Corte de juros nos EUA ficou mais longe? Para analistas, novos dados apontam que sim


Criação de vagas em novembro ficou acima do esperado, mostrando que economia continua aquecida

Por Aline Bronzati
Atualização:

As expectativas de que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava esfriando caíram por terra com o esperado relatório payroll, divulgado na sexta-feira, 8. A criação de vagas em novembro veio ligeiramente acima do esperado, no mês em que os trabalhadores do setor automotivo e de Hollywood voltaram ao batente, e obrigou Wall Street a dar um passo atrás na esperança quanto ao primeiro corte de juros no país. Se dados anteriores ajudaram a cravar março, os desta sexta-feira trouxeram maio de volta à mesa.

Os EUA criaram 199 mil vagas no mês de novembro, resultado ligeiramente acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que apontava para a geração de 198 mil postos de trabalho. Na contramão do que previam analistas, a taxa de desemprego no país caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, lembra que grande parte do crescimento do emprego em novembro pode ser atribuída ao fim das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) e de Hollywood. Cerca de 50 mil vagas estão relacionadas ao término das paralisações, calcula. Para além do fim das greves, o ímpeto de crescimento do emprego nos EUA continua aquecido. “O emprego público, a educação e a saúde, o lazer e a hospitalidade continuam a ser os motores dos ganhos de emprego”, diz Gapen.

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Economia americana continua forte a despeito das elevadas taxas de juros  Foto: Ted Shaffrey/AP

Na opinião do economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de novembro está consistente com o crescimento da economia americana, que consegue continuar forte a despeito das elevadas taxas de juros no país. O mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento, mas continua sólido, resumiu. Foi, porém, um balde de água fria nas expectativas do mercado e no apetite ao risco, definiu Kasman.

Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostraram um consumidor americano mais otimista. Por sua vez, as expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro, o que contribui para a visão de que o Fed pode ser menos agressivo na condução da política monetária nos EUA.

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Lembrete para Wall Street

Para o diretor executivo e economista sênior do canadense CIBC Capital Markets, Ali Jaffery, o payroll de novembro foi como um lembrete para Wall Street de que o trabalho nos EUA continua apertado a despeito da onda “dovish” (suave) que se alastrou nos mercados no mês passado. “O relatório desta sexta-feira irá certamente levantar algumas sobrancelhas no FOMC”, avaliou Jaffery, em referência ao encontro dos dirigentes do Fed nesta semana, o último de 2023.

Na opinião de Kasman, do JPMorgan, Powell terá de ser mais “hawkish” (duro) ao falar à imprensa após a reunião que deve manter inalterados os juros nos EUA pela terceira vez consecutiva. Atualmente, a taxa dos Fed Funds, que são os juros básicos do país, está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

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“Acho que ele (Powell) terá de jogar um balde de água fria na flexibilização (monetária) no curto prazo. Certamente, ele manterá a postura que tem tido, indicando a possibilidade de aperto ainda”, disse Kasman, ao avaliar os dados do payroll a investidores, na sexta-feira.

A postura “hawkish” de Powell dependerá, contudo, dos dados da inflação no País. Na próxima terça-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA no mês de novembro.

Mas o próprio payroll já fez parte do trabalho de Powell e embaralhou as expectativas para o primeiro corte de juros nos EUA. As chances de o ciclo de flexibilização monetária começar em março nos EUA caíram para 44% contra 51,4% antes do dado, conforme a plataforma CME Group. Já as de manutenção das taxas subiram a 52,4% e passaram a ser majoritárias, contra 39,7%, na mesma base de comparação.

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“A força contínua do mercado de trabalho é um choque de realidade para os investidores que precificaram até 125 pontos base de cortes nas taxas em 2024″, afirma o estrategista-chefe de mercados da Lazard Asset Management, Ronald Temple, em comentário a clientes.

Enquanto Wall Street minguou com o payroll, o presidente Joe Biden celebrou. Ao comentar o relatório, o presidente dos EUA disse que sob sua gestão “os salários e a riqueza doméstica estão mais altos do que antes da pandemia”. Mas admitiu que a inflação americana continua muito elevada. “Minha prioridade é reduzir os custos para os trabalhadores americanos”, disse Biden, em comunicado.

