Os ‘barões do aço’ no Brasil: veja quais são as famílias que controlam a siderurgia no País


Usinas instaladas no Brasil produziram no ano passado 32 milhões de toneladas de aço, colocando o País no nono lugar entre os maiores fabricantes globais

Por Ivo Ribeiro

O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo - ocupa atualmente o nono lugar. Mas, com produção de 32 milhões de toneladas em 2023, está muito longe da líder China e bem abaixo de Índia, Japão, EUA, Rússia e Coreia do Sul. De acordo com números do Instituto Aço Brasil, há em território brasileiro hoje 31 usinas que fazem aços planos, longos, inox e especiais.

Essa operação está a cargo de 13 companhias que são controladas por nove grupos. Sete desses grupos são de tradicionais clãs familiares, estrangeiros e nacionais, e respondem por 95% do volume de aço produzido. O parque fabril tem capacidade de fazer 51 milhões de toneladas por ano, mas tem operado, na média, com 63% de ocupação.

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Executivos e especialistas do setor consideram que esse é um índice baixo para gerar rentabilidade ao negócio. No ano passado, e até junho de 2024, o setor enfrentou alta competição de aço estrangeiro, principalmente da China. Veja abaixo quais são as famílias que dominam a produção de aço no País:

Família Mittal (ArcelorMittal)

Lakshmi Mittal, da ArcelorMittal Foto: Financial Times
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O grupo ArcelorMittal, que tem várias usinas de aço no País, pertence à família de origem indiana Mittal. É o segundo maior produtor global e líder no Ocidente. Lakshmi Mittal, apesar de indiano, iniciou seu império siderúrgico com uma pequena fábrica na Indonésia. De lá, avançou para Europa e Estados Unidos. No Brasil, fez vários investimentos e aquisições desde 2006 - quando, globalmente, a Mittal Steel incorporou a franco-belga Arcelor. O mais recente movimento do grupo no País foi a compra, em 2022, da Siderúrgica de Pecém, no Ceará, que pertencia à Vale e dois sócios asiáticos, por R$ 11 bilhões. A família Mittal também controla a Aperam, de aços inox e especiais, que tem uma operação separada no Brasil. Juntas, as duas empresas produziram 14,2 milhões de toneladas no ano passado, respondendo por 42% da produção nacional.

Família Rocca (Ternium/Techint)

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Paolo Rocca, da Ternium/Techint Foto: Creative Commons

A Ternium, controlada pelo conglomerado ítalo-argentino Techint, passou a operar no Brasil no início de 2012 com a aquisição de uma fatia acionária da Usiminas. O grupo tem origem na Itália, em 1945, com um investimento do industrial italiano Agostino Rocca na siderurgia. Depois, ele migrou para a Argentina, onde passou a atuar em engenharia e construção e montou uma fábrica de tubos de aço, a Siderca. À frente do grupo desde o início de 2000 está Paolo Rocca, neto de Agostino. O passou seguinte no Brasil foi a compra da CSA, do Rio de Janeiro, ativo da ThyssenKrupp, renomeada como Ternium Brasil. No início de 2023, a Ternium, em acordo com a sócia Nippon Steel, assumiu o controle e a gestão da Usiminas. Juntas, as duas siderúrgicas da Ternium produziram 6,44 milhões de toneladas de aço bruto no ano passado, ou 20% da produção brasileira.

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Família Gerdau Johannpeter (Gerdau)

Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau Foto: Sergio Dutti/Estadão

Maior produtor siderúrgico de capital nacional, o grupo de origem gaúcha Gerdau tem 123 anos de existência. Surgiu a partir de uma fábrica de pregos em Porto Alegre fundada pelo imigrante alemão João Gerdau em 1901. A fabricação de aço ganhou impulso na gestão de Curt Johannpeter, genro de Hugo Gerdau. O grupo está na quinta geração familiar. Jorge Gerdau Johannpeter, da quarta, foi um dos expoentes da companhia - esteve à frente da gestão, junto com três irmãos, de 1983 a 2007. Desde 2018, a empresa deixou de ser comandada por membros da família, que foi para o conselho de administração. No Brasil, faz desde aços semiacabados (placas e tarugos) até produtos laminados longos, planos e especiais, além de mineração de ferro para consumo próprio. No ano passado, o grupo fez 5,84 milhões de toneladas de aço bruto no País, o equivalente a 18% da produção nacional.

