Por que as contas bancárias para crianças se tornaram o novo filão de mercado para os bancos


Instituições financeiras investem em novo mercado para estreitar cada vez mais cedo o relacionamento com os clientes

Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Para dar mais autonomia ao filho Arthur, de 11 anos, a funcionária pública Lígia Regina da Costa decidiu abrir para o filho uma conta bancária própria para crianças. Um ano depois, avalia que sua decisão foi acertada: hoje vê o filho arriscar alguns investimentos, falar com o gerente de sua conta, pagar sozinho jogos e recarregar seu celular.

E um ponto que a tranquilizou, segundo ela, foi fundamental para sua decisão de abrir a primeira conta bancária ao filho: só são permitidas transações à vista, com o saldo que ele tem em conta proveniente dos depósitos mensais que a mãe faz. Além disso, ela fica sabendo de qualquer movimentação que o filho faça. “A criança também pode investir, criança também é gente”, diz Arthur.

A conta de Arthur é uma das cerca de 10 milhões existentes hoje no Brasil para menores de idade, conforme uma projeção das instituições financeiras. É um dos nichos que mais têm crescido no sistema bancário no País, com os bancos tradicionais e fintechs passando a olhar cada vez com mais interesse para esse filão. Conforme os últimos dados do Banco Central, informa apenas as contas abertas entre jovens de 15 a 24 anos, são, ao todo, 23 milhões nesse público, um crescimento de 50% na última década.

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Lígia e o filho Arthur: conta bancária ajudou na autonomia. Foto: arquivo pessoal

Esse crescimento é um reflexo do novo olhar das instituições financeiros para o seu público. Além do interesse de iniciar o relacionamento bancário cada vez mais cedo com seus clientes, e assim driblar um ambiente cada vez mais competitivo, o passo foi obrigatório para ir ao encontro das necessidades de um mundo cada vez mais digital. Além disso, conseguem deixar os pais e responsáveis ainda mais próximos.

No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico

Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″

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“No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico. Isso significa que as antigas regras que restringem contas bancárias a adultos são impraticáveis e excludentes”, afirmou Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″, que foi consultor de políticas de fintechs no governo de Barack Obama.

Pelas regras do BC, os menores de idade podem ser titulares de contas, desde que sejam representados pelos pais, quando menores de 16 anos. Nesse caso, apenas os responsáveis assinam o contrato de abertura de conta. Entre 16 e antes de completar a maioridade, pai e filho assinam o contrato. Outra mudança de regra que deu acesso às contas para crianças foi permitir a conta de pagamento para esse público – é preciso o CPF, registro que hoje já está na certidão de nascimento. Se antes apenas os maiores de 16 podiam abrir contas, hoje isso já é possível até para um recém-nascido.

É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado endereçável maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora e para lá na frente colher os frutos

Ricardo Urada, responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next

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O responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next, banco digital do Bradesco, Ricardo Urada, afirma que o produto da casa, batizado de Next Joy, lançado em 2020, vem crescendo rapidamente na sua base de clientes, mais do que dobrando de um ano para outro. Por lá, a decisão foi de oferecer esse tipo de conta aos pais e responsáveis que já têm conta por lá. Com as contas conectadas, um pai pode programar mesadas aos filhos ou estabelecer missões, tal como fazer a lição de casa, em troca de recompensas.

“É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado ‘endereçável’ maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora para lá na frente colher os frutos”, diz Urada. No Next, há uma parceria com a Disney, para o uso de personagens e tornar a experiência no banco mais lúdica às crianças.

O banco digital C6, por sua vez, lançou a conta Yellow, como forma de tornar sua prateleira de produtos mais completa, conta o responsável de produtos e pessoa física do C6, Maxnaun Gutierrez. Lá, os responsáveis também precisam ter a conta do banco e a conta da criança ou adolescente fica interligada.

