Madero reduz dívida, prevê novas lojas e não descarta abrir capital na Bolsa


Grupo diz que IPO ainda é uma possibilidade, embora não seja mais uma prioridade após a melhoria dos resultados financeiros; ritmo forte de expansão da rede própria é prevista para 2025

Por Lucas Agrela e Carlos Eduardo Valim
Atualização:

Após reduzir sua dívida em mais de R$ 100 milhões em 2023 e recuperar as vendas com a volta dos clientes aos restaurantes depois da pandemia, o Grupo Madero prevê para este ano uma expansão dos negócios com a abertura de novas lojas e um ritmo acelerado de crescimento a partir de 2025.

Entre outubro e dezembro, a receita da empresa foi de R$ 479 milhões, ante R$ 424 milhões no mesmo período em 2022. O lucro da empresa atingiu, no quarto trimestre de 2023, R$ 25 milhões (ante prejuízo de R$ 29 milhões no ano anterior). Em todo o ano passado, a receita líquida ficou em R$ 1,7 bilhão.

Como opção de captar investimentos para acelerar o crescimento do negócio, a hipótese de fazer uma abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) não é descartada, apesar de não ser mais uma prioridade. O Madero estava na lista de empresas com interesse em fazer um IPO em 2021, o que acabou não acontecendo após a escalada dos juros tirar o interesse dos investidores por ofertas de ações.

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Júnior Durski, presidente do Madero, não descarta abertura de capital, mas diz que será criterioso com ofertas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Fundador e presidente do grupo, Junior Durski afirma que o valor de mercado precificado será um fator condicionante para acelerar uma entrada na bolsa. “No caso de haver uma janela de oportunidade para IPOs, vamos pensar muito. Se o valor for muito bom, faremos. Se isso não acontecer, não. Daqui a três anos a nossa dívida será muito menor do que é hoje. Não precisamos mais encurtar o caminho”, afirma.

O empresário diz que a empresa descarta totalmente o crescimento por meio de aquisições, prática comum de empresas que levantam recursos quando chegam à Bolsa.

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Ariel Szwarc, diretor financeiro do grupo, diz que a redução do endividamento garante uma melhoria da saúde financeira do negócio.

“O IPO é uma oportunidade, uma possibilidade que não controlamos. É conveniente, mas não é necessário. Nós vamos tocar a empresa como se não houvesse um IPO pela frente. Para ter uma companhia sustentável, é preciso ter uma dívida controlada, ainda mais em um País com juros tão elevados. Trabalhamos muito pela rentabilidade da empresa e vamos baixando a dívida. Primeiramente, alongamos os vencimentos, e agora estamos pagando as dívidas. Não precisamos de IPO, mas a empresa está pronta para uma abertura de capital”, diz.

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A queda da taxa de juros também deve ajudar o Madero a reduzir o endividamento, além de favorecer as vendas nos restaurantes, ao aquecer a economia. “A cada ponto que a taxa Selic baixa, temos uma redução de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões por ano no valor da nossa dívida, porque são menos juros que temos de pagar”, afirma Szwarc.

Para 2024, a empresa prevê a abertura de quatro a cinco novas lojas. A forte retomada da expansão é prevista para o segundo semestre de 2025. A empresa planeja manter um ritmo de 30 novas lojas ao ano nos próximos anos.

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Além de causar perda de receita e o aumento do endividamento do Madero, piorado com a alta de juros, a pandemia também colocou o grupo no centro de uma polêmica, quando Durski, que apoiava o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o fechamento da economia como forma de conter a circulação do vírus. Depois da declaração e da repercussão negativa nas redes sociais por ter minimizado as mortes pela doença, ele se arrependeu das declarações.

O Grupo Madero tem hoje uma operação verticalizada, ou seja, que conduz por conta própria, sem terceirizar, todas as áreas de interesse do negócio. Os ingredientes servidos nos restaurantes, por exemplo, são produzidos em sua fábrica de 52 mil metros quadrados em Ponta Grossa, no Paraná. A unidade tem capacidade de abastecimento para até 500 lojas, sendo que a rede possui atualmente 276 unidades. A ideia é, então, ampliar a rede ao longo do tempo, mantendo o custo fixo controlado da fábrica e aumentando o potencial de faturamento de vendas.

