Empresas mapeiam foodtechs da Amazônia em relatório para investidores


Intenção do projeto é identificar pequenas empresas que trabalham com ingredientes locais de forma sustentável para que possam receber investimentos

Por Luis Filipe Santos
Atualização:

A desenvolvedora de negócios pelo clima Ateha lançou um relatório no qual mapeia as foodtechs da Amazônia, pequenas empresas da região que trabalham com ingredientes locais e nativos da floresta. A ideia é tornar essas organizações mais conhecidas para que possam receber investimentos e crescer, incentivando a bioeconomia. A iniciativa é uma parceria com a RG Think Food.

Para o relatório, foi usado o conceito de foodtech para empresas que trabalham com produtos coletados na mata. A importância dessas companhias é avançar na “economia da floresta em pé”, ou seja, para que se torne mais atraente às comunidades manter a biodiversidade local do que realizar o desmatamento para atividades como plantio de monoculturas e criação de gado. A aposta é que a indústria alimentícia pode se beneficiar da descoberta de novos ingredientes, ao aumentar a diversidade de produtos.

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A ideia do relatório partiu de um “desafio” ouvido por Paula Scherer, diretora executiva do ekuia Amazônia food lab, uma divisão da Ateha. “Recebemos uma provocação do sistema internacional de que não acharíamos startups de alimentos na Amazônia.” Scherer diz ter ficado feliz com o resultado. “Achamos 164 e já tem cerca de 50 que vieram até nos demonstrar interesse em entrar numa próxima edição”, relata.

De acordo com Heloísa Guarita, CEO da RG, o interesse pelas foodtechs amazônicas vem tanto do Brasil como do exterior. “Tem muitos investidores de fora olhando”, diz. “Fizemos o relatório pensando em que alimentos são esses, como está estruturada a cadeia, e fomentar o assunto”, conta.

Desafios

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A presença dos investidores é considerada importante para ajudar na organização das cadeias de fornecimento. Embora tenham produtos inovadores, muitas das empresas sofrem para crescer e ganhar escala. “Há pontos difíceis. É preciso ter certeza sobre quem planta, quem colhe, e quem distribui até chegar no consumidor”, explica Guarita.

Outras questões relativas à gestão para ganho de escala são as formas de beneficiar os produtos, o conhecimento de mercado, a propriedade intelectual e a propaganda. Por isso, a chegada de investimentos tende a ser benéfica. “As empresas ficam muito tempo numa escala artesanal. Para crescer, pode ser importante que se invista numa fábrica, em marketing para que o consumidor conheça o produto e compre, se aproprie daquele produto”, avalia Scherer.

Mapeamento encontrou 164 pequenas empresas do setor alimentício na Amazônia; nova versão do relatório deve ter ainda mais Foto: Agência Pará
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Além dos desafios de recursos humanos e de inserção de mercado, ainda há o de respeitar o tempo da natureza — produtos da bioeconomia não funcionam no mesmo ritmo do que monoculturas, por exemplo.

“É preciso olhar para a biodiversidade em produtos de escala, entender como a floresta consegue entregar e não como o mercado demanda”, cita Scherer. Por isso o conhecimento é fundamental, tanto na gestão empresarial quanto no entendimento dos ciclos naturais, assim como a necessidade de se conectar com a cadeia produtiva e “participar” do ecossistema.

Forças

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Se os desafios são grandes e por vezes é difícil achar soluções, também há forças que podem ajudar as foodtechs amazônicas. Um exemplo é a conexão entre diferentes pessoas e empresas, em um modelo colaborativo e solidário que transpareceu até na elaboração do relatório. “Isso torna mais fácil conhecer as histórias, como estão fazendo esses produtos, conhecer as cadeias produtivas que estão comprando. Elas também conhecem os problemas, as soluções. Assim, a grande maioria das conversas é olho no olho”, relembra Scherer.

A biodiversidade gigantesca da Amazônia também ajuda. Com o mercado alimentício sempre em busca de novos sabores e ingredientes, a diversidade dos produtos da floresta pode ser um grande trunfo. “É muito mais do que a grande indústria tem hoje, no que tem disponível. É plantar inovação”, comenta Guarita. Apesar do relatório ter sido focado no setor alimentício, as indústrias farmacêutica e de cosméticos também podem se beneficiar, e outros usos podem ser inventados.

Para cumprir com seu propósito, a bioeconomia precisa cuidar das comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. No relatório, embora não tenha sido simples, alguns negócios criados por comunidades foram encontrados, assim como outros que compram delas. “Não é só fazer um pix, há um trabalho de desenvolvimento que visa garantir a segurança de povos em meio a realidades complexas” afirma Scherer.

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Assim, elas reforçam a importância do relatório. “Dá segurança para o investidor que se as cadeias estão sendo criadas, dá para ele investir, e assim fomenta um sistema” destaca Guarita. Para o futuro, versões atualizadas devem ser lançadas com mais empresas, assim como em outros idiomas. “É um material vivo, tentamos aprender todos os dias”, diz Guarita. Ela projeta lançamentos em inglês e espanhol, como forma de chamar mais pessoas para a conversa, em meio a um grande interesse do mercado internacional.

