A adoção da inteligência artificial (IA) pela indústria farmacêutica, por meio da automação de processos que gerem maior eficiência, pode resultar em um ganho adicional de US$ 254 bilhões em lucros operacionais em todo o mundo até 2030, segundo um estudo da PwC obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.
A pesquisa, que envolveu a análise de mais de 200 casos de uso da IA e entrevistas com 25 especialistas dos setores farmacêutico, de saúde e tecnologia, aponta que essa alta pode ser conquistada por empresas que automatizaram o uso da IA em suas organizações, o que pode dobrar o lucro operacional em 2030.
Os Estados Unidos lideram a corrida pela adoção da IA, com um ganho adicional previsto de US$ 155 bilhões, seguidos por mercados emergentes, de US$ 52 bilhões, e Europa, com US$ 33 bilhões.
A expectativa é que, após 2030, a IA ultrapasse significativamente seu impacto inicial, ampliando a distância entre os líderes tecnológicos e os demais, em termos de receitas e eficiência.
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As empresas farmacêuticas podem liderar essa transformação e incorporar a IA diretamente em novos produtos e serviços, ou lucrar indiretamente usando a IA para tornar seus processos mais produtivos e eficientes, avalia o sócio da Strategy&, consultoria estratégica da PWC, Jacques Moszkowicz.
Segundo ele, a inteligência artificial promete acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos e criar novas formas de interação com o mercado, além de otimizar os custos de manufatura, materiais e cadeia de suprimentos.
Os resultados do estudo indicam que a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) será a mais beneficiada, representando 26% do impacto total, seguida pela comercial (24%), com a IA gerando eficiência no desenvolvimento de novos medicamentos e abrindo novas formas de interação. As operações respondem por 39% dos casos, com resultados na eficiência dos custos de manufatura, materiais e cadeia de suprimentos. As funções de suporte da indústria farmacêutica representam 11% do impacto, considerando que a IA aumenta a velocidade e eficiência de processos de suporte, como TI, finanças, RH, jurídico e compliance.
No entanto, a PwC aponta que a implementação bem-sucedida da IA no setor farmacêutico exige uma abordagem estratégica para avançar e otimizar os seus resultados. Segundo Moszkowicz, existem três estratégias essenciais neste processo: a reorganização para execução rápida de prioridades, a criação de incubadoras para inovação e a adoção responsável da tecnologia para garantir um retorno sobre o investimento significativo.
Segundo Moszkowicz, grande parte da indústria já está avançando e selecionou casos de uso prioritários da IA. Poucas empresas, no entanto, são bem-sucedidas em operacionalizar esses casos de uso em larga escala.
O executivo defende que a liderança no uso da IA será definida pela capacidade das empresas de se adaptarem rapidamente, inovarem seus processos e implementarem a tecnologia de forma eficaz.
“As empresas farmacêuticas precisam avaliar e desenvolver estruturas organizacionais que permitam a execução rápida de suas prioridades. Até o momento, modelos híbridos de entrega, que envolvem provedores de nuvem em larga escala e parceiros de implementação, são mais rápidos em comparação com as soluções internas lideradas por TI ou fornecedores”, avalia Moszkowicz.
Ainda segundo o executivo, a criação de processos para incubar a inovação e formação de equipes dedicadas à experimentação com modelos e novas tecnologias (como plataformas LLM Ops) estão definindo quem será líder em IA e quem será apenas seguidor.
O Retorno sobre Investimento (ROI) acompanha a adoção à medida que a IA é implementada, a forma como os negócios são conduzidos mudará significativamente, causando grande impacto na força de trabalho. A tecnologia só vai gerar valor se for usada de maneira responsável e efetiva. Programas conduzidos de forma centralizada são essenciais para considerar as preocupações e impulsionar a adoção, segundo a PWC.