O grupo Eternit, fabricante de telhas, caixas d'água, louças e metais sanitários, afirma, em petição na qual fez seu pedido de recuperação judicial, que será capaz de "retomar a curva de crescimento", após negociar com seus credores. A companhia pretende entregar o seu plano de reestruturação em um prazo de até 60 dias depois que seu pedido de recuperação for aceito pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
A Eternit protocolou, ontem à noite, pedido de proteção contra a execução de dívidas que totalizam R$ 228,9 milhões. A companhia afirma que, mesmo após realizar corte de custos e readequar suas operações, não tem condições de gerar caixa suficiente para fazer frente às obrigações financeiras, segundo documento assinado pelo escritório Galdino, Coelho e Mendes Advogados.
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O grupo atribui seus problemas, em parte, à longa crise econômica nacional, que reduziu fortemente a atividade no setor de construção civil. As fábricas de louças e metais sanitários, por exemplo, contam com capacidade de produção de 110 mil peças por mês, mas entregam apenas 50 mil atualmente.+ Petrobrás decide hibernar fábricas de fertilizantes em Sergipe e na Bahia
No entanto, o principal problema do grupo foi o encolhimento na procura por produtos à base de amianto por conta dos debates públicos sobre os efeitos nocivos desse material à saúde. Cerca de 25% da receita do grupo vêm da extração e da comercialização do amianto do tipo crisotila, bem como de produtos que empregam este material, como as telhas.
O golpe fatal para a Eternit foi a decisão proferida em novembro do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir as vendas de amianto crisotila em todo o País.+ Caixa vai reter lucro de 2017 para reforçar capital e emprestar mais
De acordo com os advogados do grupo, o assunto não foi totalmente esgotado na Justiça, mas o risco de que a proibição seja validada em definitivo foi suficiente para causar um grande impacto no grupo, inclusive com bancos declinando de novos financiamentos.
Enquanto isso, a companhia buscava substituir o uso de amianto na produção de telhas de fibrocimento, mas suas linhas de produção ainda estavam em processo de adaptação.
Fundado em 1940, o grupo Eternit tem sede na capital paulista, oito fábricas (situadas em Goiás, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará) e uma mineradora (em Goiás), totalizando 1.700 funcionários próprios e uma rede de 15 mil revendedores. A companhia está listada no Novo Mercado da B3, a bolsa paulista, desde 2006.
Dentre os R$ 228,9 milhões de dívidas totais, R$ 459,7 mil são pendências com funcionários, R$ 36,2 milhões com credores com garantia real, R$ 190,7 milhões a credores sem garantia real (quirografários) e R$ 1,5 milhão a pequenas empresas.