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Família Steinbruch (CSN)

Benjamin Steinbruch, da CSN Foto: Christina Rufatto/Estadão
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Desde 1993, quando foi privatizada, a CSN está sob o comando da família de Benjamin Steinbruch, cujos negócios têm origem no setor têxtil. O pai, Mendel Steinbruch, com um irmão, fundou a Vicunha, que se mantém como outro ramo de negócio, junto com o banco Fibra. A CSN, situada em Volta Redonda (RJ), diversificou: expandiu-se para minério de ferro, cimento, geração de energia e logística ferroviária e portuária, além do aço. É dona também de uma usina de aço longo (perfis) na Alemanha. Nos últimos anos, o grupo CSN, sob a batuta de Steinbruch, abriu o capital da mineradora e fez várias aquisições de ativos nos setores cimenteiro e de energia. No ano passado, produziu no País 3,06 milhões de toneladas de aço (9,5% da produção nacional), sendo cerca de 200 mil toneladas de aço longo. Encerrou 2023 com receita líquida consolidada de R$ 45,4 bilhões.

Família Vigil (Simec)

Rufino Vigil González, do Grupo Simec Foto: Reprodução Via Twitter/Reprodução via twitter/x/@senadomexicano

O grupo siderúrgico Simec foi fundado em 1969 na cidade mexicana de Guadalajara como Companhia Siderúrgica de Guadalajara S/A por três irmãos da família Vigil. À frente do conglomerado, que se especializou em aços longos e especiais, está o empresário Rufino Vigil González. A Simec, com ações negociadas na Bolsa do México, expandiu-se para os EUA e chegou ao Brasil em 2012 com projeto de um siderúrgica de vergalhão e fio-máquina em Pindamonhangaba (SP). Com capacidade de 500 mil toneladas/ano, começou a produzir em 2015, após investir US$ 400 milhões. Em 2018, a Simec adquiriu da ArcelorMittal a usina de perfis de Cariacica (ES) e uma laminadora em Itaúna (MG). No momento, está em fase de duplicação da unidade de Pindamonhangaba e ampliação e modernização da usina de Cariacica. No ano passado, produziu no País 911 mil toneladas de aço bruto, ou 2,8% da produção nacional.

Família Ferreira (Sinobras/Aço Cearense)

Vilmar Ferreira, do Grupo Aço Cearense Foto: Aço Cearense/Divulgação

O grupo tem origem em 1979, a partir de uma distribuidora de ferro e aço de Fortaleza com o nome Ferro OK. O fundador, Vilmar Ferreira, em 1984 muda o nome para Aço Cearense, visando a atuar em todo o Estado do Ceará. Com a Aço Cearense Industrial, ele entrou no negócio de beneficiamento de aço. No início dos anos 2000, Ferreira decidiu construir a Sinobras, de aço longo, em Marabá (PA), que começou a operar em 2008, utilizando carvão vegetal de florestas plantadas na região e sucata de ferro e aço. Após investir R$ 1 bilhão, a Sinobras elevou a capacidade de laminação de aço de 380 mil para 850 mil toneladas no final de 2023. O grupo tem capacidade para produzir e beneficiar 1,5 milhão de toneladas de aços planos e longos por ano. Em 2022, teve o aval final da Justiça da recuperação judicial pedida em 2018, pedida por conta da grave crise do setor e às dívidas contraídas em dólar. Fechou aquele ano com faturamento consolidado de R$ 6,5 bilhões. Em 2023, respondeu por 1,5% da produção nacional.

Família Nascimento (AVB/Grupo Ferroeste)

Ricardo Nascimento, da AVB/Grupo Ferroeste Foto: AVB/Divulgação

A siderúrgica AVB, que começou a operar em 2015, em Açailândia (MA), pertence ao grupo mineiro Ferroeste, que atua na produção de ferro-gusa, etanol e cimento. Foi fundado em 1968 pelo empresário Ricardo Nascimento com o nome de Empresa de Mecanização Rural, prestando serviços no setor agrícola, de silvicultura e movimentação interna de materiais em siderúrgicas. A expansão ocorreu em 1978, ao adquirir a produtora de ferro-gusa Ferroeste, de Divinópolis (MG), e depois avançou para o Espírito Santo e Açailândia. Daí nasceu o projeto da AVB, focada em aço longo (vergalhões e fio-máquina), usando carvão vegetal de florestas próprias de eucalipto. Com capacidade de fazer 860 mil toneladas de aço bruto (tarugos) e 720 mil de produtos laminados por ano, tem o selo de primeira siderúrgica do mundo de carbono neutro. A família Nascimento controla 100% da AVB, que gerou receita líquida de R$ 1,7 bilhão em 2023 e produziu o equivalente a 1,2% do aço brasileiro.

