Grupo Pão de Açúcar: anúncio de venda marca tentativa do Casino de salvar negócio na França


Plano da empresa também prevê venda da rede colombiana Éxito; companhia tem uma dívida de R$ 20,8 bilhões que vence até 2025

Por Talita Nascimento
Atualização:

O anúncio do desembarque francês do Grupo Pão de Açúcar marca a saída de um investidor que brigou para ficar com esse ativo no Brasil. Conhecido por suas engenharias financeiras, Jean Charles-Naouri, dono da holding que controla o Grupo Casino, dona da a maioria das ações do GPA, travou uma batalha com Abílio Diniz pela varejista há cerca de dez anos. Hoje endividado na Europa, ele propõe abdicar dos ativos da América Latina para salvar o controle de seu negócio.

Depois de assinar um contrato que daria a opção de controle do GPA ao Casino após determinado tempo, Diniz tentou uma transação com o Carrefour para reverter o desfecho, mas acabou vencido por Naouri, que executou à risca o que estava escrito. A proposta do novo controlador em 2012 era de crescimento para o então Grupo Pão de Açúcar. Fatiado ao longo dos últimos anos, o negócio agora enfrenta uma junção de problemas e perda de valor.

Na França, as dívidas do Casino já atraíram interessados em ficar com o negócio. No último dia 14, o grupo afirmou que recebeu uma oferta de aumento de capital de até 1,1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) de um grupo de empresários, semelhante a uma proposta do acionista Daniel Kretinsky meses atrás. Nesta segunda-feira, 26, porém, a empresa divulgou uma atualização estratégica, como parte de esforços para reestruturar dívidas com credores. O plano prevê a possível venda do GPA e do colombiano Éxito.

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Pessoas próximas ao negócio avaliam que, ao longo da última década, a estratégia do Casino falhou na França e em outros locais Foto: Stephane Mahe/Reuters

O Casino disse em comunicado que espera levantar ao menos 900 milhões de euros (R$ 4,68 bilhões), para garantir com seus principais credores um acordo preliminar de reestruturação de dívidas até o fim de julho. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 20,8 bilhões) que vence até 2025.

Problemas

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Para uma pessoa do setor, que acompanhou o GPA e o Casino ao longo da última década, a estratégia do controlador falhou na França e em outros locais. “Agora, ele apenas está tentando monetizar tudo que é possível, onde é possível, para reverter o quadro endividamento”, afirma.

Outro nome experiente do setor avalia que os movimentos de Naouri agora são falhos em racionalidade e envolvem renunciar a tudo o que for preciso para não perder o controle da companhia em uma oferta hostil. “Seja lá qual for o tamanho da companhia que irá sobrar”, diz.

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Quanto ao GPA, a empresa vive hoje uma “convergência de problemas” que envolve a inflação de alimentos (agora em declínio), um quadro de inadimplência elevada do consumidor, as incertezas geradas pelos problemas do controlador e as dificuldades no reposicionamento de seus negócios desvinculados da força do Assaí, além de uma concorrência muito acirrada.

“E tudo isso somado com as sucessivas mudanças do time de líderes do negócio. Se já seria difícil com tudo indo bem internamente, é muito complexo quando internamente as coisas também estão difíceis”, avalia um dos especialistas.

Início das vendas

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O processo de monetizar ativos brasileiros começou ainda em 2020, quando o Casino resolveu separar o Assaí, bandeira de atacarejo, do GPA. Naquela transação, o controlador conseguiu multiplicar o valor de seus ativos, já que o Assaí, sozinho, valia mais que a empresa mãe.

No fim de 2022, o Casino começou um processo de venda de sua participação na rede de atacarejo, a fim de conseguir recursos de forma rápida para reduzir seu endividamento na Europa. Separada em três etapas, a última finalizada na sexta-feira, a venda levantou quase R$ 9 bilhões.

Ainda em meados de 2022, o grupo francês começou um processo de separação do Éxito, rede de varejo alimentar colombiana, do GPA. A varejista brasileira havia concluído a aquisição da colombiana em 2019.

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Com o processo praticamente finalizado, agora a estratégia deve ser a de vender a participação da holding no Éxito no mercado de ações, nos moldes da transação feita com Assaí.

