70 mil empregos e 5 mil agências a menos: como a digitalização mudou a cara dos bancos no Brasil


Mudança nos últimos dez anos foi radical; pandemia também ajudou a acelerar processo de transformação digital dos bancos e da população

Por Lucas Agrela
Atualização:

A modernização tecnológica levou as empresas do setor financeiro a enxugarem radicalmente suas estruturas nos últimos anos. Entre janeiro de 2014 e abril de 2023, as instituições fecharam 5.716 agências bancárias e eliminaram cerca de 70 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A digitalização do setor deu aos clientes mais facilidade para operações como abertura e fechamento de conta, consulta de saldo, realização de transferências (pix, TED ou DOC) e investimentos, como fundos, CDBs ou Tesouro Direto. Ou seja, o autoatendimento nos aplicativos de celular assumiu as funções dos bancários ou mesmo dos caixas eletrônicos.

Hoje, calcula-se que o País tenha mais de um smartphone por habitante, o que facilita a popularização dos aplicativos para fazer operações financeiras. Segundo o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha, a aceleração no processo de transformação digital dos bancos brasileiros começou a partir da crise do subprime em 2008, que impactou o sistema financeiro global.

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Com a digitalização, as instituições começaram uma corrida pela eficiência e inovação. Nesse processo, surgiram os aplicativos com funções de autoatendimento e as fintechs. “A população passou a ter acesso a muitos produtos financeiros, ficou mais bancarizada, enquanto o sistema financeiro em si entrou num processo de desbancarização”, diz Rocha.

Banco do Brasil reduziu equipe de 86.466 para 85.457, um corte de 1.009 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Esse movimento ficou mais intenso com a pandemia e o isolamento social. Sem poder sair de casa e ir às agências, boa parte da população foi obrigada a se digitalizar. Mesmo pessoas avessas às operações online tiveram de se render aos aplicativos para pagar suas contas. Essa onda acabou tendo reflexos na mão de obra do setor.

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“Os bancos têm feito uma movimentação que se intensificou após a pandemia. As pessoas aprenderam a usar o celular, especialmente as mais idosas. Com isso, muitas agências têm sido fechadas. Hoje, na agência, o número de trabalhadores é cada vez menor, e isso tem a ver com o uso da tecnologia no setor”, diz Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo ela, o resultado é que quem fica tem uma carga de trabalho enorme nas agências e em outras áreas, porque são cada vez menos pessoas trabalhando. O Sindicato, porém, não soube informar o total de pessoas que trabalham hoje nos bancos.

E esse movimento ainda deve continuar, segundo especialistas. “Ainda há tendência de queda de funcionários e agências. Em uma retomada econômica, alguns bancos podem até voltar a aumentar o número de funcionários, mas não vão abrir novas agências”, diz Ricardo Rocha.

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Segundo dados do Novo Caged (o cadastro geral de empregados e desempregados, do Ministério do Trabalho), o volume de demissões no mês de março ficou 39% acima da média mensal de 2022, quando o número de desligamentos chegou a 1.474. Já o número de contratações ficou 16,5% abaixo da média mensal registrada no setor no período. Março foi o sexto mês consecutivo de cortes de postos de trabalho no setor bancário.

No primeiro trimestre deste ano, os bancos eliminaram 2.662 vagas, enquanto haviam aberto 3.160 vagas no mesmo período em 2022. Nos grandes bancos, o corte de pessoal chegou a 2.394, comparando os dados do primeiro trimestre de 2023 com igual período no ano passado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, no entanto, que “no primeiro trimestre 2023 houve uma ligeira redução no nível de empregos no setor, de 0,6%, que é equivalente à expansão no nível de emprego que houve de 2021 para 2022, de 0,6%. Portanto, o nível de emprego no setor tem se mantido estável”.

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No Banco do Brasil, a equipe foi reduzida de 86.466 para 85.457 em relação ao ano passado, um corte de 1.009. Na Caixa Econômica Federal, a redução foi menor: passou de 86.850 para 86.741, uma diferença de 109 pessoas. Segundo os dois bancos, esse é um decréscimo natural, como pedidos de demissão ou aposentadoria. Procuradas, as demais empresas que fecharam postos de trabalho não comentaram o caso.

