Empresários querem definição clara de Lula sobre política econômica antes de declarar apoio


Grupo do PIB que apoiou Simone Tebet (PMDB) agora tende para o candidato do PT, desde que ele migre para o centro, tanto na política quanto na economia; uma minoria deve priorizar Bolsonaro

Por Fernanda Guimarães e Fernando Scheller
Atualização:

Uma parcela do Produto Interno Bruto (PIB) que apostou até o fim as suas fichas na “terceira via”, representada pela candidata Simone Tebet (MDB), percebeu que agora terá de escolher um lado da polarização, já que os votos dos eleitores se concentraram nos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, Jair Bolsonaro. A resistência maior nesse grupo a Bolsonaro, especialmente pela condução da crise da pandemia de covid-19, não quer dizer, porém, apoio automático a Lula no segundo turno, conforme apurou o Estadão com várias fontes do empresariado e do mercado financeiro nesta segunda-feira, 3. E isso apesar das expectativas de que a própria Tebet anuncie apoio a Lula nos próximos dias.

A posição de João Nogueira, conselheiro de diversas empresas, entre elas a petroquímica Braskem e a Wiz (de soluções para seguros), resume bem o humor dos apoiadores de Tebet. “Antes de mais nada, Lula precisa explicitar e construir um programa negociado com o centro democrático. Precisa ter uma âncora fiscal clara (para conter os gastos públicos), apoio à reforma tributária que está no Senado e quais são os programas sociais e educacionais que serão levados adiante”, diz Nogueira. “O que a gente quer ver é um programa moderno e direcionado para combater as desigualdades, mas com responsabilidade.”

Antes de qualquer declaração favorável definitiva ao petista, eles devem exigir do candidato algo que ele não deu até agora nem ao mercado financeiro nem aos eleitores: clareza na condução de sua política econômica. Apesar de apoios importantes – como o de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC –, Lula tem evitado mostrar as cartas de como conduzirá a economia daqui em diante. A leitura, agora, é de que não basta só ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para atrair o mercado financeiro.

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Para conquistar apoio de parte do empresariado brasileiro, candidato do PT terá que 'migrar' rumo ao centro em relação à economia.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em geral, os empresários do “time Tebet” resistiram à tentação do voto útil no primeiro turno e se comprometeram até o fim com a candidata escolhida. Entre os nomes que formaram o “pelotão de choque” e advogaram pela escolha da emedebista estão Candido Bracher (ex-presidente do Itaú Unibanco), Walter Schalka (presidente da Suzano), Fábio Barbosa (presidente da Natura & Co), Pedro Passos (um dos fundadores da Natura) e Horácio Lafer Piva (sócio e conselheiro da gigante de papel e celulose Klabin).

A sinalização mais aguardada seria o anúncio de um nome para o comando da Economia a partir de 2023, em uma eventual eleição. “O bolsonarismo é uma força política que veio pra ficar. Elegeu quem quis. O PL tem 20% da Câmara agora. Lula terá de buscar apoios de Tebet e Ciro se quiser ganhar. Não se pode subestimar a força do Bolsonaro”, diz um executivo do alto escalão de uma grande instituição financeira.

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Parte do mercado vê presença da ex-presidente Dilma e de Gleise Hoffman como um problema para declarar apoio a candidatura de Lula no segundo turno.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo um dos empresários, a ida ao segundo turno não é necessariamente um fator negativo, pois dará mais chances para Lula ser mais transparente sobre suas propostas para a economia – pressão que não existia antes, já que os institutos de pesquisa apontavam boa chance de vitória de Lula ainda no domingo. Uma maior clareza, agora, seria uma forma de atrair os pouco mais de 7% de votos que se dividiram entre Tebet e Ciro Gomes (PDT).

Política econômica

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Outra questão que tem assustado os empresários é o “vai” e “vem” das declarações de Lula sobre a política econômica: para cada apoio de Meirelles há uma demonização do teto de gastos, o que deixa a sinalização turva para quem quer entender o que vai acontecer mais à frente. Por isso, o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, afirma que, se quiser angariar os votos de empresários e da classe média, Lula terá de se comprometer com nomes e políticas. “Lula passou a campanha toda sem se comprometer”, afirma o empresário, que no primeiro turno apoiou Luiz Felipe d’Avila, do Novo.