As expectativas de que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava esfriando caíram por terra com o esperado relatório payroll, divulgado na sexta-feira, 8. A criação de vagas em novembro veio ligeiramente acima do esperado, no mês em que os trabalhadores do setor automotivo e de Hollywood voltaram ao batente, e obrigou Wall Street a dar um passo atrás na esperança quanto ao primeiro corte de juros no país. Se dados anteriores ajudaram a cravar março, os desta sexta-feira trouxeram maio de volta à mesa.

Os EUA criaram 199 mil vagas no mês de novembro, resultado ligeiramente acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que apontava para a geração de 198 mil postos de trabalho. Na contramão do que previam analistas, a taxa de desemprego no país caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, lembra que grande parte do crescimento do emprego em novembro pode ser atribuída ao fim das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) e de Hollywood. Cerca de 50 mil vagas estão relacionadas ao término das paralisações, calcula. Para além do fim das greves, o ímpeto de crescimento do emprego nos EUA continua aquecido. “O emprego público, a educação e a saúde, o lazer e a hospitalidade continuam a ser os motores dos ganhos de emprego”, diz Gapen.

Economia americana continua forte a despeito das elevadas taxas de juros  Foto: Ted Shaffrey/AP

Na opinião do economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de novembro está consistente com o crescimento da economia americana, que consegue continuar forte a despeito das elevadas taxas de juros no país. O mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento, mas continua sólido, resumiu. Foi, porém, um balde de água fria nas expectativas do mercado e no apetite ao risco, definiu Kasman.

Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostraram um consumidor americano mais otimista. Por sua vez, as expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro, o que contribui para a visão de que o Fed pode ser menos agressivo na condução da política monetária nos EUA.

Lembrete para Wall Street

Para o diretor executivo e economista sênior do canadense CIBC Capital Markets, Ali Jaffery, o payroll de novembro foi como um lembrete para Wall Street de que o trabalho nos EUA continua apertado a despeito da onda “dovish” (suave) que se alastrou nos mercados no mês passado. “O relatório desta sexta-feira irá certamente levantar algumas sobrancelhas no FOMC”, avaliou Jaffery, em referência ao encontro dos dirigentes do Fed nesta semana, o último de 2023.

Na opinião de Kasman, do JPMorgan, Powell terá de ser mais “hawkish” (duro) ao falar à imprensa após a reunião que deve manter inalterados os juros nos EUA pela terceira vez consecutiva. Atualmente, a taxa dos Fed Funds, que são os juros básicos do país, está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

“Acho que ele (Powell) terá de jogar um balde de água fria na flexibilização (monetária) no curto prazo. Certamente, ele manterá a postura que tem tido, indicando a possibilidade de aperto ainda”, disse Kasman, ao avaliar os dados do payroll a investidores, na sexta-feira.

A postura “hawkish” de Powell dependerá, contudo, dos dados da inflação no País. Na próxima terça-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA no mês de novembro.

Mas o próprio payroll já fez parte do trabalho de Powell e embaralhou as expectativas para o primeiro corte de juros nos EUA. As chances de o ciclo de flexibilização monetária começar em março nos EUA caíram para 44% contra 51,4% antes do dado, conforme a plataforma CME Group. Já as de manutenção das taxas subiram a 52,4% e passaram a ser majoritárias, contra 39,7%, na mesma base de comparação.

“A força contínua do mercado de trabalho é um choque de realidade para os investidores que precificaram até 125 pontos base de cortes nas taxas em 2024″, afirma o estrategista-chefe de mercados da Lazard Asset Management, Ronald Temple, em comentário a clientes.

Enquanto Wall Street minguou com o payroll, o presidente Joe Biden celebrou. Ao comentar o relatório, o presidente dos EUA disse que sob sua gestão “os salários e a riqueza doméstica estão mais altos do que antes da pandemia”. Mas admitiu que a inflação americana continua muito elevada. “Minha prioridade é reduzir os custos para os trabalhadores americanos”, disse Biden, em comunicado.