Mais vagas na área de tecnologia

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De acordo com o relatório do Novo Caged, o impacto maior na eliminação dos postos de trabalho tem ocorrido na categoria dos bancários. Considerando o ramo financeiro como um todo, que inclui gestoras, corretoras e assessores, houve crescimento de vagas. Só em março, foram 925 novos postos de trabalho, número que, apesar de positivo, é 68,5% inferior ao registrado um ano antes. Ao levar em conta os últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, ou seja, a média é a criação de 2,3 mil vagas por mês.

Devido à transformação digital dos bancos e instituições financeiras em geral nos últimos anos, os novos postos de trabalho, na maioria dos casos, foram para profissionais de tecnologia da informação, como programadores, analistas e gerentes de produto.

As instituições que contataram funcionários no período de 12 meses até março disseram que buscam manter suas operações com estrutura para atender a todos os clientes, para lidar com o cenário econômico desafiador e para atender às necessidades dos planos de negócio para 2023.

A modernização tecnológica levou as empresas do setor financeiro a enxugarem radicalmente suas estruturas nos últimos anos. Entre janeiro de 2014 e abril de 2023, as instituições fecharam 5.716 agências bancárias e eliminaram cerca de 70 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A digitalização do setor deu aos clientes mais facilidade para operações como abertura e fechamento de conta, consulta de saldo, realização de transferências (pix, TED ou DOC) e investimentos, como fundos, CDBs ou Tesouro Direto. Ou seja, o autoatendimento nos aplicativos de celular assumiu as funções dos bancários ou mesmo dos caixas eletrônicos.

Hoje, calcula-se que o País tenha mais de um smartphone por habitante, o que facilita a popularização dos aplicativos para fazer operações financeiras. Segundo o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha, a aceleração no processo de transformação digital dos bancos brasileiros começou a partir da crise do subprime em 2008, que impactou o sistema financeiro global.

Com a digitalização, as instituições começaram uma corrida pela eficiência e inovação. Nesse processo, surgiram os aplicativos com funções de autoatendimento e as fintechs. “A população passou a ter acesso a muitos produtos financeiros, ficou mais bancarizada, enquanto o sistema financeiro em si entrou num processo de desbancarização”, diz Rocha.

Banco do Brasil reduziu equipe de 86.466 para 85.457, um corte de 1.009 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Esse movimento ficou mais intenso com a pandemia e o isolamento social. Sem poder sair de casa e ir às agências, boa parte da população foi obrigada a se digitalizar. Mesmo pessoas avessas às operações online tiveram de se render aos aplicativos para pagar suas contas. Essa onda acabou tendo reflexos na mão de obra do setor.

“Os bancos têm feito uma movimentação que se intensificou após a pandemia. As pessoas aprenderam a usar o celular, especialmente as mais idosas. Com isso, muitas agências têm sido fechadas. Hoje, na agência, o número de trabalhadores é cada vez menor, e isso tem a ver com o uso da tecnologia no setor”, diz Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo ela, o resultado é que quem fica tem uma carga de trabalho enorme nas agências e em outras áreas, porque são cada vez menos pessoas trabalhando. O Sindicato, porém, não soube informar o total de pessoas que trabalham hoje nos bancos.

E esse movimento ainda deve continuar, segundo especialistas. “Ainda há tendência de queda de funcionários e agências. Em uma retomada econômica, alguns bancos podem até voltar a aumentar o número de funcionários, mas não vão abrir novas agências”, diz Ricardo Rocha.

Segundo dados do Novo Caged (o cadastro geral de empregados e desempregados, do Ministério do Trabalho), o volume de demissões no mês de março ficou 39% acima da média mensal de 2022, quando o número de desligamentos chegou a 1.474. Já o número de contratações ficou 16,5% abaixo da média mensal registrada no setor no período. Março foi o sexto mês consecutivo de cortes de postos de trabalho no setor bancário.

