A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas) enviou na última semana um ofício ao Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau, Gaspar e Indaial (Sintrafite) no qual afirma que terá de realizar uma demissão em massa no mês de julho. A princípio, o documento indicava mais de 800 funcionários desligados, mas a empresa esclareceu, em reunião com a entidade de classe, que seriam cerca de 700 demissões.
Em assembleia realizada na segunda-feira, 3, os trabalhadores presentes rejeitaram a proposta da empresa de que suas rescisões fossem pagas em até 15 parcelas. “É uma contradição, pois a empresa divulgou uma parceria com a Shein na semana passada e está fazendo investimentos em outras regiões, enquanto os trabalhadores de Blumenau são penalizados”, disse ao Estadão/Broadcast o presidente do Sintrafite, Carlos Alexandre Maske.
Em abril deste ano, a Coteminas havia anunciado a parceria com a varejista asiática Shein, que prometeu contratar duas mil confecções no País em um processo de nacionalização da sua produção de moda. A produção local seria responsável por fornecer os itens comercializados na plataforma digital para o mercado brasileiro e posteriormente para outros países da América Latina.
O anúncio foi feito depois que o dono da Coteminas, Josué Gomes, participou de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os representantes da empresa. Na ocasião, a plataforma chinesa anunciou que faria investimentos de cerca de R$ 750 milhões no setor têxtil brasileiro, com a expectativa de gerar até 100 mil empregos indiretos no País para os próximos três anos.
Na semana passada, no dia 29, Josué esteve em Brasília (DF), onde, ao lado da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), do presidente da Shein para o Brasil e América Latina, Marcelo Claure, e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciaram o início da produção nacional da companhia chinesa, ainda em julho, na fábrica da Coteminas, em Macaíba (RN).
Leia também
Segundo Maske, a fábrica de Blumenau, onde devem acontecer as demissões, tem cerca de 1.200 trabalhadores, sendo que em torno de 200 estariam afastados. “Trata-se de uma demissão, portanto, de cerca de 70% do quadro de funcionários”, diz o presidente do sindicato.
Com a proposta de parcelamento das rescisões rejeitada nessa primeira assembleia realizada em frente à fábrica da Coteminas, o Sintrafite convocou nova assembleia para a próxima quinta-feira, 6, e cogita a realização de um ato público contra a postura da companhia.
Além de buscar alternativas para preservar os empregos, o sindicato deve agir para buscar uma forma melhor de pagamento dos direitos dos trabalhadores que forem demitidos.
Procurada, a Coteminas não respondeu ao contato da reportagem até o fechamento dessa nota.