Inflação do ‘miojo’: alta de custos encarece até o símbolo maior da comida rápida e barata


Dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo demonstram que o produto teve alta acumulada em 12 meses de quase 25% até fevereiro; resultado é cinco vezes superior ao patamar geral do índice

Por Wesley Gonsalves e Lucas Agrela
Atualização:

A estudante universitária Isabela Silva, de 22 anos, divide seus dias entre o trabalho como atendente de telemarketing, em São Paulo, e as aulas no curso de história na FMU. Durante a correria da semana, sem muito tempo para cozinhar, ela acaba se rendendo com frequência aos macarrões instantâneos, tanto pela praticidade, quanto pelo custo benefício deste produto. “Meu sabor favorito é o ‘Miojo’ de tomate. Geralmente, quando faço compras eu já pego uns 15 miojos por mês”. “Eu gosto bastante de cozinhar, mas o macarrão instantâneo só como durante a semana, porque é mais prático. Às vezes, de noite, eu estou muito cansada para cozinhar algo mais complicado”, afirma.

A estudante Isabela Silva precisou trocar sua marca preferida de macarrão instantâneo por causa da inflação. FOTO ALEX SILVA/ESTADAO  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Apesar de ser consumidora recorrente do produto que fica pronto em apenas “três minutinhos”, nos últimos meses, a estudante precisou rever suas compras diante do aumento repentino nos preços do macarrão instantâneo. Isabela conta que antes pagava menos de R$ 0,90 por pacote, mas hoje já tem produto na gôndola dos supermercados custando quase R$ 3.

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“Eu gosto muito do macarrão instantâneo tipo talharim, mas o preço dele subiu muito. Hoje você vai no mercado, pega três itens e as compras já dão R$ 100. Por isso, tive de começar a comprar outras marcas, que são mais baratas, e optar por sabores mais comuns, como galinha caipira, ou de carne”, diz a universitária.

Item essencial na “cesta básica” de dezenas de milhares de pessoas no País, o macarrão instantâneo teve um salto de preço em 2022 no Brasil. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o produto teve alta acumulada em 12 meses de quase 25% até fevereiro deste ano. O resultado é cinco vezes superior ao patamar geral do índice, que fechou o segundo mês do ano em 5,6%, mantendo sua trajetória de queda nos últimos meses.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o “macarrão instantâneo” passou a fazer parte do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a partir da última atualização da estrutura de ponderação do índice. “Essas atualizações são feitas com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, que é quinquenal. Antes disso, o IPCA não pesquisava os preços deste produto”, informou a entidade.

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Para a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), como o Brasil precisa importar mais da metade da quantidade de trigo necessária para atender à demanda do mercado local, produtos como o macarrão instantâneo ficam sujeitos à variação do dólar. Cerca de 70% do custo do alimento vem da farinha.

“Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes”, afirma a Abimapi. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem, juntos, por 30% das exportações mundiais de trigo, também afeta a cadeia produtiva de alimentos.

Para Matheus Peçanha, economista do FGV Ibre, o que explica o aumento mais forte do preço do macarrão instantâneo perante outros alimentos, como o macarrão comum, é a questão climática. “Os custos com grãos subiram muito em 2020 por causa do La Niña. Isso afetou também o custo da proteína animal. Ainda temos problemas de seca no Sul.”

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Para este ano, diz ele, deve haver maior estabilidade de preços daqui para frente. “Com uma safra recorde, podemos ter até uma redução de preços, começando pelos alimentos in natura. Mas os industrializados podem demorar entre seis e nove meses para apresentar esse repasse”, afirma.

Inflação do macarrão instantâneo foi quase cinco vezes maior que o índice geral do IPCA. Foto: Wesley Gonsalves/Estadão

Peçanha explica que a demora para a redução de preços em produtos industrializados está relacionada aos contratos já firmados, com valores fechados de fretes e remessas de matéria-prima compradas.

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Barato que sai caro

O custo mais baixo do macarrão instantâneo é, hoje, mera ilusão. Segundo estimativa feita por Florence Correa, planejadora financeira da Planejar ao Estadão, a diferença de custo entre um produto da categoria “macarrão instantâneo” contra um macarrão tradicional com molho de tomate chega a ser de 29%. Ou seja, o preço da conveniência ficou bem mais alto no último ano.