No primeiro trimestre deste ano, os bancos eliminaram 2.662 vagas, enquanto haviam aberto 3.160 vagas no mesmo período em 2022. Nos grandes bancos, o corte de pessoal chegou a 2.394, comparando os dados do primeiro trimestre de 2023 com igual período no ano passado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, no entanto, que “no primeiro trimestre 2023 houve uma ligeira redução no nível de empregos no setor, de 0,6%, que é equivalente à expansão no nível de emprego que houve de 2021 para 2022, de 0,6%. Portanto, o nível de emprego no setor tem se mantido estável”.

No Banco do Brasil, a equipe foi reduzida de 86.466 para 85.457 em relação ao ano passado, um corte de 1.009. Na Caixa Econômica Federal, a redução foi menor: passou de 86.850 para 86.741, uma diferença de 109 pessoas. Segundo os dois bancos, esse é um decréscimo natural, como pedidos de demissão ou aposentadoria. Procuradas, as demais empresas que fecharam postos de trabalho não comentaram o caso.

Mais vagas na área de tecnologia

De acordo com o relatório do Novo Caged, o impacto maior na eliminação dos postos de trabalho tem ocorrido na categoria dos bancários. Considerando o ramo financeiro como um todo, que inclui gestoras, corretoras e assessores, houve crescimento de vagas. Só em março, foram 925 novos postos de trabalho, número que, apesar de positivo, é 68,5% inferior ao registrado um ano antes. Ao levar em conta os últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, ou seja, a média é a criação de 2,3 mil vagas por mês.

Devido à transformação digital dos bancos e instituições financeiras em geral nos últimos anos, os novos postos de trabalho, na maioria dos casos, foram para profissionais de tecnologia da informação, como programadores, analistas e gerentes de produto.

As instituições que contataram funcionários no período de 12 meses até março disseram que buscam manter suas operações com estrutura para atender a todos os clientes, para lidar com o cenário econômico desafiador e para atender às necessidades dos planos de negócio para 2023.

A modernização tecnológica levou as empresas do setor financeiro a enxugarem radicalmente suas estruturas nos últimos anos. Entre janeiro de 2014 e abril de 2023, as instituições fecharam 5.716 agências bancárias e eliminaram cerca de 70 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A digitalização do setor deu aos clientes mais facilidade para operações como abertura e fechamento de conta, consulta de saldo, realização de transferências (pix, TED ou DOC) e investimentos, como fundos, CDBs ou Tesouro Direto. Ou seja, o autoatendimento nos aplicativos de celular assumiu as funções dos bancários ou mesmo dos caixas eletrônicos.

Hoje, calcula-se que o País tenha mais de um smartphone por habitante, o que facilita a popularização dos aplicativos para fazer operações financeiras. Segundo o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha, a aceleração no processo de transformação digital dos bancos brasileiros começou a partir da crise do subprime em 2008, que impactou o sistema financeiro global.

Com a digitalização, as instituições começaram uma corrida pela eficiência e inovação. Nesse processo, surgiram os aplicativos com funções de autoatendimento e as fintechs. “A população passou a ter acesso a muitos produtos financeiros, ficou mais bancarizada, enquanto o sistema financeiro em si entrou num processo de desbancarização”, diz Rocha.

Banco do Brasil reduziu equipe de 86.466 para 85.457, um corte de 1.009 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Esse movimento ficou mais intenso com a pandemia e o isolamento social. Sem poder sair de casa e ir às agências, boa parte da população foi obrigada a se digitalizar. Mesmo pessoas avessas às operações online tiveram de se render aos aplicativos para pagar suas contas. Essa onda acabou tendo reflexos na mão de obra do setor.

“Os bancos têm feito uma movimentação que se intensificou após a pandemia. As pessoas aprenderam a usar o celular, especialmente as mais idosas. Com isso, muitas agências têm sido fechadas. Hoje, na agência, o número de trabalhadores é cada vez menor, e isso tem a ver com o uso da tecnologia no setor”, diz Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo ela, o resultado é que quem fica tem uma carga de trabalho enorme nas agências e em outras áreas, porque são cada vez menos pessoas trabalhando. O Sindicato, porém, não soube informar o total de pessoas que trabalham hoje nos bancos.

E esse movimento ainda deve continuar, segundo especialistas. “Ainda há tendência de queda de funcionários e agências. Em uma retomada econômica, alguns bancos podem até voltar a aumentar o número de funcionários, mas não vão abrir novas agências”, diz Ricardo Rocha.

