Bradesco sinaliza que 2024 não será o ano da virada para o banco, e ações despencam


Presidente Marcelo Noronha reconheceu que resultados ficaram abaixo do esperado e classificou 2024 como um ‘ano de transição’: ‘Não tem bala de prata’

Por Matheus Piovesana e Altamiro Silva Junior
Atualização:

Os resultados do Bradesco no quarto trimestre de 2023 reverteram a euforia que o mercado vinha demonstrando com o banco diante da perspectiva de um novo plano estratégico e da melhora da economia do País. Nesta quarta-feira, 7, as ações preferenciais do banco chegaram a despencar cerca de 16% na Bolsa, em um ajuste das expectativas para este ano após o banco afirmar que a melhora não virá de uma hora para outra, como parte dos analistas vinha projetando.

O lucro líquido recorrente do Bradesco caiu 21,2% em 2023, para R$ 16,297 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recuou para 10% no acumulado do ano, contra 13,1% em 2022. No quarto trimestre, o resultado foi de R$ 2,878 bilhões, alta de 80,4%, explicada pela contabilização, no mesmo período de 2022, de R$ 4,9 bilhões em provisões para os créditos da Americanas. Ainda assim, o número ficou 38% abaixo do esperado pelas casas consultadas pelo Estadão/Broadcast.

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, reconheceu que os resultados foram abaixo do que se esperava — agravados por provisões adicionais que o banco fez para duas grandes empresas, que não tiveram o nome revelado. “Não era o resultado que a gente queria entregar”, disse ele.

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A sinalização mais importante foi a de que 2024 não será, ainda, o ano da virada. “Eu não tenho a expectativa de virar o jogo neste ano. É um ano de transição”, disse ele a jornalistas nesta quarta. “Não estamos reinventando a roda, não tem bala de prata.”

Baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Bradesco projeta que a carteira de crédito crescerá até 11% neste ano, após cair 1,6% em 2023. Embora a qualidade de crédito dê sinais de melhoria, o banco espera que as provisões contra a inadimplência fiquem próximas às do ano passado, graças à retomada da carteira e à busca por linhas de crédito mais rentáveis, que também apresentam risco mais elevado.

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“O guidance (indicação sobre o desempenho futuro) do Bradesco para 2024 indica um longo caminho para que o banco volte aos patamares de lucro pré-pandemia”, afirmou o analista Daniel Vaz, do Safra, em relatório a clientes. De acordo com ele, as projeções informadas ao mercado apontam para um lucro da ordem de R$ 18,5 bilhões neste ano, 18% abaixo do que a casa vinha projetando.

Visão parecida foi expressa por Rafael Reis, do BB Investimentos. “Com uma carteira de crédito em expansão tímida, receitas de juros baixas por conta do mix mais conservador construído no período pós-pandemia, e inadimplência ainda elevada, os números do Bradesco tendem a permanecer pouco animadores no curto prazo”, afirmou ele.

Mais dois anos

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Noronha afirmou que o objetivo do banco é aumentar a rentabilidade trimestre a trimestre, mas também definiu o processo como uma caminhada “passo a passo”. “Nós podemos superar o nosso custo de capital em 2026″, disse ele ao se referir ao ROE do banco. “Não vamos virar a chave em um trimestre, é passo a passo.”

O baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022, um ciclo interrompido pela alta dos juros e da inflação há dois anos. “Nós reduzimos o apetite a risco, freando um pouco mais o crédito em 2023.” Segundo ele, o banco pagou parte da conta em 2022 e 2023 e ainda terá de equacionar um último pedaço neste ano.

Ainda assim, o banco considera que este é o momento de retomar as concessões de crédito em segmentos e linhas em que a produção foi reduzida nos últimos 18 meses. “Nós estamos buscando margem com clientes, mas com as perdas adequadas”, afirmou Noronha. Segundo ele, o Bradesco aprimorou os modelos de crédito ao longo de 2023 e começou a colocá-los em funcionamento no final do ano passado, com resultados positivos sobre os índices de inadimplência.