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“Ao termos a estratégia de ser um banco completo e concentrar o relacionamento dentro da nossa plataforma, também queremos estar dentro da família”, conta Gutierrez. Um efeito já notado quando um pai abre uma conta para o filho é que seu engajamento aumenta, já que acaba entrando mais no aplicativo do banco para verificar as movimentações da criança ou adolescente e, como consequência, passa a conhecer mais os produtos oferecidos pelo C6.

Maxnaun Gutierrez: para ter prateleira completa de produtos é necessário atender família Foto: WS

O filho de Gutierrez, Teo, de 8 anos, tem sua conta Yellow. O pai diz que a conta infantil do C6 permite que se estabeleça uma meta para o uso futuro do dinheiro e que, no caso do filho, o objetivo é a compra de um computador no fim de 2023. Mensalmente, ele deposita R$ 150, que Teo investe. No caso, em um CDB do próprio C6 (hoje o único investimento disponível), que paga 102% do CDI. O investimento pode começar a partir de R$ 10. Além da cor do cartão de débito, é possível que a criança escolha o nome ou apelido que será impresso no cartão. Fã do anime Naruto, Teo, por exemplo, escolheu o sobrenome do personagem para seu cartão: “Teo Uzumaki”.

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No Itaú Unibanco, a decisão em março deste ano foi de lançar uma conta própria para o mundo gamer, que foi batizada de Player´s Bank. Na época, contudo, apenas para maiores de 18. “Tão logo lançamos houve uma demanda para diminuir a barra”, conta Ricardo Scussel, responsável pela área de produtos do Itaú Unibanco. Foi assim que a conta Start foi lançada em agosto e de cara houve 100 mil solicitações para abertura da conta. “A comunidade gamer é muito grande e conseguimos abrir uma conexão”, comenta.

Não é necessário que o pai seja correntista do Itaú, explica o executivo. E já começou a ser identificado um movimentação: filhos que têm a conta gamer começaram a atrair os pais, que abriram a conta depois. E para ajudar na educação financeira desse público mais jovem, a estratégia de comunicação também é personalizada: influencers gamers falam em seus programas sobre a importância de se poupar, por exemplo, tanto dentro do aplicativo quanto fora.

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Toda essa personalização não é a toa, explica o especialista em inovação bancária Bruno Diniz. Segundo ele, a interface do banco, projetada para o público adulto, não tinha atrativo para o público jovem, e foi identificado que era necessário deixar o produto com a cara do novo público-alvo. “Depois disso, esse cliente poderá evoluir internamente dentro da instituição”, diz.

A planejadora financeira Wanessa Guimarães afirma que abrir uma conta financeira para o menor de idade pode sim ser uma forma de estimular a poupança e controle de gastos mensais, podendo ser, dessa forma, uma ferramenta de instrumento financeira. “É uma oportunidade para se estimular a poupar uma parte do que se ganha, da mesada creditada, e até estimular os investimentos”, afirma. Wanessa dá ainda uma dica aos pais: dar um bônus, que pode ser anual, em relação ao total poupado.

Conheça algumas contas para crianças e adolescentes

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  • Responsável precisa abrir conta no banco digital
  • Oferece investimento no CDB do C6

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Para dar mais autonomia ao filho Arthur, de 11 anos, a funcionária pública Lígia Regina da Costa decidiu abrir para o filho uma conta bancária própria para crianças. Um ano depois, avalia que sua decisão foi acertada: hoje vê o filho arriscar alguns investimentos, falar com o gerente de sua conta, pagar sozinho jogos e recarregar seu celular.

E um ponto que a tranquilizou, segundo ela, foi fundamental para sua decisão de abrir a primeira conta bancária ao filho: só são permitidas transações à vista, com o saldo que ele tem em conta proveniente dos depósitos mensais que a mãe faz. Além disso, ela fica sabendo de qualquer movimentação que o filho faça. “A criança também pode investir, criança também é gente”, diz Arthur.

A conta de Arthur é uma das cerca de 10 milhões existentes hoje no Brasil para menores de idade, conforme uma projeção das instituições financeiras. É um dos nichos que mais têm crescido no sistema bancário no País, com os bancos tradicionais e fintechs passando a olhar cada vez com mais interesse para esse filão. Conforme os últimos dados do Banco Central, informa apenas as contas abertas entre jovens de 15 a 24 anos, são, ao todo, 23 milhões nesse público, um crescimento de 50% na última década.