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As lojas são próprias e a empresa não considera uma expansão por franquias, porque Durski acredita que se torna mais difícil manter o padrão de qualidade da rede. Além disso, o sistema de franquias reduz significativamente a margem de lucro de cada unidade. “Em uma franquia, teríamos o pagamento de royalties de 6%. Nos restaurantes próprios, a margem pode chegar a 30% ou 40%. A diferença é muito grande”, diz.

Devido à localização da fábrica, no Paraná, a expansão de novas unidades do Madero deve se dar no Sudeste, especialmente em São Paulo. Além do custo logístico mais alto para chegar ao Nordeste, Durski afirma que a incidência de impostos é maior, reduzindo a margem de lucro do negócio.

O empresário diz ainda que a empresa busca deixar os pratos servidos saudáveis, tomando medidas como reduzir a quantidade de conservantes dos ingredientes e oferecendo, no cardápio, opções de lanches com menor quantidade de sal.

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Retomada dos shoppings

Com os fluxos de pessoas nos shopping centers voltando aos patamares pré-pandemia, as redes de alimentação têm se beneficiado dessa retomada, o que ajudou o Madero a lucrar no quarto trimestre de 2023 em vez de ter prejuízo como no ano anterior.

Além disso, as redes de restaurantes também promovem uma ajuda de mão dupla com os centros de compras, assumindo uma posição de lojas-âncoras para esses empreendimentos, o que costumava ficar restrito a marcas de varejo, como Americanas, Renner e C&A.

“Outra vantagem para os restaurantes é que, no pós-pandemia, o público dos shoppings se sofisticou, gastando em média mais por visita, e buscando a experiência de alimentação fora de casa. Por outro lado, a classe C ficou muito prejudicada, com forte endividamento”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, divisão da consultoria especializada em varejo Gouvêa Ecosystem. “Então, os shopping centers ganharam frequência, e em especial de consumidores de alimentação. Também a volta do trabalho presencial beneficia o fluxo de pessoas no horário de almoço.”

Com esse novo cenário, até mesmo o espaço dedicado a ofertas de alimentação aumentou nos shopping centers. “Eles chegam a superar os 20% da área locada de alguns shoppings”, diz Marinho.

Atualização: A reportagem informava que a dívida do Madero caía R$ 108 milhões a cada ponto que a taxa Selic cai. O correto é “de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões”. O texto foi ajustado.

Após reduzir sua dívida em mais de R$ 100 milhões em 2023 e recuperar as vendas com a volta dos clientes aos restaurantes depois da pandemia, o Grupo Madero prevê para este ano uma expansão dos negócios com a abertura de novas lojas e um ritmo acelerado de crescimento a partir de 2025.

Entre outubro e dezembro, a receita da empresa foi de R$ 479 milhões, ante R$ 424 milhões no mesmo período em 2022. O lucro da empresa atingiu, no quarto trimestre de 2023, R$ 25 milhões (ante prejuízo de R$ 29 milhões no ano anterior). Em todo o ano passado, a receita líquida ficou em R$ 1,7 bilhão.

Como opção de captar investimentos para acelerar o crescimento do negócio, a hipótese de fazer uma abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) não é descartada, apesar de não ser mais uma prioridade. O Madero estava na lista de empresas com interesse em fazer um IPO em 2021, o que acabou não acontecendo após a escalada dos juros tirar o interesse dos investidores por ofertas de ações.

Júnior Durski, presidente do Madero, não descarta abertura de capital, mas diz que será criterioso com ofertas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Fundador e presidente do grupo, Junior Durski afirma que o valor de mercado precificado será um fator condicionante para acelerar uma entrada na bolsa. “No caso de haver uma janela de oportunidade para IPOs, vamos pensar muito. Se o valor for muito bom, faremos. Se isso não acontecer, não. Daqui a três anos a nossa dívida será muito menor do que é hoje. Não precisamos mais encurtar o caminho”, afirma.

