Itaú vende banco na Argentina por R$ 250 milhões e deixa operação no país após 28 anos


Acordo foi fechado com o Banco Macro; banco brasileiro tem apostado mais na expansão no Chile e na Colômbia

Por Matheus Piovesana e Altamiro Silva Junior
Atualização:

O Itaú Unibanco está encerrando uma história de 28 anos de presença no varejo na Argentina. O banco brasileiro selou hoje a venda das operações no país vizinho ao Banco Macro, uma negociação que havia começado em junho. Sob o ponto de vista financeiro, o negócio tem impacto pequeno para o maior banco da América Latina, de cerca de 1% do valor de mercado que possui na B3. Entretanto, reforça o foco do conglomerado em outras operações em países vizinhos, em especial no Chile e na Colômbia, em que as condições econômicas são mais favoráveis que em solo argentino, país que amarga inflação alta, recessão, crise cambial e chance de turbulência política com o avanço da extrema direita.

O Macro pagará ao Itaú aproximadamente R$ 250 milhões após o fechamento da transação. Com a venda, o banco brasileiro vai manter na Argentina uma representação, que tem estrutura menor que a de um banco.

“Depois de mais de quarenta anos [entre atacado e varejo], temos não apenas orgulho da nossa história argentina, mas a clareza que nossa jornada no país não termina aqui”, disse em nota o CEO regional do banco na Argentina, André Gailey. “Por isso, continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas.”

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Itaú chegou à Argentina em 1998, com a compra do Banco Del Buen Ayre Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Para o Itaú, manter uma operação no exterior tem um custo: o banco precisa pagar mais impostos no Brasil para fazer frente à diferença sobre os tributos que recolhe lá fora. Além disso, as operações menores acabam diluindo a rentabilidade do banco para o investidor brasileiro pela diferença de capital, segundo afirmou o CEO do Itaú, Milton Maluhy, ao Estadão/Broadcast em junho.

“A razão central (para a venda) é que o nosso banco lá (Argentina) é muito pequeno. Ele tem por volta de 1% de mercado de varejo e é muito mais relevante no atacado, um negócio em que queremos continuar presentes”, afirmou, na ocasião.

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No segundo trimestre deste ano, o Itaú Argentina deu ao conglomerado lucro de R$ 186 milhões, alta de 40% em um ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido de 52,5%, bem acima das demais operações, inclusive da brasileira, com ROE de 21,5%. Entretanto, era a segunda menor do banco em receitas, à frente apenas do Itaú Paraguai. A Argentina contribuiu com apenas 2,1% do lucro do Itaú no período.

Em ativos, o Itaú era apenas o 18º banco argentino em abril, bem distante do Macro, que na sexta posição, era o maior banco do país vizinho com capital nacional e controle privado. Outro brasileiro está mais bem colocado no mercado argentino: o Banco do Brasil, que controla o Patagonia, 11º maior banco daquele país.

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Nos vários anos na Argentina, o Itaú passou por muitas crises, mas a de agora parece ganhar novos contornos com o avanço de Milei na corrida presidencial e suas propostas radicais. “Por ora, o túnel está escuro na Argentina, sem luz no fim”, comenta o economista para América Latina do Natixis, Benito Berber. Em uma “espiral para baixo”, ele prevê a possibilidade de contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% a 4% este ano e inflação de 140% a 160% em 2023, uma das mais altas do mundo. Neste ambiente, uma fonte da Faria Lima comenta que o Itaú não fez mau negócio ao deixar o país e pode investir em outros mercados mais estáveis na região.

No atacado, atendendo empresas, o Itaú opera na Argentina desde 1979. No varejo, chegou em 1995 abrindo uma agência em Buenos Aires. Três anos depois, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou então operar com o nome Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A filial tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 74 agências e postos de atendimento.

O impacto da venda no resultado do Itaú deve ser negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Esse impacto acontece porque o valor de livros do investimento do banco brasileiro na Argentina é superior ao valor que está recebendo pela venda.

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Banco Macro sobe na bolsa

O negócio foi bem recebido pelos investidores do banco argentino. O papel do Banco Macro subia na tarde de hoje 4,6% na bolsa da Argentina e 2,15% na Bolsa de Nova York (Nyse), onde tem American Depositary Receipt (ADR).