Já o GPA, teve dificuldade de superar a inflação no ano passado. No último trimestre de 2022, o Citi escreveu sobre a companhia: “Os formatos remanescentes da companhia no Brasil ainda lutam para passar pela inflação de alimentos”. Naquele ano, a empresa viu sua receita bruta consolidada crescer 6,5% (4,9% no conceito ajustado), enquanto a inflação de alimentos e bebidas teve alta de 11,64% no período.

Mais recentemente, a companhia foi novamente questionada sobre sua rentabilidade. Sobre os números do primeiro trimestre de 2023, a XP escreveu: “Rentabilidade foi o destaque negativo, uma vez que a margem bruta segue pressionada (-2,5 pontos percentuais) pela inflação elevada e reposicionamento da marca Compre Bem, apesar de parcialmente compensada por diluição de despesas operacionais decorrente de ganhos de eficiência e reestruturação da companhia após a venda do Extra”.

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No primeiro trimestre de 2023, a companhia registrou prejuízo de R$ 248 milhões, frente a R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.

Diante do anúncio do Casino, na França, o GPA soltou comunicado ao mercado sobre o tema. Segundo a companhia, o Casino respondeu à controlada: “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que, nesta data, não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”.

O anúncio do desembarque francês do Grupo Pão de Açúcar marca a saída de um investidor que brigou para ficar com esse ativo no Brasil. Conhecido por suas engenharias financeiras, Jean Charles-Naouri, dono da holding que controla o Grupo Casino, dona da a maioria das ações do GPA, travou uma batalha com Abílio Diniz pela varejista há cerca de dez anos. Hoje endividado na Europa, ele propõe abdicar dos ativos da América Latina para salvar o controle de seu negócio.

Depois de assinar um contrato que daria a opção de controle do GPA ao Casino após determinado tempo, Diniz tentou uma transação com o Carrefour para reverter o desfecho, mas acabou vencido por Naouri, que executou à risca o que estava escrito. A proposta do novo controlador em 2012 era de crescimento para o então Grupo Pão de Açúcar. Fatiado ao longo dos últimos anos, o negócio agora enfrenta uma junção de problemas e perda de valor.

Na França, as dívidas do Casino já atraíram interessados em ficar com o negócio. No último dia 14, o grupo afirmou que recebeu uma oferta de aumento de capital de até 1,1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) de um grupo de empresários, semelhante a uma proposta do acionista Daniel Kretinsky meses atrás. Nesta segunda-feira, 26, porém, a empresa divulgou uma atualização estratégica, como parte de esforços para reestruturar dívidas com credores. O plano prevê a possível venda do GPA e do colombiano Éxito.

Pessoas próximas ao negócio avaliam que, ao longo da última década, a estratégia do Casino falhou na França e em outros locais Foto: Stephane Mahe/Reuters

O Casino disse em comunicado que espera levantar ao menos 900 milhões de euros (R$ 4,68 bilhões), para garantir com seus principais credores um acordo preliminar de reestruturação de dívidas até o fim de julho. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 20,8 bilhões) que vence até 2025.

Problemas

Para uma pessoa do setor, que acompanhou o GPA e o Casino ao longo da última década, a estratégia do controlador falhou na França e em outros locais. “Agora, ele apenas está tentando monetizar tudo que é possível, onde é possível, para reverter o quadro endividamento”, afirma.

Outro nome experiente do setor avalia que os movimentos de Naouri agora são falhos em racionalidade e envolvem renunciar a tudo o que for preciso para não perder o controle da companhia em uma oferta hostil. “Seja lá qual for o tamanho da companhia que irá sobrar”, diz.

Quanto ao GPA, a empresa vive hoje uma “convergência de problemas” que envolve a inflação de alimentos (agora em declínio), um quadro de inadimplência elevada do consumidor, as incertezas geradas pelos problemas do controlador e as dificuldades no reposicionamento de seus negócios desvinculados da força do Assaí, além de uma concorrência muito acirrada.

“E tudo isso somado com as sucessivas mudanças do time de líderes do negócio. Se já seria difícil com tudo indo bem internamente, é muito complexo quando internamente as coisas também estão difíceis”, avalia um dos especialistas.

Início das vendas

O processo de monetizar ativos brasileiros começou ainda em 2020, quando o Casino resolveu separar o Assaí, bandeira de atacarejo, do GPA. Naquela transação, o controlador conseguiu multiplicar o valor de seus ativos, já que o Assaí, sozinho, valia mais que a empresa mãe.

