Fundos europeus se voltam às políticas ambientais de Lula e podem ampliar investimentos no Brasil


Investidores engajados na causa ambiental criticavam a gestão Bolsonaro; gestores afirmam que declarações de Lula trazem um olhar positivo e podem reverter restrição a aportes por aqui

Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Há um pouco mais de dois anos, um grupo de investidores europeus, que administram mais de US$ 4 trilhões em todo o mundo, ameaçaram tirar recursos do Brasil, por pressão contra o desmatamento da Amazâonia, que deu um salto ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro. Agora, o vento parece ter mudado de direção. A sinalização dada por esses fundos é de que as restrições de investimento no País está perto de mudar, um efeito rápido e direto da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 30 de outubro.

Um exemplo claro foi dado pelo fundo nórdico Nordea, que possui mais de 400 bilhões de euros sob gestão. Sem ver uma politica consistente do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente, restringiu a compra do título soberano brasileiro. Agora, a gestora já vê espaço para rever sua decisão.

“Nossa equipe de dívida de mercados emergentes está analisando a suspensão da restrição que temos há muito tempo sobre novos investimentos em títulos do governo brasileiro. Estamos otimistas de que conseguiremos suspender nossa quarentena”, afirmou ao Estadão o chefe de investimentos responsáveis da Nordea Asset Management, Eric Pedersen.

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O executivo disse que sua expectativa é de que o Brasil, após as eleições passe por uma “transição pacífica de poder” . No ano que vem, com a chegada de Lula ao Planalto, a visão se torna mais otimista. “A campanha e as promessas de Lula indicaram que ele se concentrará na preservação da região amazônica significativamente mais do que o governo anterior. O primeiro passo seria fazer valer novamente o código florestal existente e reconstruir o Ibama e outros órgãos relevantes”, aponta Pedersen.

O gestor afirma que o fortalecimento do estado de direito, especialmente nas regiões amazônicas, além de políticas de apoio a negócios sustentáveis, podem tornar ainda mais as empresas interessantes para os investidores ESG.

Marina Silva, que foi deputada eleita por São Paulo, participou ativamente da campanha de Lula. Foto: Carla Carniel/Reuters
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Nesta semana em umas das primeiras ações como presidente eleito, Lula viaja ao Egito, onde acontece a COP-27, conferencia do clima organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ele irá ao lado de Marina Silva, deputada eleita por São Paulo e cotada para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Ela tem sido uma figura importante na chancela dos investidores para as promessas do presidente em relação à Amazônia e ao meio ambiente de forma geral.

A mesma leitura é feita pela gestora KLP, o maior fundo de pensão da Noruega, que demonstra mais otimismo em relação à agenda ambiental no Brasil com o governo recém eleito. “O aumento dramático do desmatamento da Amazônia no último ano é uma questão de preocupação global”, ressaltou o analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP Asset Management, Arild Skedsmo.

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Segundo Skedsmo, a falta de liderança política sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil. “Isso tem sido uma grande preocupação para os investidores. Lula da Silva prometeu explicitamente reverter essa tendência e tem muita credibilidade de seu mandato presidencial anterior.”

A falta de liderança política e vontade de fazer cumprir as regulamentações sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil e tem sido uma grande preocupação para os investidores.”

Arild Skedsmo, analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP

Segundo o analista, as falas de Lula ao longo da corrida presidencial estão sendo bem recebidas e podem significar a volta do olhar para investimentos no País. “Isso já está fortalecendo as avaliações dos investidores sobre a posição internacional e o potencial econômico do Brasil”, diz.

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O presidente do fundo norueguês Storebrand, Jan Erik Saugestad – executivo que em 2020 liderou um grupo que enviou uma carta ao governo brasileiro cobrando medidas de proteção à Amazônia – afirma que houve alguns desinvestimentos específicos por conta do tema ESG e desmatamento, mas que tem tentado dialogar de forma construtiva sobre os riscos financeiros do desmatamento com o governo Bolsonaro.

“Lula assumiu o compromisso firme de acabar com o desmatamento. As próximas semanas vão esclarecer muito mais sua estratégia, mas já vemos sinais positivos como a retomada das discussões para a reabertura do Fundo Amazônia”, frisa Saugestad.

Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”

Daniela da Costa-Bulthuis, responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa

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Agora, a prova final virá com a reversão das taxas de desmatamento. “Estabelecemos nossas expectativas que queremos ver, como a aplicação do Código Florestal brasileiro, o fortalecimento das agências brasileiras encarregadas de implementar a legislação ambiental e de direitos humanos e evitar quaisquer desenvolvimentos legislativos que possam impactar negativamente a proteção florestal”, explica.