O Macro se consolidará, com a compra, na posição de maior banco nacional privado da Argentina, com 565 agências e 9,4 mil funcionários. Entretanto, terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas com a vitória do extremista de direita Javier Milei nas eleições presidenciais primárias. Entre outros pontos, ele defende o fim do BC argentino e do próprio peso, com a dolarização completa do país.

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“Dado o limitado crescimento da carteira de crédito (em termos reais), o excesso de liquidez do banco continua a ser direcionado a títulos do governo, o que é um risco”, disse o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em análise sobre o resultado do Macro no segundo trimestre. O banco divulgou o balanço ontem, e teve lucro de 44,1 bilhões de pesos, alta de quase cinco vezes em um ano. Os ganhos com câmbio ajudaram a sustentar o resultado diante de um fraco crescimento da carteira, segundo o analista.

O Itaú Unibanco está encerrando uma história de 28 anos de presença no varejo na Argentina. O banco brasileiro selou hoje a venda das operações no país vizinho ao Banco Macro, uma negociação que havia começado em junho. Sob o ponto de vista financeiro, o negócio tem impacto pequeno para o maior banco da América Latina, de cerca de 1% do valor de mercado que possui na B3. Entretanto, reforça o foco do conglomerado em outras operações em países vizinhos, em especial no Chile e na Colômbia, em que as condições econômicas são mais favoráveis que em solo argentino, país que amarga inflação alta, recessão, crise cambial e chance de turbulência política com o avanço da extrema direita.

O Macro pagará ao Itaú aproximadamente R$ 250 milhões após o fechamento da transação. Com a venda, o banco brasileiro vai manter na Argentina uma representação, que tem estrutura menor que a de um banco.

“Depois de mais de quarenta anos [entre atacado e varejo], temos não apenas orgulho da nossa história argentina, mas a clareza que nossa jornada no país não termina aqui”, disse em nota o CEO regional do banco na Argentina, André Gailey. “Por isso, continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas.”

Itaú chegou à Argentina em 1998, com a compra do Banco Del Buen Ayre Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Para o Itaú, manter uma operação no exterior tem um custo: o banco precisa pagar mais impostos no Brasil para fazer frente à diferença sobre os tributos que recolhe lá fora. Além disso, as operações menores acabam diluindo a rentabilidade do banco para o investidor brasileiro pela diferença de capital, segundo afirmou o CEO do Itaú, Milton Maluhy, ao Estadão/Broadcast em junho.

“A razão central (para a venda) é que o nosso banco lá (Argentina) é muito pequeno. Ele tem por volta de 1% de mercado de varejo e é muito mais relevante no atacado, um negócio em que queremos continuar presentes”, afirmou, na ocasião.

No segundo trimestre deste ano, o Itaú Argentina deu ao conglomerado lucro de R$ 186 milhões, alta de 40% em um ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido de 52,5%, bem acima das demais operações, inclusive da brasileira, com ROE de 21,5%. Entretanto, era a segunda menor do banco em receitas, à frente apenas do Itaú Paraguai. A Argentina contribuiu com apenas 2,1% do lucro do Itaú no período.

Em ativos, o Itaú era apenas o 18º banco argentino em abril, bem distante do Macro, que na sexta posição, era o maior banco do país vizinho com capital nacional e controle privado. Outro brasileiro está mais bem colocado no mercado argentino: o Banco do Brasil, que controla o Patagonia, 11º maior banco daquele país.

Nos vários anos na Argentina, o Itaú passou por muitas crises, mas a de agora parece ganhar novos contornos com o avanço de Milei na corrida presidencial e suas propostas radicais. “Por ora, o túnel está escuro na Argentina, sem luz no fim”, comenta o economista para América Latina do Natixis, Benito Berber. Em uma “espiral para baixo”, ele prevê a possibilidade de contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% a 4% este ano e inflação de 140% a 160% em 2023, uma das mais altas do mundo. Neste ambiente, uma fonte da Faria Lima comenta que o Itaú não fez mau negócio ao deixar o país e pode investir em outros mercados mais estáveis na região.