O empresário diz que a empresa descarta totalmente o crescimento por meio de aquisições, prática comum de empresas que levantam recursos quando chegam à Bolsa.

Ariel Szwarc, diretor financeiro do grupo, diz que a redução do endividamento garante uma melhoria da saúde financeira do negócio.

“O IPO é uma oportunidade, uma possibilidade que não controlamos. É conveniente, mas não é necessário. Nós vamos tocar a empresa como se não houvesse um IPO pela frente. Para ter uma companhia sustentável, é preciso ter uma dívida controlada, ainda mais em um País com juros tão elevados. Trabalhamos muito pela rentabilidade da empresa e vamos baixando a dívida. Primeiramente, alongamos os vencimentos, e agora estamos pagando as dívidas. Não precisamos de IPO, mas a empresa está pronta para uma abertura de capital”, diz.

A queda da taxa de juros também deve ajudar o Madero a reduzir o endividamento, além de favorecer as vendas nos restaurantes, ao aquecer a economia. “A cada ponto que a taxa Selic baixa, temos uma redução de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões por ano no valor da nossa dívida, porque são menos juros que temos de pagar”, afirma Szwarc.

Para 2024, a empresa prevê a abertura de quatro a cinco novas lojas. A forte retomada da expansão é prevista para o segundo semestre de 2025. A empresa planeja manter um ritmo de 30 novas lojas ao ano nos próximos anos.

Além de causar perda de receita e o aumento do endividamento do Madero, piorado com a alta de juros, a pandemia também colocou o grupo no centro de uma polêmica, quando Durski, que apoiava o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o fechamento da economia como forma de conter a circulação do vírus. Depois da declaração e da repercussão negativa nas redes sociais por ter minimizado as mortes pela doença, ele se arrependeu das declarações.

O Grupo Madero tem hoje uma operação verticalizada, ou seja, que conduz por conta própria, sem terceirizar, todas as áreas de interesse do negócio. Os ingredientes servidos nos restaurantes, por exemplo, são produzidos em sua fábrica de 52 mil metros quadrados em Ponta Grossa, no Paraná. A unidade tem capacidade de abastecimento para até 500 lojas, sendo que a rede possui atualmente 276 unidades. A ideia é, então, ampliar a rede ao longo do tempo, mantendo o custo fixo controlado da fábrica e aumentando o potencial de faturamento de vendas.

As lojas são próprias e a empresa não considera uma expansão por franquias, porque Durski acredita que se torna mais difícil manter o padrão de qualidade da rede. Além disso, o sistema de franquias reduz significativamente a margem de lucro de cada unidade. “Em uma franquia, teríamos o pagamento de royalties de 6%. Nos restaurantes próprios, a margem pode chegar a 30% ou 40%. A diferença é muito grande”, diz.

Devido à localização da fábrica, no Paraná, a expansão de novas unidades do Madero deve se dar no Sudeste, especialmente em São Paulo. Além do custo logístico mais alto para chegar ao Nordeste, Durski afirma que a incidência de impostos é maior, reduzindo a margem de lucro do negócio.

O empresário diz ainda que a empresa busca deixar os pratos servidos saudáveis, tomando medidas como reduzir a quantidade de conservantes dos ingredientes e oferecendo, no cardápio, opções de lanches com menor quantidade de sal.

Retomada dos shoppings

Com os fluxos de pessoas nos shopping centers voltando aos patamares pré-pandemia, as redes de alimentação têm se beneficiado dessa retomada, o que ajudou o Madero a lucrar no quarto trimestre de 2023 em vez de ter prejuízo como no ano anterior.

Além disso, as redes de restaurantes também promovem uma ajuda de mão dupla com os centros de compras, assumindo uma posição de lojas-âncoras para esses empreendimentos, o que costumava ficar restrito a marcas de varejo, como Americanas, Renner e C&A.