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O lado positivo

Se teve como efeito amargo o menor crescimento do crédito e das receitas, o freio aplicado pelo banco consolidou a queda nos índices de atraso. O índice acima de 90 dias caiu de 5,6% para 5,1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, sendo que, na carteira de pessoas físicas, a baixa foi de 6,6% para 5,9%. “Nós estamos com uma inadimplência decrescente em todos os segmentos”, afirmou Noronha durante a coletiva de imprensa.

O analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, afirmou em relatório que a melhoria da qualidade dos ativos foi sólida. “Em termos absolutos, a entrada em atraso melhorou pelo terceiro trimestre consecutivo, com uma queda de 19% em três meses”, escreveu ele, destacando ainda que o reforço das provisões do Bradesco contra a inadimplência, de R$ 10,564 bilhões, foi maior que os novos atrasos, que somaram R$ 8,066 bilhões.

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Se nas pessoas físicas a melhora foi ampla, o mesmo não aconteceu entre as grandes empresas. A inadimplência do segmento saiu de 0,1% para 0,6% em um ano, afetada pelos empréstimos da Americanas, que entraram em atraso ao longo de 2023. Além disso, o Bradesco teve de separar cerca de R$ 1,4 bilhão em provisões adicionais para clientes do atacado cuja qualidade de crédito piorou. “O nosso quarto trimestre poderia ter tido um lucro de R$ 4,3 bilhões”, afirmou Noronha.

Os resultados do Bradesco no quarto trimestre de 2023 reverteram a euforia que o mercado vinha demonstrando com o banco diante da perspectiva de um novo plano estratégico e da melhora da economia do País. Nesta quarta-feira, 7, as ações preferenciais do banco chegaram a despencar cerca de 16% na Bolsa, em um ajuste das expectativas para este ano após o banco afirmar que a melhora não virá de uma hora para outra, como parte dos analistas vinha projetando.

O lucro líquido recorrente do Bradesco caiu 21,2% em 2023, para R$ 16,297 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recuou para 10% no acumulado do ano, contra 13,1% em 2022. No quarto trimestre, o resultado foi de R$ 2,878 bilhões, alta de 80,4%, explicada pela contabilização, no mesmo período de 2022, de R$ 4,9 bilhões em provisões para os créditos da Americanas. Ainda assim, o número ficou 38% abaixo do esperado pelas casas consultadas pelo Estadão/Broadcast.

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, reconheceu que os resultados foram abaixo do que se esperava — agravados por provisões adicionais que o banco fez para duas grandes empresas, que não tiveram o nome revelado. “Não era o resultado que a gente queria entregar”, disse ele.

A sinalização mais importante foi a de que 2024 não será, ainda, o ano da virada. “Eu não tenho a expectativa de virar o jogo neste ano. É um ano de transição”, disse ele a jornalistas nesta quarta. “Não estamos reinventando a roda, não tem bala de prata.”

Baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Bradesco projeta que a carteira de crédito crescerá até 11% neste ano, após cair 1,6% em 2023. Embora a qualidade de crédito dê sinais de melhoria, o banco espera que as provisões contra a inadimplência fiquem próximas às do ano passado, graças à retomada da carteira e à busca por linhas de crédito mais rentáveis, que também apresentam risco mais elevado.

“O guidance (indicação sobre o desempenho futuro) do Bradesco para 2024 indica um longo caminho para que o banco volte aos patamares de lucro pré-pandemia”, afirmou o analista Daniel Vaz, do Safra, em relatório a clientes. De acordo com ele, as projeções informadas ao mercado apontam para um lucro da ordem de R$ 18,5 bilhões neste ano, 18% abaixo do que a casa vinha projetando.

Visão parecida foi expressa por Rafael Reis, do BB Investimentos. “Com uma carteira de crédito em expansão tímida, receitas de juros baixas por conta do mix mais conservador construído no período pós-pandemia, e inadimplência ainda elevada, os números do Bradesco tendem a permanecer pouco animadores no curto prazo”, afirmou ele.

Mais dois anos

Noronha afirmou que o objetivo do banco é aumentar a rentabilidade trimestre a trimestre, mas também definiu o processo como uma caminhada “passo a passo”. “Nós podemos superar o nosso custo de capital em 2026″, disse ele ao se referir ao ROE do banco. “Não vamos virar a chave em um trimestre, é passo a passo.”

O baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022, um ciclo interrompido pela alta dos juros e da inflação há dois anos. “Nós reduzimos o apetite a risco, freando um pouco mais o crédito em 2023.” Segundo ele, o banco pagou parte da conta em 2022 e 2023 e ainda terá de equacionar um último pedaço neste ano.

Ainda assim, o banco considera que este é o momento de retomar as concessões de crédito em segmentos e linhas em que a produção foi reduzida nos últimos 18 meses. “Nós estamos buscando margem com clientes, mas com as perdas adequadas”, afirmou Noronha. Segundo ele, o Bradesco aprimorou os modelos de crédito ao longo de 2023 e começou a colocá-los em funcionamento no final do ano passado, com resultados positivos sobre os índices de inadimplência.

O lado positivo

Se teve como efeito amargo o menor crescimento do crédito e das receitas, o freio aplicado pelo banco consolidou a queda nos índices de atraso. O índice acima de 90 dias caiu de 5,6% para 5,1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, sendo que, na carteira de pessoas físicas, a baixa foi de 6,6% para 5,9%. “Nós estamos com uma inadimplência decrescente em todos os segmentos”, afirmou Noronha durante a coletiva de imprensa.

O analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, afirmou em relatório que a melhoria da qualidade dos ativos foi sólida. “Em termos absolutos, a entrada em atraso melhorou pelo terceiro trimestre consecutivo, com uma queda de 19% em três meses”, escreveu ele, destacando ainda que o reforço das provisões do Bradesco contra a inadimplência, de R$ 10,564 bilhões, foi maior que os novos atrasos, que somaram R$ 8,066 bilhões.

Se nas pessoas físicas a melhora foi ampla, o mesmo não aconteceu entre as grandes empresas. A inadimplência do segmento saiu de 0,1% para 0,6% em um ano, afetada pelos empréstimos da Americanas, que entraram em atraso ao longo de 2023. Além disso, o Bradesco teve de separar cerca de R$ 1,4 bilhão em provisões adicionais para clientes do atacado cuja qualidade de crédito piorou. “O nosso quarto trimestre poderia ter tido um lucro de R$ 4,3 bilhões”, afirmou Noronha.

Os resultados do Bradesco no quarto trimestre de 2023 reverteram a euforia que o mercado vinha demonstrando com o banco diante da perspectiva de um novo plano estratégico e da melhora da economia do País. Nesta quarta-feira, 7, as ações preferenciais do banco chegaram a despencar cerca de 16% na Bolsa, em um ajuste das expectativas para este ano após o banco afirmar que a melhora não virá de uma hora para outra, como parte dos analistas vinha projetando.

O lucro líquido recorrente do Bradesco caiu 21,2% em 2023, para R$ 16,297 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recuou para 10% no acumulado do ano, contra 13,1% em 2022. No quarto trimestre, o resultado foi de R$ 2,878 bilhões, alta de 80,4%, explicada pela contabilização, no mesmo período de 2022, de R$ 4,9 bilhões em provisões para os créditos da Americanas. Ainda assim, o número ficou 38% abaixo do esperado pelas casas consultadas pelo Estadão/Broadcast.

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, reconheceu que os resultados foram abaixo do que se esperava — agravados por provisões adicionais que o banco fez para duas grandes empresas, que não tiveram o nome revelado. “Não era o resultado que a gente queria entregar”, disse ele.

A sinalização mais importante foi a de que 2024 não será, ainda, o ano da virada. “Eu não tenho a expectativa de virar o jogo neste ano. É um ano de transição”, disse ele a jornalistas nesta quarta. “Não estamos reinventando a roda, não tem bala de prata.”

Baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Bradesco projeta que a carteira de crédito crescerá até 11% neste ano, após cair 1,6% em 2023. Embora a qualidade de crédito dê sinais de melhoria, o banco espera que as provisões contra a inadimplência fiquem próximas às do ano passado, graças à retomada da carteira e à busca por linhas de crédito mais rentáveis, que também apresentam risco mais elevado.