No fim de 2022, o Casino começou um processo de venda de sua participação na rede de atacarejo, a fim de conseguir recursos de forma rápida para reduzir seu endividamento na Europa. Separada em três etapas, a última finalizada na sexta-feira, a venda levantou quase R$ 9 bilhões.

Ainda em meados de 2022, o grupo francês começou um processo de separação do Éxito, rede de varejo alimentar colombiana, do GPA. A varejista brasileira havia concluído a aquisição da colombiana em 2019.

Com o processo praticamente finalizado, agora a estratégia deve ser a de vender a participação da holding no Éxito no mercado de ações, nos moldes da transação feita com Assaí.

Já o GPA, teve dificuldade de superar a inflação no ano passado. No último trimestre de 2022, o Citi escreveu sobre a companhia: “Os formatos remanescentes da companhia no Brasil ainda lutam para passar pela inflação de alimentos”. Naquele ano, a empresa viu sua receita bruta consolidada crescer 6,5% (4,9% no conceito ajustado), enquanto a inflação de alimentos e bebidas teve alta de 11,64% no período.

Mais recentemente, a companhia foi novamente questionada sobre sua rentabilidade. Sobre os números do primeiro trimestre de 2023, a XP escreveu: “Rentabilidade foi o destaque negativo, uma vez que a margem bruta segue pressionada (-2,5 pontos percentuais) pela inflação elevada e reposicionamento da marca Compre Bem, apesar de parcialmente compensada por diluição de despesas operacionais decorrente de ganhos de eficiência e reestruturação da companhia após a venda do Extra”.

No primeiro trimestre de 2023, a companhia registrou prejuízo de R$ 248 milhões, frente a R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.

Diante do anúncio do Casino, na França, o GPA soltou comunicado ao mercado sobre o tema. Segundo a companhia, o Casino respondeu à controlada: “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que, nesta data, não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”.

O anúncio do desembarque francês do Grupo Pão de Açúcar marca a saída de um investidor que brigou para ficar com esse ativo no Brasil. Conhecido por suas engenharias financeiras, Jean Charles-Naouri, dono da holding que controla o Grupo Casino, dona da a maioria das ações do GPA, travou uma batalha com Abílio Diniz pela varejista há cerca de dez anos. Hoje endividado na Europa, ele propõe abdicar dos ativos da América Latina para salvar o controle de seu negócio.

Depois de assinar um contrato que daria a opção de controle do GPA ao Casino após determinado tempo, Diniz tentou uma transação com o Carrefour para reverter o desfecho, mas acabou vencido por Naouri, que executou à risca o que estava escrito. A proposta do novo controlador em 2012 era de crescimento para o então Grupo Pão de Açúcar. Fatiado ao longo dos últimos anos, o negócio agora enfrenta uma junção de problemas e perda de valor.

Na França, as dívidas do Casino já atraíram interessados em ficar com o negócio. No último dia 14, o grupo afirmou que recebeu uma oferta de aumento de capital de até 1,1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) de um grupo de empresários, semelhante a uma proposta do acionista Daniel Kretinsky meses atrás. Nesta segunda-feira, 26, porém, a empresa divulgou uma atualização estratégica, como parte de esforços para reestruturar dívidas com credores. O plano prevê a possível venda do GPA e do colombiano Éxito.

Pessoas próximas ao negócio avaliam que, ao longo da última década, a estratégia do Casino falhou na França e em outros locais Foto: Stephane Mahe/Reuters

O Casino disse em comunicado que espera levantar ao menos 900 milhões de euros (R$ 4,68 bilhões), para garantir com seus principais credores um acordo preliminar de reestruturação de dívidas até o fim de julho. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 20,8 bilhões) que vence até 2025.

Problemas

Para uma pessoa do setor, que acompanhou o GPA e o Casino ao longo da última década, a estratégia do controlador falhou na França e em outros locais. “Agora, ele apenas está tentando monetizar tudo que é possível, onde é possível, para reverter o quadro endividamento”, afirma.

Outro nome experiente do setor avalia que os movimentos de Naouri agora são falhos em racionalidade e envolvem renunciar a tudo o que for preciso para não perder o controle da companhia em uma oferta hostil. “Seja lá qual for o tamanho da companhia que irá sobrar”, diz.

Quanto ao GPA, a empresa vive hoje uma “convergência de problemas” que envolve a inflação de alimentos (agora em declínio), um quadro de inadimplência elevada do consumidor, as incertezas geradas pelos problemas do controlador e as dificuldades no reposicionamento de seus negócios desvinculados da força do Assaí, além de uma concorrência muito acirrada.