“Outra vantagem para os restaurantes é que, no pós-pandemia, o público dos shoppings se sofisticou, gastando em média mais por visita, e buscando a experiência de alimentação fora de casa. Por outro lado, a classe C ficou muito prejudicada, com forte endividamento”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, divisão da consultoria especializada em varejo Gouvêa Ecosystem. “Então, os shopping centers ganharam frequência, e em especial de consumidores de alimentação. Também a volta do trabalho presencial beneficia o fluxo de pessoas no horário de almoço.”

Com esse novo cenário, até mesmo o espaço dedicado a ofertas de alimentação aumentou nos shopping centers. “Eles chegam a superar os 20% da área locada de alguns shoppings”, diz Marinho.

Atualização: A reportagem informava que a dívida do Madero caía R$ 108 milhões a cada ponto que a taxa Selic cai. O correto é “de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões”. O texto foi ajustado.

Após reduzir sua dívida em mais de R$ 100 milhões em 2023 e recuperar as vendas com a volta dos clientes aos restaurantes depois da pandemia, o Grupo Madero prevê para este ano uma expansão dos negócios com a abertura de novas lojas e um ritmo acelerado de crescimento a partir de 2025.

Entre outubro e dezembro, a receita da empresa foi de R$ 479 milhões, ante R$ 424 milhões no mesmo período em 2022. O lucro da empresa atingiu, no quarto trimestre de 2023, R$ 25 milhões (ante prejuízo de R$ 29 milhões no ano anterior). Em todo o ano passado, a receita líquida ficou em R$ 1,7 bilhão.

Como opção de captar investimentos para acelerar o crescimento do negócio, a hipótese de fazer uma abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) não é descartada, apesar de não ser mais uma prioridade. O Madero estava na lista de empresas com interesse em fazer um IPO em 2021, o que acabou não acontecendo após a escalada dos juros tirar o interesse dos investidores por ofertas de ações.

Júnior Durski, presidente do Madero, não descarta abertura de capital, mas diz que será criterioso com ofertas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Fundador e presidente do grupo, Junior Durski afirma que o valor de mercado precificado será um fator condicionante para acelerar uma entrada na bolsa. “No caso de haver uma janela de oportunidade para IPOs, vamos pensar muito. Se o valor for muito bom, faremos. Se isso não acontecer, não. Daqui a três anos a nossa dívida será muito menor do que é hoje. Não precisamos mais encurtar o caminho”, afirma.

O empresário diz que a empresa descarta totalmente o crescimento por meio de aquisições, prática comum de empresas que levantam recursos quando chegam à Bolsa.

Ariel Szwarc, diretor financeiro do grupo, diz que a redução do endividamento garante uma melhoria da saúde financeira do negócio.

“O IPO é uma oportunidade, uma possibilidade que não controlamos. É conveniente, mas não é necessário. Nós vamos tocar a empresa como se não houvesse um IPO pela frente. Para ter uma companhia sustentável, é preciso ter uma dívida controlada, ainda mais em um País com juros tão elevados. Trabalhamos muito pela rentabilidade da empresa e vamos baixando a dívida. Primeiramente, alongamos os vencimentos, e agora estamos pagando as dívidas. Não precisamos de IPO, mas a empresa está pronta para uma abertura de capital”, diz.

A queda da taxa de juros também deve ajudar o Madero a reduzir o endividamento, além de favorecer as vendas nos restaurantes, ao aquecer a economia. “A cada ponto que a taxa Selic baixa, temos uma redução de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões por ano no valor da nossa dívida, porque são menos juros que temos de pagar”, afirma Szwarc.

Para 2024, a empresa prevê a abertura de quatro a cinco novas lojas. A forte retomada da expansão é prevista para o segundo semestre de 2025. A empresa planeja manter um ritmo de 30 novas lojas ao ano nos próximos anos.

