Famosas investem no mercado de peças e acessórios usados com brechós de luxo


Populares, artistas como Luana Piovani, Deborah Secco e Fiorella Mattheis viraram sócias de lojas de roupas, bolsas e sapatos usados

Por Renée Pereira e Wesley Gonsalves
Atualização:

Durante quase dez anos, Leilane Sabatini trabalhou no setor de energia elétrica, numa área tradicionalmente dominada por homens. Atuava como trader no mercado financeiro, comprando e vendendo ativos do setor. Ganhava muito dinheiro e gastava boa parte dele com bolsas, sapatos e roupas de grifes famosas.

“Um dia abri meu armário e percebi que não usava a maioria das peças que estava ali”, conta ela, que decidiu vender os artigos nas redes sociais para pessoas conhecidas. Em pouco tempo, o hobby virou um negócio super-rentável. Leilane deixou o mercado financeiro e criou o brechó Cansei Vendi, que hoje tem mais de 10 mil peças de luxo anunciadas, de 135 marcas.

Leilane Sabatini, CEO do brechó de Luxo Cansei Vendi Foto: Naira Mattia
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Para estruturar o site, recebeu recursos de um investidor anjo e, no marketing, contou com a atriz Luana Piovani, que se tornou sócia do brechó. A parceria deu tão certo que o negócio cresceu 200% entre 2021 e 2022 e 70% neste ano.

A atriz não participa da rotina diária da empresa, mas tem papel crucial na divulgação do negócio nas redes sociais, entre seus 4,9 milhões de seguidores - só no Instagram. “Fui convidada para ter uma ‘loja’ no site e sugeri a sociedade, aprovada pelos sócios. A sugestão veio do meu estilo de vida, de quem sempre acreditou nessa moda vintage”, disse Luana.

Luana Piovani virou sócia do brechó de luxo Cansei Vendi Foto: Instagram/@Luapio
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Setor em expansão rápida

O movimento da atriz não é isolado. Outros brechós brasileiros também têm apostado na popularidade de artistas para turbinar o negócio.

O brechó Gringa foi fundado pela atriz Fiorella Mattheis em 2020, pouco tempo antes do início da pandemia. Com o passar dos anos, o negócio cresceu e chamou a atenção de concorrentes, entrando na mira do Enjoei para ser adquirido, mas o negócio acabou sendo desfeito em seguida.

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O Enjoei foi um dos precursores desse mercado no Brasil, personalidades como Jade Picon, Giovana Ewbank e Fernanda Paes Lemes desapegam de itens de moda com até 70% de desconto no preço original.

O mercado de usados já é bem consolidado nos Estados Unidos e Europa e, por aqui, tem crescido exponencialmente. O conceito de economia circular está associado à questão da sustentabilidade e consumo consciente, que estão em alta no mundo.

Cerca de 70% dos compradores de itens de segunda mão gostam de comprar esses produtos por causa desse apelo, segundo pesquisa do Boston Counsulting Group (BCG).

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O levantamento aponta ainda que o mercado de itens de moda usados pode ultrapassar o valor do setor de fast fashion até 2030.

Para o BCG, o segmento de roupas seminovas tem potencial de crescimento de até 20% para 2025, com uma projeção de movimentar no mercado aproximadamente R$ 24 bilhões no País.

Grandes lojas como H&M e Zara agora têm roupa usada

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As apostas no mercado de produtos de segunda mão não são exclusividade de companhias brasileiras. A gigante do fast fashion de moda Zara anunciou recentemente a expansão da sua plataforma de moda circular para as unidades na França. O serviço já estava disponível desde outubro de 2022 para os consumidores britânicos da Zara.

A novidade acompanha outras iniciativas da companhia em relação à moda sustentável e ocorre em um momento em que a principal concorrente da companhia, a também gigante do varejo de moda H&M tem investido na moda de second hand.

Neste mês, a H&M anunciou que passaria a revender peças de segunda mão em uma das suas lojas em Londres, atendendo à demanda de uma moda mais sustentável e em meio ao crescimento do segmento de moda circular. A varejista já oferecia o mesmo serviço de venda de itens usados nas lojas de Barcelona.

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Seminovos muito além de roupas

Apesar do boom nas marcas de brechó e sites especializados em venda de itens seminovos, essa não é uma tendência recente no País.

O presidente e cofundador do Enjoei, Tiê Lima, conta que esse consumo já era tradicional no Brasil, com o repasse de roupas e calçados, porém, no passado recente, ainda era restrito a pequenos grupos. Agora, no mundo digital, esse comércio ganhou mais relevância com novas ferramentas, segundo o executivo.

“A nossa proposta com o Enjoei foi a de expandir essa prática, permitindo que vendedores pudessem obter uma renda extra, e compradores pudessem ter acesso a uma gama maior de produtos por valores mais atrativos”, diz.

“Com a expansão do ESG vindo para a pauta de diversos segmentos, o mercado de moda circular também ganhou mais espaço, e a nova geração tem participado dessa discussão de uma forma cada vez mais ativa, provocando a mudança por uma moda mais responsável e que minimiza seus impactos no meio ambiente”, avalia Lima.

