Inverno mais quente antecipa liquidações e derruba resultados de varejistas da moda


Além do clima, empresas também tiveram de conviver com inadimplência maior e renda comprimida; exceção foi a C&A que teve resultado positivo

Por Talita Nascimento
Atualização:

As temperaturas mais altas neste inverno aliadas à inadimplência elevada e renda comprimida dos consumidores derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre. Com o clima mais quente que o esperado, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo sua margem bruta.

Tradicionalmente, o clima é um importante fator que influencia o lucro dos grupos de moda. A chegada ou não do frio ou calor pode determinar se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo do trimestre. As coleções de inverno costumam chegar às lojas em março e vão até julho. Em estações mais definidas, com mais frio, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Caso contrário, elas são antecipadas.

continua após a publicidade

Na Lojas Renner, essa lógica foi visível. A empresa registrou queda de 6,8% nas vendas (em lojas existentes no período de um ano) e viu a receita de varejo cair 6%. Para não encerrar o período com estoques altos, a empresa fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu a margem bruta cair 2,2 pontos porcentuais. Todos esses números mostraram um outro problema: os produtos da companhia estavam caros demais para o bolso do consumidor.

O diretor financeiro da empresa, Daniel Martins dos Santos, disse ao Estadão/Broadcast que o segundo trimestre de 2023 foi desafiador. No entanto, ele acredita que a companhia fez ajustes importantes para entrar na segunda metade do ano com uma proposta de crescimento e rentabilidade melhor.

Fachada da Renner; empresa registrou queda de 6,8% nas vendas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
continua após a publicidade

Um deles foi, justamente, ter colocado os estoques em promoção para terminar o segundo trimestre com o mesmo nível de inventário que tinha um ano antes, quando a coleção foi vendida praticamente sem remarcações de preços. Isso custou margem bruta para a companhia, mas foi relevante para não carregar problemas para os próximos trimestres.

A companhia buscou, para as próximas coleções, negociações melhores com fornecedores, além de se beneficiar de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar. Assim, a proposta é que as safras de agora tenham peças mais baratas e competitivas. Além disso, o executivo disse que a empresa terá cerca de 40% das peças do terceiro trimestre no modelo “open to buy”, que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No primeiro trimestre, essa porcentagem era de 20%, o que tornava a empresa lenta para reagir a tendências.

Vai melhorar

continua após a publicidade

A Guararapes, dona da Riachuelo, também amargou resultados negativos e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o cenário de lucro líquido de R$ 26,4 milhões registrado no mesmo período de 2022.

A receita líquida foi de R$ 2,139 bilhões, recuo de 0,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O desempenho praticamente estável da receita se deu em um cenário de menor venda no segmento de mercadorias, enquanto houve crescimento nos segmentos Midway Financeira e Midway Mall, de acordo com a Guararapes.

Os analistas do Itaú BBA consideraram os resultados da Guararapes (dona da marca Riachuelo) “suaves” ou fracos, como o esperado. No entanto, houve destaque para algumas linhas que sugerem “melhor impulso operacional à frente”. “Primeiro, os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento; se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar (também impulsionadas por bases de comparação fáceis)”, escreveu em relatório Maria Clara Infantozzi.

continua após a publicidade

Em reconstrução

A Marisa Lojas, por sua vez, apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023. Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás, por exemplo.

A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.

continua após a publicidade

Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem de vender, mas tem de vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse. Mas ele lembra que a falta de acesso ao crédito e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas foram afetadas. A margem bruta da também caiu 3,1 pontos porcentuais, para 40%.

Na contramão

continua após a publicidade

A exceção do trimestre foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo em um período de demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos. Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. O CEO da C&A, Paulo Correa, disse que a companhia conseguiu apresentar uma coleção de outono/inverno que foi bem aceita, o que levou a ganhos de margem bruta e Ebitda.