As expectativas de que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava esfriando caíram por terra com o esperado relatório payroll, divulgado na sexta-feira, 8. A criação de vagas em novembro veio ligeiramente acima do esperado, no mês em que os trabalhadores do setor automotivo e de Hollywood voltaram ao batente, e obrigou Wall Street a dar um passo atrás na esperança quanto ao primeiro corte de juros no país. Se dados anteriores ajudaram a cravar março, os desta sexta-feira trouxeram maio de volta à mesa.

Os EUA criaram 199 mil vagas no mês de novembro, resultado ligeiramente acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que apontava para a geração de 198 mil postos de trabalho. Na contramão do que previam analistas, a taxa de desemprego no país caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, lembra que grande parte do crescimento do emprego em novembro pode ser atribuída ao fim das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) e de Hollywood. Cerca de 50 mil vagas estão relacionadas ao término das paralisações, calcula. Para além do fim das greves, o ímpeto de crescimento do emprego nos EUA continua aquecido. “O emprego público, a educação e a saúde, o lazer e a hospitalidade continuam a ser os motores dos ganhos de emprego”, diz Gapen.

Economia americana continua forte a despeito das elevadas taxas de juros  Foto: Ted Shaffrey/AP

Na opinião do economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de novembro está consistente com o crescimento da economia americana, que consegue continuar forte a despeito das elevadas taxas de juros no país. O mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento, mas continua sólido, resumiu. Foi, porém, um balde de água fria nas expectativas do mercado e no apetite ao risco, definiu Kasman.

Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostraram um consumidor americano mais otimista. Por sua vez, as expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro, o que contribui para a visão de que o Fed pode ser menos agressivo na condução da política monetária nos EUA.

Lembrete para Wall Street

Para o diretor executivo e economista sênior do canadense CIBC Capital Markets, Ali Jaffery, o payroll de novembro foi como um lembrete para Wall Street de que o trabalho nos EUA continua apertado a despeito da onda “dovish” (suave) que se alastrou nos mercados no mês passado. “O relatório desta sexta-feira irá certamente levantar algumas sobrancelhas no FOMC”, avaliou Jaffery, em referência ao encontro dos dirigentes do Fed nesta semana, o último de 2023.

Na opinião de Kasman, do JPMorgan, Powell terá de ser mais “hawkish” (duro) ao falar à imprensa após a reunião que deve manter inalterados os juros nos EUA pela terceira vez consecutiva. Atualmente, a taxa dos Fed Funds, que são os juros básicos do país, está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

“Acho que ele (Powell) terá de jogar um balde de água fria na flexibilização (monetária) no curto prazo. Certamente, ele manterá a postura que tem tido, indicando a possibilidade de aperto ainda”, disse Kasman, ao avaliar os dados do payroll a investidores, na sexta-feira.

A postura “hawkish” de Powell dependerá, contudo, dos dados da inflação no País. Na próxima terça-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA no mês de novembro.

Mas o próprio payroll já fez parte do trabalho de Powell e embaralhou as expectativas para o primeiro corte de juros nos EUA. As chances de o ciclo de flexibilização monetária começar em março nos EUA caíram para 44% contra 51,4% antes do dado, conforme a plataforma CME Group. Já as de manutenção das taxas subiram a 52,4% e passaram a ser majoritárias, contra 39,7%, na mesma base de comparação.

“A força contínua do mercado de trabalho é um choque de realidade para os investidores que precificaram até 125 pontos base de cortes nas taxas em 2024″, afirma o estrategista-chefe de mercados da Lazard Asset Management, Ronald Temple, em comentário a clientes.

Enquanto Wall Street minguou com o payroll, o presidente Joe Biden celebrou. Ao comentar o relatório, o presidente dos EUA disse que sob sua gestão “os salários e a riqueza doméstica estão mais altos do que antes da pandemia”. Mas admitiu que a inflação americana continua muito elevada. “Minha prioridade é reduzir os custos para os trabalhadores americanos”, disse Biden, em comunicado.

