Bradesco vai usar aquisição no México para buscar liderança entre ‘neobancos’ no país


Banco brasileiro já atuava no país com operação de cartões de loja, mas, com a aquisição da Ictineo, instituição voltada à baixa renda, pode oferecer contas digitais em território mexicano

Por Matheus Piovesana

O mercado de bancos digitais no México está de cinco a dez anos atrás do brasileiro, e o Bradesco enxerga nisso uma oportunidade. Com a compra da Ictineo, uma instituição financeira popular, um dos bancos mais tradicionais do Brasil quer deter uma das maiores fintechs do mercado mexicano.

“A intenção não é ter agências bancárias nem competir com os grandes bancos nesse segmento digital, porque, comparando o México com o Brasil, o México está bem atrás na questão da digitalização e no crédito, o que gera uma oportunidade de crescimento para o banco”, disse ao Estadão/Broadcast Alexandre Monteiro, diretor da Bradescard México.

'Bancão' no Brasil, Bradesco está entrando no México pela via digital Foto: Nilton Fukuda/Estadão
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Uma nova fase no México

No país, que é a segunda maior economia da América Latina, o Bradesco opera com os chamados “cartões de loja”, que emite em parceria com varejistas. São cinco parcerias, o que já confere ao banco uma base com 3 milhões de clientes. A Bradescard, porém, não é regulada pelo Banco Central do México, o que lhe traz limitações na frente de produtos. Com a Ictineo, essa base será aliada a uma licença para oferecer contas digitais, empréstimo consignado e para captar depósitos dos clientes.

“Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos”, projeta Monteiro.

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Esse mercado subexplorado é visto como a próxima fronteira por observadores, e o Bradesco concorda com essa ideia. O diretor da Bradescard cita dados que apontam que apenas 0,8% da população mexicana tem conta em neobancos, muito menos que no Brasil. A relação entre crédito e PIB está por volta de 40%, a metade da observada por aqui.

Começando pela base da pirâmide

Se no Brasil o Bradesco é sinônimo de clientes já familiarizados com o sistema bancário, no México, atua em outro ponto da pirâmide. “Boa parte dos nossos clientes atuais teve o primeiro cartão de crédito conosco. Temos uma experiência de atuar na bancarização”, diz Monteiro.

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Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos.”

lexandre Monteiro, diretor da Bradescard México

O analista Carlos Macedo, ligado à plataforma Ohmresearch, afirma que a compra complementa o que o banco já oferece no México. “Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior”, comenta. Isso torna a estratégia do Bradesco semelhante à de bancos estrangeiros, como JP Morgan e BBVA, que se tornaram sócios de fintechs brasileiras em busca de um espaço no varejo bancário local.

Briga com o Nubank em solo mexicano

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No projeto que surge com a compra da Ictineo, os principais concorrentes são bancos tradicionais, como o BanCoppel e o Banorte, que avançaram na frente digital, mas também o brasileiro Nubank, que tem no mercado mexicano sua maior aposta fora do Brasil. A marca, por enquanto, deve ser a Bradescard, mas ele não descarta a “exportação” das brasileiras Next e Digio, algo que o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, sugeriu no ano passado.

Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior.”

Carlos Macedo, analista de mercado

O Bradesco, porém, quer uma posição de destaque em solo mexicano. Monteiro não revela valores, mas diz que o banco fará um investimento relevante para tanto. “Vemos um alto investimento em tecnologia, porque queremos ser referência no mundo digital”, afirma. Segundo Monteiro, o banco comprou a Sofipo basicamente pela licença, que poderia demorar anos para ser concedida.

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Agora, a expectativa é de que as aprovações regulatórias, tanto no México quanto no Brasil, saiam no ano que vem. “A ideia é fazer cross sell (venda cruzada), porque os nossos clientes atuais têm produto de crédito mas não de débito. E pretendemos atrair novos clientes.” É uma estratégia divergente da que parte do mercado pensou que o banco poderia ter no país. Quando o americano Citi anunciou que venderia o Banamex, um dos maiores bancos do México, o Bradesco foi apontado como um dos favoritos para levar o ativo – o que não aconteceu.

Monteiro não teceu comentários a respeito do Banamex, mas ressaltou que para o Bradesco, os neobancos são os principais rivais no México. Ele não descartou novos movimentos no continente no futuro. “O Bradesco está sempre aberto a avaliar oportunidades de crescimento, tanto no México quanto em outros países da região”, completa.

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A semana, aliás, tem sido movimentada para o banco da Cidade de Deus. Na quarta-feira, o Bradesco anunciou uma sociedade com o BV para formar uma gestora de recursos independente no Brasil, com R$ 41 bilhões em ativos de partida. No Brasil e no México, o segundo maior banco privado brasileiro está se mexendo - mas sem começar do zero.