Outro fator que incomoda parte do empresariado, e é destacada por Lacerda, é o fato de o candidato aparecer constantemente ao lado de nomes a que o mercado tem resistência, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e Aloizio Mercadante (coordenador de seu programa de governo). “Ele vai ter de abandonar os ícones do petismo que o acompanharam recentemente”, diz o banqueiro.

Uma parcela do Produto Interno Bruto (PIB) que apostou até o fim as suas fichas na “terceira via”, representada pela candidata Simone Tebet (MDB), percebeu que agora terá de escolher um lado da polarização, já que os votos dos eleitores se concentraram nos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, Jair Bolsonaro. A resistência maior nesse grupo a Bolsonaro, especialmente pela condução da crise da pandemia de covid-19, não quer dizer, porém, apoio automático a Lula no segundo turno, conforme apurou o Estadão com várias fontes do empresariado e do mercado financeiro nesta segunda-feira, 3. E isso apesar das expectativas de que a própria Tebet anuncie apoio a Lula nos próximos dias.

A posição de João Nogueira, conselheiro de diversas empresas, entre elas a petroquímica Braskem e a Wiz (de soluções para seguros), resume bem o humor dos apoiadores de Tebet. “Antes de mais nada, Lula precisa explicitar e construir um programa negociado com o centro democrático. Precisa ter uma âncora fiscal clara (para conter os gastos públicos), apoio à reforma tributária que está no Senado e quais são os programas sociais e educacionais que serão levados adiante”, diz Nogueira. “O que a gente quer ver é um programa moderno e direcionado para combater as desigualdades, mas com responsabilidade.”

Antes de qualquer declaração favorável definitiva ao petista, eles devem exigir do candidato algo que ele não deu até agora nem ao mercado financeiro nem aos eleitores: clareza na condução de sua política econômica. Apesar de apoios importantes – como o de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC –, Lula tem evitado mostrar as cartas de como conduzirá a economia daqui em diante. A leitura, agora, é de que não basta só ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para atrair o mercado financeiro.

Para conquistar apoio de parte do empresariado brasileiro, candidato do PT terá que 'migrar' rumo ao centro em relação à economia.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em geral, os empresários do “time Tebet” resistiram à tentação do voto útil no primeiro turno e se comprometeram até o fim com a candidata escolhida. Entre os nomes que formaram o “pelotão de choque” e advogaram pela escolha da emedebista estão Candido Bracher (ex-presidente do Itaú Unibanco), Walter Schalka (presidente da Suzano), Fábio Barbosa (presidente da Natura & Co), Pedro Passos (um dos fundadores da Natura) e Horácio Lafer Piva (sócio e conselheiro da gigante de papel e celulose Klabin).

A sinalização mais aguardada seria o anúncio de um nome para o comando da Economia a partir de 2023, em uma eventual eleição. “O bolsonarismo é uma força política que veio pra ficar. Elegeu quem quis. O PL tem 20% da Câmara agora. Lula terá de buscar apoios de Tebet e Ciro se quiser ganhar. Não se pode subestimar a força do Bolsonaro”, diz um executivo do alto escalão de uma grande instituição financeira.

Parte do mercado vê presença da ex-presidente Dilma e de Gleise Hoffman como um problema para declarar apoio a candidatura de Lula no segundo turno.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo um dos empresários, a ida ao segundo turno não é necessariamente um fator negativo, pois dará mais chances para Lula ser mais transparente sobre suas propostas para a economia – pressão que não existia antes, já que os institutos de pesquisa apontavam boa chance de vitória de Lula ainda no domingo. Uma maior clareza, agora, seria uma forma de atrair os pouco mais de 7% de votos que se dividiram entre Tebet e Ciro Gomes (PDT).

Política econômica

Outra questão que tem assustado os empresários é o “vai” e “vem” das declarações de Lula sobre a política econômica: para cada apoio de Meirelles há uma demonização do teto de gastos, o que deixa a sinalização turva para quem quer entender o que vai acontecer mais à frente. Por isso, o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, afirma que, se quiser angariar os votos de empresários e da classe média, Lula terá de se comprometer com nomes e políticas. “Lula passou a campanha toda sem se comprometer”, afirma o empresário, que no primeiro turno apoiou Luiz Felipe d’Avila, do Novo.

Outro fator que incomoda parte do empresariado, e é destacada por Lacerda, é o fato de o candidato aparecer constantemente ao lado de nomes a que o mercado tem resistência, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e Aloizio Mercadante (coordenador de seu programa de governo). “Ele vai ter de abandonar os ícones do petismo que o acompanharam recentemente”, diz o banqueiro.

