A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), do empresário Benjamin Steinbruch, continua no páreo para assumir o controle da InterCement, negociando com a controladora Mover (ex-Camargo Corrêa), mesmo após o fim do período de exclusividade que termina nesta sexta-feira, 12, segundo fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast.
Há interesse por parte da CSN em renovar a exclusividade e ela pode acontecer já neste final de semana, embora as tratativas estejam em andamento e nada de concreto foi definido. Procuradas, a InterCement Participações, a Mover e a CSN não comentaram.
É esperado que a cimenteira entre com uma medida cautelar para suspender a execução do pagamento dos títulos emitidos ao exterior (US$ 549 milhões), visto que o vencimento dos papéis ocorre na próxima quarta-feira, 17. Sem nenhuma ação por parte da companhia, o resgate será automático.
Em meio às negociações com os seus principais credores, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil, a cimenteira também teria conseguido nas últimas semanas um novo adiamento para o pagamento da sua parcela de dívidas referentes às debêntures que venciam no final de junho.
O fim da exclusividade traz a possibilidade de outras companhias interessadas voltarem à disputa pelos ativos da InterCement. São gigantes como a Votorantim Cimentos, a chinesa Sinoma International Engineering e outras. A fabricante de concreto Polimix e a italiana Buzzi também já tiveram seus nomes veiculados durante a disputa.
O diferencial na proposta da CSN foi o fato de ela ter sido a única a oferecer uma alternativa de compra para 100% dos ativos da empresa, o que reflete o caminho mais próximo para que a acionista Mover consiga resolver seus desafios com os bancos, segundo uma pessoa a par do caso.
Pessoas próximas das negociações disseram ainda que um dos pontos cruciais em andamento são as garantias a serem dadas pela Mover às contingências que a cimenteira tem, como tributos fiscais e multas, entre elas uma pendência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Há também uma dívida exclusiva da Mover com o Bradesco garantida por ações da holding na concessionária de infraestrutura CCR.
O negócio, avaliado em torno de R$ 10 bilhões, o correspondente às dívidas da InterCement, envolve a controlada brasileira ICB, que opera 15 fábricas, e a controlada argentina Loma Negra, dona de nove fábricas e uma ferrovia.