Os 86 sindicatos que se uniram contra presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, concordaram em deixar a assembleia da entidade para o dia 16 de janeiro, data marcada por Gomes na semana passada, em uma “briga por editais” publicados ao longo das últimas semanas. Por trás da mudança de data, explicaram fontes, está a necessidade de prover o “princípio da ampla defesa ao diretor-presidente”, já que, se a assembleia fosse mantida para a próxima quarta-feira, dia 21, Josué não participaria do encontro por estar fora do Brasil em viagem com sua família.
No edital publicado, os sindicatos deixam claro que, apesar da mudança de data, os itens da pauta seguem os mesmos, tendo por trás o objetivo de destituir Josué do cargo que ocupa desde janeiro. O executivo, dono da empresa do setor têxtil Coteminas, substituiu Paulo Skaf do comando da Fiesp. Skaf ficou por cerca de duas décadas à frente da entidade e, agora, é o nome por trás do levante contra Josué. Procurada, a Fiesp não comentou o assunto.
Crise na Fiesp
Segundo uma fonte, que acompanha o processo, os sindicatos foram, na prática, obrigados a aceitarem a nova data da assembleia para poderem cumprir com o estatuto da Fiesp, que determina o direito de ampla defesa do presidente, em caso de uma eventual destituição. “Se isso não ocorresse, um eventual resultado da assembleia poderia ir para a Justiça e até mesmo prolongar a manutenção de Josué no cargo até o fim de seu mandato”, diz.
A menos que Josué renuncie ao cargo, a única maneira de outro presidente assumir a Fiesp é por meio de uma assembleia. Hoje, há três candidatos para substituir Josué Gomes: Rafael Cervone Netto, seu primeiro-vice-presidente e figura muito próxima de Paulo Skaf; Dan Ioschpe (da Iochpe-Maxion); e Marcelo Campos Ometto.
Muitos representantes dos sindicatos que estão ao lado de Josué estão tentando manter contato com os sindicatos que assinaram a manifestação, mas que não têm o objetivo de tirar Josué no cargo, apenas de “discutir sua atuação”. O principal ponto de descontentamento, segundo fontes, seria a ausência do presidente no dia a dia da entidade.
Na última semana, Josué Gomes foi convidado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Mdic, mas o empresário oficializou sua negativa na sexta-feira, dia 16. Mesmo que alguns representantes da Fiesp acreditassem que essa poderia ser uma “saída honrosa” da crise instaurada na entidade, executivos mais próximos afirmavam que se Josué aceitasse ele assumiria um ministério carregando a “pecha” de “derrotado na Fiesp”.
Mas a negativa de Josué, que é filho de José Alencar, que foi vice-presidente de Lula e faleceu em 2011, teve relação com a sua empresa, já que ele deveria deixar o comando da Coteminas para assumir o cargo. Além disso, queria evitar potencial conflito de interesse pelo fato de a empresa ter financiamentos junto ao BNDES.