A desenvolvedora de negócios pelo clima Ateha lançou um relatório no qual mapeia as foodtechs da Amazônia, pequenas empresas da região que trabalham com ingredientes locais e nativos da floresta. A ideia é tornar essas organizações mais conhecidas para que possam receber investimentos e crescer, incentivando a bioeconomia. A iniciativa é uma parceria com a RG Think Food.

Para o relatório, foi usado o conceito de foodtech para empresas que trabalham com produtos coletados na mata. A importância dessas companhias é avançar na “economia da floresta em pé”, ou seja, para que se torne mais atraente às comunidades manter a biodiversidade local do que realizar o desmatamento para atividades como plantio de monoculturas e criação de gado. A aposta é que a indústria alimentícia pode se beneficiar da descoberta de novos ingredientes, ao aumentar a diversidade de produtos.

A ideia do relatório partiu de um “desafio” ouvido por Paula Scherer, diretora executiva do ekuia Amazônia food lab, uma divisão da Ateha. “Recebemos uma provocação do sistema internacional de que não acharíamos startups de alimentos na Amazônia.” Scherer diz ter ficado feliz com o resultado. “Achamos 164 e já tem cerca de 50 que vieram até nos demonstrar interesse em entrar numa próxima edição”, relata.

De acordo com Heloísa Guarita, CEO da RG, o interesse pelas foodtechs amazônicas vem tanto do Brasil como do exterior. “Tem muitos investidores de fora olhando”, diz. “Fizemos o relatório pensando em que alimentos são esses, como está estruturada a cadeia, e fomentar o assunto”, conta.

Desafios

A presença dos investidores é considerada importante para ajudar na organização das cadeias de fornecimento. Embora tenham produtos inovadores, muitas das empresas sofrem para crescer e ganhar escala. “Há pontos difíceis. É preciso ter certeza sobre quem planta, quem colhe, e quem distribui até chegar no consumidor”, explica Guarita.

Outras questões relativas à gestão para ganho de escala são as formas de beneficiar os produtos, o conhecimento de mercado, a propriedade intelectual e a propaganda. Por isso, a chegada de investimentos tende a ser benéfica. “As empresas ficam muito tempo numa escala artesanal. Para crescer, pode ser importante que se invista numa fábrica, em marketing para que o consumidor conheça o produto e compre, se aproprie daquele produto”, avalia Scherer.

Mapeamento encontrou 164 pequenas empresas do setor alimentício na Amazônia; nova versão do relatório deve ter ainda mais Foto: Agência Pará

Além dos desafios de recursos humanos e de inserção de mercado, ainda há o de respeitar o tempo da natureza — produtos da bioeconomia não funcionam no mesmo ritmo do que monoculturas, por exemplo.

“É preciso olhar para a biodiversidade em produtos de escala, entender como a floresta consegue entregar e não como o mercado demanda”, cita Scherer. Por isso o conhecimento é fundamental, tanto na gestão empresarial quanto no entendimento dos ciclos naturais, assim como a necessidade de se conectar com a cadeia produtiva e “participar” do ecossistema.

Forças

Se os desafios são grandes e por vezes é difícil achar soluções, também há forças que podem ajudar as foodtechs amazônicas. Um exemplo é a conexão entre diferentes pessoas e empresas, em um modelo colaborativo e solidário que transpareceu até na elaboração do relatório. “Isso torna mais fácil conhecer as histórias, como estão fazendo esses produtos, conhecer as cadeias produtivas que estão comprando. Elas também conhecem os problemas, as soluções. Assim, a grande maioria das conversas é olho no olho”, relembra Scherer.

A biodiversidade gigantesca da Amazônia também ajuda. Com o mercado alimentício sempre em busca de novos sabores e ingredientes, a diversidade dos produtos da floresta pode ser um grande trunfo. “É muito mais do que a grande indústria tem hoje, no que tem disponível. É plantar inovação”, comenta Guarita. Apesar do relatório ter sido focado no setor alimentício, as indústrias farmacêutica e de cosméticos também podem se beneficiar, e outros usos podem ser inventados.

Para cumprir com seu propósito, a bioeconomia precisa cuidar das comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. No relatório, embora não tenha sido simples, alguns negócios criados por comunidades foram encontrados, assim como outros que compram delas. “Não é só fazer um pix, há um trabalho de desenvolvimento que visa garantir a segurança de povos em meio a realidades complexas” afirma Scherer.

Assim, elas reforçam a importância do relatório. “Dá segurança para o investidor que se as cadeias estão sendo criadas, dá para ele investir, e assim fomenta um sistema” destaca Guarita. Para o futuro, versões atualizadas devem ser lançadas com mais empresas, assim como em outros idiomas. “É um material vivo, tentamos aprender todos os dias”, diz Guarita. Ela projeta lançamentos em inglês e espanhol, como forma de chamar mais pessoas para a conversa, em meio a um grande interesse do mercado internacional.