Ele pontuou que isso aconteceu em um contexto difícil, com bases de comparação altas em relação ao segundo trimestre de 2023 e momento econômico complexo. Para ele, os resultados mostram foco em gestão de caixa, melhora operacional e conexão com os clientes. “Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil”, disse.

Os analistas do Citi consideraram os resultados da C&A mais fortes do que o esperado. Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, o segundo trimestre mostra uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da companhia, especialmente na margem bruta, em meio a um ambiente em que quase todas as empresas comparáveis do setor registraram alto nível promocional.

A C&A teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhões, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022. A companhia conseguiu expandir a margem bruta do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

As temperaturas mais altas neste inverno aliadas à inadimplência elevada e renda comprimida dos consumidores derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre. Com o clima mais quente que o esperado, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo sua margem bruta.

Tradicionalmente, o clima é um importante fator que influencia o lucro dos grupos de moda. A chegada ou não do frio ou calor pode determinar se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo do trimestre. As coleções de inverno costumam chegar às lojas em março e vão até julho. Em estações mais definidas, com mais frio, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Caso contrário, elas são antecipadas.

Na Lojas Renner, essa lógica foi visível. A empresa registrou queda de 6,8% nas vendas (em lojas existentes no período de um ano) e viu a receita de varejo cair 6%. Para não encerrar o período com estoques altos, a empresa fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu a margem bruta cair 2,2 pontos porcentuais. Todos esses números mostraram um outro problema: os produtos da companhia estavam caros demais para o bolso do consumidor.

O diretor financeiro da empresa, Daniel Martins dos Santos, disse ao Estadão/Broadcast que o segundo trimestre de 2023 foi desafiador. No entanto, ele acredita que a companhia fez ajustes importantes para entrar na segunda metade do ano com uma proposta de crescimento e rentabilidade melhor.

Fachada da Renner; empresa registrou queda de 6,8% nas vendas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Um deles foi, justamente, ter colocado os estoques em promoção para terminar o segundo trimestre com o mesmo nível de inventário que tinha um ano antes, quando a coleção foi vendida praticamente sem remarcações de preços. Isso custou margem bruta para a companhia, mas foi relevante para não carregar problemas para os próximos trimestres.

A companhia buscou, para as próximas coleções, negociações melhores com fornecedores, além de se beneficiar de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar. Assim, a proposta é que as safras de agora tenham peças mais baratas e competitivas. Além disso, o executivo disse que a empresa terá cerca de 40% das peças do terceiro trimestre no modelo “open to buy”, que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No primeiro trimestre, essa porcentagem era de 20%, o que tornava a empresa lenta para reagir a tendências.

Vai melhorar

A Guararapes, dona da Riachuelo, também amargou resultados negativos e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o cenário de lucro líquido de R$ 26,4 milhões registrado no mesmo período de 2022.

A receita líquida foi de R$ 2,139 bilhões, recuo de 0,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O desempenho praticamente estável da receita se deu em um cenário de menor venda no segmento de mercadorias, enquanto houve crescimento nos segmentos Midway Financeira e Midway Mall, de acordo com a Guararapes.

Os analistas do Itaú BBA consideraram os resultados da Guararapes (dona da marca Riachuelo) “suaves” ou fracos, como o esperado. No entanto, houve destaque para algumas linhas que sugerem “melhor impulso operacional à frente”. “Primeiro, os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento; se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar (também impulsionadas por bases de comparação fáceis)”, escreveu em relatório Maria Clara Infantozzi.

Em reconstrução

A Marisa Lojas, por sua vez, apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023. Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás, por exemplo.

A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.

Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem de vender, mas tem de vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse. Mas ele lembra que a falta de acesso ao crédito e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas foram afetadas. A margem bruta da também caiu 3,1 pontos porcentuais, para 40%.

Na contramão

A exceção do trimestre foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo em um período de demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos. Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. O CEO da C&A, Paulo Correa, disse que a companhia conseguiu apresentar uma coleção de outono/inverno que foi bem aceita, o que levou a ganhos de margem bruta e Ebitda.