“E tudo isso somado com as sucessivas mudanças do time de líderes do negócio. Se já seria difícil com tudo indo bem internamente, é muito complexo quando internamente as coisas também estão difíceis”, avalia um dos especialistas.

Início das vendas

O processo de monetizar ativos brasileiros começou ainda em 2020, quando o Casino resolveu separar o Assaí, bandeira de atacarejo, do GPA. Naquela transação, o controlador conseguiu multiplicar o valor de seus ativos, já que o Assaí, sozinho, valia mais que a empresa mãe.

No fim de 2022, o Casino começou um processo de venda de sua participação na rede de atacarejo, a fim de conseguir recursos de forma rápida para reduzir seu endividamento na Europa. Separada em três etapas, a última finalizada na sexta-feira, a venda levantou quase R$ 9 bilhões.

Ainda em meados de 2022, o grupo francês começou um processo de separação do Éxito, rede de varejo alimentar colombiana, do GPA. A varejista brasileira havia concluído a aquisição da colombiana em 2019.

Com o processo praticamente finalizado, agora a estratégia deve ser a de vender a participação da holding no Éxito no mercado de ações, nos moldes da transação feita com Assaí.

Já o GPA, teve dificuldade de superar a inflação no ano passado. No último trimestre de 2022, o Citi escreveu sobre a companhia: “Os formatos remanescentes da companhia no Brasil ainda lutam para passar pela inflação de alimentos”. Naquele ano, a empresa viu sua receita bruta consolidada crescer 6,5% (4,9% no conceito ajustado), enquanto a inflação de alimentos e bebidas teve alta de 11,64% no período.

Mais recentemente, a companhia foi novamente questionada sobre sua rentabilidade. Sobre os números do primeiro trimestre de 2023, a XP escreveu: “Rentabilidade foi o destaque negativo, uma vez que a margem bruta segue pressionada (-2,5 pontos percentuais) pela inflação elevada e reposicionamento da marca Compre Bem, apesar de parcialmente compensada por diluição de despesas operacionais decorrente de ganhos de eficiência e reestruturação da companhia após a venda do Extra”.

No primeiro trimestre de 2023, a companhia registrou prejuízo de R$ 248 milhões, frente a R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.

Diante do anúncio do Casino, na França, o GPA soltou comunicado ao mercado sobre o tema. Segundo a companhia, o Casino respondeu à controlada: “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que, nesta data, não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”.

O anúncio do desembarque francês do Grupo Pão de Açúcar marca a saída de um investidor que brigou para ficar com esse ativo no Brasil. Conhecido por suas engenharias financeiras, Jean Charles-Naouri, dono da holding que controla o Grupo Casino, dona da a maioria das ações do GPA, travou uma batalha com Abílio Diniz pela varejista há cerca de dez anos. Hoje endividado na Europa, ele propõe abdicar dos ativos da América Latina para salvar o controle de seu negócio.

Depois de assinar um contrato que daria a opção de controle do GPA ao Casino após determinado tempo, Diniz tentou uma transação com o Carrefour para reverter o desfecho, mas acabou vencido por Naouri, que executou à risca o que estava escrito. A proposta do novo controlador em 2012 era de crescimento para o então Grupo Pão de Açúcar. Fatiado ao longo dos últimos anos, o negócio agora enfrenta uma junção de problemas e perda de valor.

Na França, as dívidas do Casino já atraíram interessados em ficar com o negócio. No último dia 14, o grupo afirmou que recebeu uma oferta de aumento de capital de até 1,1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) de um grupo de empresários, semelhante a uma proposta do acionista Daniel Kretinsky meses atrás. Nesta segunda-feira, 26, porém, a empresa divulgou uma atualização estratégica, como parte de esforços para reestruturar dívidas com credores. O plano prevê a possível venda do GPA e do colombiano Éxito.

Pessoas próximas ao negócio avaliam que, ao longo da última década, a estratégia do Casino falhou na França e em outros locais Foto: Stephane Mahe/Reuters

O Casino disse em comunicado que espera levantar ao menos 900 milhões de euros (R$ 4,68 bilhões), para garantir com seus principais credores um acordo preliminar de reestruturação de dívidas até o fim de julho. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 20,8 bilhões) que vence até 2025.