Desafios para além da Amazônia

Responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa, com 200 bilhões de euros sob gestão, Daniela da Costa-Bulthuis comenta que o olhar no momento é de otimismo no Brasil e a expectativa é de melhora em relação às políticas públicas em relação ao meio ambiente.

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Apesar dessa visão mais positiva, ela afirma que a situação é grave e que são necessárias por parte do novo governo medidas efetivas e urgentes sobre o tema. Ela frisa que Marina Silva tem grande credibilidade com os investidores estrangeiros.

Para Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco, olhar é otimista, mas Brasil precisará se atentar às questões fiscais. Foto: Robeco
Gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, mas aumentar muito o número de ministérios e o gasto com funcionalismo seria muito negativo.”

Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco

“Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”, afirma a especialista do fundo holandês, relembrando que desde 2019 houve uma deterioração acelerada da reputação do País em relação não só ao meio ambiente, mas aos direitos humanos. “Observamos a deterioração do aspecto de sustentabilidade. Houve ainda ataque a jornalistas e às instituições, além do desmatamento que foi crescendo”, frisou.

“Se gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, aumentar muito o número de ministériose o gasto com funcionalismo seria muito negativo”, diz. Outro ponto que vai estar no centro de atenção do Robeco será como o governo tratará as empresas estatais. “Se for mantida a Lei das Estatais, isso será algo visto com otimismo”, diz.

Há um pouco mais de dois anos, um grupo de investidores europeus, que administram mais de US$ 4 trilhões em todo o mundo, ameaçaram tirar recursos do Brasil, por pressão contra o desmatamento da Amazâonia, que deu um salto ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro. Agora, o vento parece ter mudado de direção. A sinalização dada por esses fundos é de que as restrições de investimento no País está perto de mudar, um efeito rápido e direto da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 30 de outubro.

Um exemplo claro foi dado pelo fundo nórdico Nordea, que possui mais de 400 bilhões de euros sob gestão. Sem ver uma politica consistente do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente, restringiu a compra do título soberano brasileiro. Agora, a gestora já vê espaço para rever sua decisão.

“Nossa equipe de dívida de mercados emergentes está analisando a suspensão da restrição que temos há muito tempo sobre novos investimentos em títulos do governo brasileiro. Estamos otimistas de que conseguiremos suspender nossa quarentena”, afirmou ao Estadão o chefe de investimentos responsáveis da Nordea Asset Management, Eric Pedersen.

O executivo disse que sua expectativa é de que o Brasil, após as eleições passe por uma “transição pacífica de poder” . No ano que vem, com a chegada de Lula ao Planalto, a visão se torna mais otimista. “A campanha e as promessas de Lula indicaram que ele se concentrará na preservação da região amazônica significativamente mais do que o governo anterior. O primeiro passo seria fazer valer novamente o código florestal existente e reconstruir o Ibama e outros órgãos relevantes”, aponta Pedersen.

O gestor afirma que o fortalecimento do estado de direito, especialmente nas regiões amazônicas, além de políticas de apoio a negócios sustentáveis, podem tornar ainda mais as empresas interessantes para os investidores ESG.

Marina Silva, que foi deputada eleita por São Paulo, participou ativamente da campanha de Lula. Foto: Carla Carniel/Reuters

Nesta semana em umas das primeiras ações como presidente eleito, Lula viaja ao Egito, onde acontece a COP-27, conferencia do clima organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ele irá ao lado de Marina Silva, deputada eleita por São Paulo e cotada para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Ela tem sido uma figura importante na chancela dos investidores para as promessas do presidente em relação à Amazônia e ao meio ambiente de forma geral.

A mesma leitura é feita pela gestora KLP, o maior fundo de pensão da Noruega, que demonstra mais otimismo em relação à agenda ambiental no Brasil com o governo recém eleito. “O aumento dramático do desmatamento da Amazônia no último ano é uma questão de preocupação global”, ressaltou o analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP Asset Management, Arild Skedsmo.

Segundo Skedsmo, a falta de liderança política sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil. “Isso tem sido uma grande preocupação para os investidores. Lula da Silva prometeu explicitamente reverter essa tendência e tem muita credibilidade de seu mandato presidencial anterior.”

A falta de liderança política e vontade de fazer cumprir as regulamentações sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil e tem sido uma grande preocupação para os investidores.”