Conforme divulgado pelo e-commerce, cerca de 30% dos consumidores da plataforma pertencem ao perfil de público que quer aderir à economia circular, com foco em minimizar o próprio impacto ambiental em relação à moda.

Em busca de mais vendedores e compradores

Com mais de 1 milhão de vendedores e 1,18 milhão de compradores cadastrados, um dos desafios do e-commerce é, justamente, ampliar o número de pessoas na plataforma.

Para atrair mais público, uma das estratégias do negócio tem sido as famosas “lojinhas de celebridades”, que vendem roupas, calçados e acessórios usados.

Participação de Deborah Secco

Outro brechó que abriu esse mercado no Brasil é o Peça Rara, uma empresa criada há 16 anos pela psicóloga Bruna Vasconi.

Ela começou o negócio vendendo as roupas que os filhos pequenos perdiam e, aos poucos, foi conquistando também as mães, que queriam consumir e desapegar de algumas peças.

“As coisas foram evoluindo com boa aceitação do público, e consegui abrir a primeira loja (física). Não tínhamos muito dinheiro nem experiência com marketing, então o boca a boca foi muito importante”, diz a fundadora do Peça Rara.

Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara, brechó que tem 70 lojas no Brasil Foto: Divulgação/Peça Rara

Hoje a empresa conta com uma garota propaganda de peso para turbinar as vendas. Desde 2020, a atriz Deborah Secco é sócia do brechó, que já comercializou cerca de 3 milhões de peças desde a sua criação.

A atriz diz que o nascimento da filha a fez enxergar a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios ganhos e que jamais conseguiria usar.

“Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.” A artista foi apresentada ao Peça Rara pelo empresário José Carlos Semenzato (presidente e dono do SMZTO, grupo de investimentos), que se tornou investidor da empresa.

Atriz Deborah Secco é sócia do brecho Peça Rara Foto: Debbie Schimitt

“Isso casou com a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta com o negócio do brechó”, afirmou a atriz.

Segundo ela, além da sustentabilidade, há também o assistencialismo feito por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade para serem vendidos nas lojas e são revendidos em bazar a preços simbólicos. O valor arrecadado é doado ao Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Empresa abriu franquias

Com a chegada de Semenzato, a empresa passou a trabalhar com franquias em todo o Brasil. Hoje, além de sete lojas próprias, o Peça Rara tem 63 franquias espalhadas pelo País. Até o fim do ano serão 100 unidades.

Cada franquia custa, em média, R$ 300 mil (dependendo do tamanho da loja), e o faturamento pode chegar a R$ 100 mil já no primeiro mês.

O Cansei Vendi, cujo foco é online, também abriu uma loja física no ano passado na Alameda Lorena, em São Paulo. Na coleção do brechó, há clássicos e raridades, como uma bolsa Louis Vuitton Masters Collection Monet pintada a mão pelo artista americano Jeff Koons, edições especiais de Hermès Birkin e até uma clutch Fendi 1976 do museu MET (Metropolitan Museum of Art).

Algumas peças podem ter descontos de até 80%, mas em marcas badaladas, como Louis Vuitton e Chanel, o deságio fica entre 40% e 50% por causa da elevada demanda.

“Quando larguei meu emprego, diziam que eu era louca por largar tudo para vender bolsa usada. Hoje dizem que sou visionária”, diz Leilane Sabatini.

Durante quase dez anos, Leilane Sabatini trabalhou no setor de energia elétrica, numa área tradicionalmente dominada por homens. Atuava como trader no mercado financeiro, comprando e vendendo ativos do setor. Ganhava muito dinheiro e gastava boa parte dele com bolsas, sapatos e roupas de grifes famosas.

“Um dia abri meu armário e percebi que não usava a maioria das peças que estava ali”, conta ela, que decidiu vender os artigos nas redes sociais para pessoas conhecidas. Em pouco tempo, o hobby virou um negócio super-rentável. Leilane deixou o mercado financeiro e criou o brechó Cansei Vendi, que hoje tem mais de 10 mil peças de luxo anunciadas, de 135 marcas.

Leilane Sabatini, CEO do brechó de Luxo Cansei Vendi Foto: Naira Mattia

Para estruturar o site, recebeu recursos de um investidor anjo e, no marketing, contou com a atriz Luana Piovani, que se tornou sócia do brechó. A parceria deu tão certo que o negócio cresceu 200% entre 2021 e 2022 e 70% neste ano.

A atriz não participa da rotina diária da empresa, mas tem papel crucial na divulgação do negócio nas redes sociais, entre seus 4,9 milhões de seguidores - só no Instagram. “Fui convidada para ter uma ‘loja’ no site e sugeri a sociedade, aprovada pelos sócios. A sugestão veio do meu estilo de vida, de quem sempre acreditou nessa moda vintage”, disse Luana.

Luana Piovani virou sócia do brechó de luxo Cansei Vendi Foto: Instagram/@Luapio

Setor em expansão rápida

O movimento da atriz não é isolado. Outros brechós brasileiros também têm apostado na popularidade de artistas para turbinar o negócio.