“Se um dos pontos importantes da escolha for a economia de tempo, você ainda pode optar por um macarrão que cozinhe rapidamente, como o cabelo de anjo. Esse tipo de massa é produzido por um número limitado de marcas, e custa um pouco mais caro. Pode ser encontrado em mercados a partir de R$ 3,50″, diz Florence. O custo do macarrão tradicional cai conforme a quantidade de porções feitas, diferentemente do instantâneo, que rende apenas uma porção por unidade.

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Cristina Souza, da Gouvêa Foodservice, explica que a procura por refeições mais práticas é uma tendência vista mundialmente nos últimos anos devido à escassez de tempo livre, enquanto o preparo de uma macarronada elaborada está mais ligado a uma experiência culinária de lazer ou hobby. “Todo tempo que as pessoas conseguirem economizar no preparo das refeições elas vão valorizar. É a praticidade e a conveniência”, afirma.

‘Miojo é a marca?’ A história do lámen no Brasil

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Não é difícil encontrar marcas que se transformaram em verdadeiros sinônimos na cabeça dos consumidores quando eles pensam em um determinado produto. Um desses exemplos é o caso do Miojo, marca de macarrão instantâneo da Nissin. Mesmo tendo uma infinidade de outras marcas de macarrão instantâneo, o Miojo acabou se transformando em uma referência para os brasileiros.

O primeiro macarrão instantâneo do mundo foi criado no Japão, em 1958, como “Chiken Lámen”. Sete anos depois, em 1965, o produto “desembarcaria” no Brasil, ao ser produzido, à época, pela fabricante Miojo, que pertencia à Ajinomoto. Quase 50 anos mais tarde, em 2015, a Nissin decidiu comprar a fatia societária da Ajinomoto, companhia que tinha os direitos para a produção do lámen no País. Na ocasião, a gigante de alimentos desembolsou aproximadamente R$1 bilhão pelo negócio.

A gerente de marketing da Nissin, Ana Fossati, explica que para se manter com a marca mais consumida pelos brasileiros fãs de macarrão instantâneo, a companhia tem apostado as fichas nos investimentos em comunicação. A executiva conta que mesmo com a diversificação do portfólio de produtos, o brasileiro tem uma preferência quando o assunto é Miojo: o clássico sabor “galinha caipira”.

De acordo com a executiva, o aumento no preço dos insumos para a produção os macarrões instantâneos também afeta a principal marca do País. Para manter o negócio competitivo, o jeito tem sido repensar a estratégia do negócio, ajustando toda a cadeia produtiva, que passa pela escolha dos sabores que vão ser distribuídos nos diferentes pontos de vendas da companhia no Brasil. “Nosso compromisso é ter os produtos mais acessíveis possíveis e evitar ao máximo os repasses de preço para o consumidor final”, afirma Ana.

A estudante universitária Isabela Silva, de 22 anos, divide seus dias entre o trabalho como atendente de telemarketing, em São Paulo, e as aulas no curso de história na FMU. Durante a correria da semana, sem muito tempo para cozinhar, ela acaba se rendendo com frequência aos macarrões instantâneos, tanto pela praticidade, quanto pelo custo benefício deste produto. “Meu sabor favorito é o ‘Miojo’ de tomate. Geralmente, quando faço compras eu já pego uns 15 miojos por mês”. “Eu gosto bastante de cozinhar, mas o macarrão instantâneo só como durante a semana, porque é mais prático. Às vezes, de noite, eu estou muito cansada para cozinhar algo mais complicado”, afirma.

A estudante Isabela Silva precisou trocar sua marca preferida de macarrão instantâneo por causa da inflação. FOTO ALEX SILVA/ESTADAO  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Apesar de ser consumidora recorrente do produto que fica pronto em apenas “três minutinhos”, nos últimos meses, a estudante precisou rever suas compras diante do aumento repentino nos preços do macarrão instantâneo. Isabela conta que antes pagava menos de R$ 0,90 por pacote, mas hoje já tem produto na gôndola dos supermercados custando quase R$ 3.