As expectativas de que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava esfriando caíram por terra com o esperado relatório payroll, divulgado na sexta-feira, 8. A criação de vagas em novembro veio ligeiramente acima do esperado, no mês em que os trabalhadores do setor automotivo e de Hollywood voltaram ao batente, e obrigou Wall Street a dar um passo atrás na esperança quanto ao primeiro corte de juros no país. Se dados anteriores ajudaram a cravar março, os desta sexta-feira trouxeram maio de volta à mesa.

Os EUA criaram 199 mil vagas no mês de novembro, resultado ligeiramente acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que apontava para a geração de 198 mil postos de trabalho. Na contramão do que previam analistas, a taxa de desemprego no país caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, lembra que grande parte do crescimento do emprego em novembro pode ser atribuída ao fim das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) e de Hollywood. Cerca de 50 mil vagas estão relacionadas ao término das paralisações, calcula. Para além do fim das greves, o ímpeto de crescimento do emprego nos EUA continua aquecido. “O emprego público, a educação e a saúde, o lazer e a hospitalidade continuam a ser os motores dos ganhos de emprego”, diz Gapen.

Economia americana continua forte a despeito das elevadas taxas de juros  Foto: Ted Shaffrey/AP

Na opinião do economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de novembro está consistente com o crescimento da economia americana, que consegue continuar forte a despeito das elevadas taxas de juros no país. O mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento, mas continua sólido, resumiu. Foi, porém, um balde de água fria nas expectativas do mercado e no apetite ao risco, definiu Kasman.

Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostraram um consumidor americano mais otimista. Por sua vez, as expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro, o que contribui para a visão de que o Fed pode ser menos agressivo na condução da política monetária nos EUA.

Lembrete para Wall Street

Para o diretor executivo e economista sênior do canadense CIBC Capital Markets, Ali Jaffery, o payroll de novembro foi como um lembrete para Wall Street de que o trabalho nos EUA continua apertado a despeito da onda “dovish” (suave) que se alastrou nos mercados no mês passado. “O relatório desta sexta-feira irá certamente levantar algumas sobrancelhas no FOMC”, avaliou Jaffery, em referência ao encontro dos dirigentes do Fed nesta semana, o último de 2023.

Na opinião de Kasman, do JPMorgan, Powell terá de ser mais “hawkish” (duro) ao falar à imprensa após a reunião que deve manter inalterados os juros nos EUA pela terceira vez consecutiva. Atualmente, a taxa dos Fed Funds, que são os juros básicos do país, está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

“Acho que ele (Powell) terá de jogar um balde de água fria na flexibilização (monetária) no curto prazo. Certamente, ele manterá a postura que tem tido, indicando a possibilidade de aperto ainda”, disse Kasman, ao avaliar os dados do payroll a investidores, na sexta-feira.

A postura “hawkish” de Powell dependerá, contudo, dos dados da inflação no País. Na próxima terça-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA no mês de novembro.

Mas o próprio payroll já fez parte do trabalho de Powell e embaralhou as expectativas para o primeiro corte de juros nos EUA. As chances de o ciclo de flexibilização monetária começar em março nos EUA caíram para 44% contra 51,4% antes do dado, conforme a plataforma CME Group. Já as de manutenção das taxas subiram a 52,4% e passaram a ser majoritárias, contra 39,7%, na mesma base de comparação.

“A força contínua do mercado de trabalho é um choque de realidade para os investidores que precificaram até 125 pontos base de cortes nas taxas em 2024″, afirma o estrategista-chefe de mercados da Lazard Asset Management, Ronald Temple, em comentário a clientes.

Enquanto Wall Street minguou com o payroll, o presidente Joe Biden celebrou. Ao comentar o relatório, o presidente dos EUA disse que sob sua gestão “os salários e a riqueza doméstica estão mais altos do que antes da pandemia”. Mas admitiu que a inflação americana continua muito elevada. “Minha prioridade é reduzir os custos para os trabalhadores americanos”, disse Biden, em comunicado.