No atacado, atendendo empresas, o Itaú opera na Argentina desde 1979. No varejo, chegou em 1995 abrindo uma agência em Buenos Aires. Três anos depois, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou então operar com o nome Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A filial tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 74 agências e postos de atendimento.

O impacto da venda no resultado do Itaú deve ser negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Esse impacto acontece porque o valor de livros do investimento do banco brasileiro na Argentina é superior ao valor que está recebendo pela venda.

Banco Macro sobe na bolsa

O negócio foi bem recebido pelos investidores do banco argentino. O papel do Banco Macro subia na tarde de hoje 4,6% na bolsa da Argentina e 2,15% na Bolsa de Nova York (Nyse), onde tem American Depositary Receipt (ADR).

O Macro se consolidará, com a compra, na posição de maior banco nacional privado da Argentina, com 565 agências e 9,4 mil funcionários. Entretanto, terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas com a vitória do extremista de direita Javier Milei nas eleições presidenciais primárias. Entre outros pontos, ele defende o fim do BC argentino e do próprio peso, com a dolarização completa do país.

“Dado o limitado crescimento da carteira de crédito (em termos reais), o excesso de liquidez do banco continua a ser direcionado a títulos do governo, o que é um risco”, disse o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em análise sobre o resultado do Macro no segundo trimestre. O banco divulgou o balanço ontem, e teve lucro de 44,1 bilhões de pesos, alta de quase cinco vezes em um ano. Os ganhos com câmbio ajudaram a sustentar o resultado diante de um fraco crescimento da carteira, segundo o analista.

O Itaú Unibanco está encerrando uma história de 28 anos de presença no varejo na Argentina. O banco brasileiro selou hoje a venda das operações no país vizinho ao Banco Macro, uma negociação que havia começado em junho. Sob o ponto de vista financeiro, o negócio tem impacto pequeno para o maior banco da América Latina, de cerca de 1% do valor de mercado que possui na B3. Entretanto, reforça o foco do conglomerado em outras operações em países vizinhos, em especial no Chile e na Colômbia, em que as condições econômicas são mais favoráveis que em solo argentino, país que amarga inflação alta, recessão, crise cambial e chance de turbulência política com o avanço da extrema direita.

O Macro pagará ao Itaú aproximadamente R$ 250 milhões após o fechamento da transação. Com a venda, o banco brasileiro vai manter na Argentina uma representação, que tem estrutura menor que a de um banco.

“Depois de mais de quarenta anos [entre atacado e varejo], temos não apenas orgulho da nossa história argentina, mas a clareza que nossa jornada no país não termina aqui”, disse em nota o CEO regional do banco na Argentina, André Gailey. “Por isso, continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas.”

Itaú chegou à Argentina em 1998, com a compra do Banco Del Buen Ayre Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Para o Itaú, manter uma operação no exterior tem um custo: o banco precisa pagar mais impostos no Brasil para fazer frente à diferença sobre os tributos que recolhe lá fora. Além disso, as operações menores acabam diluindo a rentabilidade do banco para o investidor brasileiro pela diferença de capital, segundo afirmou o CEO do Itaú, Milton Maluhy, ao Estadão/Broadcast em junho.

“A razão central (para a venda) é que o nosso banco lá (Argentina) é muito pequeno. Ele tem por volta de 1% de mercado de varejo e é muito mais relevante no atacado, um negócio em que queremos continuar presentes”, afirmou, na ocasião.

No segundo trimestre deste ano, o Itaú Argentina deu ao conglomerado lucro de R$ 186 milhões, alta de 40% em um ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido de 52,5%, bem acima das demais operações, inclusive da brasileira, com ROE de 21,5%. Entretanto, era a segunda menor do banco em receitas, à frente apenas do Itaú Paraguai. A Argentina contribuiu com apenas 2,1% do lucro do Itaú no período.

Em ativos, o Itaú era apenas o 18º banco argentino em abril, bem distante do Macro, que na sexta posição, era o maior banco do país vizinho com capital nacional e controle privado. Outro brasileiro está mais bem colocado no mercado argentino: o Banco do Brasil, que controla o Patagonia, 11º maior banco daquele país.