O brechó Gringa foi fundado pela atriz Fiorella Mattheis em 2020, pouco tempo antes do início da pandemia. Com o passar dos anos, o negócio cresceu e chamou a atenção de concorrentes, entrando na mira do Enjoei para ser adquirido, mas o negócio acabou sendo desfeito em seguida.

O Enjoei foi um dos precursores desse mercado no Brasil, personalidades como Jade Picon, Giovana Ewbank e Fernanda Paes Lemes desapegam de itens de moda com até 70% de desconto no preço original.

O mercado de usados já é bem consolidado nos Estados Unidos e Europa e, por aqui, tem crescido exponencialmente. O conceito de economia circular está associado à questão da sustentabilidade e consumo consciente, que estão em alta no mundo.

Cerca de 70% dos compradores de itens de segunda mão gostam de comprar esses produtos por causa desse apelo, segundo pesquisa do Boston Counsulting Group (BCG).

O levantamento aponta ainda que o mercado de itens de moda usados pode ultrapassar o valor do setor de fast fashion até 2030.

Para o BCG, o segmento de roupas seminovas tem potencial de crescimento de até 20% para 2025, com uma projeção de movimentar no mercado aproximadamente R$ 24 bilhões no País.

Grandes lojas como H&M e Zara agora têm roupa usada

As apostas no mercado de produtos de segunda mão não são exclusividade de companhias brasileiras. A gigante do fast fashion de moda Zara anunciou recentemente a expansão da sua plataforma de moda circular para as unidades na França. O serviço já estava disponível desde outubro de 2022 para os consumidores britânicos da Zara.

A novidade acompanha outras iniciativas da companhia em relação à moda sustentável e ocorre em um momento em que a principal concorrente da companhia, a também gigante do varejo de moda H&M tem investido na moda de second hand.

Neste mês, a H&M anunciou que passaria a revender peças de segunda mão em uma das suas lojas em Londres, atendendo à demanda de uma moda mais sustentável e em meio ao crescimento do segmento de moda circular. A varejista já oferecia o mesmo serviço de venda de itens usados nas lojas de Barcelona.

Seminovos muito além de roupas

Apesar do boom nas marcas de brechó e sites especializados em venda de itens seminovos, essa não é uma tendência recente no País.

O presidente e cofundador do Enjoei, Tiê Lima, conta que esse consumo já era tradicional no Brasil, com o repasse de roupas e calçados, porém, no passado recente, ainda era restrito a pequenos grupos. Agora, no mundo digital, esse comércio ganhou mais relevância com novas ferramentas, segundo o executivo.

“A nossa proposta com o Enjoei foi a de expandir essa prática, permitindo que vendedores pudessem obter uma renda extra, e compradores pudessem ter acesso a uma gama maior de produtos por valores mais atrativos”, diz.

“Com a expansão do ESG vindo para a pauta de diversos segmentos, o mercado de moda circular também ganhou mais espaço, e a nova geração tem participado dessa discussão de uma forma cada vez mais ativa, provocando a mudança por uma moda mais responsável e que minimiza seus impactos no meio ambiente”, avalia Lima.

Conforme divulgado pelo e-commerce, cerca de 30% dos consumidores da plataforma pertencem ao perfil de público que quer aderir à economia circular, com foco em minimizar o próprio impacto ambiental em relação à moda.

Em busca de mais vendedores e compradores

Com mais de 1 milhão de vendedores e 1,18 milhão de compradores cadastrados, um dos desafios do e-commerce é, justamente, ampliar o número de pessoas na plataforma.

Para atrair mais público, uma das estratégias do negócio tem sido as famosas “lojinhas de celebridades”, que vendem roupas, calçados e acessórios usados.

Participação de Deborah Secco

Outro brechó que abriu esse mercado no Brasil é o Peça Rara, uma empresa criada há 16 anos pela psicóloga Bruna Vasconi.

Ela começou o negócio vendendo as roupas que os filhos pequenos perdiam e, aos poucos, foi conquistando também as mães, que queriam consumir e desapegar de algumas peças.

“As coisas foram evoluindo com boa aceitação do público, e consegui abrir a primeira loja (física). Não tínhamos muito dinheiro nem experiência com marketing, então o boca a boca foi muito importante”, diz a fundadora do Peça Rara.

Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara, brechó que tem 70 lojas no Brasil Foto: Divulgação/Peça Rara

Hoje a empresa conta com uma garota propaganda de peso para turbinar as vendas. Desde 2020, a atriz Deborah Secco é sócia do brechó, que já comercializou cerca de 3 milhões de peças desde a sua criação.

A atriz diz que o nascimento da filha a fez enxergar a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios ganhos e que jamais conseguiria usar.

“Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.” A artista foi apresentada ao Peça Rara pelo empresário José Carlos Semenzato (presidente e dono do SMZTO, grupo de investimentos), que se tornou investidor da empresa.

Atriz Deborah Secco é sócia do brecho Peça Rara Foto: Debbie Schimitt

“Isso casou com a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta com o negócio do brechó”, afirmou a atriz.