Lígia e o filho Arthur: conta bancária ajudou na autonomia. Foto: arquivo pessoal

Esse crescimento é um reflexo do novo olhar das instituições financeiros para o seu público. Além do interesse de iniciar o relacionamento bancário cada vez mais cedo com seus clientes, e assim driblar um ambiente cada vez mais competitivo, o passo foi obrigatório para ir ao encontro das necessidades de um mundo cada vez mais digital. Além disso, conseguem deixar os pais e responsáveis ainda mais próximos.

No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico

Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″

“No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico. Isso significa que as antigas regras que restringem contas bancárias a adultos são impraticáveis e excludentes”, afirmou Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″, que foi consultor de políticas de fintechs no governo de Barack Obama.

Pelas regras do BC, os menores de idade podem ser titulares de contas, desde que sejam representados pelos pais, quando menores de 16 anos. Nesse caso, apenas os responsáveis assinam o contrato de abertura de conta. Entre 16 e antes de completar a maioridade, pai e filho assinam o contrato. Outra mudança de regra que deu acesso às contas para crianças foi permitir a conta de pagamento para esse público – é preciso o CPF, registro que hoje já está na certidão de nascimento. Se antes apenas os maiores de 16 podiam abrir contas, hoje isso já é possível até para um recém-nascido.

É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado endereçável maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora e para lá na frente colher os frutos

Ricardo Urada, responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next

O responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next, banco digital do Bradesco, Ricardo Urada, afirma que o produto da casa, batizado de Next Joy, lançado em 2020, vem crescendo rapidamente na sua base de clientes, mais do que dobrando de um ano para outro. Por lá, a decisão foi de oferecer esse tipo de conta aos pais e responsáveis que já têm conta por lá. Com as contas conectadas, um pai pode programar mesadas aos filhos ou estabelecer missões, tal como fazer a lição de casa, em troca de recompensas.

“É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado ‘endereçável’ maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora para lá na frente colher os frutos”, diz Urada. No Next, há uma parceria com a Disney, para o uso de personagens e tornar a experiência no banco mais lúdica às crianças.

O banco digital C6, por sua vez, lançou a conta Yellow, como forma de tornar sua prateleira de produtos mais completa, conta o responsável de produtos e pessoa física do C6, Maxnaun Gutierrez. Lá, os responsáveis também precisam ter a conta do banco e a conta da criança ou adolescente fica interligada.

“Ao termos a estratégia de ser um banco completo e concentrar o relacionamento dentro da nossa plataforma, também queremos estar dentro da família”, conta Gutierrez. Um efeito já notado quando um pai abre uma conta para o filho é que seu engajamento aumenta, já que acaba entrando mais no aplicativo do banco para verificar as movimentações da criança ou adolescente e, como consequência, passa a conhecer mais os produtos oferecidos pelo C6.

Maxnaun Gutierrez: para ter prateleira completa de produtos é necessário atender família Foto: WS

O filho de Gutierrez, Teo, de 8 anos, tem sua conta Yellow. O pai diz que a conta infantil do C6 permite que se estabeleça uma meta para o uso futuro do dinheiro e que, no caso do filho, o objetivo é a compra de um computador no fim de 2023. Mensalmente, ele deposita R$ 150, que Teo investe. No caso, em um CDB do próprio C6 (hoje o único investimento disponível), que paga 102% do CDI. O investimento pode começar a partir de R$ 10. Além da cor do cartão de débito, é possível que a criança escolha o nome ou apelido que será impresso no cartão. Fã do anime Naruto, Teo, por exemplo, escolheu o sobrenome do personagem para seu cartão: “Teo Uzumaki”.