Uma parcela do Produto Interno Bruto (PIB) que apostou até o fim as suas fichas na “terceira via”, representada pela candidata Simone Tebet (MDB), percebeu que agora terá de escolher um lado da polarização, já que os votos dos eleitores se concentraram nos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, Jair Bolsonaro. A resistência maior nesse grupo a Bolsonaro, especialmente pela condução da crise da pandemia de covid-19, não quer dizer, porém, apoio automático a Lula no segundo turno, conforme apurou o Estadão com várias fontes do empresariado e do mercado financeiro nesta segunda-feira, 3. E isso apesar das expectativas de que a própria Tebet anuncie apoio a Lula nos próximos dias.

A posição de João Nogueira, conselheiro de diversas empresas, entre elas a petroquímica Braskem e a Wiz (de soluções para seguros), resume bem o humor dos apoiadores de Tebet. “Antes de mais nada, Lula precisa explicitar e construir um programa negociado com o centro democrático. Precisa ter uma âncora fiscal clara (para conter os gastos públicos), apoio à reforma tributária que está no Senado e quais são os programas sociais e educacionais que serão levados adiante”, diz Nogueira. “O que a gente quer ver é um programa moderno e direcionado para combater as desigualdades, mas com responsabilidade.”

Antes de qualquer declaração favorável definitiva ao petista, eles devem exigir do candidato algo que ele não deu até agora nem ao mercado financeiro nem aos eleitores: clareza na condução de sua política econômica. Apesar de apoios importantes – como o de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC –, Lula tem evitado mostrar as cartas de como conduzirá a economia daqui em diante. A leitura, agora, é de que não basta só ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para atrair o mercado financeiro.

Para conquistar apoio de parte do empresariado brasileiro, candidato do PT terá que 'migrar' rumo ao centro em relação à economia.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em geral, os empresários do “time Tebet” resistiram à tentação do voto útil no primeiro turno e se comprometeram até o fim com a candidata escolhida. Entre os nomes que formaram o “pelotão de choque” e advogaram pela escolha da emedebista estão Candido Bracher (ex-presidente do Itaú Unibanco), Walter Schalka (presidente da Suzano), Fábio Barbosa (presidente da Natura & Co), Pedro Passos (um dos fundadores da Natura) e Horácio Lafer Piva (sócio e conselheiro da gigante de papel e celulose Klabin).

A sinalização mais aguardada seria o anúncio de um nome para o comando da Economia a partir de 2023, em uma eventual eleição. “O bolsonarismo é uma força política que veio pra ficar. Elegeu quem quis. O PL tem 20% da Câmara agora. Lula terá de buscar apoios de Tebet e Ciro se quiser ganhar. Não se pode subestimar a força do Bolsonaro”, diz um executivo do alto escalão de uma grande instituição financeira.

Parte do mercado vê presença da ex-presidente Dilma e de Gleise Hoffman como um problema para declarar apoio a candidatura de Lula no segundo turno.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo um dos empresários, a ida ao segundo turno não é necessariamente um fator negativo, pois dará mais chances para Lula ser mais transparente sobre suas propostas para a economia – pressão que não existia antes, já que os institutos de pesquisa apontavam boa chance de vitória de Lula ainda no domingo. Uma maior clareza, agora, seria uma forma de atrair os pouco mais de 7% de votos que se dividiram entre Tebet e Ciro Gomes (PDT).

Política econômica

Outra questão que tem assustado os empresários é o “vai” e “vem” das declarações de Lula sobre a política econômica: para cada apoio de Meirelles há uma demonização do teto de gastos, o que deixa a sinalização turva para quem quer entender o que vai acontecer mais à frente. Por isso, o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, afirma que, se quiser angariar os votos de empresários e da classe média, Lula terá de se comprometer com nomes e políticas. “Lula passou a campanha toda sem se comprometer”, afirma o empresário, que no primeiro turno apoiou Luiz Felipe d’Avila, do Novo.

Outro fator que incomoda parte do empresariado, e é destacada por Lacerda, é o fato de o candidato aparecer constantemente ao lado de nomes a que o mercado tem resistência, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e Aloizio Mercadante (coordenador de seu programa de governo). “Ele vai ter de abandonar os ícones do petismo que o acompanharam recentemente”, diz o banqueiro.