Além de causar perda de receita e o aumento do endividamento do Madero, piorado com a alta de juros, a pandemia também colocou o grupo no centro de uma polêmica, quando Durski, que apoiava o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o fechamento da economia como forma de conter a circulação do vírus. Depois da declaração e da repercussão negativa nas redes sociais por ter minimizado as mortes pela doença, ele se arrependeu das declarações.

O Grupo Madero tem hoje uma operação verticalizada, ou seja, que conduz por conta própria, sem terceirizar, todas as áreas de interesse do negócio. Os ingredientes servidos nos restaurantes, por exemplo, são produzidos em sua fábrica de 52 mil metros quadrados em Ponta Grossa, no Paraná. A unidade tem capacidade de abastecimento para até 500 lojas, sendo que a rede possui atualmente 276 unidades. A ideia é, então, ampliar a rede ao longo do tempo, mantendo o custo fixo controlado da fábrica e aumentando o potencial de faturamento de vendas.

As lojas são próprias e a empresa não considera uma expansão por franquias, porque Durski acredita que se torna mais difícil manter o padrão de qualidade da rede. Além disso, o sistema de franquias reduz significativamente a margem de lucro de cada unidade. “Em uma franquia, teríamos o pagamento de royalties de 6%. Nos restaurantes próprios, a margem pode chegar a 30% ou 40%. A diferença é muito grande”, diz.

Devido à localização da fábrica, no Paraná, a expansão de novas unidades do Madero deve se dar no Sudeste, especialmente em São Paulo. Além do custo logístico mais alto para chegar ao Nordeste, Durski afirma que a incidência de impostos é maior, reduzindo a margem de lucro do negócio.

O empresário diz ainda que a empresa busca deixar os pratos servidos saudáveis, tomando medidas como reduzir a quantidade de conservantes dos ingredientes e oferecendo, no cardápio, opções de lanches com menor quantidade de sal.

Retomada dos shoppings

Com os fluxos de pessoas nos shopping centers voltando aos patamares pré-pandemia, as redes de alimentação têm se beneficiado dessa retomada, o que ajudou o Madero a lucrar no quarto trimestre de 2023 em vez de ter prejuízo como no ano anterior.

Além disso, as redes de restaurantes também promovem uma ajuda de mão dupla com os centros de compras, assumindo uma posição de lojas-âncoras para esses empreendimentos, o que costumava ficar restrito a marcas de varejo, como Americanas, Renner e C&A.

“Outra vantagem para os restaurantes é que, no pós-pandemia, o público dos shoppings se sofisticou, gastando em média mais por visita, e buscando a experiência de alimentação fora de casa. Por outro lado, a classe C ficou muito prejudicada, com forte endividamento”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, divisão da consultoria especializada em varejo Gouvêa Ecosystem. “Então, os shopping centers ganharam frequência, e em especial de consumidores de alimentação. Também a volta do trabalho presencial beneficia o fluxo de pessoas no horário de almoço.”

Com esse novo cenário, até mesmo o espaço dedicado a ofertas de alimentação aumentou nos shopping centers. “Eles chegam a superar os 20% da área locada de alguns shoppings”, diz Marinho.

Atualização: A reportagem informava que a dívida do Madero caía R$ 108 milhões a cada ponto que a taxa Selic cai. O correto é “de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões”. O texto foi ajustado.

Após reduzir sua dívida em mais de R$ 100 milhões em 2023 e recuperar as vendas com a volta dos clientes aos restaurantes depois da pandemia, o Grupo Madero prevê para este ano uma expansão dos negócios com a abertura de novas lojas e um ritmo acelerado de crescimento a partir de 2025.

Entre outubro e dezembro, a receita da empresa foi de R$ 479 milhões, ante R$ 424 milhões no mesmo período em 2022. O lucro da empresa atingiu, no quarto trimestre de 2023, R$ 25 milhões (ante prejuízo de R$ 29 milhões no ano anterior). Em todo o ano passado, a receita líquida ficou em R$ 1,7 bilhão.