Segundo dados do Novo Caged (o cadastro geral de empregados e desempregados, do Ministério do Trabalho), o volume de demissões no mês de março ficou 39% acima da média mensal de 2022, quando o número de desligamentos chegou a 1.474. Já o número de contratações ficou 16,5% abaixo da média mensal registrada no setor no período. Março foi o sexto mês consecutivo de cortes de postos de trabalho no setor bancário.

No primeiro trimestre deste ano, os bancos eliminaram 2.662 vagas, enquanto haviam aberto 3.160 vagas no mesmo período em 2022. Nos grandes bancos, o corte de pessoal chegou a 2.394, comparando os dados do primeiro trimestre de 2023 com igual período no ano passado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, no entanto, que “no primeiro trimestre 2023 houve uma ligeira redução no nível de empregos no setor, de 0,6%, que é equivalente à expansão no nível de emprego que houve de 2021 para 2022, de 0,6%. Portanto, o nível de emprego no setor tem se mantido estável”.

No Banco do Brasil, a equipe foi reduzida de 86.466 para 85.457 em relação ao ano passado, um corte de 1.009. Na Caixa Econômica Federal, a redução foi menor: passou de 86.850 para 86.741, uma diferença de 109 pessoas. Segundo os dois bancos, esse é um decréscimo natural, como pedidos de demissão ou aposentadoria. Procuradas, as demais empresas que fecharam postos de trabalho não comentaram o caso.

Mais vagas na área de tecnologia

De acordo com o relatório do Novo Caged, o impacto maior na eliminação dos postos de trabalho tem ocorrido na categoria dos bancários. Considerando o ramo financeiro como um todo, que inclui gestoras, corretoras e assessores, houve crescimento de vagas. Só em março, foram 925 novos postos de trabalho, número que, apesar de positivo, é 68,5% inferior ao registrado um ano antes. Ao levar em conta os últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, ou seja, a média é a criação de 2,3 mil vagas por mês.

Devido à transformação digital dos bancos e instituições financeiras em geral nos últimos anos, os novos postos de trabalho, na maioria dos casos, foram para profissionais de tecnologia da informação, como programadores, analistas e gerentes de produto.

As instituições que contataram funcionários no período de 12 meses até março disseram que buscam manter suas operações com estrutura para atender a todos os clientes, para lidar com o cenário econômico desafiador e para atender às necessidades dos planos de negócio para 2023.

A modernização tecnológica levou as empresas do setor financeiro a enxugarem radicalmente suas estruturas nos últimos anos. Entre janeiro de 2014 e abril de 2023, as instituições fecharam 5.716 agências bancárias e eliminaram cerca de 70 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A digitalização do setor deu aos clientes mais facilidade para operações como abertura e fechamento de conta, consulta de saldo, realização de transferências (pix, TED ou DOC) e investimentos, como fundos, CDBs ou Tesouro Direto. Ou seja, o autoatendimento nos aplicativos de celular assumiu as funções dos bancários ou mesmo dos caixas eletrônicos.

Hoje, calcula-se que o País tenha mais de um smartphone por habitante, o que facilita a popularização dos aplicativos para fazer operações financeiras. Segundo o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha, a aceleração no processo de transformação digital dos bancos brasileiros começou a partir da crise do subprime em 2008, que impactou o sistema financeiro global.

Com a digitalização, as instituições começaram uma corrida pela eficiência e inovação. Nesse processo, surgiram os aplicativos com funções de autoatendimento e as fintechs. “A população passou a ter acesso a muitos produtos financeiros, ficou mais bancarizada, enquanto o sistema financeiro em si entrou num processo de desbancarização”, diz Rocha.

Banco do Brasil reduziu equipe de 86.466 para 85.457, um corte de 1.009 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Esse movimento ficou mais intenso com a pandemia e o isolamento social. Sem poder sair de casa e ir às agências, boa parte da população foi obrigada a se digitalizar. Mesmo pessoas avessas às operações online tiveram de se render aos aplicativos para pagar suas contas. Essa onda acabou tendo reflexos na mão de obra do setor.