“Eu gosto muito do macarrão instantâneo tipo talharim, mas o preço dele subiu muito. Hoje você vai no mercado, pega três itens e as compras já dão R$ 100. Por isso, tive de começar a comprar outras marcas, que são mais baratas, e optar por sabores mais comuns, como galinha caipira, ou de carne”, diz a universitária.

Item essencial na “cesta básica” de dezenas de milhares de pessoas no País, o macarrão instantâneo teve um salto de preço em 2022 no Brasil. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o produto teve alta acumulada em 12 meses de quase 25% até fevereiro deste ano. O resultado é cinco vezes superior ao patamar geral do índice, que fechou o segundo mês do ano em 5,6%, mantendo sua trajetória de queda nos últimos meses.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o “macarrão instantâneo” passou a fazer parte do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a partir da última atualização da estrutura de ponderação do índice. “Essas atualizações são feitas com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, que é quinquenal. Antes disso, o IPCA não pesquisava os preços deste produto”, informou a entidade.

Para a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), como o Brasil precisa importar mais da metade da quantidade de trigo necessária para atender à demanda do mercado local, produtos como o macarrão instantâneo ficam sujeitos à variação do dólar. Cerca de 70% do custo do alimento vem da farinha.

“Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes”, afirma a Abimapi. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem, juntos, por 30% das exportações mundiais de trigo, também afeta a cadeia produtiva de alimentos.

Para Matheus Peçanha, economista do FGV Ibre, o que explica o aumento mais forte do preço do macarrão instantâneo perante outros alimentos, como o macarrão comum, é a questão climática. “Os custos com grãos subiram muito em 2020 por causa do La Niña. Isso afetou também o custo da proteína animal. Ainda temos problemas de seca no Sul.”

Para este ano, diz ele, deve haver maior estabilidade de preços daqui para frente. “Com uma safra recorde, podemos ter até uma redução de preços, começando pelos alimentos in natura. Mas os industrializados podem demorar entre seis e nove meses para apresentar esse repasse”, afirma.

Inflação do macarrão instantâneo foi quase cinco vezes maior que o índice geral do IPCA. Foto: Wesley Gonsalves/Estadão

Peçanha explica que a demora para a redução de preços em produtos industrializados está relacionada aos contratos já firmados, com valores fechados de fretes e remessas de matéria-prima compradas.

Barato que sai caro

O custo mais baixo do macarrão instantâneo é, hoje, mera ilusão. Segundo estimativa feita por Florence Correa, planejadora financeira da Planejar ao Estadão, a diferença de custo entre um produto da categoria “macarrão instantâneo” contra um macarrão tradicional com molho de tomate chega a ser de 29%. Ou seja, o preço da conveniência ficou bem mais alto no último ano.

“Se um dos pontos importantes da escolha for a economia de tempo, você ainda pode optar por um macarrão que cozinhe rapidamente, como o cabelo de anjo. Esse tipo de massa é produzido por um número limitado de marcas, e custa um pouco mais caro. Pode ser encontrado em mercados a partir de R$ 3,50″, diz Florence. O custo do macarrão tradicional cai conforme a quantidade de porções feitas, diferentemente do instantâneo, que rende apenas uma porção por unidade.

Cristina Souza, da Gouvêa Foodservice, explica que a procura por refeições mais práticas é uma tendência vista mundialmente nos últimos anos devido à escassez de tempo livre, enquanto o preparo de uma macarronada elaborada está mais ligado a uma experiência culinária de lazer ou hobby. “Todo tempo que as pessoas conseguirem economizar no preparo das refeições elas vão valorizar. É a praticidade e a conveniência”, afirma.

‘Miojo é a marca?’ A história do lámen no Brasil

Não é difícil encontrar marcas que se transformaram em verdadeiros sinônimos na cabeça dos consumidores quando eles pensam em um determinado produto. Um desses exemplos é o caso do Miojo, marca de macarrão instantâneo da Nissin. Mesmo tendo uma infinidade de outras marcas de macarrão instantâneo, o Miojo acabou se transformando em uma referência para os brasileiros.