Segundo ela, além da sustentabilidade, há também o assistencialismo feito por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade para serem vendidos nas lojas e são revendidos em bazar a preços simbólicos. O valor arrecadado é doado ao Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Empresa abriu franquias

Com a chegada de Semenzato, a empresa passou a trabalhar com franquias em todo o Brasil. Hoje, além de sete lojas próprias, o Peça Rara tem 63 franquias espalhadas pelo País. Até o fim do ano serão 100 unidades.

Cada franquia custa, em média, R$ 300 mil (dependendo do tamanho da loja), e o faturamento pode chegar a R$ 100 mil já no primeiro mês.

O Cansei Vendi, cujo foco é online, também abriu uma loja física no ano passado na Alameda Lorena, em São Paulo. Na coleção do brechó, há clássicos e raridades, como uma bolsa Louis Vuitton Masters Collection Monet pintada a mão pelo artista americano Jeff Koons, edições especiais de Hermès Birkin e até uma clutch Fendi 1976 do museu MET (Metropolitan Museum of Art).

Algumas peças podem ter descontos de até 80%, mas em marcas badaladas, como Louis Vuitton e Chanel, o deságio fica entre 40% e 50% por causa da elevada demanda.

“Quando larguei meu emprego, diziam que eu era louca por largar tudo para vender bolsa usada. Hoje dizem que sou visionária”, diz Leilane Sabatini.

Durante quase dez anos, Leilane Sabatini trabalhou no setor de energia elétrica, numa área tradicionalmente dominada por homens. Atuava como trader no mercado financeiro, comprando e vendendo ativos do setor. Ganhava muito dinheiro e gastava boa parte dele com bolsas, sapatos e roupas de grifes famosas.

“Um dia abri meu armário e percebi que não usava a maioria das peças que estava ali”, conta ela, que decidiu vender os artigos nas redes sociais para pessoas conhecidas. Em pouco tempo, o hobby virou um negócio super-rentável. Leilane deixou o mercado financeiro e criou o brechó Cansei Vendi, que hoje tem mais de 10 mil peças de luxo anunciadas, de 135 marcas.

Leilane Sabatini, CEO do brechó de Luxo Cansei Vendi Foto: Naira Mattia

Para estruturar o site, recebeu recursos de um investidor anjo e, no marketing, contou com a atriz Luana Piovani, que se tornou sócia do brechó. A parceria deu tão certo que o negócio cresceu 200% entre 2021 e 2022 e 70% neste ano.

A atriz não participa da rotina diária da empresa, mas tem papel crucial na divulgação do negócio nas redes sociais, entre seus 4,9 milhões de seguidores - só no Instagram. “Fui convidada para ter uma ‘loja’ no site e sugeri a sociedade, aprovada pelos sócios. A sugestão veio do meu estilo de vida, de quem sempre acreditou nessa moda vintage”, disse Luana.

Luana Piovani virou sócia do brechó de luxo Cansei Vendi Foto: Instagram/@Luapio

Setor em expansão rápida

O movimento da atriz não é isolado. Outros brechós brasileiros também têm apostado na popularidade de artistas para turbinar o negócio.

O brechó Gringa foi fundado pela atriz Fiorella Mattheis em 2020, pouco tempo antes do início da pandemia. Com o passar dos anos, o negócio cresceu e chamou a atenção de concorrentes, entrando na mira do Enjoei para ser adquirido, mas o negócio acabou sendo desfeito em seguida.

O Enjoei foi um dos precursores desse mercado no Brasil, personalidades como Jade Picon, Giovana Ewbank e Fernanda Paes Lemes desapegam de itens de moda com até 70% de desconto no preço original.

O mercado de usados já é bem consolidado nos Estados Unidos e Europa e, por aqui, tem crescido exponencialmente. O conceito de economia circular está associado à questão da sustentabilidade e consumo consciente, que estão em alta no mundo.

Cerca de 70% dos compradores de itens de segunda mão gostam de comprar esses produtos por causa desse apelo, segundo pesquisa do Boston Counsulting Group (BCG).

O levantamento aponta ainda que o mercado de itens de moda usados pode ultrapassar o valor do setor de fast fashion até 2030.

Para o BCG, o segmento de roupas seminovas tem potencial de crescimento de até 20% para 2025, com uma projeção de movimentar no mercado aproximadamente R$ 24 bilhões no País.

Grandes lojas como H&M e Zara agora têm roupa usada

As apostas no mercado de produtos de segunda mão não são exclusividade de companhias brasileiras. A gigante do fast fashion de moda Zara anunciou recentemente a expansão da sua plataforma de moda circular para as unidades na França. O serviço já estava disponível desde outubro de 2022 para os consumidores britânicos da Zara.

A novidade acompanha outras iniciativas da companhia em relação à moda sustentável e ocorre em um momento em que a principal concorrente da companhia, a também gigante do varejo de moda H&M tem investido na moda de second hand.

Neste mês, a H&M anunciou que passaria a revender peças de segunda mão em uma das suas lojas em Londres, atendendo à demanda de uma moda mais sustentável e em meio ao crescimento do segmento de moda circular. A varejista já oferecia o mesmo serviço de venda de itens usados nas lojas de Barcelona.

Seminovos muito além de roupas

Apesar do boom nas marcas de brechó e sites especializados em venda de itens seminovos, essa não é uma tendência recente no País.