Ele pontuou que isso aconteceu em um contexto difícil, com bases de comparação altas em relação ao segundo trimestre de 2023 e momento econômico complexo. Para ele, os resultados mostram foco em gestão de caixa, melhora operacional e conexão com os clientes. “Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil”, disse.

Os analistas do Citi consideraram os resultados da C&A mais fortes do que o esperado. Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, o segundo trimestre mostra uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da companhia, especialmente na margem bruta, em meio a um ambiente em que quase todas as empresas comparáveis do setor registraram alto nível promocional.

A C&A teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhões, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022. A companhia conseguiu expandir a margem bruta do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

As temperaturas mais altas neste inverno aliadas à inadimplência elevada e renda comprimida dos consumidores derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre. Com o clima mais quente que o esperado, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo sua margem bruta.

Tradicionalmente, o clima é um importante fator que influencia o lucro dos grupos de moda. A chegada ou não do frio ou calor pode determinar se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo do trimestre. As coleções de inverno costumam chegar às lojas em março e vão até julho. Em estações mais definidas, com mais frio, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Caso contrário, elas são antecipadas.

Na Lojas Renner, essa lógica foi visível. A empresa registrou queda de 6,8% nas vendas (em lojas existentes no período de um ano) e viu a receita de varejo cair 6%. Para não encerrar o período com estoques altos, a empresa fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu a margem bruta cair 2,2 pontos porcentuais. Todos esses números mostraram um outro problema: os produtos da companhia estavam caros demais para o bolso do consumidor.

O diretor financeiro da empresa, Daniel Martins dos Santos, disse ao Estadão/Broadcast que o segundo trimestre de 2023 foi desafiador. No entanto, ele acredita que a companhia fez ajustes importantes para entrar na segunda metade do ano com uma proposta de crescimento e rentabilidade melhor.

Fachada da Renner; empresa registrou queda de 6,8% nas vendas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Um deles foi, justamente, ter colocado os estoques em promoção para terminar o segundo trimestre com o mesmo nível de inventário que tinha um ano antes, quando a coleção foi vendida praticamente sem remarcações de preços. Isso custou margem bruta para a companhia, mas foi relevante para não carregar problemas para os próximos trimestres.

A companhia buscou, para as próximas coleções, negociações melhores com fornecedores, além de se beneficiar de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar. Assim, a proposta é que as safras de agora tenham peças mais baratas e competitivas. Além disso, o executivo disse que a empresa terá cerca de 40% das peças do terceiro trimestre no modelo “open to buy”, que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No primeiro trimestre, essa porcentagem era de 20%, o que tornava a empresa lenta para reagir a tendências.

Vai melhorar

A Guararapes, dona da Riachuelo, também amargou resultados negativos e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o cenário de lucro líquido de R$ 26,4 milhões registrado no mesmo período de 2022.

A receita líquida foi de R$ 2,139 bilhões, recuo de 0,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O desempenho praticamente estável da receita se deu em um cenário de menor venda no segmento de mercadorias, enquanto houve crescimento nos segmentos Midway Financeira e Midway Mall, de acordo com a Guararapes.

Os analistas do Itaú BBA consideraram os resultados da Guararapes (dona da marca Riachuelo) “suaves” ou fracos, como o esperado. No entanto, houve destaque para algumas linhas que sugerem “melhor impulso operacional à frente”. “Primeiro, os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento; se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar (também impulsionadas por bases de comparação fáceis)”, escreveu em relatório Maria Clara Infantozzi.

Em reconstrução

A Marisa Lojas, por sua vez, apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023. Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás, por exemplo.

A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.

Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem de vender, mas tem de vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse. Mas ele lembra que a falta de acesso ao crédito e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas foram afetadas. A margem bruta da também caiu 3,1 pontos porcentuais, para 40%.

