‘O Brasil é hoje o grande foco da Equinor’, diz executivo da petroleira norueguesa


Segundo Philippe Mathieu, país oferece condições de exploração, ao mesmo tempo, de óleo e gás, energias renováveis e soluções como o hidrogênio

Por Gabriel Vasconcelos
Atualização:
Foto: Ole Jørgen Bratland/Equinor
Entrevista comPhilippe Mathieu Vice-presidente executivo de Exploração e Produção da Equinor

RIO - Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?

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A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.

O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?

Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.

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O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?

Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.

Plataforma de petróleo da Equinor no Mar do Norte, na Noruega  Foto: Carina Johansen/Bloomberg
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O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?

Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino e Roncador (Campos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.

Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?

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O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.

Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?

O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.

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Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?

Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).

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O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?

A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.

Como será isso?

Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.

Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?

Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.

As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?

Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.

RIO - Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?

A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.

O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?

Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.

O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?

Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.

Plataforma de petróleo da Equinor no Mar do Norte, na Noruega  Foto: Carina Johansen/Bloomberg

O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?

Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino e Roncador (Campos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.

Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?

O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.

Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?

O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.

Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?

Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).

O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?

A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.

Como será isso?

Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.

Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?

Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.

As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?

Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.

RIO - Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?

A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.

O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?

Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.

O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?

Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.

Plataforma de petróleo da Equinor no Mar do Norte, na Noruega  Foto: Carina Johansen/Bloomberg

O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?

Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino e Roncador (Campos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.

Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?

O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.

Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?

O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.

Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?

Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).

O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?

A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.

Como será isso?

Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.

Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?

Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.

As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?

Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.

RIO - Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?

A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.

O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?

Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.

O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?

Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.

Plataforma de petróleo da Equinor no Mar do Norte, na Noruega  Foto: Carina Johansen/Bloomberg

O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?

Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino e Roncador (Campos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.

Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?

O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.

Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?

O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.

Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?

Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).

O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?

A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.

Como será isso?

Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.

Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?

Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.

As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?

Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.

RIO - Fiel à estratégia de transição energética mesmo ante um recuo do setor após o início da guerra na Ucrânia, a petroleira norueguesa Equinor promove atualmente uma revisão de portfólio para privilegiar regiões com maior capacidade de geração de receita em combustíveis fósseis e, ao mesmo tempo, desenvolvimento de energias renováveis e soluções de baixo carbono. Nesse desenho, o Brasil se encaixa perfeitamente nas ambições da companhia.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o vice-presidente executivo de Exploração e Produção, Philippe Mathieu, aponta o País como o foco mais importante da estratégia internacional da empresa, à frente de Estados Unidos e Reino Unido. O executivo lembra ainda que a Equinor, como operadora do megaprojeto de gás Raia, na Bacia de Santos, pode, no futuro, buscar empreendimentos de gás offshore de menor escala no Brasil, a exemplo do que faz na Noruega há décadas. No Brasil para participar da Rio Oil & Gas, maior evento local do setor, Mathieu falou sobre o casamento da companhia com o País, abordando desde projetos em preparação até os investimentos em eólica em terra sob a modalidade offshore. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Qual é o lugar do Brasil na estratégia da Equinor para o futuro?

A estratégia da Equinor passa por uma revisão de portfólio que apoia a transição energética. Estamos construindo isso não só para avançar mais no negócio de petróleo e gás, mas também para construir dois outros pilares dessa estratégia: a parte de renováveis - eólica offshore (no mar) e energias renováveis em terra - e uma terceira área de soluções de baixo carbono, que inclui hidrogênio, captura e armazenagem de carbono etc. Em alguns países temos a possibilidade de desenvolver esse portfólio inteiramente. E, entre os países onde temos presença, o Brasil é um onde vislumbramos e estamos, de fato, construindo todo esse portfólio. É um país especial para nós, porque temos a possibilidade de desenvolver todos os diferentes elementos da estratégia aqui.

O sr. pode explicar essa revisão de portfólio da área de petróleo e gás?

Estamos tentando reorientar o portfólio e focar em menos países para garantir que estaremos nas posições capazes de gerar mais valor. Não podemos fazer tudo, então temos de priorizar. Essa prioridade é dada ao Brasil, por exemplo, graças à correspondência entre as oportunidades no País e as nossas competências no offshore, além do relacionamento muito forte com Petrobras e autoridades brasileiras.

O sr. poderia listar os países dos quais estão saindo e quais serão priorizados?

Na exploração e produção de petróleo, estamos saindo de Azerbaijão, Nigéria e Suriname. Estamos deixando esses países não porque os ativos não são bons, mas por um exercício de priorização. Vamos focar principalmente no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido. Esses três são os países onde podemos ir mais fundo, mas temos algumas outras posições sem o mesmo potencial de geração de valor.

