Brasil pode dominar 15% do mercado de créditos de carbono em 2030, diz McKinsey


País poderá movimentar R$ 10 bilhões no setor até o fim da década; empresas como Vale, Votorantim e Natura já se movimentam para aproveitar essa oportunidade de receita

Por Fernanda Guimarães
Atualização:

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil em um curto espaço de tempo: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década. A consultoria aponta que, apenas por aqui, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões no campo atual já em 2030.

No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado – algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder esse bonde. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teriam de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente.

De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita. Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: os nomes incluem Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim.

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Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado

Henrique Ceotto, sócio consultoria McKinsey no Brasil

Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a própria preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que o temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5º Celsius até 2050. “Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado”, diz o sócio consultoria no Brasil, Henrique Ceotto, um dos responsáveis pela iniciativa.

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O Brasil tem potencial de gerar 15% do crédito de carbono do mundo e tem a seu favor o seu bioma. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver de instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança – uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais.

Outro ponto necessário para essa existência mais robusta seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras.

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Ceotto frisa que a demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (sigla em inglês para os segmentos para ambiental, social e de governança, do inglês) ganha força nas empresas. No entanto, o setor ainda esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa – o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. “Estamos perdendo empregos, renda e PIB”, comenta o sócio da McKinsey.

Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia – segundo a McKinsey, o país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Já grandes economias como EUA e China, por exemplo, têm uma chance muito menor nessa área: sua participação deverá ficar entre 2% e 3%.

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O que dizem as empresas

Participando dos debates sobre o mercado de carbono, o responsável pela área de sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio, afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. “Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível”, comenta.

Além da experiência do banco holandês com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de “empréstimo verde”, o que poderá auxiliá-los na jornada de “produzir” crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. “O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além do que se produzir alimento”, diz.

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Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser “carbono neutra” até 2050. Segundo o gerente geral de sustentabilidade da empresa, Leandro Campos, a companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono.

Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, a companhia ainda assim precisará comprar créditos de fontes externas – diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta com compensações. “Esse é um problema que não se resolve com poucos, precisa de multidisciplinaridade”, aponta Campos.

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil em um curto espaço de tempo: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década. A consultoria aponta que, apenas por aqui, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões no campo atual já em 2030.

No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado – algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder esse bonde. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teriam de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente.

De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita. Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: os nomes incluem Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim.

Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado

Henrique Ceotto, sócio consultoria McKinsey no Brasil

Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a própria preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que o temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5º Celsius até 2050. “Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado”, diz o sócio consultoria no Brasil, Henrique Ceotto, um dos responsáveis pela iniciativa.

O Brasil tem potencial de gerar 15% do crédito de carbono do mundo e tem a seu favor o seu bioma. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver de instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança – uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais.

Outro ponto necessário para essa existência mais robusta seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras.

Ceotto frisa que a demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (sigla em inglês para os segmentos para ambiental, social e de governança, do inglês) ganha força nas empresas. No entanto, o setor ainda esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa – o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. “Estamos perdendo empregos, renda e PIB”, comenta o sócio da McKinsey.

Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia – segundo a McKinsey, o país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Já grandes economias como EUA e China, por exemplo, têm uma chance muito menor nessa área: sua participação deverá ficar entre 2% e 3%.

O que dizem as empresas

Participando dos debates sobre o mercado de carbono, o responsável pela área de sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio, afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. “Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível”, comenta.

Além da experiência do banco holandês com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de “empréstimo verde”, o que poderá auxiliá-los na jornada de “produzir” crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. “O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além do que se produzir alimento”, diz.

Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser “carbono neutra” até 2050. Segundo o gerente geral de sustentabilidade da empresa, Leandro Campos, a companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono.

Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, a companhia ainda assim precisará comprar créditos de fontes externas – diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta com compensações. “Esse é um problema que não se resolve com poucos, precisa de multidisciplinaridade”, aponta Campos.

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil em um curto espaço de tempo: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década. A consultoria aponta que, apenas por aqui, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões no campo atual já em 2030.

No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado – algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder esse bonde. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teriam de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente.