O mercado de bancos digitais no México está de cinco a dez anos atrás do brasileiro, e o Bradesco enxerga nisso uma oportunidade. Com a compra da Ictineo, uma instituição financeira popular, um dos bancos mais tradicionais do Brasil quer deter uma das maiores fintechs do mercado mexicano.

“A intenção não é ter agências bancárias nem competir com os grandes bancos nesse segmento digital, porque, comparando o México com o Brasil, o México está bem atrás na questão da digitalização e no crédito, o que gera uma oportunidade de crescimento para o banco”, disse ao Estadão/Broadcast Alexandre Monteiro, diretor da Bradescard México.

'Bancão' no Brasil, Bradesco está entrando no México pela via digital Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Uma nova fase no México

No país, que é a segunda maior economia da América Latina, o Bradesco opera com os chamados “cartões de loja”, que emite em parceria com varejistas. São cinco parcerias, o que já confere ao banco uma base com 3 milhões de clientes. A Bradescard, porém, não é regulada pelo Banco Central do México, o que lhe traz limitações na frente de produtos. Com a Ictineo, essa base será aliada a uma licença para oferecer contas digitais, empréstimo consignado e para captar depósitos dos clientes.

“Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos”, projeta Monteiro.

Esse mercado subexplorado é visto como a próxima fronteira por observadores, e o Bradesco concorda com essa ideia. O diretor da Bradescard cita dados que apontam que apenas 0,8% da população mexicana tem conta em neobancos, muito menos que no Brasil. A relação entre crédito e PIB está por volta de 40%, a metade da observada por aqui.

Começando pela base da pirâmide

Se no Brasil o Bradesco é sinônimo de clientes já familiarizados com o sistema bancário, no México, atua em outro ponto da pirâmide. “Boa parte dos nossos clientes atuais teve o primeiro cartão de crédito conosco. Temos uma experiência de atuar na bancarização”, diz Monteiro.

Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos.”

lexandre Monteiro, diretor da Bradescard México

O analista Carlos Macedo, ligado à plataforma Ohmresearch, afirma que a compra complementa o que o banco já oferece no México. “Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior”, comenta. Isso torna a estratégia do Bradesco semelhante à de bancos estrangeiros, como JP Morgan e BBVA, que se tornaram sócios de fintechs brasileiras em busca de um espaço no varejo bancário local.

Briga com o Nubank em solo mexicano

No projeto que surge com a compra da Ictineo, os principais concorrentes são bancos tradicionais, como o BanCoppel e o Banorte, que avançaram na frente digital, mas também o brasileiro Nubank, que tem no mercado mexicano sua maior aposta fora do Brasil. A marca, por enquanto, deve ser a Bradescard, mas ele não descarta a “exportação” das brasileiras Next e Digio, algo que o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, sugeriu no ano passado.

Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior.”

Carlos Macedo, analista de mercado

O Bradesco, porém, quer uma posição de destaque em solo mexicano. Monteiro não revela valores, mas diz que o banco fará um investimento relevante para tanto. “Vemos um alto investimento em tecnologia, porque queremos ser referência no mundo digital”, afirma. Segundo Monteiro, o banco comprou a Sofipo basicamente pela licença, que poderia demorar anos para ser concedida.

Agora, a expectativa é de que as aprovações regulatórias, tanto no México quanto no Brasil, saiam no ano que vem. “A ideia é fazer cross sell (venda cruzada), porque os nossos clientes atuais têm produto de crédito mas não de débito. E pretendemos atrair novos clientes.” É uma estratégia divergente da que parte do mercado pensou que o banco poderia ter no país. Quando o americano Citi anunciou que venderia o Banamex, um dos maiores bancos do México, o Bradesco foi apontado como um dos favoritos para levar o ativo – o que não aconteceu.

Monteiro não teceu comentários a respeito do Banamex, mas ressaltou que para o Bradesco, os neobancos são os principais rivais no México. Ele não descartou novos movimentos no continente no futuro. “O Bradesco está sempre aberto a avaliar oportunidades de crescimento, tanto no México quanto em outros países da região”, completa.

A semana, aliás, tem sido movimentada para o banco da Cidade de Deus. Na quarta-feira, o Bradesco anunciou uma sociedade com o BV para formar uma gestora de recursos independente no Brasil, com R$ 41 bilhões em ativos de partida. No Brasil e no México, o segundo maior banco privado brasileiro está se mexendo - mas sem começar do zero.