No Itaú Unibanco, a decisão em março deste ano foi de lançar uma conta própria para o mundo gamer, que foi batizada de Player´s Bank. Na época, contudo, apenas para maiores de 18. “Tão logo lançamos houve uma demanda para diminuir a barra”, conta Ricardo Scussel, responsável pela área de produtos do Itaú Unibanco. Foi assim que a conta Start foi lançada em agosto e de cara houve 100 mil solicitações para abertura da conta. “A comunidade gamer é muito grande e conseguimos abrir uma conexão”, comenta.

Não é necessário que o pai seja correntista do Itaú, explica o executivo. E já começou a ser identificado um movimentação: filhos que têm a conta gamer começaram a atrair os pais, que abriram a conta depois. E para ajudar na educação financeira desse público mais jovem, a estratégia de comunicação também é personalizada: influencers gamers falam em seus programas sobre a importância de se poupar, por exemplo, tanto dentro do aplicativo quanto fora.

Toda essa personalização não é a toa, explica o especialista em inovação bancária Bruno Diniz. Segundo ele, a interface do banco, projetada para o público adulto, não tinha atrativo para o público jovem, e foi identificado que era necessário deixar o produto com a cara do novo público-alvo. “Depois disso, esse cliente poderá evoluir internamente dentro da instituição”, diz.

A planejadora financeira Wanessa Guimarães afirma que abrir uma conta financeira para o menor de idade pode sim ser uma forma de estimular a poupança e controle de gastos mensais, podendo ser, dessa forma, uma ferramenta de instrumento financeira. “É uma oportunidade para se estimular a poupar uma parte do que se ganha, da mesada creditada, e até estimular os investimentos”, afirma. Wanessa dá ainda uma dica aos pais: dar um bônus, que pode ser anual, em relação ao total poupado.

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E um ponto que a tranquilizou, segundo ela, foi fundamental para sua decisão de abrir a primeira conta bancária ao filho: só são permitidas transações à vista, com o saldo que ele tem em conta proveniente dos depósitos mensais que a mãe faz. Além disso, ela fica sabendo de qualquer movimentação que o filho faça. “A criança também pode investir, criança também é gente”, diz Arthur.

A conta de Arthur é uma das cerca de 10 milhões existentes hoje no Brasil para menores de idade, conforme uma projeção das instituições financeiras. É um dos nichos que mais têm crescido no sistema bancário no País, com os bancos tradicionais e fintechs passando a olhar cada vez com mais interesse para esse filão. Conforme os últimos dados do Banco Central, informa apenas as contas abertas entre jovens de 15 a 24 anos, são, ao todo, 23 milhões nesse público, um crescimento de 50% na última década.

Lígia e o filho Arthur: conta bancária ajudou na autonomia. Foto: arquivo pessoal

Esse crescimento é um reflexo do novo olhar das instituições financeiros para o seu público. Além do interesse de iniciar o relacionamento bancário cada vez mais cedo com seus clientes, e assim driblar um ambiente cada vez mais competitivo, o passo foi obrigatório para ir ao encontro das necessidades de um mundo cada vez mais digital. Além disso, conseguem deixar os pais e responsáveis ainda mais próximos.

No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico

Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″

“No passado, as crianças simplesmente recebiam dinheiro para fazer transações e comprar o que precisavam, mas em um mundo digital elas precisam de uma carteira ou conta bancária que, no mínimo, permita transações no mundo digital e físico. Isso significa que as antigas regras que restringem contas bancárias a adultos são impraticáveis e excludentes”, afirmou Brett King, autor do livro “Bancos 4.0″, que foi consultor de políticas de fintechs no governo de Barack Obama.

Pelas regras do BC, os menores de idade podem ser titulares de contas, desde que sejam representados pelos pais, quando menores de 16 anos. Nesse caso, apenas os responsáveis assinam o contrato de abertura de conta. Entre 16 e antes de completar a maioridade, pai e filho assinam o contrato. Outra mudança de regra que deu acesso às contas para crianças foi permitir a conta de pagamento para esse público – é preciso o CPF, registro que hoje já está na certidão de nascimento. Se antes apenas os maiores de 16 podiam abrir contas, hoje isso já é possível até para um recém-nascido.

