Em busca dos consumidores mais jovens, que integram a geração Z, a Heineken buscou parcerias para acelerar a inovação em bebidas saudáveis e desenhou uma estratégia de crescimento sustentável dos negócios. A cervejaria holandesa, que tem o Brasil como a sua maior operação comercial, aliou-se à Better Drinks, conhecida especialmente pela bebida Baer Mate, numa parceria que envolve a compra de um porcentual minoritário em troca de ganhos operacionais de escala oferecidos pela estrutura da Heineken no País.
“No caso do Better Drinks, é trazer ainda mais propósito para as nossas inovações. A relação é realmente de participação no negócio, não aquisição pura e simples como acontece normalmente no mercado. Nós não acreditamos em verticalização, nós acreditamos em colaboração. A gente entra com a cervejaria, a distribuição e eles nos deram uma participação nessas marcas que eles têm. Nós temos uma participação na empresa, ainda minoritária, mas é uma participação relevante”, afirma o presidente da Heineken, Mauricio Giamellaro, ao Estadão.
A Better Drinks acrescenta seis bebidas ao catálogo de produtos da Heineken: a cerveja Praya, o energético Baer Matte, a água em lata Mamba Water, o vinho Vivant, o drink F! VE e amaro Vermelhão.
A Heineken fez ainda uma aliança com a Central Única das Favelas (Cufa) para ampliar sua presença em comunidades do País. Porém, essa parceria é diferente da feita com a Better Drinks, uma vez que não há aquisição de uma fatia do negócio.
Giamellaro afirma que as parcerias já estavam em curso havia meses devido à demanda do mercado por produtos mais saudáveis, e não há relação direta com o potencial aumento de preços de bebidas alcoólicas com o chamado “imposto do pecado”.
No Brasil, o mercado de bebidas alcoólicas tem estimativa de receita de US$ 22,8 bilhões para 2024, o que representa um crescimento modesto de 2,4% diante do ano anterior. segundo dados da consultoria Statista. Em relação ao consumo por pessoa, a média é prevista para ser de 28,05 litros por pessoa em 2024, em linha com a média global.
O grupo Heineken está no Brasil desde de 2010, quando comprou a divisão de cerveja do Grupo FEMSA. Com a aquisição da Brasil Kirin Holding, em 2017, o negócio se desenvolveu ainda mais, tornando-se a segunda maior empresa do mercado brasileiro de cervejas, atrás apenas da Ambev.
Iniciativas de sustentabilidade
Na estratégia de crescimento sustentável, a Heineken se juntou à Ambipar para reciclar vidro. O aporte inicial é de R$ 150 milhões. A empresa é a primeira do setor a fechar parceria com a Ambipar, a maior de gestão ambiental, para reciclar o vidro dos seus produtos.
“Numa primeira fase, a gente vai construir plantas nos Estados de Pernambuco, Bahia e Espírito Santo. Em 2025, teremos mais três plantas e outras três em 2026, totalizando nove. O potencial das unidades será de processar, ao menos, 500 mil toneladas ano de vidro”, afirma Felipe Cury, CEO da Ambipar Triciclo.
Em parceria com a Rizoma Agro, liderada por Pedro Paulo Diniz, filho do falecido empresário Abílio Diniz, a Heineken anunciou que criará uma floresta do zero no entorno da fábrica na cidade de Itu. O espaço de 800 hectares terá plantação de limões.
O objetivo é criar o que a empresa chama de “resiliência hídrica”, uma vez que o principal insumo de uma cervejaria é a água, que vem da região onde será plantada a floresta. Completando a estratégia de crescimento sustentável, a empresa também tem planos de aumentar o uso de energia renovável até 2030, em parceria com a Ultragaz, da Raízen.
“Queremos ser a melhor cervejaria do Brasil, e não a maior”, diz Giamellaro.