Os tropeços de gestão que ajudaram a desenhar os rumos da maior empresa de educação superior do País


Para Rodrigo Galindo, presidente do conselho da Cogna, um dos maiores erros foi a falta de um plano B para a fusão com a rival Estácio, barrada pelo Cade

Por Cristiane Barbieri
Atualização:

“Tem um monte, viu?”. É dessa maneira que Rodrigo Galindo, presidente do conselho da Cogna, responde quando perguntado sobre os erros cometidos quando esteve à frente da maior empresa de educação superior do País. A fusão com a rival Estácio, à qual a empresa se dedicou intensamente por um ano - e que não aconteceu por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) -, é o primeiro grande tropeço que passa por sua cabeça quando pensa no assunto.

“A gente focou muito em planejar a companhia com a fusão e nem considerávamos a hipótese de a transação ser barrada”, diz ele. “Se fosse hoje, planejaríamos a empresa com e sem o negócio.”

Galindo não considera que a aposta no Fies tenha sido um erro Foto: Felipe Rau/Estadão
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Porém, afirma, uma vez que perceberam que a aquisição não aconteceria e a Cogna não dobraria de tamanho da noite para o dia, mudaram a rota para tentar criar uma companhia diferente. “O último voto do conselheiro do Cade saiu às oito da noite”, diz ele. “No dia seguinte, às nove da manhã, as 400 lideranças da empresa estavam reunidas para tirar todas as dúvidas por duas horas e nunca mais falar de fusão com Estácio. Não íamos mais perder tempo com aquilo.”

Para ele, o erro foi ter dado prioridade a algo que estava fora de suas próprias mãos. O aprendizado, foi reagir rápido. “Poderia ter sido uma reunião triste, pesada, em que todo mundo fica desestimulado, mas todos saíram cheios de energia e ideias”, afirma.

Galindo não considera que a aposta no Fies, o programa de financiamento estudantil do governo, tenha sido um erro. Nos primeiros governos Lula, as universidades cresceram muito, alavancadas por empréstimos estudantis. “Éramos uma atividade meio para uma política educacional, um prestador de serviço”, afirma. “Dava para saber que era uma política cara, mas a gente não sabia que o governo não tinha mecanismos de controle e acompanhamento.” Entre 2015 e 2022, a receita do setor caiu de R$ 78 bilhões para R$ 58 bilhões, por conta do debacle do programa.

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Para ele, outro tropeço foi a demora a reagir ao ecossistema dos produtores de conteúdo. “Fomos pioneiros em educação à distância para o ensino regulado”, diz. “Mas há um mundo de criadores digitais, cada um com milhares ou milhões de seguidores, que lançam cursos para ganhar dinheiro.” Eles se plugam em plataformas que parcelam a venda desses cursos, antecipam o dinheiro para os criadores e ficam com um porcentual da transação.

A Cogna tem sua própria solução, a Voomp Creators, criada no ano passado, quando o mercado já estava ocupado por concorrentes bem maiores. “Queria ter tido a ideia de criar a Voomp três anos antes, porque eu já tinha informação de que a economia dos infoprodutores ia crescer”, diz ele.

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Nesse reposicionamento, a Cogna quer ser a provedora de educação do brasileiro dos “dois aos cem anos de idade”. Isso, porém, não significa estar à frente de todas as escolas. O grupo desenvolveu, por exemplo, um depositório com 134 capacidades que existem dentro da companhia. São ferramentas como produção de vídeo, fazer o checkout de pagamentos, receber boletos, ter um ambiente virtual de aprendizagem e assim por diante.

Nessa plataforma, a Cogna diz conseguir criar cursos de graduação, técnicos, de extensão, de criadores, de infoprodutores, usando essas capacidades, com baixo custo e rapidez. Assim, o grupo pretende ajudar mais edtechs e startups a dar escala a suas soluções para educação. “As trazemos para dentro de casa e, como já temos o chassis, elas colocam as empresas em cima e dividimos os ganhos”, diz Galindo.

O futuro da empresa também está ligado ao Cognalabs, que abriga as áreas de open innovation (inovação aberta) e corporate venture building (quando grandes empresas investem em startups). Na primeira, já foram feitas 32 parcerias, como controlar sublocações de aluguel, por exemplo. Na outra, de 18 teses de negócios apresentadas por funcionários, nove foram apoiadas e duas estão em estágio de crescimento.