Como opção de captar investimentos para acelerar o crescimento do negócio, a hipótese de fazer uma abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) não é descartada, apesar de não ser mais uma prioridade. O Madero estava na lista de empresas com interesse em fazer um IPO em 2021, o que acabou não acontecendo após a escalada dos juros tirar o interesse dos investidores por ofertas de ações.

Júnior Durski, presidente do Madero, não descarta abertura de capital, mas diz que será criterioso com ofertas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Fundador e presidente do grupo, Junior Durski afirma que o valor de mercado precificado será um fator condicionante para acelerar uma entrada na bolsa. “No caso de haver uma janela de oportunidade para IPOs, vamos pensar muito. Se o valor for muito bom, faremos. Se isso não acontecer, não. Daqui a três anos a nossa dívida será muito menor do que é hoje. Não precisamos mais encurtar o caminho”, afirma.

O empresário diz que a empresa descarta totalmente o crescimento por meio de aquisições, prática comum de empresas que levantam recursos quando chegam à Bolsa.

Ariel Szwarc, diretor financeiro do grupo, diz que a redução do endividamento garante uma melhoria da saúde financeira do negócio.

“O IPO é uma oportunidade, uma possibilidade que não controlamos. É conveniente, mas não é necessário. Nós vamos tocar a empresa como se não houvesse um IPO pela frente. Para ter uma companhia sustentável, é preciso ter uma dívida controlada, ainda mais em um País com juros tão elevados. Trabalhamos muito pela rentabilidade da empresa e vamos baixando a dívida. Primeiramente, alongamos os vencimentos, e agora estamos pagando as dívidas. Não precisamos de IPO, mas a empresa está pronta para uma abertura de capital”, diz.

A queda da taxa de juros também deve ajudar o Madero a reduzir o endividamento, além de favorecer as vendas nos restaurantes, ao aquecer a economia. “A cada ponto que a taxa Selic baixa, temos uma redução de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões por ano no valor da nossa dívida, porque são menos juros que temos de pagar”, afirma Szwarc.

Para 2024, a empresa prevê a abertura de quatro a cinco novas lojas. A forte retomada da expansão é prevista para o segundo semestre de 2025. A empresa planeja manter um ritmo de 30 novas lojas ao ano nos próximos anos.

Além de causar perda de receita e o aumento do endividamento do Madero, piorado com a alta de juros, a pandemia também colocou o grupo no centro de uma polêmica, quando Durski, que apoiava o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o fechamento da economia como forma de conter a circulação do vírus. Depois da declaração e da repercussão negativa nas redes sociais por ter minimizado as mortes pela doença, ele se arrependeu das declarações.

O Grupo Madero tem hoje uma operação verticalizada, ou seja, que conduz por conta própria, sem terceirizar, todas as áreas de interesse do negócio. Os ingredientes servidos nos restaurantes, por exemplo, são produzidos em sua fábrica de 52 mil metros quadrados em Ponta Grossa, no Paraná. A unidade tem capacidade de abastecimento para até 500 lojas, sendo que a rede possui atualmente 276 unidades. A ideia é, então, ampliar a rede ao longo do tempo, mantendo o custo fixo controlado da fábrica e aumentando o potencial de faturamento de vendas.

As lojas são próprias e a empresa não considera uma expansão por franquias, porque Durski acredita que se torna mais difícil manter o padrão de qualidade da rede. Além disso, o sistema de franquias reduz significativamente a margem de lucro de cada unidade. “Em uma franquia, teríamos o pagamento de royalties de 6%. Nos restaurantes próprios, a margem pode chegar a 30% ou 40%. A diferença é muito grande”, diz.

Devido à localização da fábrica, no Paraná, a expansão de novas unidades do Madero deve se dar no Sudeste, especialmente em São Paulo. Além do custo logístico mais alto para chegar ao Nordeste, Durski afirma que a incidência de impostos é maior, reduzindo a margem de lucro do negócio.

