Felipe Macedo decidiu ainda adolescente, aos 13 anos, que se tornaria um homem rico no futuro, mesmo sem saber exatamente como, ou quando.
Nascido no Jardim Belval, na periferia de Barueri (Grande São Paulo), Felipe superou as dificuldades financeiras e, mesmo sem ter chegado à faculdade, criou uma agência de soluções em marketing digital que implementa serviços de e-commerce para as principais companhias no País, como Whirlpool, Motorola, Boticário, C&C, SemParar, Grupo Soma e Carrefour, entre outras.
Hoje, aos 34 anos, mais de 20 anos depois, ele é o CEO da Corebiz, disputada por empresas internacionais e comprada em uma negociação milionária por uma gigante britânica do mundo da comunicação, a WPP.
Em um cenário de recorde de fusões e aquisições no Brasil, em 2022, antes de a companhia ter sido adquirida pelo grupo britânico, a expectativa era de que o negócio fechasse o ano com um faturamento de cerca de R$ 150 milhões, um crescimento aproximadamente 50% superior ao do ano anterior na empresa, conforme apurou o Estadão.
Espírito de empresário
Apesar de ter vendido a Corebiz em uma negociação milionária, cujo valor não foi oficialmente divulgado, a história de Felipe no mundo publicitário começou muito antes do primeiro contato com o apetite de aquisições da WPP.
Para ajudar sua mãe com as contas da casa, ainda aos 13 anos, Felipe decidiu que era hora de começar a trabalhar. Após fazer um curso de “informática básica” em um projeto social da comunidade conhecida como Morro do Piolho, ele foi contratado para ser o estagiário de uma ONG, em que ajudaria a consertar computadores com defeito para serem utilizados no local. “Quando eu comecei a trabalhar, ganhava R$ 300. Na época, achava uma fortuna”, conta.
Em meio aos computadores, ele aproveitava para aprender, sozinho, tudo o que podia sobre o tema, como montar e desmontar uma máquina ou usar sistemas de edição de foto e vídeo e softwares de criação.
Com esse conhecimento, aos 16 anos, o adolescente criou sua primeira agência de publicidade, à época, para prestar serviços gráficos a pequenos clientes na sua cidade natal. O negócio não durou muito, mas foi o pontapé inicial na carreira do jovem.
“Eu fazia de tudo: montava sites, criava cartão de visita, logo de marca, arte para panfleto. Mas acabou não dando certo por motivos óbvios, a minha falta de experiência”, lembra o empresário. Mesmo após encerrar as atividades, ele conseguiu se manter no mercado atuando para outras agências de comunicação.
Quatro anos mais tarde, já aos 20, Felipe retomou os planos de ser empresário e convidou um amigo para montar a agência Santa Mônica, que se transformou na atual Corebiz. “Quando começamos, fazíamos de tudo, de site a projetos gráficos. Saía na rua vendendo de porta em porta, ía nas padarias, nos bares, todo tipo de pequeno negócio do bairro”, conta. Após terminar o ensino médio, o jovem chegou a se inscrever no vestibular para o curso de publicidade, mas a falta de dinheiro acabou tirando a vida acadêmica dos planos do empresário, que assim, como na adolescência, seguiu como autodidata.
“Eu não tinha grana para pagar a faculdade e não conseguiria passar em uma faculdade pública para estudar. Cheguei a me matricular, mas a mensalidade custava R$ 800 e eu não tinha esse dinheiro”, explica.
Felipe lembra ainda que, no começo da companhia, os primeiros clientes pagavam mensalidade de aproximadamente R$ 1,5 mil pelos serviços da Corebiz. Hoje, uma implementação de e-commerce da companhia pode custar de R$ 500 mil a € 500 mil, já que, após a aquisição do grupo WPP, o negócio ampliou sua presença em outros mercados fora do Brasil.
E-commerce fez negócio decolar
Se hoje a Corebiz é um dos principais nomes do mercado para a implantação de sistemas de e-commerce, no início da história da companhia, criar um site para marketplaces era o último desejo dos sócios. Isso porque, segundo o CEO, a dupla de empresários não tinha familiaridade com o tema. “Quando eu comecei a trabalhar com e-commerce, eu nunca havia feito uma compra pela internet”, lembra o executivo.
Mas, dado o cenário de “grana curta”, Felipe conta que o maior faturamento, à época algo em torno de R$ 3 mil, era fruto de um cliente que, justamente, precisava de soluções para seu e-commerce. Ao perceber a oportunidade de surfar na onda de crescimento das vendas no varejo virtual, o negócio mudou o foco e decidiu apostar no setor. Em 2016, a Santa Mônica se transformou em Corebiz e o negócio decolou, diz o CEO, após a companhia começar uma parceria com a Vtex, desenvolvedora de sistemas para e-commerce.
Se no início Felipe assumia todo tipo de tarefa na empresa, antes da aquisição, em 2022, a Corebiz já tinha pouco mais de 650 funcionários. Com a introdução na área de e-commerce da VMLY&R - do Grupo WPP -, o negócio deu um novo salto em contratações e chegou a 750 trabalhadores. “Meu sonho era ter uma empresa de 30 pessoas. Nunca imaginei ser do tamanho que nós somos hoje. Agora eu quero ter mais de 10 mil funcionários em todo o mundo”, destaca Felipe.
Atualmente, o empresário segue à frente da companhia que expandiu sua atuação para países da América Latina, do Norte, Europa e Ásia, em mais de 45 países com cerca de 140 clientes. Entre os nomes atendidos pela companhia estão empresas como Grupo Casino, na França, Amazon, nos EUA, Mercado Livre, no Brasil, entre outros.