“O guidance (indicação sobre o desempenho futuro) do Bradesco para 2024 indica um longo caminho para que o banco volte aos patamares de lucro pré-pandemia”, afirmou o analista Daniel Vaz, do Safra, em relatório a clientes. De acordo com ele, as projeções informadas ao mercado apontam para um lucro da ordem de R$ 18,5 bilhões neste ano, 18% abaixo do que a casa vinha projetando.

Visão parecida foi expressa por Rafael Reis, do BB Investimentos. “Com uma carteira de crédito em expansão tímida, receitas de juros baixas por conta do mix mais conservador construído no período pós-pandemia, e inadimplência ainda elevada, os números do Bradesco tendem a permanecer pouco animadores no curto prazo”, afirmou ele.

Mais dois anos

Noronha afirmou que o objetivo do banco é aumentar a rentabilidade trimestre a trimestre, mas também definiu o processo como uma caminhada “passo a passo”. “Nós podemos superar o nosso custo de capital em 2026″, disse ele ao se referir ao ROE do banco. “Não vamos virar a chave em um trimestre, é passo a passo.”

O baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022, um ciclo interrompido pela alta dos juros e da inflação há dois anos. “Nós reduzimos o apetite a risco, freando um pouco mais o crédito em 2023.” Segundo ele, o banco pagou parte da conta em 2022 e 2023 e ainda terá de equacionar um último pedaço neste ano.

Ainda assim, o banco considera que este é o momento de retomar as concessões de crédito em segmentos e linhas em que a produção foi reduzida nos últimos 18 meses. “Nós estamos buscando margem com clientes, mas com as perdas adequadas”, afirmou Noronha. Segundo ele, o Bradesco aprimorou os modelos de crédito ao longo de 2023 e começou a colocá-los em funcionamento no final do ano passado, com resultados positivos sobre os índices de inadimplência.

O lado positivo

Se teve como efeito amargo o menor crescimento do crédito e das receitas, o freio aplicado pelo banco consolidou a queda nos índices de atraso. O índice acima de 90 dias caiu de 5,6% para 5,1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, sendo que, na carteira de pessoas físicas, a baixa foi de 6,6% para 5,9%. “Nós estamos com uma inadimplência decrescente em todos os segmentos”, afirmou Noronha durante a coletiva de imprensa.

O analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, afirmou em relatório que a melhoria da qualidade dos ativos foi sólida. “Em termos absolutos, a entrada em atraso melhorou pelo terceiro trimestre consecutivo, com uma queda de 19% em três meses”, escreveu ele, destacando ainda que o reforço das provisões do Bradesco contra a inadimplência, de R$ 10,564 bilhões, foi maior que os novos atrasos, que somaram R$ 8,066 bilhões.

Se nas pessoas físicas a melhora foi ampla, o mesmo não aconteceu entre as grandes empresas. A inadimplência do segmento saiu de 0,1% para 0,6% em um ano, afetada pelos empréstimos da Americanas, que entraram em atraso ao longo de 2023. Além disso, o Bradesco teve de separar cerca de R$ 1,4 bilhão em provisões adicionais para clientes do atacado cuja qualidade de crédito piorou. “O nosso quarto trimestre poderia ter tido um lucro de R$ 4,3 bilhões”, afirmou Noronha.

Os resultados do Bradesco no quarto trimestre de 2023 reverteram a euforia que o mercado vinha demonstrando com o banco diante da perspectiva de um novo plano estratégico e da melhora da economia do País. Nesta quarta-feira, 7, as ações preferenciais do banco chegaram a despencar cerca de 16% na Bolsa, em um ajuste das expectativas para este ano após o banco afirmar que a melhora não virá de uma hora para outra, como parte dos analistas vinha projetando.

O lucro líquido recorrente do Bradesco caiu 21,2% em 2023, para R$ 16,297 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) recuou para 10% no acumulado do ano, contra 13,1% em 2022. No quarto trimestre, o resultado foi de R$ 2,878 bilhões, alta de 80,4%, explicada pela contabilização, no mesmo período de 2022, de R$ 4,9 bilhões em provisões para os créditos da Americanas. Ainda assim, o número ficou 38% abaixo do esperado pelas casas consultadas pelo Estadão/Broadcast.

O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, reconheceu que os resultados foram abaixo do que se esperava — agravados por provisões adicionais que o banco fez para duas grandes empresas, que não tiveram o nome revelado. “Não era o resultado que a gente queria entregar”, disse ele.

