Depois de muito embate, a gigante sucroalcooleira Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial) passou a ter um novo controlador, o fundo Mubadala Capital, de Abu Dhabi, após uma reunião de credores da empresa que ocorreu na tarde de hoje. O fundo americano Lone Star, que travava uma briga para evitar a operação, terá sua participação diluída, deixando, assim, o controle da empresa.
Pelo acordado, o Mubadala passará a deter 31,5% da Atvos, em troca de um aporte de R$ 500 milhões na empresa. Os bancos credores, que incluem Banco do Brasil, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Bradesco, Santander e Itaú, ficariam com uma participação de 60% na empresa. O fundo americano Lone Star e a Novonor (ex-Odebrecht), dividiriam uma fatia de 3,5%. Ricardo K., executivo conhecido por recuperar empresas, também terá uma pequena participação.
O fundo americano Lone Star vinha argumentando que essa operação societária era desnecessária e reduziria o valor da dívida mantida por seus credores. Além disso, também colocou que não teria havido consulta à administração da Atvos e também não teria levado em conta seu atual momento financeiro.
Ao final, a reunião acabou sendo tensa, em um encontro que durou cerca de duas horas. Além do Lone Star, a Caixa votou contra a operação segundo fontes. O banco público não teria concordado com a liberação de garantias da ex-Odebrecht, como já havia se posicionado contra na reunião que ocorreu no último dia 16. Mais uma vez, a Caixa pediu um prazo de 60 para analisar a questão, sem sucesso.
Um dos questionamentos no encontro foi a razão da presença do RK Partners, que teria informado que sua presença era como ex-assessor da empresa. Já o representante do BNDES, por sua vez, foi questionado sobre o acordo com o Mubadala, que teria informado que uma eventual troca de controle estava prevista no plano de recuperação judicial da Atvos e que, assim, o acordo em questão estava apenas seguindo o plano da RJ. O BNDES e BB possuem, juntos, cerca de 70% dos R$ 12 bilhões da dívida da empresa.
Relembre o caso
No início da semana, o Lone Star enviou uma notificação a todos os credores, pedindo esclarecimento sobre o acordo e questionando as razões para que o processo não fosse competitivo.
Para o fundo, ainda é preciso uma explicação sobre o motivo pelo qual os bancos públicos não buscaram um processo competitivo para a troca do controle do grupo. O BNDES tem dito a interlocutores que entende essa como a melhor solução para a companhia e para seus credores.
O fundo americano Lone Star chegou ao controle da Atvos em 2020, quando a empresa já estava em recuperação judicial, após uma decisão da Justiça. No mesmo ano, o fundo havia comprado o controle da Atvos do banco Natixis, que tinha executado as ações que os bancos credores da Odebrecht detinham em alienação fiduciária, por meros R$ 5 milhões.