Nos vários anos na Argentina, o Itaú passou por muitas crises, mas a de agora parece ganhar novos contornos com o avanço de Milei na corrida presidencial e suas propostas radicais. “Por ora, o túnel está escuro na Argentina, sem luz no fim”, comenta o economista para América Latina do Natixis, Benito Berber. Em uma “espiral para baixo”, ele prevê a possibilidade de contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% a 4% este ano e inflação de 140% a 160% em 2023, uma das mais altas do mundo. Neste ambiente, uma fonte da Faria Lima comenta que o Itaú não fez mau negócio ao deixar o país e pode investir em outros mercados mais estáveis na região.

No atacado, atendendo empresas, o Itaú opera na Argentina desde 1979. No varejo, chegou em 1995 abrindo uma agência em Buenos Aires. Três anos depois, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou então operar com o nome Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A filial tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 74 agências e postos de atendimento.

O impacto da venda no resultado do Itaú deve ser negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Esse impacto acontece porque o valor de livros do investimento do banco brasileiro na Argentina é superior ao valor que está recebendo pela venda.

Banco Macro sobe na bolsa

O negócio foi bem recebido pelos investidores do banco argentino. O papel do Banco Macro subia na tarde de hoje 4,6% na bolsa da Argentina e 2,15% na Bolsa de Nova York (Nyse), onde tem American Depositary Receipt (ADR).

O Macro se consolidará, com a compra, na posição de maior banco nacional privado da Argentina, com 565 agências e 9,4 mil funcionários. Entretanto, terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas com a vitória do extremista de direita Javier Milei nas eleições presidenciais primárias. Entre outros pontos, ele defende o fim do BC argentino e do próprio peso, com a dolarização completa do país.

“Dado o limitado crescimento da carteira de crédito (em termos reais), o excesso de liquidez do banco continua a ser direcionado a títulos do governo, o que é um risco”, disse o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em análise sobre o resultado do Macro no segundo trimestre. O banco divulgou o balanço ontem, e teve lucro de 44,1 bilhões de pesos, alta de quase cinco vezes em um ano. Os ganhos com câmbio ajudaram a sustentar o resultado diante de um fraco crescimento da carteira, segundo o analista.

O Itaú Unibanco está encerrando uma história de 28 anos de presença no varejo na Argentina. O banco brasileiro selou hoje a venda das operações no país vizinho ao Banco Macro, uma negociação que havia começado em junho. Sob o ponto de vista financeiro, o negócio tem impacto pequeno para o maior banco da América Latina, de cerca de 1% do valor de mercado que possui na B3. Entretanto, reforça o foco do conglomerado em outras operações em países vizinhos, em especial no Chile e na Colômbia, em que as condições econômicas são mais favoráveis que em solo argentino, país que amarga inflação alta, recessão, crise cambial e chance de turbulência política com o avanço da extrema direita.

O Macro pagará ao Itaú aproximadamente R$ 250 milhões após o fechamento da transação. Com a venda, o banco brasileiro vai manter na Argentina uma representação, que tem estrutura menor que a de um banco.

“Depois de mais de quarenta anos [entre atacado e varejo], temos não apenas orgulho da nossa história argentina, mas a clareza que nossa jornada no país não termina aqui”, disse em nota o CEO regional do banco na Argentina, André Gailey. “Por isso, continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas.”

Itaú chegou à Argentina em 1998, com a compra do Banco Del Buen Ayre Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Para o Itaú, manter uma operação no exterior tem um custo: o banco precisa pagar mais impostos no Brasil para fazer frente à diferença sobre os tributos que recolhe lá fora. Além disso, as operações menores acabam diluindo a rentabilidade do banco para o investidor brasileiro pela diferença de capital, segundo afirmou o CEO do Itaú, Milton Maluhy, ao Estadão/Broadcast em junho.

“A razão central (para a venda) é que o nosso banco lá (Argentina) é muito pequeno. Ele tem por volta de 1% de mercado de varejo e é muito mais relevante no atacado, um negócio em que queremos continuar presentes”, afirmou, na ocasião.