É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado endereçável maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora e para lá na frente colher os frutos

Ricardo Urada, responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next

O responsável pelo desenvolvimento da área de negócios do Next, banco digital do Bradesco, Ricardo Urada, afirma que o produto da casa, batizado de Next Joy, lançado em 2020, vem crescendo rapidamente na sua base de clientes, mais do que dobrando de um ano para outro. Por lá, a decisão foi de oferecer esse tipo de conta aos pais e responsáveis que já têm conta por lá. Com as contas conectadas, um pai pode programar mesadas aos filhos ou estabelecer missões, tal como fazer a lição de casa, em troca de recompensas.

“É uma forma de começar o relacionamento, os bancos estão jogando a rede cada vez mais longe e assim temos um mercado ‘endereçável’ maior. Estamos pensando em um caminho de longo prazo, começar a entender esse cliente agora para lá na frente colher os frutos”, diz Urada. No Next, há uma parceria com a Disney, para o uso de personagens e tornar a experiência no banco mais lúdica às crianças.

O banco digital C6, por sua vez, lançou a conta Yellow, como forma de tornar sua prateleira de produtos mais completa, conta o responsável de produtos e pessoa física do C6, Maxnaun Gutierrez. Lá, os responsáveis também precisam ter a conta do banco e a conta da criança ou adolescente fica interligada.

“Ao termos a estratégia de ser um banco completo e concentrar o relacionamento dentro da nossa plataforma, também queremos estar dentro da família”, conta Gutierrez. Um efeito já notado quando um pai abre uma conta para o filho é que seu engajamento aumenta, já que acaba entrando mais no aplicativo do banco para verificar as movimentações da criança ou adolescente e, como consequência, passa a conhecer mais os produtos oferecidos pelo C6.

Maxnaun Gutierrez: para ter prateleira completa de produtos é necessário atender família Foto: WS

O filho de Gutierrez, Teo, de 8 anos, tem sua conta Yellow. O pai diz que a conta infantil do C6 permite que se estabeleça uma meta para o uso futuro do dinheiro e que, no caso do filho, o objetivo é a compra de um computador no fim de 2023. Mensalmente, ele deposita R$ 150, que Teo investe. No caso, em um CDB do próprio C6 (hoje o único investimento disponível), que paga 102% do CDI. O investimento pode começar a partir de R$ 10. Além da cor do cartão de débito, é possível que a criança escolha o nome ou apelido que será impresso no cartão. Fã do anime Naruto, Teo, por exemplo, escolheu o sobrenome do personagem para seu cartão: “Teo Uzumaki”.

No Itaú Unibanco, a decisão em março deste ano foi de lançar uma conta própria para o mundo gamer, que foi batizada de Player´s Bank. Na época, contudo, apenas para maiores de 18. “Tão logo lançamos houve uma demanda para diminuir a barra”, conta Ricardo Scussel, responsável pela área de produtos do Itaú Unibanco. Foi assim que a conta Start foi lançada em agosto e de cara houve 100 mil solicitações para abertura da conta. “A comunidade gamer é muito grande e conseguimos abrir uma conexão”, comenta.

Não é necessário que o pai seja correntista do Itaú, explica o executivo. E já começou a ser identificado um movimentação: filhos que têm a conta gamer começaram a atrair os pais, que abriram a conta depois. E para ajudar na educação financeira desse público mais jovem, a estratégia de comunicação também é personalizada: influencers gamers falam em seus programas sobre a importância de se poupar, por exemplo, tanto dentro do aplicativo quanto fora.

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A planejadora financeira Wanessa Guimarães afirma que abrir uma conta financeira para o menor de idade pode sim ser uma forma de estimular a poupança e controle de gastos mensais, podendo ser, dessa forma, uma ferramenta de instrumento financeira. “É uma oportunidade para se estimular a poupar uma parte do que se ganha, da mesada creditada, e até estimular os investimentos”, afirma. Wanessa dá ainda uma dica aos pais: dar um bônus, que pode ser anual, em relação ao total poupado.

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