Plataforma de petróleo da Equinor no Mar do Norte, na Noruega  Foto: Carina Johansen/Bloomberg

O Brasil é hoje a praça externa mais importante para os planos da Equinor?

Sim, o Brasil é o mais importante para mim hoje porque é onde vejo mais crescimento. É onde temos dois grandes projetos em desenvolvimento: Bacalhau, na Bacia de Santos e, claro, Raia (gás natural), na Bacia de Campos. Além de Peregrino e Roncador (Campos), em parceria com a Petrobras. O Brasil é sim o grande foco internacional da Equinor.

Bacalhau e Raia vão entrar em operação conforme planejado? Como está isso?

O projeto de Raia apenas começou, mas, sim, estamos dentro do planejado. Raia terá capacidade de escoamento de 16 milhões de metros cúbicos de gás e vai ter o primeiro óleo em 2028. Sobre Bacalhau, a FPSO (plataforma) está sendo comissionada em Cingapura e deve rumar ao Brasil ainda no fim deste ano, com primeiro óleo previsto para meados de 2025.

Como o sr. avalia a regulação do setor no Brasil?

O apoio para novos projetos de óleo e gás em geral é muito forte no Brasil, potencialmente mais forte do que em outras regiões onde atuamos. Nós vemos estabilidade e visibilidade para operarmos no Brasil. Estamos fazendo investimentos que vão durar 20, 25, 30 anos. São compromissos realmente de longo prazo, enormes. São US$ 9 bilhões para cada projeto, Bacalhau e Raia, e essa é a maior prova de que confiamos no Brasil como um bom lugar para fazermos investimentos, inclusive em renováveis.

Sobre as energias renováveis, a Equinor vai privilegiar eólica onshore (em terra) no Brasil?

Em eólica, o que é concreto para nós quando se trata de repor e aumentar o portfólio no Brasil está no onshore, porque vemos oportunidades para investimentos hoje e estamos fazendo isso. Mas temos uma colaboração com a Petrobras para analisar o desenvolvimento do segmento de eólica offshore no País. Precisamos de tempo para definir o ‘framework’ e as condições disso, que para nós é prioridade em todo o portfólio. Internacionalmente, temos alguns projetos de eólica offshore. Então é uma questão de escolher os que estão mais maduros. Mas está no horizonte sim (para o Brasil).

O governo se mostra preocupado com o fornecimento de gás à indústria. No Brasil, as petroleiras dão maior protagonismo ao óleo. Como funciona para a Equinor?

A Equinor é uma grande empresa de gás, com posição enorme nesse mercado na Noruega e sendo a maior fornecedora da Europa, com GNL (gás natural liquefeito). Então o gás está sim no centro da nossa estratégia no Brasil. Raia será, em grande parte, de gás, fornecendo cerca de 15% da demanda de gás natural do País. Isso diz muito sobre o nosso foco. E não vamos apenas desenvolver Raia, mas trazer também a experiência que temos na construção do mercado de gás, na comercialização desse gás.

Como será isso?

Já temos uma subsidiária estabelecida em São Paulo, a Danske Commodities, braço comercial da Equinor, fazendo comércio de energia e gás. Esse também é um link, em termos de comércio e marketing, entre a produção de óleo e gás e de energia elétrica, inclusive renovável, uma ‘totalidade’ que é o mais interessante do Brasil.

Além de Raia, a Equinor pode desenvolver outros grandes projetos de gás natural offshore?

Buscamos oportunidades para petróleo ou gás. Temos bastante experiência na Noruega em desenvolvimento de recursos de gás em geral, não necessariamente gigantes, mas também de projetos comerciais menores, conectados à infraestrutura existente para que não seja preciso grandes investimentos. Ao fazer isso, tornamos comerciais esses recursos menores e podemos trazê-los ao mercado. Além dos grandes campos, é isso que fazemos na Noruega há 20, 25 anos. Então, enxergamos oportunidades em potencial replicando esse modelo de negócios no Brasil em algum momento.

As operações da Equinor no Brasil estão muito concentradas nas bacias de Campos e Santos, com muito a desenvolver. Quando a Equinor vai participar mais dos leilões da ANP?

Estamos definitivamente buscando oportunidades. Para nós, não se trata apenas de desenvolver a produção de Peregrino e Roncador, fazer Bacalhau e Raia. É também sobre o que vem a seguir, preparar o portfólio com projetos que poderiam vir depois de Raia. Precisamos olhar todas as oportunidades que reabasteceriam nosso pipeline de projetos, incluindo aí exploração.

Entrevista por Gabriel Vasconcelos

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