“Os bancos têm feito uma movimentação que se intensificou após a pandemia. As pessoas aprenderam a usar o celular, especialmente as mais idosas. Com isso, muitas agências têm sido fechadas. Hoje, na agência, o número de trabalhadores é cada vez menor, e isso tem a ver com o uso da tecnologia no setor”, diz Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo ela, o resultado é que quem fica tem uma carga de trabalho enorme nas agências e em outras áreas, porque são cada vez menos pessoas trabalhando. O Sindicato, porém, não soube informar o total de pessoas que trabalham hoje nos bancos.

E esse movimento ainda deve continuar, segundo especialistas. “Ainda há tendência de queda de funcionários e agências. Em uma retomada econômica, alguns bancos podem até voltar a aumentar o número de funcionários, mas não vão abrir novas agências”, diz Ricardo Rocha.

Segundo dados do Novo Caged (o cadastro geral de empregados e desempregados, do Ministério do Trabalho), o volume de demissões no mês de março ficou 39% acima da média mensal de 2022, quando o número de desligamentos chegou a 1.474. Já o número de contratações ficou 16,5% abaixo da média mensal registrada no setor no período. Março foi o sexto mês consecutivo de cortes de postos de trabalho no setor bancário.

No primeiro trimestre deste ano, os bancos eliminaram 2.662 vagas, enquanto haviam aberto 3.160 vagas no mesmo período em 2022. Nos grandes bancos, o corte de pessoal chegou a 2.394, comparando os dados do primeiro trimestre de 2023 com igual período no ano passado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, no entanto, que “no primeiro trimestre 2023 houve uma ligeira redução no nível de empregos no setor, de 0,6%, que é equivalente à expansão no nível de emprego que houve de 2021 para 2022, de 0,6%. Portanto, o nível de emprego no setor tem se mantido estável”.

No Banco do Brasil, a equipe foi reduzida de 86.466 para 85.457 em relação ao ano passado, um corte de 1.009. Na Caixa Econômica Federal, a redução foi menor: passou de 86.850 para 86.741, uma diferença de 109 pessoas. Segundo os dois bancos, esse é um decréscimo natural, como pedidos de demissão ou aposentadoria. Procuradas, as demais empresas que fecharam postos de trabalho não comentaram o caso.

Mais vagas na área de tecnologia

De acordo com o relatório do Novo Caged, o impacto maior na eliminação dos postos de trabalho tem ocorrido na categoria dos bancários. Considerando o ramo financeiro como um todo, que inclui gestoras, corretoras e assessores, houve crescimento de vagas. Só em março, foram 925 novos postos de trabalho, número que, apesar de positivo, é 68,5% inferior ao registrado um ano antes. Ao levar em conta os últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, ou seja, a média é a criação de 2,3 mil vagas por mês.

Devido à transformação digital dos bancos e instituições financeiras em geral nos últimos anos, os novos postos de trabalho, na maioria dos casos, foram para profissionais de tecnologia da informação, como programadores, analistas e gerentes de produto.

As instituições que contataram funcionários no período de 12 meses até março disseram que buscam manter suas operações com estrutura para atender a todos os clientes, para lidar com o cenário econômico desafiador e para atender às necessidades dos planos de negócio para 2023.

A modernização tecnológica levou as empresas do setor financeiro a enxugarem radicalmente suas estruturas nos últimos anos. Entre janeiro de 2014 e abril de 2023, as instituições fecharam 5.716 agências bancárias e eliminaram cerca de 70 mil postos de trabalho, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

A digitalização do setor deu aos clientes mais facilidade para operações como abertura e fechamento de conta, consulta de saldo, realização de transferências (pix, TED ou DOC) e investimentos, como fundos, CDBs ou Tesouro Direto. Ou seja, o autoatendimento nos aplicativos de celular assumiu as funções dos bancários ou mesmo dos caixas eletrônicos.

Hoje, calcula-se que o País tenha mais de um smartphone por habitante, o que facilita a popularização dos aplicativos para fazer operações financeiras. Segundo o professor de Finanças do Insper, Ricardo Rocha, a aceleração no processo de transformação digital dos bancos brasileiros começou a partir da crise do subprime em 2008, que impactou o sistema financeiro global.