O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo - ocupa atualmente o nono lugar. Mas, com produção de 32 milhões de toneladas em 2023, está muito longe da líder China e bem abaixo de Índia, Japão, EUA, Rússia e Coreia do Sul. De acordo com números do Instituto Aço Brasil, há em território brasileiro hoje 31 usinas que fazem aços planos, longos, inox e especiais.

Essa operação está a cargo de 13 companhias que são controladas por nove grupos. Sete desses grupos são de tradicionais clãs familiares, estrangeiros e nacionais, e respondem por 95% do volume de aço produzido. O parque fabril tem capacidade de fazer 51 milhões de toneladas por ano, mas tem operado, na média, com 63% de ocupação.

Executivos e especialistas do setor consideram que esse é um índice baixo para gerar rentabilidade ao negócio. No ano passado, e até junho de 2024, o setor enfrentou alta competição de aço estrangeiro, principalmente da China. Veja abaixo quais são as famílias que dominam a produção de aço no País:

Família Mittal (ArcelorMittal)

Lakshmi Mittal, da ArcelorMittal Foto: Financial Times

O grupo ArcelorMittal, que tem várias usinas de aço no País, pertence à família de origem indiana Mittal. É o segundo maior produtor global e líder no Ocidente. Lakshmi Mittal, apesar de indiano, iniciou seu império siderúrgico com uma pequena fábrica na Indonésia. De lá, avançou para Europa e Estados Unidos. No Brasil, fez vários investimentos e aquisições desde 2006 - quando, globalmente, a Mittal Steel incorporou a franco-belga Arcelor. O mais recente movimento do grupo no País foi a compra, em 2022, da Siderúrgica de Pecém, no Ceará, que pertencia à Vale e dois sócios asiáticos, por R$ 11 bilhões. A família Mittal também controla a Aperam, de aços inox e especiais, que tem uma operação separada no Brasil. Juntas, as duas empresas produziram 14,2 milhões de toneladas no ano passado, respondendo por 42% da produção nacional.

Família Rocca (Ternium/Techint)

Paolo Rocca, da Ternium/Techint Foto: Creative Commons

A Ternium, controlada pelo conglomerado ítalo-argentino Techint, passou a operar no Brasil no início de 2012 com a aquisição de uma fatia acionária da Usiminas. O grupo tem origem na Itália, em 1945, com um investimento do industrial italiano Agostino Rocca na siderurgia. Depois, ele migrou para a Argentina, onde passou a atuar em engenharia e construção e montou uma fábrica de tubos de aço, a Siderca. À frente do grupo desde o início de 2000 está Paolo Rocca, neto de Agostino. O passou seguinte no Brasil foi a compra da CSA, do Rio de Janeiro, ativo da ThyssenKrupp, renomeada como Ternium Brasil. No início de 2023, a Ternium, em acordo com a sócia Nippon Steel, assumiu o controle e a gestão da Usiminas. Juntas, as duas siderúrgicas da Ternium produziram 6,44 milhões de toneladas de aço bruto no ano passado, ou 20% da produção brasileira.

Família Gerdau Johannpeter (Gerdau)

Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau Foto: Sergio Dutti/Estadão

Maior produtor siderúrgico de capital nacional, o grupo de origem gaúcha Gerdau tem 123 anos de existência. Surgiu a partir de uma fábrica de pregos em Porto Alegre fundada pelo imigrante alemão João Gerdau em 1901. A fabricação de aço ganhou impulso na gestão de Curt Johannpeter, genro de Hugo Gerdau. O grupo está na quinta geração familiar. Jorge Gerdau Johannpeter, da quarta, foi um dos expoentes da companhia - esteve à frente da gestão, junto com três irmãos, de 1983 a 2007. Desde 2018, a empresa deixou de ser comandada por membros da família, que foi para o conselho de administração. No Brasil, faz desde aços semiacabados (placas e tarugos) até produtos laminados longos, planos e especiais, além de mineração de ferro para consumo próprio. No ano passado, o grupo fez 5,84 milhões de toneladas de aço bruto no País, o equivalente a 18% da produção nacional.