O presidente e cofundador do Enjoei, Tiê Lima, conta que esse consumo já era tradicional no Brasil, com o repasse de roupas e calçados, porém, no passado recente, ainda era restrito a pequenos grupos. Agora, no mundo digital, esse comércio ganhou mais relevância com novas ferramentas, segundo o executivo.

“A nossa proposta com o Enjoei foi a de expandir essa prática, permitindo que vendedores pudessem obter uma renda extra, e compradores pudessem ter acesso a uma gama maior de produtos por valores mais atrativos”, diz.

“Com a expansão do ESG vindo para a pauta de diversos segmentos, o mercado de moda circular também ganhou mais espaço, e a nova geração tem participado dessa discussão de uma forma cada vez mais ativa, provocando a mudança por uma moda mais responsável e que minimiza seus impactos no meio ambiente”, avalia Lima.

Conforme divulgado pelo e-commerce, cerca de 30% dos consumidores da plataforma pertencem ao perfil de público que quer aderir à economia circular, com foco em minimizar o próprio impacto ambiental em relação à moda.

Em busca de mais vendedores e compradores

Com mais de 1 milhão de vendedores e 1,18 milhão de compradores cadastrados, um dos desafios do e-commerce é, justamente, ampliar o número de pessoas na plataforma.

Para atrair mais público, uma das estratégias do negócio tem sido as famosas “lojinhas de celebridades”, que vendem roupas, calçados e acessórios usados.

Participação de Deborah Secco

Outro brechó que abriu esse mercado no Brasil é o Peça Rara, uma empresa criada há 16 anos pela psicóloga Bruna Vasconi.

Ela começou o negócio vendendo as roupas que os filhos pequenos perdiam e, aos poucos, foi conquistando também as mães, que queriam consumir e desapegar de algumas peças.

“As coisas foram evoluindo com boa aceitação do público, e consegui abrir a primeira loja (física). Não tínhamos muito dinheiro nem experiência com marketing, então o boca a boca foi muito importante”, diz a fundadora do Peça Rara.

Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara, brechó que tem 70 lojas no Brasil Foto: Divulgação/Peça Rara

Hoje a empresa conta com uma garota propaganda de peso para turbinar as vendas. Desde 2020, a atriz Deborah Secco é sócia do brechó, que já comercializou cerca de 3 milhões de peças desde a sua criação.

A atriz diz que o nascimento da filha a fez enxergar a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios ganhos e que jamais conseguiria usar.

“Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.” A artista foi apresentada ao Peça Rara pelo empresário José Carlos Semenzato (presidente e dono do SMZTO, grupo de investimentos), que se tornou investidor da empresa.

Atriz Deborah Secco é sócia do brecho Peça Rara Foto: Debbie Schimitt

“Isso casou com a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta com o negócio do brechó”, afirmou a atriz.

Segundo ela, além da sustentabilidade, há também o assistencialismo feito por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade para serem vendidos nas lojas e são revendidos em bazar a preços simbólicos. O valor arrecadado é doado ao Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Empresa abriu franquias

Com a chegada de Semenzato, a empresa passou a trabalhar com franquias em todo o Brasil. Hoje, além de sete lojas próprias, o Peça Rara tem 63 franquias espalhadas pelo País. Até o fim do ano serão 100 unidades.

Cada franquia custa, em média, R$ 300 mil (dependendo do tamanho da loja), e o faturamento pode chegar a R$ 100 mil já no primeiro mês.

O Cansei Vendi, cujo foco é online, também abriu uma loja física no ano passado na Alameda Lorena, em São Paulo. Na coleção do brechó, há clássicos e raridades, como uma bolsa Louis Vuitton Masters Collection Monet pintada a mão pelo artista americano Jeff Koons, edições especiais de Hermès Birkin e até uma clutch Fendi 1976 do museu MET (Metropolitan Museum of Art).

Algumas peças podem ter descontos de até 80%, mas em marcas badaladas, como Louis Vuitton e Chanel, o deságio fica entre 40% e 50% por causa da elevada demanda.

“Quando larguei meu emprego, diziam que eu era louca por largar tudo para vender bolsa usada. Hoje dizem que sou visionária”, diz Leilane Sabatini.

Durante quase dez anos, Leilane Sabatini trabalhou no setor de energia elétrica, numa área tradicionalmente dominada por homens. Atuava como trader no mercado financeiro, comprando e vendendo ativos do setor. Ganhava muito dinheiro e gastava boa parte dele com bolsas, sapatos e roupas de grifes famosas.

“Um dia abri meu armário e percebi que não usava a maioria das peças que estava ali”, conta ela, que decidiu vender os artigos nas redes sociais para pessoas conhecidas. Em pouco tempo, o hobby virou um negócio super-rentável. Leilane deixou o mercado financeiro e criou o brechó Cansei Vendi, que hoje tem mais de 10 mil peças de luxo anunciadas, de 135 marcas.

Leilane Sabatini, CEO do brechó de Luxo Cansei Vendi Foto: Naira Mattia

Para estruturar o site, recebeu recursos de um investidor anjo e, no marketing, contou com a atriz Luana Piovani, que se tornou sócia do brechó. A parceria deu tão certo que o negócio cresceu 200% entre 2021 e 2022 e 70% neste ano.