O mercado de bancos digitais no México está de cinco a dez anos atrás do brasileiro, e o Bradesco enxerga nisso uma oportunidade. Com a compra da Ictineo, uma instituição financeira popular, um dos bancos mais tradicionais do Brasil quer deter uma das maiores fintechs do mercado mexicano.

“A intenção não é ter agências bancárias nem competir com os grandes bancos nesse segmento digital, porque, comparando o México com o Brasil, o México está bem atrás na questão da digitalização e no crédito, o que gera uma oportunidade de crescimento para o banco”, disse ao Estadão/Broadcast Alexandre Monteiro, diretor da Bradescard México.

'Bancão' no Brasil, Bradesco está entrando no México pela via digital Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Uma nova fase no México

No país, que é a segunda maior economia da América Latina, o Bradesco opera com os chamados “cartões de loja”, que emite em parceria com varejistas. São cinco parcerias, o que já confere ao banco uma base com 3 milhões de clientes. A Bradescard, porém, não é regulada pelo Banco Central do México, o que lhe traz limitações na frente de produtos. Com a Ictineo, essa base será aliada a uma licença para oferecer contas digitais, empréstimo consignado e para captar depósitos dos clientes.

“Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos”, projeta Monteiro.

Esse mercado subexplorado é visto como a próxima fronteira por observadores, e o Bradesco concorda com essa ideia. O diretor da Bradescard cita dados que apontam que apenas 0,8% da população mexicana tem conta em neobancos, muito menos que no Brasil. A relação entre crédito e PIB está por volta de 40%, a metade da observada por aqui.

Começando pela base da pirâmide

Se no Brasil o Bradesco é sinônimo de clientes já familiarizados com o sistema bancário, no México, atua em outro ponto da pirâmide. “Boa parte dos nossos clientes atuais teve o primeiro cartão de crédito conosco. Temos uma experiência de atuar na bancarização”, diz Monteiro.

Queremos explorar o canal digital de uma maneira muito mais forte, e impulsioná-lo de maneira a ser uma dos maiores, se não a maior, instituição financeira digital nos próximos cinco anos.”

lexandre Monteiro, diretor da Bradescard México

O analista Carlos Macedo, ligado à plataforma Ohmresearch, afirma que a compra complementa o que o banco já oferece no México. “Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior”, comenta. Isso torna a estratégia do Bradesco semelhante à de bancos estrangeiros, como JP Morgan e BBVA, que se tornaram sócios de fintechs brasileiras em busca de um espaço no varejo bancário local.

Briga com o Nubank em solo mexicano

No projeto que surge com a compra da Ictineo, os principais concorrentes são bancos tradicionais, como o BanCoppel e o Banorte, que avançaram na frente digital, mas também o brasileiro Nubank, que tem no mercado mexicano sua maior aposta fora do Brasil. A marca, por enquanto, deve ser a Bradescard, mas ele não descarta a “exportação” das brasileiras Next e Digio, algo que o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, sugeriu no ano passado.

Com a queda das barreiras de entrada oriundas da distribuição física, abriu-se espaço para novos entrantes. O Bradesco pode usar essa nova empresa como semente para uma atuação maior.”

Carlos Macedo, analista de mercado

O Bradesco, porém, quer uma posição de destaque em solo mexicano. Monteiro não revela valores, mas diz que o banco fará um investimento relevante para tanto. “Vemos um alto investimento em tecnologia, porque queremos ser referência no mundo digital”, afirma. Segundo Monteiro, o banco comprou a Sofipo basicamente pela licença, que poderia demorar anos para ser concedida.

Agora, a expectativa é de que as aprovações regulatórias, tanto no México quanto no Brasil, saiam no ano que vem. “A ideia é fazer cross sell (venda cruzada), porque os nossos clientes atuais têm produto de crédito mas não de débito. E pretendemos atrair novos clientes.” É uma estratégia divergente da que parte do mercado pensou que o banco poderia ter no país. Quando o americano Citi anunciou que venderia o Banamex, um dos maiores bancos do México, o Bradesco foi apontado como um dos favoritos para levar o ativo – o que não aconteceu.

Monteiro não teceu comentários a respeito do Banamex, mas ressaltou que para o Bradesco, os neobancos são os principais rivais no México. Ele não descartou novos movimentos no continente no futuro. “O Bradesco está sempre aberto a avaliar oportunidades de crescimento, tanto no México quanto em outros países da região”, completa.

A semana, aliás, tem sido movimentada para o banco da Cidade de Deus. Na quarta-feira, o Bradesco anunciou uma sociedade com o BV para formar uma gestora de recursos independente no Brasil, com R$ 41 bilhões em ativos de partida. No Brasil e no México, o segundo maior banco privado brasileiro está se mexendo - mas sem começar do zero.

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