Família Steinbruch (CSN)

Benjamin Steinbruch, da CSN Foto: Christina Rufatto/Estadão

Desde 1993, quando foi privatizada, a CSN está sob o comando da família de Benjamin Steinbruch, cujos negócios têm origem no setor têxtil. O pai, Mendel Steinbruch, com um irmão, fundou a Vicunha, que se mantém como outro ramo de negócio, junto com o banco Fibra. A CSN, situada em Volta Redonda (RJ), diversificou: expandiu-se para minério de ferro, cimento, geração de energia e logística ferroviária e portuária, além do aço. É dona também de uma usina de aço longo (perfis) na Alemanha. Nos últimos anos, o grupo CSN, sob a batuta de Steinbruch, abriu o capital da mineradora e fez várias aquisições de ativos nos setores cimenteiro e de energia. No ano passado, produziu no País 3,06 milhões de toneladas de aço (9,5% da produção nacional), sendo cerca de 200 mil toneladas de aço longo. Encerrou 2023 com receita líquida consolidada de R$ 45,4 bilhões.

Família Vigil (Simec)

Rufino Vigil González, do Grupo Simec Foto: Reprodução Via Twitter/Reprodução via twitter/x/@senadomexicano

O grupo siderúrgico Simec foi fundado em 1969 na cidade mexicana de Guadalajara como Companhia Siderúrgica de Guadalajara S/A por três irmãos da família Vigil. À frente do conglomerado, que se especializou em aços longos e especiais, está o empresário Rufino Vigil González. A Simec, com ações negociadas na Bolsa do México, expandiu-se para os EUA e chegou ao Brasil em 2012 com projeto de um siderúrgica de vergalhão e fio-máquina em Pindamonhangaba (SP). Com capacidade de 500 mil toneladas/ano, começou a produzir em 2015, após investir US$ 400 milhões. Em 2018, a Simec adquiriu da ArcelorMittal a usina de perfis de Cariacica (ES) e uma laminadora em Itaúna (MG). No momento, está em fase de duplicação da unidade de Pindamonhangaba e ampliação e modernização da usina de Cariacica. No ano passado, produziu no País 911 mil toneladas de aço bruto, ou 2,8% da produção nacional.

Família Ferreira (Sinobras/Aço Cearense)

Vilmar Ferreira, do Grupo Aço Cearense Foto: Aço Cearense/Divulgação

O grupo tem origem em 1979, a partir de uma distribuidora de ferro e aço de Fortaleza com o nome Ferro OK. O fundador, Vilmar Ferreira, em 1984 muda o nome para Aço Cearense, visando a atuar em todo o Estado do Ceará. Com a Aço Cearense Industrial, ele entrou no negócio de beneficiamento de aço. No início dos anos 2000, Ferreira decidiu construir a Sinobras, de aço longo, em Marabá (PA), que começou a operar em 2008, utilizando carvão vegetal de florestas plantadas na região e sucata de ferro e aço. Após investir R$ 1 bilhão, a Sinobras elevou a capacidade de laminação de aço de 380 mil para 850 mil toneladas no final de 2023. O grupo tem capacidade para produzir e beneficiar 1,5 milhão de toneladas de aços planos e longos por ano. Em 2022, teve o aval final da Justiça da recuperação judicial pedida em 2018, pedida por conta da grave crise do setor e às dívidas contraídas em dólar. Fechou aquele ano com faturamento consolidado de R$ 6,5 bilhões. Em 2023, respondeu por 1,5% da produção nacional.

Família Nascimento (AVB/Grupo Ferroeste)

Ricardo Nascimento, da AVB/Grupo Ferroeste Foto: AVB/Divulgação

A siderúrgica AVB, que começou a operar em 2015, em Açailândia (MA), pertence ao grupo mineiro Ferroeste, que atua na produção de ferro-gusa, etanol e cimento. Foi fundado em 1968 pelo empresário Ricardo Nascimento com o nome de Empresa de Mecanização Rural, prestando serviços no setor agrícola, de silvicultura e movimentação interna de materiais em siderúrgicas. A expansão ocorreu em 1978, ao adquirir a produtora de ferro-gusa Ferroeste, de Divinópolis (MG), e depois avançou para o Espírito Santo e Açailândia. Daí nasceu o projeto da AVB, focada em aço longo (vergalhões e fio-máquina), usando carvão vegetal de florestas próprias de eucalipto. Com capacidade de fazer 860 mil toneladas de aço bruto (tarugos) e 720 mil de produtos laminados por ano, tem o selo de primeira siderúrgica do mundo de carbono neutro. A família Nascimento controla 100% da AVB, que gerou receita líquida de R$ 1,7 bilhão em 2023 e produziu o equivalente a 1,2% do aço brasileiro.