Arild Skedsmo, analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP

Segundo o analista, as falas de Lula ao longo da corrida presidencial estão sendo bem recebidas e podem significar a volta do olhar para investimentos no País. “Isso já está fortalecendo as avaliações dos investidores sobre a posição internacional e o potencial econômico do Brasil”, diz.

O presidente do fundo norueguês Storebrand, Jan Erik Saugestad – executivo que em 2020 liderou um grupo que enviou uma carta ao governo brasileiro cobrando medidas de proteção à Amazônia – afirma que houve alguns desinvestimentos específicos por conta do tema ESG e desmatamento, mas que tem tentado dialogar de forma construtiva sobre os riscos financeiros do desmatamento com o governo Bolsonaro.

“Lula assumiu o compromisso firme de acabar com o desmatamento. As próximas semanas vão esclarecer muito mais sua estratégia, mas já vemos sinais positivos como a retomada das discussões para a reabertura do Fundo Amazônia”, frisa Saugestad.

Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”

Daniela da Costa-Bulthuis, responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa

Agora, a prova final virá com a reversão das taxas de desmatamento. “Estabelecemos nossas expectativas que queremos ver, como a aplicação do Código Florestal brasileiro, o fortalecimento das agências brasileiras encarregadas de implementar a legislação ambiental e de direitos humanos e evitar quaisquer desenvolvimentos legislativos que possam impactar negativamente a proteção florestal”, explica.

Desafios para além da Amazônia

Responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa, com 200 bilhões de euros sob gestão, Daniela da Costa-Bulthuis comenta que o olhar no momento é de otimismo no Brasil e a expectativa é de melhora em relação às políticas públicas em relação ao meio ambiente.

Apesar dessa visão mais positiva, ela afirma que a situação é grave e que são necessárias por parte do novo governo medidas efetivas e urgentes sobre o tema. Ela frisa que Marina Silva tem grande credibilidade com os investidores estrangeiros.

Para Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco, olhar é otimista, mas Brasil precisará se atentar às questões fiscais. Foto: Robeco
Gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, mas aumentar muito o número de ministérios e o gasto com funcionalismo seria muito negativo.”

Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco

“Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”, afirma a especialista do fundo holandês, relembrando que desde 2019 houve uma deterioração acelerada da reputação do País em relação não só ao meio ambiente, mas aos direitos humanos. “Observamos a deterioração do aspecto de sustentabilidade. Houve ainda ataque a jornalistas e às instituições, além do desmatamento que foi crescendo”, frisou.

“Se gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, aumentar muito o número de ministériose o gasto com funcionalismo seria muito negativo”, diz. Outro ponto que vai estar no centro de atenção do Robeco será como o governo tratará as empresas estatais. “Se for mantida a Lei das Estatais, isso será algo visto com otimismo”, diz.

Há um pouco mais de dois anos, um grupo de investidores europeus, que administram mais de US$ 4 trilhões em todo o mundo, ameaçaram tirar recursos do Brasil, por pressão contra o desmatamento da Amazâonia, que deu um salto ao longo do governo do presidente Jair Bolsonaro. Agora, o vento parece ter mudado de direção. A sinalização dada por esses fundos é de que as restrições de investimento no País está perto de mudar, um efeito rápido e direto da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no último dia 30 de outubro.

Um exemplo claro foi dado pelo fundo nórdico Nordea, que possui mais de 400 bilhões de euros sob gestão. Sem ver uma politica consistente do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente, restringiu a compra do título soberano brasileiro. Agora, a gestora já vê espaço para rever sua decisão.

“Nossa equipe de dívida de mercados emergentes está analisando a suspensão da restrição que temos há muito tempo sobre novos investimentos em títulos do governo brasileiro. Estamos otimistas de que conseguiremos suspender nossa quarentena”, afirmou ao Estadão o chefe de investimentos responsáveis da Nordea Asset Management, Eric Pedersen.

O executivo disse que sua expectativa é de que o Brasil, após as eleições passe por uma “transição pacífica de poder” . No ano que vem, com a chegada de Lula ao Planalto, a visão se torna mais otimista. “A campanha e as promessas de Lula indicaram que ele se concentrará na preservação da região amazônica significativamente mais do que o governo anterior. O primeiro passo seria fazer valer novamente o código florestal existente e reconstruir o Ibama e outros órgãos relevantes”, aponta Pedersen.

O gestor afirma que o fortalecimento do estado de direito, especialmente nas regiões amazônicas, além de políticas de apoio a negócios sustentáveis, podem tornar ainda mais as empresas interessantes para os investidores ESG.

