Vale, Dori, Pismo: melhora do cenário econômico começa a destravar negócios bilionários no Brasil


Apenas no último mês foram anunciados acordos de mais de R$ 20 bilhões envolvendo grupos estrangeiros

Por Aline Bronzati e Altamiro Silva Junior

NOVA YORK E SÃO PAULO - A melhora do cenário para a economia brasileira e o avanço das reformas em Brasília estimularam empresários e investidores estrangeiros a buscarem oportunidades de aquisição de empresas no Brasil. Como exemplo disso, no último mês alguns negócios bilionários foram destravados com compradores do exterior.

A americana Visa comprou a fintech Pismo por cerca de R$ 4,8 bilhões; a Ferrara Candy Company, de Chicago, arrematou a Dori Alimentos por cerca de R$ 2 bilhões; a porto-riquenha Evertec, listada em Nova York, comprou a Sinqia, empresa de tecnologia para o setor financeiro, por R$ 2,5 bilhões; e a Vale conseguiu atrair árabes e americanos para vender parte de sua unidade de metais básicos, em um negócio de R$ 16 bilhões.

Mina de cobre da Vale no Pará: empresa atraiu investidores árabes em acordo bilionário Foto: Vale/Divulgação
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“Estamos animados para entrar no mercado brasileiro, em rápido crescimento”, disse no anúncio do negócio Marco Capurso, CEO da Ferrara, principal empresa de balas e gomas nos Estados Unidos, que comprou no final de julho a Dori, de Marília, no interior de São Paulo.

Muitos desses investidores estão desembarcando no Brasil pela primeira vez. Os Estados Unidos, com 72 negócios, e o Reino Unido, com 26 transações, são os países que mais investiram no Brasil em 2023 até agora, de acordo com dados da consultoria Transactional Track Record (TTR).

“É uma mudança. A gente não via isso (chegada de novos investidores) há bastante tempo. Estamos no começo de um novo ciclo de interesse dos estrangeiros pelo País, especialmente pelos americanos”, afirmou o sócio do escritório de advocacia americano Hughes Hubbard & Reed LLP, Carlos Lobo, baseado em Nova York, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

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A melhora dos negócios, porém, começou a ser sentida mais para o final do primeiro semestre, quando as reformas começaram a andar, as agências de rating reconheceram os avanços e a inflação começou a ceder, possibilitando a primeira queda de juros no País em ritmo até mais forte que muitos economistas esperavam.

Por conta disso, os dados do primeiro semestre ainda mostram queda das fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) no período, envolvendo brasileiros e estrangeiros. O número de aquisições de empresas brasileiras por norte-americanas, por exemplo, teve uma queda de 45% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2022, segundo a TTR.

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Percepção de melhora

Banqueiros em Wall Street também relataram melhora no ritmo de negócios nas últimas semanas. Segundo a presidente do Citi, Jane Fraser, há um forte volume de negócios em potencial por conta da demanda reprimida, e novas operações começando a surgir na área de M&As. Durante um evento do banco em Nova York, em maio, a banqueira havia alertado para a complexidade de se fazer negócios no Brasil, mas ressaltou as oportunidades à frente.

“Não é o país mais fácil para fazer negócios. Portanto, você é sempre desafiado e mantido em alerta, mas há uma inovação na agenda verde e nos setores de agricultura, infraestrutura, energia e consumo”, disse Fraser, na ocasião. “Os empreendedores brasileiros são de classe mundial.”

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O potencial brasileiro segue atraindo os gigantes de Wall Street. Depois de muita especulação sobre a sua vinda para o Brasil, o banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao País, como parte da estratégia de expansão global. Com US$ 54 bilhões em ativos, o grupo abriu um escritório em São Paulo e contratou o ex-JP Morgan Alejandro Guevara para tocar a operação.

Banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao Brasil Foto: Eduardo Munoz/Reuters

De acordo com o advogado João Busin, do escritório TozziniFreire, o ambiente de economia mais fraca em países como Estados Unidos estimulou empresários locais a buscarem por negócios no exterior, e o Brasil despontou como um dos preferidos. No segundo trimestre, ele conta que entraram projetos novos de M&A, ao contrário do começo de 2023, quando muito dos negócios foram de projetos que estavam engavetados desde as eleições.