Na contramão

A exceção do trimestre foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo em um período de demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos. Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. O CEO da C&A, Paulo Correa, disse que a companhia conseguiu apresentar uma coleção de outono/inverno que foi bem aceita, o que levou a ganhos de margem bruta e Ebitda.

Ele pontuou que isso aconteceu em um contexto difícil, com bases de comparação altas em relação ao segundo trimestre de 2023 e momento econômico complexo. Para ele, os resultados mostram foco em gestão de caixa, melhora operacional e conexão com os clientes. “Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil”, disse.

Os analistas do Citi consideraram os resultados da C&A mais fortes do que o esperado. Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, o segundo trimestre mostra uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da companhia, especialmente na margem bruta, em meio a um ambiente em que quase todas as empresas comparáveis do setor registraram alto nível promocional.

A C&A teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhões, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022. A companhia conseguiu expandir a margem bruta do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

As temperaturas mais altas neste inverno aliadas à inadimplência elevada e renda comprimida dos consumidores derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre. Com o clima mais quente que o esperado, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo sua margem bruta.

Tradicionalmente, o clima é um importante fator que influencia o lucro dos grupos de moda. A chegada ou não do frio ou calor pode determinar se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo do trimestre. As coleções de inverno costumam chegar às lojas em março e vão até julho. Em estações mais definidas, com mais frio, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Caso contrário, elas são antecipadas.

Na Lojas Renner, essa lógica foi visível. A empresa registrou queda de 6,8% nas vendas (em lojas existentes no período de um ano) e viu a receita de varejo cair 6%. Para não encerrar o período com estoques altos, a empresa fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu a margem bruta cair 2,2 pontos porcentuais. Todos esses números mostraram um outro problema: os produtos da companhia estavam caros demais para o bolso do consumidor.

O diretor financeiro da empresa, Daniel Martins dos Santos, disse ao Estadão/Broadcast que o segundo trimestre de 2023 foi desafiador. No entanto, ele acredita que a companhia fez ajustes importantes para entrar na segunda metade do ano com uma proposta de crescimento e rentabilidade melhor.

Fachada da Renner; empresa registrou queda de 6,8% nas vendas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Um deles foi, justamente, ter colocado os estoques em promoção para terminar o segundo trimestre com o mesmo nível de inventário que tinha um ano antes, quando a coleção foi vendida praticamente sem remarcações de preços. Isso custou margem bruta para a companhia, mas foi relevante para não carregar problemas para os próximos trimestres.

A companhia buscou, para as próximas coleções, negociações melhores com fornecedores, além de se beneficiar de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar. Assim, a proposta é que as safras de agora tenham peças mais baratas e competitivas. Além disso, o executivo disse que a empresa terá cerca de 40% das peças do terceiro trimestre no modelo “open to buy”, que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No primeiro trimestre, essa porcentagem era de 20%, o que tornava a empresa lenta para reagir a tendências.

Vai melhorar

A Guararapes, dona da Riachuelo, também amargou resultados negativos e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o cenário de lucro líquido de R$ 26,4 milhões registrado no mesmo período de 2022.

A receita líquida foi de R$ 2,139 bilhões, recuo de 0,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O desempenho praticamente estável da receita se deu em um cenário de menor venda no segmento de mercadorias, enquanto houve crescimento nos segmentos Midway Financeira e Midway Mall, de acordo com a Guararapes.

Os analistas do Itaú BBA consideraram os resultados da Guararapes (dona da marca Riachuelo) “suaves” ou fracos, como o esperado. No entanto, houve destaque para algumas linhas que sugerem “melhor impulso operacional à frente”. “Primeiro, os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento; se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar (também impulsionadas por bases de comparação fáceis)”, escreveu em relatório Maria Clara Infantozzi.

Em reconstrução

A Marisa Lojas, por sua vez, apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023. Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás, por exemplo.

A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.

Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem de vender, mas tem de vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse. Mas ele lembra que a falta de acesso ao crédito e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas foram afetadas. A margem bruta da também caiu 3,1 pontos porcentuais, para 40%.

Na contramão

A exceção do trimestre foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo em um período de demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos. Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. O CEO da C&A, Paulo Correa, disse que a companhia conseguiu apresentar uma coleção de outono/inverno que foi bem aceita, o que levou a ganhos de margem bruta e Ebitda.

Ele pontuou que isso aconteceu em um contexto difícil, com bases de comparação altas em relação ao segundo trimestre de 2023 e momento econômico complexo. Para ele, os resultados mostram foco em gestão de caixa, melhora operacional e conexão com os clientes. “Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil”, disse.

Os analistas do Citi consideraram os resultados da C&A mais fortes do que o esperado. Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, o segundo trimestre mostra uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da companhia, especialmente na margem bruta, em meio a um ambiente em que quase todas as empresas comparáveis do setor registraram alto nível promocional.

A C&A teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhões, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022. A companhia conseguiu expandir a margem bruta do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

As temperaturas mais altas neste inverno aliadas à inadimplência elevada e renda comprimida dos consumidores derrubaram os resultados das varejistas de moda no segundo trimestre. Com o clima mais quente que o esperado, as empresas tiveram de antecipar as liquidações e acabaram reduzindo sua margem bruta.

Tradicionalmente, o clima é um importante fator que influencia o lucro dos grupos de moda. A chegada ou não do frio ou calor pode determinar se as novas coleções serão vendidas a preço cheio ou com descontos ao longo do trimestre. As coleções de inverno costumam chegar às lojas em março e vão até julho. Em estações mais definidas, com mais frio, as liquidações normalmente ocorrem em agosto. Caso contrário, elas são antecipadas.

Na Lojas Renner, essa lógica foi visível. A empresa registrou queda de 6,8% nas vendas (em lojas existentes no período de um ano) e viu a receita de varejo cair 6%. Para não encerrar o período com estoques altos, a empresa fez promoções para liquidar as peças que encalharam e, assim, viu a margem bruta cair 2,2 pontos porcentuais. Todos esses números mostraram um outro problema: os produtos da companhia estavam caros demais para o bolso do consumidor.

O diretor financeiro da empresa, Daniel Martins dos Santos, disse ao Estadão/Broadcast que o segundo trimestre de 2023 foi desafiador. No entanto, ele acredita que a companhia fez ajustes importantes para entrar na segunda metade do ano com uma proposta de crescimento e rentabilidade melhor.

Fachada da Renner; empresa registrou queda de 6,8% nas vendas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Um deles foi, justamente, ter colocado os estoques em promoção para terminar o segundo trimestre com o mesmo nível de inventário que tinha um ano antes, quando a coleção foi vendida praticamente sem remarcações de preços. Isso custou margem bruta para a companhia, mas foi relevante para não carregar problemas para os próximos trimestres.

A companhia buscou, para as próximas coleções, negociações melhores com fornecedores, além de se beneficiar de quedas nos preços de algumas commodities e do dólar. Assim, a proposta é que as safras de agora tenham peças mais baratas e competitivas. Além disso, o executivo disse que a empresa terá cerca de 40% das peças do terceiro trimestre no modelo “open to buy”, que permite à companhia produzir as coleções durante a estação, de forma rápida. No primeiro trimestre, essa porcentagem era de 20%, o que tornava a empresa lenta para reagir a tendências.

Vai melhorar

A Guararapes, dona da Riachuelo, também amargou resultados negativos e teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões no segundo trimestre de 2023, revertendo o cenário de lucro líquido de R$ 26,4 milhões registrado no mesmo período de 2022.

A receita líquida foi de R$ 2,139 bilhões, recuo de 0,7% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. O desempenho praticamente estável da receita se deu em um cenário de menor venda no segmento de mercadorias, enquanto houve crescimento nos segmentos Midway Financeira e Midway Mall, de acordo com a Guararapes.