Marina Silva, que foi deputada eleita por São Paulo, participou ativamente da campanha de Lula. Foto: Carla Carniel/Reuters

Nesta semana em umas das primeiras ações como presidente eleito, Lula viaja ao Egito, onde acontece a COP-27, conferencia do clima organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ele irá ao lado de Marina Silva, deputada eleita por São Paulo e cotada para assumir o Ministério do Meio Ambiente. Ela tem sido uma figura importante na chancela dos investidores para as promessas do presidente em relação à Amazônia e ao meio ambiente de forma geral.

A mesma leitura é feita pela gestora KLP, o maior fundo de pensão da Noruega, que demonstra mais otimismo em relação à agenda ambiental no Brasil com o governo recém eleito. “O aumento dramático do desmatamento da Amazônia no último ano é uma questão de preocupação global”, ressaltou o analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP Asset Management, Arild Skedsmo.

Segundo Skedsmo, a falta de liderança política sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil. “Isso tem sido uma grande preocupação para os investidores. Lula da Silva prometeu explicitamente reverter essa tendência e tem muita credibilidade de seu mandato presidencial anterior.”

A falta de liderança política e vontade de fazer cumprir as regulamentações sobre o desmatamento prejudicou a reputação internacional do Brasil e tem sido uma grande preocupação para os investidores.”

Arild Skedsmo, analista sênior de Investimentos Responsáveis na KLP

Segundo o analista, as falas de Lula ao longo da corrida presidencial estão sendo bem recebidas e podem significar a volta do olhar para investimentos no País. “Isso já está fortalecendo as avaliações dos investidores sobre a posição internacional e o potencial econômico do Brasil”, diz.

O presidente do fundo norueguês Storebrand, Jan Erik Saugestad – executivo que em 2020 liderou um grupo que enviou uma carta ao governo brasileiro cobrando medidas de proteção à Amazônia – afirma que houve alguns desinvestimentos específicos por conta do tema ESG e desmatamento, mas que tem tentado dialogar de forma construtiva sobre os riscos financeiros do desmatamento com o governo Bolsonaro.

“Lula assumiu o compromisso firme de acabar com o desmatamento. As próximas semanas vão esclarecer muito mais sua estratégia, mas já vemos sinais positivos como a retomada das discussões para a reabertura do Fundo Amazônia”, frisa Saugestad.

Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”

Daniela da Costa-Bulthuis, responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa

Agora, a prova final virá com a reversão das taxas de desmatamento. “Estabelecemos nossas expectativas que queremos ver, como a aplicação do Código Florestal brasileiro, o fortalecimento das agências brasileiras encarregadas de implementar a legislação ambiental e de direitos humanos e evitar quaisquer desenvolvimentos legislativos que possam impactar negativamente a proteção florestal”, explica.

Desafios para além da Amazônia

Responsável pelos ativos no Brasil da holandesa Robeco, uma das maiores casas de investimentos da Europa, com 200 bilhões de euros sob gestão, Daniela da Costa-Bulthuis comenta que o olhar no momento é de otimismo no Brasil e a expectativa é de melhora em relação às políticas públicas em relação ao meio ambiente.

Apesar dessa visão mais positiva, ela afirma que a situação é grave e que são necessárias por parte do novo governo medidas efetivas e urgentes sobre o tema. Ela frisa que Marina Silva tem grande credibilidade com os investidores estrangeiros.

Para Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco, olhar é otimista, mas Brasil precisará se atentar às questões fiscais. Foto: Robeco
Gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, mas aumentar muito o número de ministérios e o gasto com funcionalismo seria muito negativo.”

Daniela da Costa-Bulthuis, da Robeco

“Nós queremos ver execução. É preciso haver uma proteção dos agentes ambientais e mais recursos, além de uma proteção dos próprios povos indígenas”, afirma a especialista do fundo holandês, relembrando que desde 2019 houve uma deterioração acelerada da reputação do País em relação não só ao meio ambiente, mas aos direitos humanos. “Observamos a deterioração do aspecto de sustentabilidade. Houve ainda ataque a jornalistas e às instituições, além do desmatamento que foi crescendo”, frisou.

“Se gastar um pouco mais com saúde e educação é bom, aumentar muito o número de ministériose o gasto com funcionalismo seria muito negativo”, diz. Outro ponto que vai estar no centro de atenção do Robeco será como o governo tratará as empresas estatais. “Se for mantida a Lei das Estatais, isso será algo visto com otimismo”, diz.

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