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As operações de M&A que o escritório ajudou a estruturar cresceram 4% no segundo trimestre e 54% das operações no primeiro semestre envolveram estrangeiros, como europeus e norte-americanos.

Otimismo

O diretor do banco de investimento Itaú BBA, Roderick Greenlees, comenta ter percebido a melhora do apetite dos estrangeiros pelo Brasil em um evento do banco em Nova York, em maio. Havia um maior otimismo nos Estados Unidos com a economia brasileira do que entre os investidores domésticos, disse ele ao Estadão/Broadcast.

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Antes do evento, o clima era de mais incerteza, em meio a vários ruídos políticos, pressão em Brasília para o Banco Central cortar juros e até uma discussão de retrocessos, como declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a reverter a privatização da Eletrobras e o marco do saneamento.

Carlos Lobo, por sua vez, afirma que continua vendo também o movimento contrário, ou seja, de empresas brasileiras se movimentando para fazer aquisições nos EUA. Novos negócios devem ser fechados à frente, mas como ainda não são públicos, o advogado mantém sigilo quanto aos detalhes.

Dados da TTR mostram que, no primeiro semestre, as empresas brasileiras escolheram os EUA como principal destino de investimento, com 15 transações e um total de R$ 1,2 bilhão.

NOVA YORK E SÃO PAULO - A melhora do cenário para a economia brasileira e o avanço das reformas em Brasília estimularam empresários e investidores estrangeiros a buscarem oportunidades de aquisição de empresas no Brasil. Como exemplo disso, no último mês alguns negócios bilionários foram destravados com compradores do exterior.

A americana Visa comprou a fintech Pismo por cerca de R$ 4,8 bilhões; a Ferrara Candy Company, de Chicago, arrematou a Dori Alimentos por cerca de R$ 2 bilhões; a porto-riquenha Evertec, listada em Nova York, comprou a Sinqia, empresa de tecnologia para o setor financeiro, por R$ 2,5 bilhões; e a Vale conseguiu atrair árabes e americanos para vender parte de sua unidade de metais básicos, em um negócio de R$ 16 bilhões.

Mina de cobre da Vale no Pará: empresa atraiu investidores árabes em acordo bilionário Foto: Vale/Divulgação

“Estamos animados para entrar no mercado brasileiro, em rápido crescimento”, disse no anúncio do negócio Marco Capurso, CEO da Ferrara, principal empresa de balas e gomas nos Estados Unidos, que comprou no final de julho a Dori, de Marília, no interior de São Paulo.

Muitos desses investidores estão desembarcando no Brasil pela primeira vez. Os Estados Unidos, com 72 negócios, e o Reino Unido, com 26 transações, são os países que mais investiram no Brasil em 2023 até agora, de acordo com dados da consultoria Transactional Track Record (TTR).

“É uma mudança. A gente não via isso (chegada de novos investidores) há bastante tempo. Estamos no começo de um novo ciclo de interesse dos estrangeiros pelo País, especialmente pelos americanos”, afirmou o sócio do escritório de advocacia americano Hughes Hubbard & Reed LLP, Carlos Lobo, baseado em Nova York, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A melhora dos negócios, porém, começou a ser sentida mais para o final do primeiro semestre, quando as reformas começaram a andar, as agências de rating reconheceram os avanços e a inflação começou a ceder, possibilitando a primeira queda de juros no País em ritmo até mais forte que muitos economistas esperavam.

Por conta disso, os dados do primeiro semestre ainda mostram queda das fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) no período, envolvendo brasileiros e estrangeiros. O número de aquisições de empresas brasileiras por norte-americanas, por exemplo, teve uma queda de 45% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2022, segundo a TTR.