As expectativas de que o mercado de trabalho nos Estados Unidos estava esfriando caíram por terra com o esperado relatório payroll, divulgado na sexta-feira, 8. A criação de vagas em novembro veio ligeiramente acima do esperado, no mês em que os trabalhadores do setor automotivo e de Hollywood voltaram ao batente, e obrigou Wall Street a dar um passo atrás na esperança quanto ao primeiro corte de juros no país. Se dados anteriores ajudaram a cravar março, os desta sexta-feira trouxeram maio de volta à mesa.

Os EUA criaram 199 mil vagas no mês de novembro, resultado ligeiramente acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que apontava para a geração de 198 mil postos de trabalho. Na contramão do que previam analistas, a taxa de desemprego no país caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, lembra que grande parte do crescimento do emprego em novembro pode ser atribuída ao fim das greves do sindicato United Auto Workers (UAW) e de Hollywood. Cerca de 50 mil vagas estão relacionadas ao término das paralisações, calcula. Para além do fim das greves, o ímpeto de crescimento do emprego nos EUA continua aquecido. “O emprego público, a educação e a saúde, o lazer e a hospitalidade continuam a ser os motores dos ganhos de emprego”, diz Gapen.

Economia americana continua forte a despeito das elevadas taxas de juros  Foto: Ted Shaffrey/AP

Na opinião do economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman, o payroll de novembro está consistente com o crescimento da economia americana, que consegue continuar forte a despeito das elevadas taxas de juros no país. O mercado de trabalho americano dá sinais de arrefecimento, mas continua sólido, resumiu. Foi, porém, um balde de água fria nas expectativas do mercado e no apetite ao risco, definiu Kasman.

Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostraram um consumidor americano mais otimista. Por sua vez, as expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram de 4,5% em novembro a 3,1% em dezembro, o que contribui para a visão de que o Fed pode ser menos agressivo na condução da política monetária nos EUA.

Lembrete para Wall Street

Para o diretor executivo e economista sênior do canadense CIBC Capital Markets, Ali Jaffery, o payroll de novembro foi como um lembrete para Wall Street de que o trabalho nos EUA continua apertado a despeito da onda “dovish” (suave) que se alastrou nos mercados no mês passado. “O relatório desta sexta-feira irá certamente levantar algumas sobrancelhas no FOMC”, avaliou Jaffery, em referência ao encontro dos dirigentes do Fed nesta semana, o último de 2023.

Na opinião de Kasman, do JPMorgan, Powell terá de ser mais “hawkish” (duro) ao falar à imprensa após a reunião que deve manter inalterados os juros nos EUA pela terceira vez consecutiva. Atualmente, a taxa dos Fed Funds, que são os juros básicos do país, está entre 5,25% e 5,50% ao ano.

“Acho que ele (Powell) terá de jogar um balde de água fria na flexibilização (monetária) no curto prazo. Certamente, ele manterá a postura que tem tido, indicando a possibilidade de aperto ainda”, disse Kasman, ao avaliar os dados do payroll a investidores, na sexta-feira.

A postura “hawkish” de Powell dependerá, contudo, dos dados da inflação no País. Na próxima terça-feira, será divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA no mês de novembro.

Mas o próprio payroll já fez parte do trabalho de Powell e embaralhou as expectativas para o primeiro corte de juros nos EUA. As chances de o ciclo de flexibilização monetária começar em março nos EUA caíram para 44% contra 51,4% antes do dado, conforme a plataforma CME Group. Já as de manutenção das taxas subiram a 52,4% e passaram a ser majoritárias, contra 39,7%, na mesma base de comparação.

“A força contínua do mercado de trabalho é um choque de realidade para os investidores que precificaram até 125 pontos base de cortes nas taxas em 2024″, afirma o estrategista-chefe de mercados da Lazard Asset Management, Ronald Temple, em comentário a clientes.

Enquanto Wall Street minguou com o payroll, o presidente Joe Biden celebrou. Ao comentar o relatório, o presidente dos EUA disse que sob sua gestão “os salários e a riqueza doméstica estão mais altos do que antes da pandemia”. Mas admitiu que a inflação americana continua muito elevada. “Minha prioridade é reduzir os custos para os trabalhadores americanos”, disse Biden, em comunicado.

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