A desenvolvedora de negócios pelo clima Ateha lançou um relatório no qual mapeia as foodtechs da Amazônia, pequenas empresas da região que trabalham com ingredientes locais e nativos da floresta. A ideia é tornar essas organizações mais conhecidas para que possam receber investimentos e crescer, incentivando a bioeconomia. A iniciativa é uma parceria com a RG Think Food.

Para o relatório, foi usado o conceito de foodtech para empresas que trabalham com produtos coletados na mata. A importância dessas companhias é avançar na “economia da floresta em pé”, ou seja, para que se torne mais atraente às comunidades manter a biodiversidade local do que realizar o desmatamento para atividades como plantio de monoculturas e criação de gado. A aposta é que a indústria alimentícia pode se beneficiar da descoberta de novos ingredientes, ao aumentar a diversidade de produtos.

A ideia do relatório partiu de um “desafio” ouvido por Paula Scherer, diretora executiva do ekuia Amazônia food lab, uma divisão da Ateha. “Recebemos uma provocação do sistema internacional de que não acharíamos startups de alimentos na Amazônia.” Scherer diz ter ficado feliz com o resultado. “Achamos 164 e já tem cerca de 50 que vieram até nos demonstrar interesse em entrar numa próxima edição”, relata.

De acordo com Heloísa Guarita, CEO da RG, o interesse pelas foodtechs amazônicas vem tanto do Brasil como do exterior. “Tem muitos investidores de fora olhando”, diz. “Fizemos o relatório pensando em que alimentos são esses, como está estruturada a cadeia, e fomentar o assunto”, conta.

Desafios

A presença dos investidores é considerada importante para ajudar na organização das cadeias de fornecimento. Embora tenham produtos inovadores, muitas das empresas sofrem para crescer e ganhar escala. “Há pontos difíceis. É preciso ter certeza sobre quem planta, quem colhe, e quem distribui até chegar no consumidor”, explica Guarita.

Outras questões relativas à gestão para ganho de escala são as formas de beneficiar os produtos, o conhecimento de mercado, a propriedade intelectual e a propaganda. Por isso, a chegada de investimentos tende a ser benéfica. “As empresas ficam muito tempo numa escala artesanal. Para crescer, pode ser importante que se invista numa fábrica, em marketing para que o consumidor conheça o produto e compre, se aproprie daquele produto”, avalia Scherer.

Mapeamento encontrou 164 pequenas empresas do setor alimentício na Amazônia; nova versão do relatório deve ter ainda mais Foto: Agência Pará

Além dos desafios de recursos humanos e de inserção de mercado, ainda há o de respeitar o tempo da natureza — produtos da bioeconomia não funcionam no mesmo ritmo do que monoculturas, por exemplo.

“É preciso olhar para a biodiversidade em produtos de escala, entender como a floresta consegue entregar e não como o mercado demanda”, cita Scherer. Por isso o conhecimento é fundamental, tanto na gestão empresarial quanto no entendimento dos ciclos naturais, assim como a necessidade de se conectar com a cadeia produtiva e “participar” do ecossistema.

Forças

Se os desafios são grandes e por vezes é difícil achar soluções, também há forças que podem ajudar as foodtechs amazônicas. Um exemplo é a conexão entre diferentes pessoas e empresas, em um modelo colaborativo e solidário que transpareceu até na elaboração do relatório. “Isso torna mais fácil conhecer as histórias, como estão fazendo esses produtos, conhecer as cadeias produtivas que estão comprando. Elas também conhecem os problemas, as soluções. Assim, a grande maioria das conversas é olho no olho”, relembra Scherer.

A biodiversidade gigantesca da Amazônia também ajuda. Com o mercado alimentício sempre em busca de novos sabores e ingredientes, a diversidade dos produtos da floresta pode ser um grande trunfo. “É muito mais do que a grande indústria tem hoje, no que tem disponível. É plantar inovação”, comenta Guarita. Apesar do relatório ter sido focado no setor alimentício, as indústrias farmacêutica e de cosméticos também podem se beneficiar, e outros usos podem ser inventados.

Para cumprir com seu propósito, a bioeconomia precisa cuidar das comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos. No relatório, embora não tenha sido simples, alguns negócios criados por comunidades foram encontrados, assim como outros que compram delas. “Não é só fazer um pix, há um trabalho de desenvolvimento que visa garantir a segurança de povos em meio a realidades complexas” afirma Scherer.

Assim, elas reforçam a importância do relatório. “Dá segurança para o investidor que se as cadeias estão sendo criadas, dá para ele investir, e assim fomenta um sistema” destaca Guarita. Para o futuro, versões atualizadas devem ser lançadas com mais empresas, assim como em outros idiomas. “É um material vivo, tentamos aprender todos os dias”, diz Guarita. Ela projeta lançamentos em inglês e espanhol, como forma de chamar mais pessoas para a conversa, em meio a um grande interesse do mercado internacional.

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