No segundo trimestre deste ano, o Itaú Argentina deu ao conglomerado lucro de R$ 186 milhões, alta de 40% em um ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido de 52,5%, bem acima das demais operações, inclusive da brasileira, com ROE de 21,5%. Entretanto, era a segunda menor do banco em receitas, à frente apenas do Itaú Paraguai. A Argentina contribuiu com apenas 2,1% do lucro do Itaú no período.

Em ativos, o Itaú era apenas o 18º banco argentino em abril, bem distante do Macro, que na sexta posição, era o maior banco do país vizinho com capital nacional e controle privado. Outro brasileiro está mais bem colocado no mercado argentino: o Banco do Brasil, que controla o Patagonia, 11º maior banco daquele país.

Nos vários anos na Argentina, o Itaú passou por muitas crises, mas a de agora parece ganhar novos contornos com o avanço de Milei na corrida presidencial e suas propostas radicais. “Por ora, o túnel está escuro na Argentina, sem luz no fim”, comenta o economista para América Latina do Natixis, Benito Berber. Em uma “espiral para baixo”, ele prevê a possibilidade de contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% a 4% este ano e inflação de 140% a 160% em 2023, uma das mais altas do mundo. Neste ambiente, uma fonte da Faria Lima comenta que o Itaú não fez mau negócio ao deixar o país e pode investir em outros mercados mais estáveis na região.

No atacado, atendendo empresas, o Itaú opera na Argentina desde 1979. No varejo, chegou em 1995 abrindo uma agência em Buenos Aires. Três anos depois, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou então operar com o nome Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A filial tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 74 agências e postos de atendimento.

O impacto da venda no resultado do Itaú deve ser negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Esse impacto acontece porque o valor de livros do investimento do banco brasileiro na Argentina é superior ao valor que está recebendo pela venda.

Banco Macro sobe na bolsa

O negócio foi bem recebido pelos investidores do banco argentino. O papel do Banco Macro subia na tarde de hoje 4,6% na bolsa da Argentina e 2,15% na Bolsa de Nova York (Nyse), onde tem American Depositary Receipt (ADR).

O Macro se consolidará, com a compra, na posição de maior banco nacional privado da Argentina, com 565 agências e 9,4 mil funcionários. Entretanto, terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas com a vitória do extremista de direita Javier Milei nas eleições presidenciais primárias. Entre outros pontos, ele defende o fim do BC argentino e do próprio peso, com a dolarização completa do país.

“Dado o limitado crescimento da carteira de crédito (em termos reais), o excesso de liquidez do banco continua a ser direcionado a títulos do governo, o que é um risco”, disse o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em análise sobre o resultado do Macro no segundo trimestre. O banco divulgou o balanço ontem, e teve lucro de 44,1 bilhões de pesos, alta de quase cinco vezes em um ano. Os ganhos com câmbio ajudaram a sustentar o resultado diante de um fraco crescimento da carteira, segundo o analista.

O Itaú Unibanco está encerrando uma história de 28 anos de presença no varejo na Argentina. O banco brasileiro selou hoje a venda das operações no país vizinho ao Banco Macro, uma negociação que havia começado em junho. Sob o ponto de vista financeiro, o negócio tem impacto pequeno para o maior banco da América Latina, de cerca de 1% do valor de mercado que possui na B3. Entretanto, reforça o foco do conglomerado em outras operações em países vizinhos, em especial no Chile e na Colômbia, em que as condições econômicas são mais favoráveis que em solo argentino, país que amarga inflação alta, recessão, crise cambial e chance de turbulência política com o avanço da extrema direita.

O Macro pagará ao Itaú aproximadamente R$ 250 milhões após o fechamento da transação. Com a venda, o banco brasileiro vai manter na Argentina uma representação, que tem estrutura menor que a de um banco.

“Depois de mais de quarenta anos [entre atacado e varejo], temos não apenas orgulho da nossa história argentina, mas a clareza que nossa jornada no país não termina aqui”, disse em nota o CEO regional do banco na Argentina, André Gailey. “Por isso, continuaremos com presença na Argentina por meio de um escritório de representação local, e seguiremos atendendo os nossos clientes corporativos e de wealth e private bank a partir das nossas unidades do banco no Brasil e nas demais unidades externas.”