O Brasil está entre os dez maiores produtores de aço no mundo - ocupa atualmente o nono lugar. Mas, com produção de 32 milhões de toneladas em 2023, está muito longe da líder China e bem abaixo de Índia, Japão, EUA, Rússia e Coreia do Sul. De acordo com números do Instituto Aço Brasil, há em território brasileiro hoje 31 usinas que fazem aços planos, longos, inox e especiais.

Essa operação está a cargo de 13 companhias que são controladas por nove grupos. Sete desses grupos são de tradicionais clãs familiares, estrangeiros e nacionais, e respondem por 95% do volume de aço produzido. O parque fabril tem capacidade de fazer 51 milhões de toneladas por ano, mas tem operado, na média, com 63% de ocupação.

Executivos e especialistas do setor consideram que esse é um índice baixo para gerar rentabilidade ao negócio. No ano passado, e até junho de 2024, o setor enfrentou alta competição de aço estrangeiro, principalmente da China. Veja abaixo quais são as famílias que dominam a produção de aço no País:

Família Mittal (ArcelorMittal)

Lakshmi Mittal, da ArcelorMittal Foto: Financial Times

O grupo ArcelorMittal, que tem várias usinas de aço no País, pertence à família de origem indiana Mittal. É o segundo maior produtor global e líder no Ocidente. Lakshmi Mittal, apesar de indiano, iniciou seu império siderúrgico com uma pequena fábrica na Indonésia. De lá, avançou para Europa e Estados Unidos. No Brasil, fez vários investimentos e aquisições desde 2006 - quando, globalmente, a Mittal Steel incorporou a franco-belga Arcelor. O mais recente movimento do grupo no País foi a compra, em 2022, da Siderúrgica de Pecém, no Ceará, que pertencia à Vale e dois sócios asiáticos, por R$ 11 bilhões. A família Mittal também controla a Aperam, de aços inox e especiais, que tem uma operação separada no Brasil. Juntas, as duas empresas produziram 14,2 milhões de toneladas no ano passado, respondendo por 42% da produção nacional.

Família Rocca (Ternium/Techint)

Paolo Rocca, da Ternium/Techint Foto: Creative Commons

A Ternium, controlada pelo conglomerado ítalo-argentino Techint, passou a operar no Brasil no início de 2012 com a aquisição de uma fatia acionária da Usiminas. O grupo tem origem na Itália, em 1945, com um investimento do industrial italiano Agostino Rocca na siderurgia. Depois, ele migrou para a Argentina, onde passou a atuar em engenharia e construção e montou uma fábrica de tubos de aço, a Siderca. À frente do grupo desde o início de 2000 está Paolo Rocca, neto de Agostino. O passou seguinte no Brasil foi a compra da CSA, do Rio de Janeiro, ativo da ThyssenKrupp, renomeada como Ternium Brasil. No início de 2023, a Ternium, em acordo com a sócia Nippon Steel, assumiu o controle e a gestão da Usiminas. Juntas, as duas siderúrgicas da Ternium produziram 6,44 milhões de toneladas de aço bruto no ano passado, ou 20% da produção brasileira.

Família Gerdau Johannpeter (Gerdau)

Jorge Gerdau, do Grupo Gerdau Foto: Sergio Dutti/Estadão

Maior produtor siderúrgico de capital nacional, o grupo de origem gaúcha Gerdau tem 123 anos de existência. Surgiu a partir de uma fábrica de pregos em Porto Alegre fundada pelo imigrante alemão João Gerdau em 1901. A fabricação de aço ganhou impulso na gestão de Curt Johannpeter, genro de Hugo Gerdau. O grupo está na quinta geração familiar. Jorge Gerdau Johannpeter, da quarta, foi um dos expoentes da companhia - esteve à frente da gestão, junto com três irmãos, de 1983 a 2007. Desde 2018, a empresa deixou de ser comandada por membros da família, que foi para o conselho de administração. No Brasil, faz desde aços semiacabados (placas e tarugos) até produtos laminados longos, planos e especiais, além de mineração de ferro para consumo próprio. No ano passado, o grupo fez 5,84 milhões de toneladas de aço bruto no País, o equivalente a 18% da produção nacional.