Uma parcela do Produto Interno Bruto (PIB) que apostou até o fim as suas fichas na “terceira via”, representada pela candidata Simone Tebet (MDB), percebeu que agora terá de escolher um lado da polarização, já que os votos dos eleitores se concentraram nos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, Jair Bolsonaro. A resistência maior nesse grupo a Bolsonaro, especialmente pela condução da crise da pandemia de covid-19, não quer dizer, porém, apoio automático a Lula no segundo turno, conforme apurou o Estadão com várias fontes do empresariado e do mercado financeiro nesta segunda-feira, 3. E isso apesar das expectativas de que a própria Tebet anuncie apoio a Lula nos próximos dias.

A posição de João Nogueira, conselheiro de diversas empresas, entre elas a petroquímica Braskem e a Wiz (de soluções para seguros), resume bem o humor dos apoiadores de Tebet. “Antes de mais nada, Lula precisa explicitar e construir um programa negociado com o centro democrático. Precisa ter uma âncora fiscal clara (para conter os gastos públicos), apoio à reforma tributária que está no Senado e quais são os programas sociais e educacionais que serão levados adiante”, diz Nogueira. “O que a gente quer ver é um programa moderno e direcionado para combater as desigualdades, mas com responsabilidade.”

Antes de qualquer declaração favorável definitiva ao petista, eles devem exigir do candidato algo que ele não deu até agora nem ao mercado financeiro nem aos eleitores: clareza na condução de sua política econômica. Apesar de apoios importantes – como o de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC –, Lula tem evitado mostrar as cartas de como conduzirá a economia daqui em diante. A leitura, agora, é de que não basta só ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para atrair o mercado financeiro.

Para conquistar apoio de parte do empresariado brasileiro, candidato do PT terá que 'migrar' rumo ao centro em relação à economia.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em geral, os empresários do “time Tebet” resistiram à tentação do voto útil no primeiro turno e se comprometeram até o fim com a candidata escolhida. Entre os nomes que formaram o “pelotão de choque” e advogaram pela escolha da emedebista estão Candido Bracher (ex-presidente do Itaú Unibanco), Walter Schalka (presidente da Suzano), Fábio Barbosa (presidente da Natura & Co), Pedro Passos (um dos fundadores da Natura) e Horácio Lafer Piva (sócio e conselheiro da gigante de papel e celulose Klabin).

A sinalização mais aguardada seria o anúncio de um nome para o comando da Economia a partir de 2023, em uma eventual eleição. “O bolsonarismo é uma força política que veio pra ficar. Elegeu quem quis. O PL tem 20% da Câmara agora. Lula terá de buscar apoios de Tebet e Ciro se quiser ganhar. Não se pode subestimar a força do Bolsonaro”, diz um executivo do alto escalão de uma grande instituição financeira.

Parte do mercado vê presença da ex-presidente Dilma e de Gleise Hoffman como um problema para declarar apoio a candidatura de Lula no segundo turno.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo um dos empresários, a ida ao segundo turno não é necessariamente um fator negativo, pois dará mais chances para Lula ser mais transparente sobre suas propostas para a economia – pressão que não existia antes, já que os institutos de pesquisa apontavam boa chance de vitória de Lula ainda no domingo. Uma maior clareza, agora, seria uma forma de atrair os pouco mais de 7% de votos que se dividiram entre Tebet e Ciro Gomes (PDT).

Política econômica

Outra questão que tem assustado os empresários é o “vai” e “vem” das declarações de Lula sobre a política econômica: para cada apoio de Meirelles há uma demonização do teto de gastos, o que deixa a sinalização turva para quem quer entender o que vai acontecer mais à frente. Por isso, o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, afirma que, se quiser angariar os votos de empresários e da classe média, Lula terá de se comprometer com nomes e políticas. “Lula passou a campanha toda sem se comprometer”, afirma o empresário, que no primeiro turno apoiou Luiz Felipe d’Avila, do Novo.

Outro fator que incomoda parte do empresariado, e é destacada por Lacerda, é o fato de o candidato aparecer constantemente ao lado de nomes a que o mercado tem resistência, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e Aloizio Mercadante (coordenador de seu programa de governo). “Ele vai ter de abandonar os ícones do petismo que o acompanharam recentemente”, diz o banqueiro.