Itaú chegou à Argentina em 1998, com a compra do Banco Del Buen Ayre Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

Para o Itaú, manter uma operação no exterior tem um custo: o banco precisa pagar mais impostos no Brasil para fazer frente à diferença sobre os tributos que recolhe lá fora. Além disso, as operações menores acabam diluindo a rentabilidade do banco para o investidor brasileiro pela diferença de capital, segundo afirmou o CEO do Itaú, Milton Maluhy, ao Estadão/Broadcast em junho.

“A razão central (para a venda) é que o nosso banco lá (Argentina) é muito pequeno. Ele tem por volta de 1% de mercado de varejo e é muito mais relevante no atacado, um negócio em que queremos continuar presentes”, afirmou, na ocasião.

No segundo trimestre deste ano, o Itaú Argentina deu ao conglomerado lucro de R$ 186 milhões, alta de 40% em um ano, com um retorno sobre o patrimônio líquido de 52,5%, bem acima das demais operações, inclusive da brasileira, com ROE de 21,5%. Entretanto, era a segunda menor do banco em receitas, à frente apenas do Itaú Paraguai. A Argentina contribuiu com apenas 2,1% do lucro do Itaú no período.

Em ativos, o Itaú era apenas o 18º banco argentino em abril, bem distante do Macro, que na sexta posição, era o maior banco do país vizinho com capital nacional e controle privado. Outro brasileiro está mais bem colocado no mercado argentino: o Banco do Brasil, que controla o Patagonia, 11º maior banco daquele país.

Nos vários anos na Argentina, o Itaú passou por muitas crises, mas a de agora parece ganhar novos contornos com o avanço de Milei na corrida presidencial e suas propostas radicais. “Por ora, o túnel está escuro na Argentina, sem luz no fim”, comenta o economista para América Latina do Natixis, Benito Berber. Em uma “espiral para baixo”, ele prevê a possibilidade de contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% a 4% este ano e inflação de 140% a 160% em 2023, uma das mais altas do mundo. Neste ambiente, uma fonte da Faria Lima comenta que o Itaú não fez mau negócio ao deixar o país e pode investir em outros mercados mais estáveis na região.

No atacado, atendendo empresas, o Itaú opera na Argentina desde 1979. No varejo, chegou em 1995 abrindo uma agência em Buenos Aires. Três anos depois, comprou o Banco Del Buen Ayre. Passou então operar com o nome Itaú Buen Ayre e, posteriormente, Itaú Argentina. A filial tinha cerca de 1,5 mil funcionários e 74 agências e postos de atendimento.

O impacto da venda no resultado do Itaú deve ser negativo em aproximadamente R$ 1,2 bilhão, que será reconhecido quando a transação for concluída. Esse impacto acontece porque o valor de livros do investimento do banco brasileiro na Argentina é superior ao valor que está recebendo pela venda.

Banco Macro sobe na bolsa

O negócio foi bem recebido pelos investidores do banco argentino. O papel do Banco Macro subia na tarde de hoje 4,6% na bolsa da Argentina e 2,15% na Bolsa de Nova York (Nyse), onde tem American Depositary Receipt (ADR).

O Macro se consolidará, com a compra, na posição de maior banco nacional privado da Argentina, com 565 agências e 9,4 mil funcionários. Entretanto, terá diante de si um desafio do tamanho dos problemas econômicos argentinos, que se intensificaram nas últimas semanas com a vitória do extremista de direita Javier Milei nas eleições presidenciais primárias. Entre outros pontos, ele defende o fim do BC argentino e do próprio peso, com a dolarização completa do país.

“Dado o limitado crescimento da carteira de crédito (em termos reais), o excesso de liquidez do banco continua a ser direcionado a títulos do governo, o que é um risco”, disse o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em análise sobre o resultado do Macro no segundo trimestre. O banco divulgou o balanço ontem, e teve lucro de 44,1 bilhões de pesos, alta de quase cinco vezes em um ano. Os ganhos com câmbio ajudaram a sustentar o resultado diante de um fraco crescimento da carteira, segundo o analista.

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