O posto da Americanas de maior varejista de ovos de Páscoa do mundo está em risco, depois do rombo bilionário da companhia revelado na semana passada. Grandes fabricantes de chocolates, tradicionais em parcerias com a varejista por ter preços competitivos, estão bastante preocupadas com as vendas para a data, apurou o Estadão.
A dois meses e meio da Páscoa, indústrias pretendem negociar as vendas de ovos de chocolates mediante parte do pagamento à vista, para se resguardar do risco de crédito. No passado, a Americanas se dizia responsável pela “maior Páscoa do mundo”.
Compradores de redes de supermercados ouvidos pela reportagem acreditam que há risco de “sobrar” ovo de chocolate nesta Páscoa. Nos últimos anos, Americanas conseguia colocar os produtos à venda com preços muito inferiores em relação à concorrência. Por isso, a expectativa é que os supermercados não tenham o mesmo nível de competitividade que a varejista tinha.
Para Claudio Felisoni de Angelo, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo & Mercado de Consumo (IBEVAR), a crise na Americanas também deve ter impacto nas finanças das fabricantes de chocolate. “A Black Friday do mercado de chocolate é a Páscoa, então, as fabricantes não vão querer vender para a Americanas, e sim para as concorrentes. Mas isso fará o poder do varejo aumentar. Com isso, a margem das empresas de chocolate vai diminuir”, afirma.
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Roberto Kanter, professor do MBA de gestão comercial e marketing da FGV e diretor da consultoria Canal Vertical, afirma que a crise da Americanas preocupa o setor de chocolates antes da Páscoa, quando cerca de metade do volume de vendas acontece.
“É provável que a indústria esteja torcendo para que a Americanas continue a operar. Mas a indústria também pode ter planos de contingência, como vender para outras varejistas ou mesmo para lojas que antes não comprariam ovos de chocolate”, diz.
Procurada, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas afirmou que a Americanas é uma “importante parceira de negócio da indústria” e que acompanha de perto as “atualizações e decisões tomadas pela empresa”.
A Americanas não respondeu ao contato da reportagem para comentar o caso. Nesta semana, a empresa informou ao Estadão que suas operações de varejo físico e digital funcionavam normalmente.