Uma parcela do Produto Interno Bruto (PIB) que apostou até o fim as suas fichas na “terceira via”, representada pela candidata Simone Tebet (MDB), percebeu que agora terá de escolher um lado da polarização, já que os votos dos eleitores se concentraram nos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, Jair Bolsonaro. A resistência maior nesse grupo a Bolsonaro, especialmente pela condução da crise da pandemia de covid-19, não quer dizer, porém, apoio automático a Lula no segundo turno, conforme apurou o Estadão com várias fontes do empresariado e do mercado financeiro nesta segunda-feira, 3. E isso apesar das expectativas de que a própria Tebet anuncie apoio a Lula nos próximos dias.

A posição de João Nogueira, conselheiro de diversas empresas, entre elas a petroquímica Braskem e a Wiz (de soluções para seguros), resume bem o humor dos apoiadores de Tebet. “Antes de mais nada, Lula precisa explicitar e construir um programa negociado com o centro democrático. Precisa ter uma âncora fiscal clara (para conter os gastos públicos), apoio à reforma tributária que está no Senado e quais são os programas sociais e educacionais que serão levados adiante”, diz Nogueira. “O que a gente quer ver é um programa moderno e direcionado para combater as desigualdades, mas com responsabilidade.”

Antes de qualquer declaração favorável definitiva ao petista, eles devem exigir do candidato algo que ele não deu até agora nem ao mercado financeiro nem aos eleitores: clareza na condução de sua política econômica. Apesar de apoios importantes – como o de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC –, Lula tem evitado mostrar as cartas de como conduzirá a economia daqui em diante. A leitura, agora, é de que não basta só ter o ex-tucano Geraldo Alckmin como vice em sua chapa para atrair o mercado financeiro.

Para conquistar apoio de parte do empresariado brasileiro, candidato do PT terá que 'migrar' rumo ao centro em relação à economia.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em geral, os empresários do “time Tebet” resistiram à tentação do voto útil no primeiro turno e se comprometeram até o fim com a candidata escolhida. Entre os nomes que formaram o “pelotão de choque” e advogaram pela escolha da emedebista estão Candido Bracher (ex-presidente do Itaú Unibanco), Walter Schalka (presidente da Suzano), Fábio Barbosa (presidente da Natura & Co), Pedro Passos (um dos fundadores da Natura) e Horácio Lafer Piva (sócio e conselheiro da gigante de papel e celulose Klabin).

A sinalização mais aguardada seria o anúncio de um nome para o comando da Economia a partir de 2023, em uma eventual eleição. “O bolsonarismo é uma força política que veio pra ficar. Elegeu quem quis. O PL tem 20% da Câmara agora. Lula terá de buscar apoios de Tebet e Ciro se quiser ganhar. Não se pode subestimar a força do Bolsonaro”, diz um executivo do alto escalão de uma grande instituição financeira.

Parte do mercado vê presença da ex-presidente Dilma e de Gleise Hoffman como um problema para declarar apoio a candidatura de Lula no segundo turno.  Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Segundo um dos empresários, a ida ao segundo turno não é necessariamente um fator negativo, pois dará mais chances para Lula ser mais transparente sobre suas propostas para a economia – pressão que não existia antes, já que os institutos de pesquisa apontavam boa chance de vitória de Lula ainda no domingo. Uma maior clareza, agora, seria uma forma de atrair os pouco mais de 7% de votos que se dividiram entre Tebet e Ciro Gomes (PDT).

Política econômica

Outra questão que tem assustado os empresários é o “vai” e “vem” das declarações de Lula sobre a política econômica: para cada apoio de Meirelles há uma demonização do teto de gastos, o que deixa a sinalização turva para quem quer entender o que vai acontecer mais à frente. Por isso, o banqueiro Ricardo Lacerda, do BR Partners, afirma que, se quiser angariar os votos de empresários e da classe média, Lula terá de se comprometer com nomes e políticas. “Lula passou a campanha toda sem se comprometer”, afirma o empresário, que no primeiro turno apoiou Luiz Felipe d’Avila, do Novo.

Outro fator que incomoda parte do empresariado, e é destacada por Lacerda, é o fato de o candidato aparecer constantemente ao lado de nomes a que o mercado tem resistência, como a ex-presidente Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann (presidente do PT) e Aloizio Mercadante (coordenador de seu programa de governo). “Ele vai ter de abandonar os ícones do petismo que o acompanharam recentemente”, diz o banqueiro.

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