A atriz não participa da rotina diária da empresa, mas tem papel crucial na divulgação do negócio nas redes sociais, entre seus 4,9 milhões de seguidores - só no Instagram. “Fui convidada para ter uma ‘loja’ no site e sugeri a sociedade, aprovada pelos sócios. A sugestão veio do meu estilo de vida, de quem sempre acreditou nessa moda vintage”, disse Luana.

Luana Piovani virou sócia do brechó de luxo Cansei Vendi Foto: Instagram/@Luapio

Setor em expansão rápida

O movimento da atriz não é isolado. Outros brechós brasileiros também têm apostado na popularidade de artistas para turbinar o negócio.

O brechó Gringa foi fundado pela atriz Fiorella Mattheis em 2020, pouco tempo antes do início da pandemia. Com o passar dos anos, o negócio cresceu e chamou a atenção de concorrentes, entrando na mira do Enjoei para ser adquirido, mas o negócio acabou sendo desfeito em seguida.

O Enjoei foi um dos precursores desse mercado no Brasil, personalidades como Jade Picon, Giovana Ewbank e Fernanda Paes Lemes desapegam de itens de moda com até 70% de desconto no preço original.

O mercado de usados já é bem consolidado nos Estados Unidos e Europa e, por aqui, tem crescido exponencialmente. O conceito de economia circular está associado à questão da sustentabilidade e consumo consciente, que estão em alta no mundo.

Cerca de 70% dos compradores de itens de segunda mão gostam de comprar esses produtos por causa desse apelo, segundo pesquisa do Boston Counsulting Group (BCG).

O levantamento aponta ainda que o mercado de itens de moda usados pode ultrapassar o valor do setor de fast fashion até 2030.

Para o BCG, o segmento de roupas seminovas tem potencial de crescimento de até 20% para 2025, com uma projeção de movimentar no mercado aproximadamente R$ 24 bilhões no País.

Grandes lojas como H&M e Zara agora têm roupa usada

As apostas no mercado de produtos de segunda mão não são exclusividade de companhias brasileiras. A gigante do fast fashion de moda Zara anunciou recentemente a expansão da sua plataforma de moda circular para as unidades na França. O serviço já estava disponível desde outubro de 2022 para os consumidores britânicos da Zara.

A novidade acompanha outras iniciativas da companhia em relação à moda sustentável e ocorre em um momento em que a principal concorrente da companhia, a também gigante do varejo de moda H&M tem investido na moda de second hand.

Neste mês, a H&M anunciou que passaria a revender peças de segunda mão em uma das suas lojas em Londres, atendendo à demanda de uma moda mais sustentável e em meio ao crescimento do segmento de moda circular. A varejista já oferecia o mesmo serviço de venda de itens usados nas lojas de Barcelona.

Seminovos muito além de roupas

Apesar do boom nas marcas de brechó e sites especializados em venda de itens seminovos, essa não é uma tendência recente no País.

O presidente e cofundador do Enjoei, Tiê Lima, conta que esse consumo já era tradicional no Brasil, com o repasse de roupas e calçados, porém, no passado recente, ainda era restrito a pequenos grupos. Agora, no mundo digital, esse comércio ganhou mais relevância com novas ferramentas, segundo o executivo.

“A nossa proposta com o Enjoei foi a de expandir essa prática, permitindo que vendedores pudessem obter uma renda extra, e compradores pudessem ter acesso a uma gama maior de produtos por valores mais atrativos”, diz.

“Com a expansão do ESG vindo para a pauta de diversos segmentos, o mercado de moda circular também ganhou mais espaço, e a nova geração tem participado dessa discussão de uma forma cada vez mais ativa, provocando a mudança por uma moda mais responsável e que minimiza seus impactos no meio ambiente”, avalia Lima.

Conforme divulgado pelo e-commerce, cerca de 30% dos consumidores da plataforma pertencem ao perfil de público que quer aderir à economia circular, com foco em minimizar o próprio impacto ambiental em relação à moda.

Em busca de mais vendedores e compradores

Com mais de 1 milhão de vendedores e 1,18 milhão de compradores cadastrados, um dos desafios do e-commerce é, justamente, ampliar o número de pessoas na plataforma.

Para atrair mais público, uma das estratégias do negócio tem sido as famosas “lojinhas de celebridades”, que vendem roupas, calçados e acessórios usados.

Participação de Deborah Secco

Outro brechó que abriu esse mercado no Brasil é o Peça Rara, uma empresa criada há 16 anos pela psicóloga Bruna Vasconi.

Ela começou o negócio vendendo as roupas que os filhos pequenos perdiam e, aos poucos, foi conquistando também as mães, que queriam consumir e desapegar de algumas peças.

“As coisas foram evoluindo com boa aceitação do público, e consegui abrir a primeira loja (física). Não tínhamos muito dinheiro nem experiência com marketing, então o boca a boca foi muito importante”, diz a fundadora do Peça Rara.

Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara, brechó que tem 70 lojas no Brasil Foto: Divulgação/Peça Rara

Hoje a empresa conta com uma garota propaganda de peso para turbinar as vendas. Desde 2020, a atriz Deborah Secco é sócia do brechó, que já comercializou cerca de 3 milhões de peças desde a sua criação.

A atriz diz que o nascimento da filha a fez enxergar a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios ganhos e que jamais conseguiria usar.

“Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.” A artista foi apresentada ao Peça Rara pelo empresário José Carlos Semenzato (presidente e dono do SMZTO, grupo de investimentos), que se tornou investidor da empresa.

Atriz Deborah Secco é sócia do brecho Peça Rara Foto: Debbie Schimitt

“Isso casou com a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta com o negócio do brechó”, afirmou a atriz.

Segundo ela, além da sustentabilidade, há também o assistencialismo feito por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade para serem vendidos nas lojas e são revendidos em bazar a preços simbólicos. O valor arrecadado é doado ao Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Empresa abriu franquias

Com a chegada de Semenzato, a empresa passou a trabalhar com franquias em todo o Brasil. Hoje, além de sete lojas próprias, o Peça Rara tem 63 franquias espalhadas pelo País. Até o fim do ano serão 100 unidades.

Cada franquia custa, em média, R$ 300 mil (dependendo do tamanho da loja), e o faturamento pode chegar a R$ 100 mil já no primeiro mês.

O Cansei Vendi, cujo foco é online, também abriu uma loja física no ano passado na Alameda Lorena, em São Paulo. Na coleção do brechó, há clássicos e raridades, como uma bolsa Louis Vuitton Masters Collection Monet pintada a mão pelo artista americano Jeff Koons, edições especiais de Hermès Birkin e até uma clutch Fendi 1976 do museu MET (Metropolitan Museum of Art).

Algumas peças podem ter descontos de até 80%, mas em marcas badaladas, como Louis Vuitton e Chanel, o deságio fica entre 40% e 50% por causa da elevada demanda.

“Quando larguei meu emprego, diziam que eu era louca por largar tudo para vender bolsa usada. Hoje dizem que sou visionária”, diz Leilane Sabatini.

Durante quase dez anos, Leilane Sabatini trabalhou no setor de energia elétrica, numa área tradicionalmente dominada por homens. Atuava como trader no mercado financeiro, comprando e vendendo ativos do setor. Ganhava muito dinheiro e gastava boa parte dele com bolsas, sapatos e roupas de grifes famosas.

“Um dia abri meu armário e percebi que não usava a maioria das peças que estava ali”, conta ela, que decidiu vender os artigos nas redes sociais para pessoas conhecidas. Em pouco tempo, o hobby virou um negócio super-rentável. Leilane deixou o mercado financeiro e criou o brechó Cansei Vendi, que hoje tem mais de 10 mil peças de luxo anunciadas, de 135 marcas.

Leilane Sabatini, CEO do brechó de Luxo Cansei Vendi Foto: Naira Mattia

Para estruturar o site, recebeu recursos de um investidor anjo e, no marketing, contou com a atriz Luana Piovani, que se tornou sócia do brechó. A parceria deu tão certo que o negócio cresceu 200% entre 2021 e 2022 e 70% neste ano.

A atriz não participa da rotina diária da empresa, mas tem papel crucial na divulgação do negócio nas redes sociais, entre seus 4,9 milhões de seguidores - só no Instagram. “Fui convidada para ter uma ‘loja’ no site e sugeri a sociedade, aprovada pelos sócios. A sugestão veio do meu estilo de vida, de quem sempre acreditou nessa moda vintage”, disse Luana.

Luana Piovani virou sócia do brechó de luxo Cansei Vendi Foto: Instagram/@Luapio

Setor em expansão rápida

O movimento da atriz não é isolado. Outros brechós brasileiros também têm apostado na popularidade de artistas para turbinar o negócio.

O brechó Gringa foi fundado pela atriz Fiorella Mattheis em 2020, pouco tempo antes do início da pandemia. Com o passar dos anos, o negócio cresceu e chamou a atenção de concorrentes, entrando na mira do Enjoei para ser adquirido, mas o negócio acabou sendo desfeito em seguida.

O Enjoei foi um dos precursores desse mercado no Brasil, personalidades como Jade Picon, Giovana Ewbank e Fernanda Paes Lemes desapegam de itens de moda com até 70% de desconto no preço original.

O mercado de usados já é bem consolidado nos Estados Unidos e Europa e, por aqui, tem crescido exponencialmente. O conceito de economia circular está associado à questão da sustentabilidade e consumo consciente, que estão em alta no mundo.

Cerca de 70% dos compradores de itens de segunda mão gostam de comprar esses produtos por causa desse apelo, segundo pesquisa do Boston Counsulting Group (BCG).

O levantamento aponta ainda que o mercado de itens de moda usados pode ultrapassar o valor do setor de fast fashion até 2030.

Para o BCG, o segmento de roupas seminovas tem potencial de crescimento de até 20% para 2025, com uma projeção de movimentar no mercado aproximadamente R$ 24 bilhões no País.