Com a digitalização, as instituições começaram uma corrida pela eficiência e inovação. Nesse processo, surgiram os aplicativos com funções de autoatendimento e as fintechs. “A população passou a ter acesso a muitos produtos financeiros, ficou mais bancarizada, enquanto o sistema financeiro em si entrou num processo de desbancarização”, diz Rocha.

Banco do Brasil reduziu equipe de 86.466 para 85.457, um corte de 1.009 Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Esse movimento ficou mais intenso com a pandemia e o isolamento social. Sem poder sair de casa e ir às agências, boa parte da população foi obrigada a se digitalizar. Mesmo pessoas avessas às operações online tiveram de se render aos aplicativos para pagar suas contas. Essa onda acabou tendo reflexos na mão de obra do setor.

“Os bancos têm feito uma movimentação que se intensificou após a pandemia. As pessoas aprenderam a usar o celular, especialmente as mais idosas. Com isso, muitas agências têm sido fechadas. Hoje, na agência, o número de trabalhadores é cada vez menor, e isso tem a ver com o uso da tecnologia no setor”, diz Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Segundo ela, o resultado é que quem fica tem uma carga de trabalho enorme nas agências e em outras áreas, porque são cada vez menos pessoas trabalhando. O Sindicato, porém, não soube informar o total de pessoas que trabalham hoje nos bancos.

E esse movimento ainda deve continuar, segundo especialistas. “Ainda há tendência de queda de funcionários e agências. Em uma retomada econômica, alguns bancos podem até voltar a aumentar o número de funcionários, mas não vão abrir novas agências”, diz Ricardo Rocha.

Segundo dados do Novo Caged (o cadastro geral de empregados e desempregados, do Ministério do Trabalho), o volume de demissões no mês de março ficou 39% acima da média mensal de 2022, quando o número de desligamentos chegou a 1.474. Já o número de contratações ficou 16,5% abaixo da média mensal registrada no setor no período. Março foi o sexto mês consecutivo de cortes de postos de trabalho no setor bancário.

No primeiro trimestre deste ano, os bancos eliminaram 2.662 vagas, enquanto haviam aberto 3.160 vagas no mesmo período em 2022. Nos grandes bancos, o corte de pessoal chegou a 2.394, comparando os dados do primeiro trimestre de 2023 com igual período no ano passado.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirma, no entanto, que “no primeiro trimestre 2023 houve uma ligeira redução no nível de empregos no setor, de 0,6%, que é equivalente à expansão no nível de emprego que houve de 2021 para 2022, de 0,6%. Portanto, o nível de emprego no setor tem se mantido estável”.

No Banco do Brasil, a equipe foi reduzida de 86.466 para 85.457 em relação ao ano passado, um corte de 1.009. Na Caixa Econômica Federal, a redução foi menor: passou de 86.850 para 86.741, uma diferença de 109 pessoas. Segundo os dois bancos, esse é um decréscimo natural, como pedidos de demissão ou aposentadoria. Procuradas, as demais empresas que fecharam postos de trabalho não comentaram o caso.

Mais vagas na área de tecnologia

De acordo com o relatório do Novo Caged, o impacto maior na eliminação dos postos de trabalho tem ocorrido na categoria dos bancários. Considerando o ramo financeiro como um todo, que inclui gestoras, corretoras e assessores, houve crescimento de vagas. Só em março, foram 925 novos postos de trabalho, número que, apesar de positivo, é 68,5% inferior ao registrado um ano antes. Ao levar em conta os últimos 12 meses, foram criados 28,5 mil postos de trabalho no ramo financeiro, ou seja, a média é a criação de 2,3 mil vagas por mês.

Devido à transformação digital dos bancos e instituições financeiras em geral nos últimos anos, os novos postos de trabalho, na maioria dos casos, foram para profissionais de tecnologia da informação, como programadores, analistas e gerentes de produto.

As instituições que contataram funcionários no período de 12 meses até março disseram que buscam manter suas operações com estrutura para atender a todos os clientes, para lidar com o cenário econômico desafiador e para atender às necessidades dos planos de negócio para 2023.

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