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Para ele, a educação formal tende a crescer, mas a Cogna não pode estar restrita a esse universo. Isso porque, na verdade, ninguém sabe como serão feitos os aprendizados no futuro. “É esse o jogo que a gente está se preparando para jogar”, afirma.

“Tem um monte, viu?”. É dessa maneira que Rodrigo Galindo, presidente do conselho da Cogna, responde quando perguntado sobre os erros cometidos quando esteve à frente da maior empresa de educação superior do País. A fusão com a rival Estácio, à qual a empresa se dedicou intensamente por um ano - e que não aconteceu por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) -, é o primeiro grande tropeço que passa por sua cabeça quando pensa no assunto.

“A gente focou muito em planejar a companhia com a fusão e nem considerávamos a hipótese de a transação ser barrada”, diz ele. “Se fosse hoje, planejaríamos a empresa com e sem o negócio.”

Galindo não considera que a aposta no Fies tenha sido um erro Foto: Felipe Rau/Estadão

Porém, afirma, uma vez que perceberam que a aquisição não aconteceria e a Cogna não dobraria de tamanho da noite para o dia, mudaram a rota para tentar criar uma companhia diferente. “O último voto do conselheiro do Cade saiu às oito da noite”, diz ele. “No dia seguinte, às nove da manhã, as 400 lideranças da empresa estavam reunidas para tirar todas as dúvidas por duas horas e nunca mais falar de fusão com Estácio. Não íamos mais perder tempo com aquilo.”

Para ele, o erro foi ter dado prioridade a algo que estava fora de suas próprias mãos. O aprendizado, foi reagir rápido. “Poderia ter sido uma reunião triste, pesada, em que todo mundo fica desestimulado, mas todos saíram cheios de energia e ideias”, afirma.

Galindo não considera que a aposta no Fies, o programa de financiamento estudantil do governo, tenha sido um erro. Nos primeiros governos Lula, as universidades cresceram muito, alavancadas por empréstimos estudantis. “Éramos uma atividade meio para uma política educacional, um prestador de serviço”, afirma. “Dava para saber que era uma política cara, mas a gente não sabia que o governo não tinha mecanismos de controle e acompanhamento.” Entre 2015 e 2022, a receita do setor caiu de R$ 78 bilhões para R$ 58 bilhões, por conta do debacle do programa.

Para ele, outro tropeço foi a demora a reagir ao ecossistema dos produtores de conteúdo. “Fomos pioneiros em educação à distância para o ensino regulado”, diz. “Mas há um mundo de criadores digitais, cada um com milhares ou milhões de seguidores, que lançam cursos para ganhar dinheiro.” Eles se plugam em plataformas que parcelam a venda desses cursos, antecipam o dinheiro para os criadores e ficam com um porcentual da transação.

A Cogna tem sua própria solução, a Voomp Creators, criada no ano passado, quando o mercado já estava ocupado por concorrentes bem maiores. “Queria ter tido a ideia de criar a Voomp três anos antes, porque eu já tinha informação de que a economia dos infoprodutores ia crescer”, diz ele.

Nesse reposicionamento, a Cogna quer ser a provedora de educação do brasileiro dos “dois aos cem anos de idade”. Isso, porém, não significa estar à frente de todas as escolas. O grupo desenvolveu, por exemplo, um depositório com 134 capacidades que existem dentro da companhia. São ferramentas como produção de vídeo, fazer o checkout de pagamentos, receber boletos, ter um ambiente virtual de aprendizagem e assim por diante.

Nessa plataforma, a Cogna diz conseguir criar cursos de graduação, técnicos, de extensão, de criadores, de infoprodutores, usando essas capacidades, com baixo custo e rapidez. Assim, o grupo pretende ajudar mais edtechs e startups a dar escala a suas soluções para educação. “As trazemos para dentro de casa e, como já temos o chassis, elas colocam as empresas em cima e dividimos os ganhos”, diz Galindo.

O futuro da empresa também está ligado ao Cognalabs, que abriga as áreas de open innovation (inovação aberta) e corporate venture building (quando grandes empresas investem em startups). Na primeira, já foram feitas 32 parcerias, como controlar sublocações de aluguel, por exemplo. Na outra, de 18 teses de negócios apresentadas por funcionários, nove foram apoiadas e duas estão em estágio de crescimento.

Para ele, a educação formal tende a crescer, mas a Cogna não pode estar restrita a esse universo. Isso porque, na verdade, ninguém sabe como serão feitos os aprendizados no futuro. “É esse o jogo que a gente está se preparando para jogar”, afirma.