De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita. Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: os nomes incluem Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim.

Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado

Henrique Ceotto, sócio consultoria McKinsey no Brasil

Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a própria preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que o temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5º Celsius até 2050. “Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado”, diz o sócio consultoria no Brasil, Henrique Ceotto, um dos responsáveis pela iniciativa.

O Brasil tem potencial de gerar 15% do crédito de carbono do mundo e tem a seu favor o seu bioma. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver de instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança – uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais.

Outro ponto necessário para essa existência mais robusta seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras.

Ceotto frisa que a demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (sigla em inglês para os segmentos para ambiental, social e de governança, do inglês) ganha força nas empresas. No entanto, o setor ainda esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa – o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. “Estamos perdendo empregos, renda e PIB”, comenta o sócio da McKinsey.

Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia – segundo a McKinsey, o país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Já grandes economias como EUA e China, por exemplo, têm uma chance muito menor nessa área: sua participação deverá ficar entre 2% e 3%.

O que dizem as empresas

Participando dos debates sobre o mercado de carbono, o responsável pela área de sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio, afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. “Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível”, comenta.

Além da experiência do banco holandês com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de “empréstimo verde”, o que poderá auxiliá-los na jornada de “produzir” crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. “O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além do que se produzir alimento”, diz.

Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser “carbono neutra” até 2050. Segundo o gerente geral de sustentabilidade da empresa, Leandro Campos, a companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono.

Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, a companhia ainda assim precisará comprar créditos de fontes externas – diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta com compensações. “Esse é um problema que não se resolve com poucos, precisa de multidisciplinaridade”, aponta Campos.

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil em um curto espaço de tempo: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década. A consultoria aponta que, apenas por aqui, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões no campo atual já em 2030.

No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado – algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder esse bonde. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teriam de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente.

De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita. Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: os nomes incluem Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim.

Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado

Henrique Ceotto, sócio consultoria McKinsey no Brasil

Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a própria preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que o temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5º Celsius até 2050. “Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado”, diz o sócio consultoria no Brasil, Henrique Ceotto, um dos responsáveis pela iniciativa.

O Brasil tem potencial de gerar 15% do crédito de carbono do mundo e tem a seu favor o seu bioma. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver de instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança – uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais.

Outro ponto necessário para essa existência mais robusta seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras.

Ceotto frisa que a demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (sigla em inglês para os segmentos para ambiental, social e de governança, do inglês) ganha força nas empresas. No entanto, o setor ainda esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa – o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. “Estamos perdendo empregos, renda e PIB”, comenta o sócio da McKinsey.

Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia – segundo a McKinsey, o país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Já grandes economias como EUA e China, por exemplo, têm uma chance muito menor nessa área: sua participação deverá ficar entre 2% e 3%.

O que dizem as empresas

Participando dos debates sobre o mercado de carbono, o responsável pela área de sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio, afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. “Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível”, comenta.

Além da experiência do banco holandês com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de “empréstimo verde”, o que poderá auxiliá-los na jornada de “produzir” crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. “O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além do que se produzir alimento”, diz.

Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser “carbono neutra” até 2050. Segundo o gerente geral de sustentabilidade da empresa, Leandro Campos, a companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono.

Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, a companhia ainda assim precisará comprar créditos de fontes externas – diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta com compensações. “Esse é um problema que não se resolve com poucos, precisa de multidisciplinaridade”, aponta Campos.

Um grupo de empresas começou a se preparar para um mercado que promete ser bilionário no Brasil em um curto espaço de tempo: o crédito voluntário de carbono, que é aquele em que não existe uma obrigação na lei. Estudo da consultoria McKinsey aponta que o Brasil pode dominar 15% desse setor até o fim desta década. A consultoria aponta que, apenas por aqui, esse mercado pode movimentar cerca de US$ 2 bilhões, ou mais de R$ 10 bilhões no campo atual já em 2030.

No entanto, atingir esse potencial depende do aumento da oferta de crédito de carbono no mercado – algo que precisa ser corrigido se o Brasil não quiser perder esse bonde. A McKinsey afirma que o setor precisa crescer muito: a geração de créditos para compensação de emissões teriam de crescer dez vezes em relação ao que está disponível atualmente.

