finholdt/Estadão

No final das contas, o que move uma pessoa a tirar R$ 6 mil do bolso para gastar numa e-bike é que elas não querem mais ficar paradas no trânsito, já que precisaram voltar aos escritórios depois da pandemia. E também não querem subir morro e chegar pingando e já cansadas ao trabalho.

Esse é o caso do dentista Breno Murai. “Antes, eu ia de carro e já ia atendendo no meio do caminho, usando o celular. Bati o carro duas vezes”, lembra. Ele levava 30 minutos da Aclimação ao Ibirapuera, onde fica seu consultório. Gastava R$ 70 de táxi todos os dias. “Agora vou de elétrica, e é um passeio. Chego para trabalhar muito mais calmo. Só pedalo se quiser e nem suo. E é impressionante a mudança na qualidade de vida. Eu me desconecto”, diz ele, que há pouco mais de um mês pagou R$ 6 mil numa elétrica. “Calculo que em três meses, o que eu vou economizar de táxi paga a bicicleta.”

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