O empresário diz ainda que a empresa busca deixar os pratos servidos saudáveis, tomando medidas como reduzir a quantidade de conservantes dos ingredientes e oferecendo, no cardápio, opções de lanches com menor quantidade de sal.

Retomada dos shoppings

Com os fluxos de pessoas nos shopping centers voltando aos patamares pré-pandemia, as redes de alimentação têm se beneficiado dessa retomada, o que ajudou o Madero a lucrar no quarto trimestre de 2023 em vez de ter prejuízo como no ano anterior.

Além disso, as redes de restaurantes também promovem uma ajuda de mão dupla com os centros de compras, assumindo uma posição de lojas-âncoras para esses empreendimentos, o que costumava ficar restrito a marcas de varejo, como Americanas, Renner e C&A.

“Outra vantagem para os restaurantes é que, no pós-pandemia, o público dos shoppings se sofisticou, gastando em média mais por visita, e buscando a experiência de alimentação fora de casa. Por outro lado, a classe C ficou muito prejudicada, com forte endividamento”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, divisão da consultoria especializada em varejo Gouvêa Ecosystem. “Então, os shopping centers ganharam frequência, e em especial de consumidores de alimentação. Também a volta do trabalho presencial beneficia o fluxo de pessoas no horário de almoço.”

Com esse novo cenário, até mesmo o espaço dedicado a ofertas de alimentação aumentou nos shopping centers. “Eles chegam a superar os 20% da área locada de alguns shoppings”, diz Marinho.

Atualização: A reportagem informava que a dívida do Madero caía R$ 108 milhões a cada ponto que a taxa Selic cai. O correto é “de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões”. O texto foi ajustado.

Após reduzir sua dívida em mais de R$ 100 milhões em 2023 e recuperar as vendas com a volta dos clientes aos restaurantes depois da pandemia, o Grupo Madero prevê para este ano uma expansão dos negócios com a abertura de novas lojas e um ritmo acelerado de crescimento a partir de 2025.

Entre outubro e dezembro, a receita da empresa foi de R$ 479 milhões, ante R$ 424 milhões no mesmo período em 2022. O lucro da empresa atingiu, no quarto trimestre de 2023, R$ 25 milhões (ante prejuízo de R$ 29 milhões no ano anterior). Em todo o ano passado, a receita líquida ficou em R$ 1,7 bilhão.

Como opção de captar investimentos para acelerar o crescimento do negócio, a hipótese de fazer uma abertura de capital na bolsa de valores (IPO, na sigla em inglês) não é descartada, apesar de não ser mais uma prioridade. O Madero estava na lista de empresas com interesse em fazer um IPO em 2021, o que acabou não acontecendo após a escalada dos juros tirar o interesse dos investidores por ofertas de ações.

Júnior Durski, presidente do Madero, não descarta abertura de capital, mas diz que será criterioso com ofertas Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

Fundador e presidente do grupo, Junior Durski afirma que o valor de mercado precificado será um fator condicionante para acelerar uma entrada na bolsa. “No caso de haver uma janela de oportunidade para IPOs, vamos pensar muito. Se o valor for muito bom, faremos. Se isso não acontecer, não. Daqui a três anos a nossa dívida será muito menor do que é hoje. Não precisamos mais encurtar o caminho”, afirma.

O empresário diz que a empresa descarta totalmente o crescimento por meio de aquisições, prática comum de empresas que levantam recursos quando chegam à Bolsa.

Ariel Szwarc, diretor financeiro do grupo, diz que a redução do endividamento garante uma melhoria da saúde financeira do negócio.

“O IPO é uma oportunidade, uma possibilidade que não controlamos. É conveniente, mas não é necessário. Nós vamos tocar a empresa como se não houvesse um IPO pela frente. Para ter uma companhia sustentável, é preciso ter uma dívida controlada, ainda mais em um País com juros tão elevados. Trabalhamos muito pela rentabilidade da empresa e vamos baixando a dívida. Primeiramente, alongamos os vencimentos, e agora estamos pagando as dívidas. Não precisamos de IPO, mas a empresa está pronta para uma abertura de capital”, diz.