De olho nesse potencial, pesos-pesados do País se uniram para aproveitar essa oportunidade de receita. Nesse grupo está um heterogêneo conjunto de empresas, dos mais diversos setores, como indústria, cosméticos, agronegócio e commodities: os nomes incluem Amaggi, Auren, B3, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Dow, Natura, Raízen, Vale e Votorantim.

Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado

Henrique Ceotto, sócio consultoria McKinsey no Brasil

Segundo a McKinsey, o Brasil pode acelerar a venda de créditos de carbono tanto por meio de soluções naturais, como a própria preservação da floresta, quanto por ações de reflorestamento e de implantação de sistemas florestais em áreas degradadas. Outra possibilidade de as empresas lucrarem com o setor é por iniciativas para evitar a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa.

A movimentação do mercado de carbono tem como mola propulsora o cumprimento da meta global, estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, de que o temperatura do planeta aumente no máximo em 1,5º Celsius até 2050. “Estamos criando mecanismos para destravar esse mercado”, diz o sócio consultoria no Brasil, Henrique Ceotto, um dos responsáveis pela iniciativa.

O Brasil tem potencial de gerar 15% do crédito de carbono do mundo e tem a seu favor o seu bioma. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O estudo da McKinsey também aponta que a troca de créditos de carbono precisa se tornar um mercado estruturado. Isso quer dizer que será necessário desenvolver de instrumentos financeiros para compra e venda de créditos, além de sanar dúvidas sobre a tributação e a governança – uma vez que se trata de um segmento que não estará atrelado a metas governamentais.

Outro ponto necessário para essa existência mais robusta seria uma revisão de questões regulatórias que dificultam ou impedem o desenvolvimento de projetos. Entre as necessidades está uma melhoria na regulação do Cadastro Ambiental Rural para eliminar dúvidas sobre a propriedade de terras.

Ceotto frisa que a demanda por créditos de carbono voluntários está crescendo à medida que a agenda ESG (sigla em inglês para os segmentos para ambiental, social e de governança, do inglês) ganha força nas empresas. No entanto, o setor ainda esbarra no fato de a oferta de crédito de carbono ainda ser muito baixa – o que infla os preços, prejudicando o crescimento dessas iniciativas. “Estamos perdendo empregos, renda e PIB”, comenta o sócio da McKinsey.

Além do Brasil, outro peso-pesado do mercado de carbono deverá ser a Indonésia – segundo a McKinsey, o país tem um potencial de abocanhar outros 15% desse setor. Já grandes economias como EUA e China, por exemplo, têm uma chance muito menor nessa área: sua participação deverá ficar entre 2% e 3%.

O que dizem as empresas

Participando dos debates sobre o mercado de carbono, o responsável pela área de sustentabilidade do Rabobank, Taciano Custódio, afirma que ter um valor tangível facilita a conversa com produtores rurais, que são o foco da instituição financeira na hora de gerar créditos. “Esse é um gatilho, especialmente para o produto rural que está acostumado a atuar num mercado muito tangível”, comenta.

Além da experiência do banco holandês com o tema sustentabilidade, o Rabobank tem na sua prateleira a opção aos clientes de “empréstimo verde”, o que poderá auxiliá-los na jornada de “produzir” crédito de carbono, tanto para compensação própria quanto para a venda no mercado. “O produtor rural tem terra, um ativo que vai muito além do que se produzir alimento”, diz.

Para a CBA, fabricante de alumínio do grupo Votorantim, a iniciativa reflete também a meta da empresa de ser “carbono neutra” até 2050. Segundo o gerente geral de sustentabilidade da empresa, Leandro Campos, a companhia já utiliza energia gerada a partir de fontes 100% renováveis, além de ter um projeto de reflorestamento para gerar créditos de carbono.

Para compensar toda a sua pegada de carbono até 2050, a companhia ainda assim precisará comprar créditos de fontes externas – diante do impacto de sua atividade, precisará completar uma fatia de 10% de sua meta com compensações. “Esse é um problema que não se resolve com poucos, precisa de multidisciplinaridade”, aponta Campos.

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