A sinalização mais importante foi a de que 2024 não será, ainda, o ano da virada. “Eu não tenho a expectativa de virar o jogo neste ano. É um ano de transição”, disse ele a jornalistas nesta quarta. “Não estamos reinventando a roda, não tem bala de prata.”

Baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022 Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Bradesco projeta que a carteira de crédito crescerá até 11% neste ano, após cair 1,6% em 2023. Embora a qualidade de crédito dê sinais de melhoria, o banco espera que as provisões contra a inadimplência fiquem próximas às do ano passado, graças à retomada da carteira e à busca por linhas de crédito mais rentáveis, que também apresentam risco mais elevado.

“O guidance (indicação sobre o desempenho futuro) do Bradesco para 2024 indica um longo caminho para que o banco volte aos patamares de lucro pré-pandemia”, afirmou o analista Daniel Vaz, do Safra, em relatório a clientes. De acordo com ele, as projeções informadas ao mercado apontam para um lucro da ordem de R$ 18,5 bilhões neste ano, 18% abaixo do que a casa vinha projetando.

Visão parecida foi expressa por Rafael Reis, do BB Investimentos. “Com uma carteira de crédito em expansão tímida, receitas de juros baixas por conta do mix mais conservador construído no período pós-pandemia, e inadimplência ainda elevada, os números do Bradesco tendem a permanecer pouco animadores no curto prazo”, afirmou ele.

Mais dois anos

Noronha afirmou que o objetivo do banco é aumentar a rentabilidade trimestre a trimestre, mas também definiu o processo como uma caminhada “passo a passo”. “Nós podemos superar o nosso custo de capital em 2026″, disse ele ao se referir ao ROE do banco. “Não vamos virar a chave em um trimestre, é passo a passo.”

O baixo retorno do Bradesco ainda é fruto de operações de crédito concedidas pelo banco entre 2021 e 2022, um ciclo interrompido pela alta dos juros e da inflação há dois anos. “Nós reduzimos o apetite a risco, freando um pouco mais o crédito em 2023.” Segundo ele, o banco pagou parte da conta em 2022 e 2023 e ainda terá de equacionar um último pedaço neste ano.

Ainda assim, o banco considera que este é o momento de retomar as concessões de crédito em segmentos e linhas em que a produção foi reduzida nos últimos 18 meses. “Nós estamos buscando margem com clientes, mas com as perdas adequadas”, afirmou Noronha. Segundo ele, o Bradesco aprimorou os modelos de crédito ao longo de 2023 e começou a colocá-los em funcionamento no final do ano passado, com resultados positivos sobre os índices de inadimplência.

O lado positivo

Se teve como efeito amargo o menor crescimento do crédito e das receitas, o freio aplicado pelo banco consolidou a queda nos índices de atraso. O índice acima de 90 dias caiu de 5,6% para 5,1% entre o terceiro e o quarto trimestres do ano passado, sendo que, na carteira de pessoas físicas, a baixa foi de 6,6% para 5,9%. “Nós estamos com uma inadimplência decrescente em todos os segmentos”, afirmou Noronha durante a coletiva de imprensa.

O analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, afirmou em relatório que a melhoria da qualidade dos ativos foi sólida. “Em termos absolutos, a entrada em atraso melhorou pelo terceiro trimestre consecutivo, com uma queda de 19% em três meses”, escreveu ele, destacando ainda que o reforço das provisões do Bradesco contra a inadimplência, de R$ 10,564 bilhões, foi maior que os novos atrasos, que somaram R$ 8,066 bilhões.

Se nas pessoas físicas a melhora foi ampla, o mesmo não aconteceu entre as grandes empresas. A inadimplência do segmento saiu de 0,1% para 0,6% em um ano, afetada pelos empréstimos da Americanas, que entraram em atraso ao longo de 2023. Além disso, o Bradesco teve de separar cerca de R$ 1,4 bilhão em provisões adicionais para clientes do atacado cuja qualidade de crédito piorou. “O nosso quarto trimestre poderia ter tido um lucro de R$ 4,3 bilhões”, afirmou Noronha.

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