A queda da taxa de juros também deve ajudar o Madero a reduzir o endividamento, além de favorecer as vendas nos restaurantes, ao aquecer a economia. “A cada ponto que a taxa Selic baixa, temos uma redução de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões por ano no valor da nossa dívida, porque são menos juros que temos de pagar”, afirma Szwarc.

Para 2024, a empresa prevê a abertura de quatro a cinco novas lojas. A forte retomada da expansão é prevista para o segundo semestre de 2025. A empresa planeja manter um ritmo de 30 novas lojas ao ano nos próximos anos.

Além de causar perda de receita e o aumento do endividamento do Madero, piorado com a alta de juros, a pandemia também colocou o grupo no centro de uma polêmica, quando Durski, que apoiava o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou o fechamento da economia como forma de conter a circulação do vírus. Depois da declaração e da repercussão negativa nas redes sociais por ter minimizado as mortes pela doença, ele se arrependeu das declarações.

O Grupo Madero tem hoje uma operação verticalizada, ou seja, que conduz por conta própria, sem terceirizar, todas as áreas de interesse do negócio. Os ingredientes servidos nos restaurantes, por exemplo, são produzidos em sua fábrica de 52 mil metros quadrados em Ponta Grossa, no Paraná. A unidade tem capacidade de abastecimento para até 500 lojas, sendo que a rede possui atualmente 276 unidades. A ideia é, então, ampliar a rede ao longo do tempo, mantendo o custo fixo controlado da fábrica e aumentando o potencial de faturamento de vendas.

As lojas são próprias e a empresa não considera uma expansão por franquias, porque Durski acredita que se torna mais difícil manter o padrão de qualidade da rede. Além disso, o sistema de franquias reduz significativamente a margem de lucro de cada unidade. “Em uma franquia, teríamos o pagamento de royalties de 6%. Nos restaurantes próprios, a margem pode chegar a 30% ou 40%. A diferença é muito grande”, diz.

Devido à localização da fábrica, no Paraná, a expansão de novas unidades do Madero deve se dar no Sudeste, especialmente em São Paulo. Além do custo logístico mais alto para chegar ao Nordeste, Durski afirma que a incidência de impostos é maior, reduzindo a margem de lucro do negócio.

O empresário diz ainda que a empresa busca deixar os pratos servidos saudáveis, tomando medidas como reduzir a quantidade de conservantes dos ingredientes e oferecendo, no cardápio, opções de lanches com menor quantidade de sal.

Retomada dos shoppings

Com os fluxos de pessoas nos shopping centers voltando aos patamares pré-pandemia, as redes de alimentação têm se beneficiado dessa retomada, o que ajudou o Madero a lucrar no quarto trimestre de 2023 em vez de ter prejuízo como no ano anterior.

Além disso, as redes de restaurantes também promovem uma ajuda de mão dupla com os centros de compras, assumindo uma posição de lojas-âncoras para esses empreendimentos, o que costumava ficar restrito a marcas de varejo, como Americanas, Renner e C&A.

“Outra vantagem para os restaurantes é que, no pós-pandemia, o público dos shoppings se sofisticou, gastando em média mais por visita, e buscando a experiência de alimentação fora de casa. Por outro lado, a classe C ficou muito prejudicada, com forte endividamento”, afirma Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, divisão da consultoria especializada em varejo Gouvêa Ecosystem. “Então, os shopping centers ganharam frequência, e em especial de consumidores de alimentação. Também a volta do trabalho presencial beneficia o fluxo de pessoas no horário de almoço.”

Com esse novo cenário, até mesmo o espaço dedicado a ofertas de alimentação aumentou nos shopping centers. “Eles chegam a superar os 20% da área locada de alguns shoppings”, diz Marinho.

Atualização: A reportagem informava que a dívida do Madero caía R$ 108 milhões a cada ponto que a taxa Selic cai. O correto é “de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões”. O texto foi ajustado.

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