Problemas

Para uma pessoa do setor, que acompanhou o GPA e o Casino ao longo da última década, a estratégia do controlador falhou na França e em outros locais. “Agora, ele apenas está tentando monetizar tudo que é possível, onde é possível, para reverter o quadro endividamento”, afirma.

Outro nome experiente do setor avalia que os movimentos de Naouri agora são falhos em racionalidade e envolvem renunciar a tudo o que for preciso para não perder o controle da companhia em uma oferta hostil. “Seja lá qual for o tamanho da companhia que irá sobrar”, diz.

Quanto ao GPA, a empresa vive hoje uma “convergência de problemas” que envolve a inflação de alimentos (agora em declínio), um quadro de inadimplência elevada do consumidor, as incertezas geradas pelos problemas do controlador e as dificuldades no reposicionamento de seus negócios desvinculados da força do Assaí, além de uma concorrência muito acirrada.

“E tudo isso somado com as sucessivas mudanças do time de líderes do negócio. Se já seria difícil com tudo indo bem internamente, é muito complexo quando internamente as coisas também estão difíceis”, avalia um dos especialistas.

Início das vendas

O processo de monetizar ativos brasileiros começou ainda em 2020, quando o Casino resolveu separar o Assaí, bandeira de atacarejo, do GPA. Naquela transação, o controlador conseguiu multiplicar o valor de seus ativos, já que o Assaí, sozinho, valia mais que a empresa mãe.

No fim de 2022, o Casino começou um processo de venda de sua participação na rede de atacarejo, a fim de conseguir recursos de forma rápida para reduzir seu endividamento na Europa. Separada em três etapas, a última finalizada na sexta-feira, a venda levantou quase R$ 9 bilhões.

Ainda em meados de 2022, o grupo francês começou um processo de separação do Éxito, rede de varejo alimentar colombiana, do GPA. A varejista brasileira havia concluído a aquisição da colombiana em 2019.

Com o processo praticamente finalizado, agora a estratégia deve ser a de vender a participação da holding no Éxito no mercado de ações, nos moldes da transação feita com Assaí.

Já o GPA, teve dificuldade de superar a inflação no ano passado. No último trimestre de 2022, o Citi escreveu sobre a companhia: “Os formatos remanescentes da companhia no Brasil ainda lutam para passar pela inflação de alimentos”. Naquele ano, a empresa viu sua receita bruta consolidada crescer 6,5% (4,9% no conceito ajustado), enquanto a inflação de alimentos e bebidas teve alta de 11,64% no período.

Mais recentemente, a companhia foi novamente questionada sobre sua rentabilidade. Sobre os números do primeiro trimestre de 2023, a XP escreveu: “Rentabilidade foi o destaque negativo, uma vez que a margem bruta segue pressionada (-2,5 pontos percentuais) pela inflação elevada e reposicionamento da marca Compre Bem, apesar de parcialmente compensada por diluição de despesas operacionais decorrente de ganhos de eficiência e reestruturação da companhia após a venda do Extra”.

No primeiro trimestre de 2023, a companhia registrou prejuízo de R$ 248 milhões, frente a R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.

Diante do anúncio do Casino, na França, o GPA soltou comunicado ao mercado sobre o tema. Segundo a companhia, o Casino respondeu à controlada: “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que, nesta data, não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”.

O anúncio do desembarque francês do Grupo Pão de Açúcar marca a saída de um investidor que brigou para ficar com esse ativo no Brasil. Conhecido por suas engenharias financeiras, Jean Charles-Naouri, dono da holding que controla o Grupo Casino, dona da a maioria das ações do GPA, travou uma batalha com Abílio Diniz pela varejista há cerca de dez anos. Hoje endividado na Europa, ele propõe abdicar dos ativos da América Latina para salvar o controle de seu negócio.

Depois de assinar um contrato que daria a opção de controle do GPA ao Casino após determinado tempo, Diniz tentou uma transação com o Carrefour para reverter o desfecho, mas acabou vencido por Naouri, que executou à risca o que estava escrito. A proposta do novo controlador em 2012 era de crescimento para o então Grupo Pão de Açúcar. Fatiado ao longo dos últimos anos, o negócio agora enfrenta uma junção de problemas e perda de valor.