Grandes lojas como H&M e Zara agora têm roupa usada

As apostas no mercado de produtos de segunda mão não são exclusividade de companhias brasileiras. A gigante do fast fashion de moda Zara anunciou recentemente a expansão da sua plataforma de moda circular para as unidades na França. O serviço já estava disponível desde outubro de 2022 para os consumidores britânicos da Zara.

A novidade acompanha outras iniciativas da companhia em relação à moda sustentável e ocorre em um momento em que a principal concorrente da companhia, a também gigante do varejo de moda H&M tem investido na moda de second hand.

Neste mês, a H&M anunciou que passaria a revender peças de segunda mão em uma das suas lojas em Londres, atendendo à demanda de uma moda mais sustentável e em meio ao crescimento do segmento de moda circular. A varejista já oferecia o mesmo serviço de venda de itens usados nas lojas de Barcelona.

Seminovos muito além de roupas

Apesar do boom nas marcas de brechó e sites especializados em venda de itens seminovos, essa não é uma tendência recente no País.

O presidente e cofundador do Enjoei, Tiê Lima, conta que esse consumo já era tradicional no Brasil, com o repasse de roupas e calçados, porém, no passado recente, ainda era restrito a pequenos grupos. Agora, no mundo digital, esse comércio ganhou mais relevância com novas ferramentas, segundo o executivo.

“A nossa proposta com o Enjoei foi a de expandir essa prática, permitindo que vendedores pudessem obter uma renda extra, e compradores pudessem ter acesso a uma gama maior de produtos por valores mais atrativos”, diz.

“Com a expansão do ESG vindo para a pauta de diversos segmentos, o mercado de moda circular também ganhou mais espaço, e a nova geração tem participado dessa discussão de uma forma cada vez mais ativa, provocando a mudança por uma moda mais responsável e que minimiza seus impactos no meio ambiente”, avalia Lima.

Conforme divulgado pelo e-commerce, cerca de 30% dos consumidores da plataforma pertencem ao perfil de público que quer aderir à economia circular, com foco em minimizar o próprio impacto ambiental em relação à moda.

Em busca de mais vendedores e compradores

Com mais de 1 milhão de vendedores e 1,18 milhão de compradores cadastrados, um dos desafios do e-commerce é, justamente, ampliar o número de pessoas na plataforma.

Para atrair mais público, uma das estratégias do negócio tem sido as famosas “lojinhas de celebridades”, que vendem roupas, calçados e acessórios usados.

Participação de Deborah Secco

Outro brechó que abriu esse mercado no Brasil é o Peça Rara, uma empresa criada há 16 anos pela psicóloga Bruna Vasconi.

Ela começou o negócio vendendo as roupas que os filhos pequenos perdiam e, aos poucos, foi conquistando também as mães, que queriam consumir e desapegar de algumas peças.

“As coisas foram evoluindo com boa aceitação do público, e consegui abrir a primeira loja (física). Não tínhamos muito dinheiro nem experiência com marketing, então o boca a boca foi muito importante”, diz a fundadora do Peça Rara.

Bruna Vasconi, fundadora do Peça Rara, brechó que tem 70 lojas no Brasil Foto: Divulgação/Peça Rara

Hoje a empresa conta com uma garota propaganda de peso para turbinar as vendas. Desde 2020, a atriz Deborah Secco é sócia do brechó, que já comercializou cerca de 3 milhões de peças desde a sua criação.

A atriz diz que o nascimento da filha a fez enxergar a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios ganhos e que jamais conseguiria usar.

“Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.” A artista foi apresentada ao Peça Rara pelo empresário José Carlos Semenzato (presidente e dono do SMZTO, grupo de investimentos), que se tornou investidor da empresa.

Atriz Deborah Secco é sócia do brecho Peça Rara Foto: Debbie Schimitt

“Isso casou com a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta com o negócio do brechó”, afirmou a atriz.

Segundo ela, além da sustentabilidade, há também o assistencialismo feito por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade para serem vendidos nas lojas e são revendidos em bazar a preços simbólicos. O valor arrecadado é doado ao Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Empresa abriu franquias

Com a chegada de Semenzato, a empresa passou a trabalhar com franquias em todo o Brasil. Hoje, além de sete lojas próprias, o Peça Rara tem 63 franquias espalhadas pelo País. Até o fim do ano serão 100 unidades.

Cada franquia custa, em média, R$ 300 mil (dependendo do tamanho da loja), e o faturamento pode chegar a R$ 100 mil já no primeiro mês.

O Cansei Vendi, cujo foco é online, também abriu uma loja física no ano passado na Alameda Lorena, em São Paulo. Na coleção do brechó, há clássicos e raridades, como uma bolsa Louis Vuitton Masters Collection Monet pintada a mão pelo artista americano Jeff Koons, edições especiais de Hermès Birkin e até uma clutch Fendi 1976 do museu MET (Metropolitan Museum of Art).

Algumas peças podem ter descontos de até 80%, mas em marcas badaladas, como Louis Vuitton e Chanel, o deságio fica entre 40% e 50% por causa da elevada demanda.

“Quando larguei meu emprego, diziam que eu era louca por largar tudo para vender bolsa usada. Hoje dizem que sou visionária”, diz Leilane Sabatini.

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