Os analistas do Itaú BBA consideraram os resultados da Guararapes (dona da marca Riachuelo) “suaves” ou fracos, como o esperado. No entanto, houve destaque para algumas linhas que sugerem “melhor impulso operacional à frente”. “Primeiro, os níveis de estoque parecem saudáveis na comparação trimestral e as vendas no varejo de junho têm mostrado, tanto na comparação anual quanto na trimestral, crescimento; se essa tendência for mantida, as perspectivas para o braço de varejo no segundo semestre devem melhorar (também impulsionadas por bases de comparação fáceis)”, escreveu em relatório Maria Clara Infantozzi.

Em reconstrução

A Marisa Lojas, por sua vez, apresentou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões no segundo trimestre de 2023, resultado 82% pior do que os R$ 34,8 milhões negativos apresentados no mesmo período do ano anterior. A companhia, porém, apresentou uma conta de como teria sido o resultado se o “plano de otimização operacional” (ou cortes de custos) estivesse implementado desde janeiro de 2023. Nessa análise, o prejuízo líquido teria sido de R$ 3 milhões, melhora de 91% frente a perda de um ano atrás, por exemplo.

A receita líquida no varejo alcançou R$ 469,9 milhões, 21,6% abaixo do que foi visto no mesmo período de 2022. Segundo a companhia, o indicador foi prejudicado pelo fechamento de 88 lojas no primeiro semestre de 2023 e 10 lojas em dezembro de 2022, além de uma base de comparação bastante elevada de um ano antes, quando houve um crescimento acelerado por temperaturas mais frias que impulsionaram as vendas da coleção de inverno. As vendas em mesmas lojas caíram 12,2% no trimestre e 4,3% no semestre.

Para o CEO da companhia, João Pinheiro Nogueira Batista, a conta é simples: “Varejo tem de vender, mas tem de vender com lucro”. Ele diz que o ideal seria que o patamar alto de vendas dos três meses correspondentes de 2022 se mantivesse e a rentabilidade subisse. Mas ele lembra que a falta de acesso ao crédito e os custos que os fechamentos de lojas exigiram levaram a companhia a fazer escolhas. A Marisa teve de comprar menos e, assim, as vendas foram afetadas. A margem bruta da também caiu 3,1 pontos porcentuais, para 40%.

Na contramão

A exceção do trimestre foi a C&A, que fez uma coleção de inverno mais versátil e, mesmo em um período de demanda mais fraca, conseguiu vender as peças sem grandes descontos. Seus preços, aliás, pareciam estar mais alinhados ao bolso do consumidor. O CEO da C&A, Paulo Correa, disse que a companhia conseguiu apresentar uma coleção de outono/inverno que foi bem aceita, o que levou a ganhos de margem bruta e Ebitda.

Ele pontuou que isso aconteceu em um contexto difícil, com bases de comparação altas em relação ao segundo trimestre de 2023 e momento econômico complexo. Para ele, os resultados mostram foco em gestão de caixa, melhora operacional e conexão com os clientes. “Nossa coleção outono/inverno claramente era mais versátil”, disse.

Os analistas do Citi consideraram os resultados da C&A mais fortes do que o esperado. Para João Pedro Soares e Felipe Reboredo, o segundo trimestre mostra uma melhora positiva e consistente das vendas de vestuário da companhia, especialmente na margem bruta, em meio a um ambiente em que quase todas as empresas comparáveis do setor registraram alto nível promocional.

A C&A teve lucro líquido de R$ 4,2 milhões no segundo trimestre de 2023, alta de 100% comparado a um ano antes. A receita líquida somou R$ 1,6 bilhões, praticamente estável, com alta de 0,8% sobre o mesmo período de 2022. A companhia conseguiu expandir a margem bruta do vestuário em 0,5 ponto porcentual. Na margem bruta total, o avanço foi de 2,2 pontos porcentuais, para 53,5%.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.