Na França, as dívidas do Casino já atraíram interessados em ficar com o negócio. No último dia 14, o grupo afirmou que recebeu uma oferta de aumento de capital de até 1,1 bilhão de euros (R$ 5,7 bilhões) de um grupo de empresários, semelhante a uma proposta do acionista Daniel Kretinsky meses atrás. Nesta segunda-feira, 26, porém, a empresa divulgou uma atualização estratégica, como parte de esforços para reestruturar dívidas com credores. O plano prevê a possível venda do GPA e do colombiano Éxito.

Pessoas próximas ao negócio avaliam que, ao longo da última década, a estratégia do Casino falhou na França e em outros locais Foto: Stephane Mahe/Reuters

O Casino disse em comunicado que espera levantar ao menos 900 milhões de euros (R$ 4,68 bilhões), para garantir com seus principais credores um acordo preliminar de reestruturação de dívidas até o fim de julho. A companhia tem uma dívida de 4 bilhões de euros (R$ 20,8 bilhões) que vence até 2025.

Problemas

Para uma pessoa do setor, que acompanhou o GPA e o Casino ao longo da última década, a estratégia do controlador falhou na França e em outros locais. “Agora, ele apenas está tentando monetizar tudo que é possível, onde é possível, para reverter o quadro endividamento”, afirma.

Outro nome experiente do setor avalia que os movimentos de Naouri agora são falhos em racionalidade e envolvem renunciar a tudo o que for preciso para não perder o controle da companhia em uma oferta hostil. “Seja lá qual for o tamanho da companhia que irá sobrar”, diz.

Quanto ao GPA, a empresa vive hoje uma “convergência de problemas” que envolve a inflação de alimentos (agora em declínio), um quadro de inadimplência elevada do consumidor, as incertezas geradas pelos problemas do controlador e as dificuldades no reposicionamento de seus negócios desvinculados da força do Assaí, além de uma concorrência muito acirrada.

“E tudo isso somado com as sucessivas mudanças do time de líderes do negócio. Se já seria difícil com tudo indo bem internamente, é muito complexo quando internamente as coisas também estão difíceis”, avalia um dos especialistas.

Início das vendas

O processo de monetizar ativos brasileiros começou ainda em 2020, quando o Casino resolveu separar o Assaí, bandeira de atacarejo, do GPA. Naquela transação, o controlador conseguiu multiplicar o valor de seus ativos, já que o Assaí, sozinho, valia mais que a empresa mãe.

No fim de 2022, o Casino começou um processo de venda de sua participação na rede de atacarejo, a fim de conseguir recursos de forma rápida para reduzir seu endividamento na Europa. Separada em três etapas, a última finalizada na sexta-feira, a venda levantou quase R$ 9 bilhões.

Ainda em meados de 2022, o grupo francês começou um processo de separação do Éxito, rede de varejo alimentar colombiana, do GPA. A varejista brasileira havia concluído a aquisição da colombiana em 2019.

Com o processo praticamente finalizado, agora a estratégia deve ser a de vender a participação da holding no Éxito no mercado de ações, nos moldes da transação feita com Assaí.

Já o GPA, teve dificuldade de superar a inflação no ano passado. No último trimestre de 2022, o Citi escreveu sobre a companhia: “Os formatos remanescentes da companhia no Brasil ainda lutam para passar pela inflação de alimentos”. Naquele ano, a empresa viu sua receita bruta consolidada crescer 6,5% (4,9% no conceito ajustado), enquanto a inflação de alimentos e bebidas teve alta de 11,64% no período.

Mais recentemente, a companhia foi novamente questionada sobre sua rentabilidade. Sobre os números do primeiro trimestre de 2023, a XP escreveu: “Rentabilidade foi o destaque negativo, uma vez que a margem bruta segue pressionada (-2,5 pontos percentuais) pela inflação elevada e reposicionamento da marca Compre Bem, apesar de parcialmente compensada por diluição de despesas operacionais decorrente de ganhos de eficiência e reestruturação da companhia após a venda do Extra”.

No primeiro trimestre de 2023, a companhia registrou prejuízo de R$ 248 milhões, frente a R$ 1,4 bilhão no mesmo período de 2022.

Diante do anúncio do Casino, na França, o GPA soltou comunicado ao mercado sobre o tema. Segundo a companhia, o Casino respondeu à controlada: “GPA e Éxito são ativos que poderão ser vendidos como parte do plano de três anos de venda de ativos do Grupo Casino, sendo que, nesta data, não há cronograma, metas definidas ou processo de venda em aberto para o GPA. O único projeto ativo neste momento envolvendo estas duas empresas é a segregação dos negócios de GPA e Éxito”.

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