O primeiro macarrão instantâneo do mundo foi criado no Japão, em 1958, como “Chiken Lámen”. Sete anos depois, em 1965, o produto “desembarcaria” no Brasil, ao ser produzido, à época, pela fabricante Miojo, que pertencia à Ajinomoto. Quase 50 anos mais tarde, em 2015, a Nissin decidiu comprar a fatia societária da Ajinomoto, companhia que tinha os direitos para a produção do lámen no País. Na ocasião, a gigante de alimentos desembolsou aproximadamente R$1 bilhão pelo negócio.

A gerente de marketing da Nissin, Ana Fossati, explica que para se manter com a marca mais consumida pelos brasileiros fãs de macarrão instantâneo, a companhia tem apostado as fichas nos investimentos em comunicação. A executiva conta que mesmo com a diversificação do portfólio de produtos, o brasileiro tem uma preferência quando o assunto é Miojo: o clássico sabor “galinha caipira”.

De acordo com a executiva, o aumento no preço dos insumos para a produção os macarrões instantâneos também afeta a principal marca do País. Para manter o negócio competitivo, o jeito tem sido repensar a estratégia do negócio, ajustando toda a cadeia produtiva, que passa pela escolha dos sabores que vão ser distribuídos nos diferentes pontos de vendas da companhia no Brasil. “Nosso compromisso é ter os produtos mais acessíveis possíveis e evitar ao máximo os repasses de preço para o consumidor final”, afirma Ana.

A estudante universitária Isabela Silva, de 22 anos, divide seus dias entre o trabalho como atendente de telemarketing, em São Paulo, e as aulas no curso de história na FMU. Durante a correria da semana, sem muito tempo para cozinhar, ela acaba se rendendo com frequência aos macarrões instantâneos, tanto pela praticidade, quanto pelo custo benefício deste produto. “Meu sabor favorito é o ‘Miojo’ de tomate. Geralmente, quando faço compras eu já pego uns 15 miojos por mês”. “Eu gosto bastante de cozinhar, mas o macarrão instantâneo só como durante a semana, porque é mais prático. Às vezes, de noite, eu estou muito cansada para cozinhar algo mais complicado”, afirma.

A estudante Isabela Silva precisou trocar sua marca preferida de macarrão instantâneo por causa da inflação. FOTO ALEX SILVA/ESTADAO  Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

Apesar de ser consumidora recorrente do produto que fica pronto em apenas “três minutinhos”, nos últimos meses, a estudante precisou rever suas compras diante do aumento repentino nos preços do macarrão instantâneo. Isabela conta que antes pagava menos de R$ 0,90 por pacote, mas hoje já tem produto na gôndola dos supermercados custando quase R$ 3.

“Eu gosto muito do macarrão instantâneo tipo talharim, mas o preço dele subiu muito. Hoje você vai no mercado, pega três itens e as compras já dão R$ 100. Por isso, tive de começar a comprar outras marcas, que são mais baratas, e optar por sabores mais comuns, como galinha caipira, ou de carne”, diz a universitária.

Item essencial na “cesta básica” de dezenas de milhares de pessoas no País, o macarrão instantâneo teve um salto de preço em 2022 no Brasil. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o produto teve alta acumulada em 12 meses de quase 25% até fevereiro deste ano. O resultado é cinco vezes superior ao patamar geral do índice, que fechou o segundo mês do ano em 5,6%, mantendo sua trajetória de queda nos últimos meses.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o “macarrão instantâneo” passou a fazer parte do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a partir da última atualização da estrutura de ponderação do índice. “Essas atualizações são feitas com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, que é quinquenal. Antes disso, o IPCA não pesquisava os preços deste produto”, informou a entidade.

Para a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), como o Brasil precisa importar mais da metade da quantidade de trigo necessária para atender à demanda do mercado local, produtos como o macarrão instantâneo ficam sujeitos à variação do dólar. Cerca de 70% do custo do alimento vem da farinha.

“Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes”, afirma a Abimapi. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia, que respondem, juntos, por 30% das exportações mundiais de trigo, também afeta a cadeia produtiva de alimentos.