Família Steinbruch (CSN)

Benjamin Steinbruch, da CSN Foto: Christina Rufatto/Estadão

Desde 1993, quando foi privatizada, a CSN está sob o comando da família de Benjamin Steinbruch, cujos negócios têm origem no setor têxtil. O pai, Mendel Steinbruch, com um irmão, fundou a Vicunha, que se mantém como outro ramo de negócio, junto com o banco Fibra. A CSN, situada em Volta Redonda (RJ), diversificou: expandiu-se para minério de ferro, cimento, geração de energia e logística ferroviária e portuária, além do aço. É dona também de uma usina de aço longo (perfis) na Alemanha. Nos últimos anos, o grupo CSN, sob a batuta de Steinbruch, abriu o capital da mineradora e fez várias aquisições de ativos nos setores cimenteiro e de energia. No ano passado, produziu no País 3,06 milhões de toneladas de aço (9,5% da produção nacional), sendo cerca de 200 mil toneladas de aço longo. Encerrou 2023 com receita líquida consolidada de R$ 45,4 bilhões.

Família Vigil (Simec)

Rufino Vigil González, do Grupo Simec Foto: Reprodução Via Twitter/Reprodução via twitter/x/@senadomexicano

O grupo siderúrgico Simec foi fundado em 1969 na cidade mexicana de Guadalajara como Companhia Siderúrgica de Guadalajara S/A por três irmãos da família Vigil. À frente do conglomerado, que se especializou em aços longos e especiais, está o empresário Rufino Vigil González. A Simec, com ações negociadas na Bolsa do México, expandiu-se para os EUA e chegou ao Brasil em 2012 com projeto de um siderúrgica de vergalhão e fio-máquina em Pindamonhangaba (SP). Com capacidade de 500 mil toneladas/ano, começou a produzir em 2015, após investir US$ 400 milhões. Em 2018, a Simec adquiriu da ArcelorMittal a usina de perfis de Cariacica (ES) e uma laminadora em Itaúna (MG). No momento, está em fase de duplicação da unidade de Pindamonhangaba e ampliação e modernização da usina de Cariacica. No ano passado, produziu no País 911 mil toneladas de aço bruto, ou 2,8% da produção nacional.

Família Ferreira (Sinobras/Aço Cearense)

Vilmar Ferreira, do Grupo Aço Cearense Foto: Aço Cearense/Divulgação

O grupo tem origem em 1979, a partir de uma distribuidora de ferro e aço de Fortaleza com o nome Ferro OK. O fundador, Vilmar Ferreira, em 1984 muda o nome para Aço Cearense, visando a atuar em todo o Estado do Ceará. Com a Aço Cearense Industrial, ele entrou no negócio de beneficiamento de aço. No início dos anos 2000, Ferreira decidiu construir a Sinobras, de aço longo, em Marabá (PA), que começou a operar em 2008, utilizando carvão vegetal de florestas plantadas na região e sucata de ferro e aço. Após investir R$ 1 bilhão, a Sinobras elevou a capacidade de laminação de aço de 380 mil para 850 mil toneladas no final de 2023. O grupo tem capacidade para produzir e beneficiar 1,5 milhão de toneladas de aços planos e longos por ano. Em 2022, teve o aval final da Justiça da recuperação judicial pedida em 2018, pedida por conta da grave crise do setor e às dívidas contraídas em dólar. Fechou aquele ano com faturamento consolidado de R$ 6,5 bilhões. Em 2023, respondeu por 1,5% da produção nacional.

Família Nascimento (AVB/Grupo Ferroeste)

Ricardo Nascimento, da AVB/Grupo Ferroeste Foto: AVB/Divulgação

A siderúrgica AVB, que começou a operar em 2015, em Açailândia (MA), pertence ao grupo mineiro Ferroeste, que atua na produção de ferro-gusa, etanol e cimento. Foi fundado em 1968 pelo empresário Ricardo Nascimento com o nome de Empresa de Mecanização Rural, prestando serviços no setor agrícola, de silvicultura e movimentação interna de materiais em siderúrgicas. A expansão ocorreu em 1978, ao adquirir a produtora de ferro-gusa Ferroeste, de Divinópolis (MG), e depois avançou para o Espírito Santo e Açailândia. Daí nasceu o projeto da AVB, focada em aço longo (vergalhões e fio-máquina), usando carvão vegetal de florestas próprias de eucalipto. Com capacidade de fazer 860 mil toneladas de aço bruto (tarugos) e 720 mil de produtos laminados por ano, tem o selo de primeira siderúrgica do mundo de carbono neutro. A família Nascimento controla 100% da AVB, que gerou receita líquida de R$ 1,7 bilhão em 2023 e produziu o equivalente a 1,2% do aço brasileiro.

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