“Tem um monte, viu?”. É dessa maneira que Rodrigo Galindo, presidente do conselho da Cogna, responde quando perguntado sobre os erros cometidos quando esteve à frente da maior empresa de educação superior do País. A fusão com a rival Estácio, à qual a empresa se dedicou intensamente por um ano - e que não aconteceu por determinação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) -, é o primeiro grande tropeço que passa por sua cabeça quando pensa no assunto.

“A gente focou muito em planejar a companhia com a fusão e nem considerávamos a hipótese de a transação ser barrada”, diz ele. “Se fosse hoje, planejaríamos a empresa com e sem o negócio.”

Galindo não considera que a aposta no Fies tenha sido um erro Foto: Felipe Rau/Estadão

Porém, afirma, uma vez que perceberam que a aquisição não aconteceria e a Cogna não dobraria de tamanho da noite para o dia, mudaram a rota para tentar criar uma companhia diferente. “O último voto do conselheiro do Cade saiu às oito da noite”, diz ele. “No dia seguinte, às nove da manhã, as 400 lideranças da empresa estavam reunidas para tirar todas as dúvidas por duas horas e nunca mais falar de fusão com Estácio. Não íamos mais perder tempo com aquilo.”

Para ele, o erro foi ter dado prioridade a algo que estava fora de suas próprias mãos. O aprendizado, foi reagir rápido. “Poderia ter sido uma reunião triste, pesada, em que todo mundo fica desestimulado, mas todos saíram cheios de energia e ideias”, afirma.

Galindo não considera que a aposta no Fies, o programa de financiamento estudantil do governo, tenha sido um erro. Nos primeiros governos Lula, as universidades cresceram muito, alavancadas por empréstimos estudantis. “Éramos uma atividade meio para uma política educacional, um prestador de serviço”, afirma. “Dava para saber que era uma política cara, mas a gente não sabia que o governo não tinha mecanismos de controle e acompanhamento.” Entre 2015 e 2022, a receita do setor caiu de R$ 78 bilhões para R$ 58 bilhões, por conta do debacle do programa.

Para ele, outro tropeço foi a demora a reagir ao ecossistema dos produtores de conteúdo. “Fomos pioneiros em educação à distância para o ensino regulado”, diz. “Mas há um mundo de criadores digitais, cada um com milhares ou milhões de seguidores, que lançam cursos para ganhar dinheiro.” Eles se plugam em plataformas que parcelam a venda desses cursos, antecipam o dinheiro para os criadores e ficam com um porcentual da transação.

A Cogna tem sua própria solução, a Voomp Creators, criada no ano passado, quando o mercado já estava ocupado por concorrentes bem maiores. “Queria ter tido a ideia de criar a Voomp três anos antes, porque eu já tinha informação de que a economia dos infoprodutores ia crescer”, diz ele.

Nesse reposicionamento, a Cogna quer ser a provedora de educação do brasileiro dos “dois aos cem anos de idade”. Isso, porém, não significa estar à frente de todas as escolas. O grupo desenvolveu, por exemplo, um depositório com 134 capacidades que existem dentro da companhia. São ferramentas como produção de vídeo, fazer o checkout de pagamentos, receber boletos, ter um ambiente virtual de aprendizagem e assim por diante.

Nessa plataforma, a Cogna diz conseguir criar cursos de graduação, técnicos, de extensão, de criadores, de infoprodutores, usando essas capacidades, com baixo custo e rapidez. Assim, o grupo pretende ajudar mais edtechs e startups a dar escala a suas soluções para educação. “As trazemos para dentro de casa e, como já temos o chassis, elas colocam as empresas em cima e dividimos os ganhos”, diz Galindo.

O futuro da empresa também está ligado ao Cognalabs, que abriga as áreas de open innovation (inovação aberta) e corporate venture building (quando grandes empresas investem em startups). Na primeira, já foram feitas 32 parcerias, como controlar sublocações de aluguel, por exemplo. Na outra, de 18 teses de negócios apresentadas por funcionários, nove foram apoiadas e duas estão em estágio de crescimento.

Para ele, a educação formal tende a crescer, mas a Cogna não pode estar restrita a esse universo. Isso porque, na verdade, ninguém sabe como serão feitos os aprendizados no futuro. “É esse o jogo que a gente está se preparando para jogar”, afirma.

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