Percepção de melhora

Banqueiros em Wall Street também relataram melhora no ritmo de negócios nas últimas semanas. Segundo a presidente do Citi, Jane Fraser, há um forte volume de negócios em potencial por conta da demanda reprimida, e novas operações começando a surgir na área de M&As. Durante um evento do banco em Nova York, em maio, a banqueira havia alertado para a complexidade de se fazer negócios no Brasil, mas ressaltou as oportunidades à frente.

“Não é o país mais fácil para fazer negócios. Portanto, você é sempre desafiado e mantido em alerta, mas há uma inovação na agenda verde e nos setores de agricultura, infraestrutura, energia e consumo”, disse Fraser, na ocasião. “Os empreendedores brasileiros são de classe mundial.”

O potencial brasileiro segue atraindo os gigantes de Wall Street. Depois de muita especulação sobre a sua vinda para o Brasil, o banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao País, como parte da estratégia de expansão global. Com US$ 54 bilhões em ativos, o grupo abriu um escritório em São Paulo e contratou o ex-JP Morgan Alejandro Guevara para tocar a operação.

Banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao Brasil Foto: Eduardo Munoz/Reuters

De acordo com o advogado João Busin, do escritório TozziniFreire, o ambiente de economia mais fraca em países como Estados Unidos estimulou empresários locais a buscarem por negócios no exterior, e o Brasil despontou como um dos preferidos. No segundo trimestre, ele conta que entraram projetos novos de M&A, ao contrário do começo de 2023, quando muito dos negócios foram de projetos que estavam engavetados desde as eleições.

As operações de M&A que o escritório ajudou a estruturar cresceram 4% no segundo trimestre e 54% das operações no primeiro semestre envolveram estrangeiros, como europeus e norte-americanos.

Otimismo

O diretor do banco de investimento Itaú BBA, Roderick Greenlees, comenta ter percebido a melhora do apetite dos estrangeiros pelo Brasil em um evento do banco em Nova York, em maio. Havia um maior otimismo nos Estados Unidos com a economia brasileira do que entre os investidores domésticos, disse ele ao Estadão/Broadcast.

Antes do evento, o clima era de mais incerteza, em meio a vários ruídos políticos, pressão em Brasília para o Banco Central cortar juros e até uma discussão de retrocessos, como declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a reverter a privatização da Eletrobras e o marco do saneamento.

Carlos Lobo, por sua vez, afirma que continua vendo também o movimento contrário, ou seja, de empresas brasileiras se movimentando para fazer aquisições nos EUA. Novos negócios devem ser fechados à frente, mas como ainda não são públicos, o advogado mantém sigilo quanto aos detalhes.

Dados da TTR mostram que, no primeiro semestre, as empresas brasileiras escolheram os EUA como principal destino de investimento, com 15 transações e um total de R$ 1,2 bilhão.

NOVA YORK E SÃO PAULO - A melhora do cenário para a economia brasileira e o avanço das reformas em Brasília estimularam empresários e investidores estrangeiros a buscarem oportunidades de aquisição de empresas no Brasil. Como exemplo disso, no último mês alguns negócios bilionários foram destravados com compradores do exterior.

A americana Visa comprou a fintech Pismo por cerca de R$ 4,8 bilhões; a Ferrara Candy Company, de Chicago, arrematou a Dori Alimentos por cerca de R$ 2 bilhões; a porto-riquenha Evertec, listada em Nova York, comprou a Sinqia, empresa de tecnologia para o setor financeiro, por R$ 2,5 bilhões; e a Vale conseguiu atrair árabes e americanos para vender parte de sua unidade de metais básicos, em um negócio de R$ 16 bilhões.

Mina de cobre da Vale no Pará: empresa atraiu investidores árabes em acordo bilionário Foto: Vale/Divulgação

“Estamos animados para entrar no mercado brasileiro, em rápido crescimento”, disse no anúncio do negócio Marco Capurso, CEO da Ferrara, principal empresa de balas e gomas nos Estados Unidos, que comprou no final de julho a Dori, de Marília, no interior de São Paulo.