Para Matheus Peçanha, economista do FGV Ibre, o que explica o aumento mais forte do preço do macarrão instantâneo perante outros alimentos, como o macarrão comum, é a questão climática. “Os custos com grãos subiram muito em 2020 por causa do La Niña. Isso afetou também o custo da proteína animal. Ainda temos problemas de seca no Sul.”

Para este ano, diz ele, deve haver maior estabilidade de preços daqui para frente. “Com uma safra recorde, podemos ter até uma redução de preços, começando pelos alimentos in natura. Mas os industrializados podem demorar entre seis e nove meses para apresentar esse repasse”, afirma.

Inflação do macarrão instantâneo foi quase cinco vezes maior que o índice geral do IPCA. Foto: Wesley Gonsalves/Estadão

Peçanha explica que a demora para a redução de preços em produtos industrializados está relacionada aos contratos já firmados, com valores fechados de fretes e remessas de matéria-prima compradas.

Barato que sai caro

O custo mais baixo do macarrão instantâneo é, hoje, mera ilusão. Segundo estimativa feita por Florence Correa, planejadora financeira da Planejar ao Estadão, a diferença de custo entre um produto da categoria “macarrão instantâneo” contra um macarrão tradicional com molho de tomate chega a ser de 29%. Ou seja, o preço da conveniência ficou bem mais alto no último ano.

“Se um dos pontos importantes da escolha for a economia de tempo, você ainda pode optar por um macarrão que cozinhe rapidamente, como o cabelo de anjo. Esse tipo de massa é produzido por um número limitado de marcas, e custa um pouco mais caro. Pode ser encontrado em mercados a partir de R$ 3,50″, diz Florence. O custo do macarrão tradicional cai conforme a quantidade de porções feitas, diferentemente do instantâneo, que rende apenas uma porção por unidade.

Cristina Souza, da Gouvêa Foodservice, explica que a procura por refeições mais práticas é uma tendência vista mundialmente nos últimos anos devido à escassez de tempo livre, enquanto o preparo de uma macarronada elaborada está mais ligado a uma experiência culinária de lazer ou hobby. “Todo tempo que as pessoas conseguirem economizar no preparo das refeições elas vão valorizar. É a praticidade e a conveniência”, afirma.

‘Miojo é a marca?’ A história do lámen no Brasil

Não é difícil encontrar marcas que se transformaram em verdadeiros sinônimos na cabeça dos consumidores quando eles pensam em um determinado produto. Um desses exemplos é o caso do Miojo, marca de macarrão instantâneo da Nissin. Mesmo tendo uma infinidade de outras marcas de macarrão instantâneo, o Miojo acabou se transformando em uma referência para os brasileiros.

O primeiro macarrão instantâneo do mundo foi criado no Japão, em 1958, como “Chiken Lámen”. Sete anos depois, em 1965, o produto “desembarcaria” no Brasil, ao ser produzido, à época, pela fabricante Miojo, que pertencia à Ajinomoto. Quase 50 anos mais tarde, em 2015, a Nissin decidiu comprar a fatia societária da Ajinomoto, companhia que tinha os direitos para a produção do lámen no País. Na ocasião, a gigante de alimentos desembolsou aproximadamente R$1 bilhão pelo negócio.

A gerente de marketing da Nissin, Ana Fossati, explica que para se manter com a marca mais consumida pelos brasileiros fãs de macarrão instantâneo, a companhia tem apostado as fichas nos investimentos em comunicação. A executiva conta que mesmo com a diversificação do portfólio de produtos, o brasileiro tem uma preferência quando o assunto é Miojo: o clássico sabor “galinha caipira”.

De acordo com a executiva, o aumento no preço dos insumos para a produção os macarrões instantâneos também afeta a principal marca do País. Para manter o negócio competitivo, o jeito tem sido repensar a estratégia do negócio, ajustando toda a cadeia produtiva, que passa pela escolha dos sabores que vão ser distribuídos nos diferentes pontos de vendas da companhia no Brasil. “Nosso compromisso é ter os produtos mais acessíveis possíveis e evitar ao máximo os repasses de preço para o consumidor final”, afirma Ana.

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