Muitos desses investidores estão desembarcando no Brasil pela primeira vez. Os Estados Unidos, com 72 negócios, e o Reino Unido, com 26 transações, são os países que mais investiram no Brasil em 2023 até agora, de acordo com dados da consultoria Transactional Track Record (TTR).

“É uma mudança. A gente não via isso (chegada de novos investidores) há bastante tempo. Estamos no começo de um novo ciclo de interesse dos estrangeiros pelo País, especialmente pelos americanos”, afirmou o sócio do escritório de advocacia americano Hughes Hubbard & Reed LLP, Carlos Lobo, baseado em Nova York, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

A melhora dos negócios, porém, começou a ser sentida mais para o final do primeiro semestre, quando as reformas começaram a andar, as agências de rating reconheceram os avanços e a inflação começou a ceder, possibilitando a primeira queda de juros no País em ritmo até mais forte que muitos economistas esperavam.

Por conta disso, os dados do primeiro semestre ainda mostram queda das fusões e aquisições (M&As, na sigla em inglês) no período, envolvendo brasileiros e estrangeiros. O número de aquisições de empresas brasileiras por norte-americanas, por exemplo, teve uma queda de 45% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2022, segundo a TTR.

Percepção de melhora

Banqueiros em Wall Street também relataram melhora no ritmo de negócios nas últimas semanas. Segundo a presidente do Citi, Jane Fraser, há um forte volume de negócios em potencial por conta da demanda reprimida, e novas operações começando a surgir na área de M&As. Durante um evento do banco em Nova York, em maio, a banqueira havia alertado para a complexidade de se fazer negócios no Brasil, mas ressaltou as oportunidades à frente.

“Não é o país mais fácil para fazer negócios. Portanto, você é sempre desafiado e mantido em alerta, mas há uma inovação na agenda verde e nos setores de agricultura, infraestrutura, energia e consumo”, disse Fraser, na ocasião. “Os empreendedores brasileiros são de classe mundial.”

O potencial brasileiro segue atraindo os gigantes de Wall Street. Depois de muita especulação sobre a sua vinda para o Brasil, o banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao País, como parte da estratégia de expansão global. Com US$ 54 bilhões em ativos, o grupo abriu um escritório em São Paulo e contratou o ex-JP Morgan Alejandro Guevara para tocar a operação.

Banco de investimento americano Jefferies anunciou, há duas semanas, a chegada ao Brasil Foto: Eduardo Munoz/Reuters

De acordo com o advogado João Busin, do escritório TozziniFreire, o ambiente de economia mais fraca em países como Estados Unidos estimulou empresários locais a buscarem por negócios no exterior, e o Brasil despontou como um dos preferidos. No segundo trimestre, ele conta que entraram projetos novos de M&A, ao contrário do começo de 2023, quando muito dos negócios foram de projetos que estavam engavetados desde as eleições.

As operações de M&A que o escritório ajudou a estruturar cresceram 4% no segundo trimestre e 54% das operações no primeiro semestre envolveram estrangeiros, como europeus e norte-americanos.

Otimismo

O diretor do banco de investimento Itaú BBA, Roderick Greenlees, comenta ter percebido a melhora do apetite dos estrangeiros pelo Brasil em um evento do banco em Nova York, em maio. Havia um maior otimismo nos Estados Unidos com a economia brasileira do que entre os investidores domésticos, disse ele ao Estadão/Broadcast.

Antes do evento, o clima era de mais incerteza, em meio a vários ruídos políticos, pressão em Brasília para o Banco Central cortar juros e até uma discussão de retrocessos, como declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a reverter a privatização da Eletrobras e o marco do saneamento.

Carlos Lobo, por sua vez, afirma que continua vendo também o movimento contrário, ou seja, de empresas brasileiras se movimentando para fazer aquisições nos EUA. Novos negócios devem ser fechados à frente, mas como ainda não são públicos, o advogado mantém sigilo quanto aos detalhes.

Dados da TTR mostram que, no primeiro semestre, as empresas brasileiras escolheram os EUA como principal destino de investimento, com 15 transações e um total de R$ 1,2 bilhão.

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